quarta-feira, 29 de julho de 2015

Dona Leopoldina & Dom Pedro I&IV

Dona Leopoldina & Dom Pedro I&IV

Minha intenção é mostrar que nossa Independência se deve muito mais a senhora Dona Leopoldina, do que propriamente ao senhor Dom Pedro I.
Nunca foi intenção desse “ Filho da Casa de Bragança” desmembrar o Império transcontinental Luso-Afro-Brasileiro do qual era Príncipe Herdeiro.
Segundo o Acadêmico e Magnífico Reitor da Universidade do Brasil, Pedro Calmon Muniz Bittencourt, em seu livro, O Rei do Brasil, vida de D. João VI, Livraria / Editora José Olympio, 1935, pg. 277, o então Príncipe-Regente escreveu a seu pai e soberano Senhor Dom João VI, o maior monarca que nos governou, o que segue:

“Eu ainda me lembro e me lembrarei sempre do que V.M. me disse, antes de partir dous dias, no seu quarto: se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”,
escrever-lhe-ia o príncipe em 1822.
O sábio monarca português tinha a certeza de que o Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, o Senhorio da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc..., sem o Brasil ficaria enfraquecido nessa Nova Ordem Política Europeia pós a Ordem Napoleônica que surgiu, que tomou forma, nas antessalas do Palácio de seu co-sogro, Francisco I, o Imperador da Áustria, quando do Congresso de Viena.
Dom Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, era um chucro, já que foi criado “ao Deus dará”, sem nenhum tipo serio de tutor que lhe preparasse para as obrigações de um Soberano.
Herdara de sua mãe, a Infanta Espanhola, a Rainha Dona Carlota Joaquina, a sexualidade dos Bourbons, conhecidos por sua volúpia, que o fazia passar horas ou na senzala ou em uma Casa de Prazeres, casas essas que ficavam em uma travessa da atual Praça XV, no Rio de Janeiro, na Corte, isso sem contar as aventuras com atrizes e outras damas dadivosas.
Dedicava-se o Príncipe aos cavalos, as touradas, a viola, a música, a dança, especialmente ao “lundum” -  criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos de Angola e dos ritmos portugueses, e que era dançado “uma certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, pelos rebolados e por outros gestos que imitam o ato sexual- ou seja, a galhofa, a deboche, a boa vida, era um filhinho de papai, um playboy, no início do século XIX.


O lundu praticado no século XVIII, em gravura de Rugendas.
Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 — Weilheim an der Teck, 29 de maio de 1858) foi um pintor alemão que viajou por todo o Brasil durante o período de 1822 a 1825, pintando os povos e costumes que encontrou. Rugendas era o nome que usava para assinar suas obras. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do desenho.
Conta a lenda que o personagem masculino que dança é o próprio senhor Dom Pedro.


Nunca teve nenhum interesse aos Negócios de Estado, só começou na Hora H de um Golpe de Estado, pois foi aconselhado por políticos, como Dom Marcos de Noronha e Brito, oitavo Conde dos Arcos, e pelos próceres do O Grande Oriente do Brasil, a Maçonaria, tendo à frente o Grão-Mestre José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, para que o encabeçasse.
Vaidoso, intempestivo, sem noção, certo que o alertar de que os Braganças poderiam perder os Reinos na Europa, se Dom João VI não tomasse uma atitude para agradar, para demostrar boa vontade, com as Cortes, que estão salientes, em Portugal, Dom Pedro, toma a frente de uma “revolução constitucionalista”.
As Cortes, além de promulgarem uma Constituição para o Reino queriam a volta do monarca, agora como Rei Constitucional, para Lisboa.
Sua participação objetiva ocorreu em 26 de fevereiro de 1821, ao obrigar a seu pai, o Senhor Dom João VI, a entrar numa Carruagem de Estado, uma verdadeira caranguejola, ainda dos tempos da monarquia em Lisboa, e ir para o Paço da Cidade (hoje Museu na Praça XV) e da sacada jurar não só as Leis que vieram de Portugal, mas também que em breve voltaria para Lisboa.
Na verdade, o Grande Soberano tinha mesmo é que jurar uma Constituição, a Constituição Liberal Espanhola de 1812, chamada de La Pepa, apelido carinhoso de Josefa, já que ela foi promulgada em Cádiz no dia 19 de março, dia de São Jose.

Por esse juramento o senhor Dom João fazia que ela vigorasse no Brasil e se obrigava a Jurar a Constituição que estava sendo confeccionada em Portugal pela Cortes reunidas em Lisboa, assim que lá chegasse.
Jogado no fundo da caranguejola o pobre Soberano, que não desejava partir do Brasil para Lisboa, suava, choramingava, sofria, a gota o matava, mais passado o susto inicial, depois de muitas delongas, o Rei do Brasil cede as “ forças terríveis”, que estão em plena ação tanto nas Cortes de Lisboa, quanto no Rio de Janeiro, e acabou anunciando sua partida para Portugal no dia 7 de março de 1821.

Trono do senhor Dom João VI, ainda no Museu de São Cristóvão.

Senhor Dom João VI era pragmático o que deveria confundir sobre maneira a ‘cabeça’ de seu Herdeiro, que não puxou o jeito político “manhoso”, mas profundamente produtivo do pai, mas sim o jeito atabalhoado e ambicioso da mãe, Doña Carlota Joaquina Teresa Cayetana de Borbón y Borbón-Parma, Infanta de España, filha mais velha do Don Carlos IV, Rei de Espanha e sua esposa, a Rainha Doña Maria Luisa, nascida di Borbone-Parma, batizada como Luisa Maria Teresa Anna, filha de filha de Filipe I, Infante de Espanha e Duque de Parma, Paciência e Guastalla, e de Luísa Isabel de Bourbon, Fille de France, filha mais velha do Rei Luís XV de França e da sua esposa, Maria Leszczyńska, e a irmã gémea de Henriqueta Ana, essa solteira até morrer.


Retrato Equestre de D. Carlota Joaquina
Pintura de Domingos Sequeira
1817
Museu Imperial
O antigo Palácio Imperial de Verão
 na cidade de Petrópolis , Rio de Janeiro, Brasil.

A Rainha & Imperatriz Dona Carlota Joaquina sofria de Hipersexualidade, isso é, o aumento repentino da libido com a extrema necessidade de atividade sexual, ou como explicam alguns cientistas, um “vício, um impulso ou compulsão sexual. Tanto faz o termo utilizado, já que o significado é o mesmo: obsessão incontrolável por sexo”.
Essa “obsessão incontrolável por sexo” foi herdada pelo seu filho Pedro de Alcântara, apesar da Rainha & Imperatriz apreciar e confiar mais em seu outro filho, o senhor Dom Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo de Bragança e Bourbon, o futuro Rei de Portugal sob o nome de Dom Miguel I, entre 1828 e 1834, período no qual se deu a Guerra Civil Portuguesa de 1831-1834.
Dona Carlota teve vários amantes (Fontes não comprovadas afirmam que Carlota Joaquina teve relações com cerca de trezentos e oitenta homens durante sua permanência no Brasil. Mas entre todos esses garanhões, apenas se apaixonou duas vezes. Os dois adorados de Carlota foram Fernando Carneiro Leão, o importante mulato presidente do Banco do Brasil, e o comendador Francisco de Aragão Damásio, a quem Carlota se entregou de corpo e alma) em Portugal como D. Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, sexto Marquês de Marialva e oitavo de Conde de Cantanhede, “acusado ser o pai de sangue do Rei D. Miguel I de Portugal”, João dos Santos, um rapaz que trabalhava como jardineiro no palácio da Quinta do Ramalho, que “seria o pai de D. Maria da Assunção e de D. Ana de Jesus Maria”.  
Alberto Augusto de Almeida Pimentel, conhecido como Alberto Pimentel, nascido em Cedofeita, Porto, Portugal 14 de abril de 1849 e falecido em Queluz, no ano de 1925, com 76 anos, jornalista, escritor, romancista, político, folhetinista e tradutor, afirma em “A Última Corte do Absolutismo”, Lisboa: Livraria Férin, 1893, que "...passa como certo que dos nove filhos que D. Carlota Joaquina dera à luz, apenas os primeiros quatro tiveram por pai D. João VI".
Ora, se levarmos em conta a afirmação categórica de Alberto Pimentel são filhos de Dom João:
1- Dona Maria Teresa de Bragança (1793-1874), casada em primeiras núpcias com D. Pedro Carlos de Bourbon e Bragança, Infante de Portugal e de Espanha, e pela segunda vez com Carlos de Bourbon, Conde de Molina, também Infante de Espanha e seu cunhado; com descendência.
2- Dom Francisco António Pio de Bragança (1795-1801), Príncipe da Beira; sem descendência.
3- Dona Maria Isabel de Bragança (1797-1818), casou-se com Fernando VII de Espanha; uma filha natimorta.
4- Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal, Imperador do Brasil e Rei de Portugal (1798-1834), casado em primeiras núpcias com Maria Leopoldina de Áustria e em segundas com Amélia de Leuchtenberg; com descendência.


"Chácara Imperial Quinta do Caju".

Ufff, Dom Pedro tá nessa....mas temos que ter em mente que “ o próprio Dom João VI teria confirmado não ter tido relações sexuais com a sua esposa durante mais de dois anos e meio antes do nascimento de D. Miguel, tempo durante o qual ele e Dona Carlota terão vivido em guerrilha conjugal, com ela em permanente conspiração, e só se encontravam em raras ocasiões oficiais”, situação que perdurou até o assassinato do Soberano em 10 de março de 1826, por ter comido laranjas envenenados, com 58 anos.
É verdade que dizem que Dona Carlota, a verdadeira cabeça do partido absolutista em Portugal, estava envolvida no envenenamento do marido, pois sempre o detestou, e queria que Dom Miguel, seu queridinho, reinasse e não o filho Pedro de Alcântara.
Mais, o sábio Dom João VI no caso do seu amado Brasil, do seu querido Rio de Janeiro, de sua aprazível Quinta da Boa Vista, de sua Casa de Banhos -  "Chácara Imperial Quinta do Caju"-  no Bairro do Caju, já tinha “tratado do seu futuro”, pois em 22 de abril de 1821, havia nomeado seu querido filho Pedro como Príncipe Regente do Reino do Brasil.
Dom João, um sábio, Pela Graça de Deus, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc...,  era a única pessoa da família Real com quem Dona Leopoldina tinha dialogo, e eu desconfio que o Velho Monarca confiava mais na sua nora, uma Princesa da Casa de Habsburgo, uma Arquiduquesa da Áustria, criada para ser útil à sua Monarquia – a monarquia paterna, a monarquia por casamento, a monarquia de seus filhos – não podemos esquecer que sua irmã casou com o Imperador dos Franceses, e ela viajou para os trópicos para casar com um Príncipe português no Brasil por ordem do pai, Francisco I, e de seu ministro todo poderoso  Klemens Wenzel, Príncipe de Metternich – para solucionar os problemas políticos do que no próprio filho que ele sabia ser um intempestivo mal educado.
E dito e feito.
Dona Maria Leopoldina ante um problema imenso que era a recolonização do Brasil por Portugal, do retorno humilhante dos Príncipes Herdeiros, tomou a decisão certa, e decretou em 2 de setembro de 1922 a Independência do Brasil.
A Filha da Águia de Habsburgo (Tochter des Adlers habsburgischen) depois comunicou ao Filho dos Braganças.



Alegoria das Virtudes do senhor Dom João VI,
Pintura de Domingos Sequeira.
Domingos António de Sequeira
*Lisboa, 10 de março de 1768 — + Roma, 8 de março de 1837
Pintor português.

Embarcada a Família Real e os demais membros da Comitiva, no dia 26 de abril, pela manhã, Sua Majestade o senhor Dom João VI, El-Rey de Portugal, Brasil e Algarves, sobe na Nau – Capitania, batizada com o seu nome, para ser transportado para Lisboa aos prantos.
Não consegue o Soberano parar de chorar em uma sentida comoção.
Sabia Sua Majestade que ao subir a Nau-Capitania estava encerrando o mais frutífero e belo Ciclo Histórico de seu Reinado que durou 13 anos, pois sabia que em Lisboa seria um “rei-fantoche” a mercê dos humores dos novos donos do Poder.


Dom João e a Baia da Guanabara ao fundo.

Como Pedro Calmon escreveu:
“Não esperava da vida muito mais. As notícias da Europa eram cada vez mais alarmantes. O liberalismo alastrava-se, havia rumores de conspiração bonapartista em França, a Inglaterra hostilizava a Santa Aliança, a Espanha incendiava-se”. Em “O Rei do Brasil”.
Os Príncipes Regentes, sua Família, embarcam na famosa “Galeota”, que ainda pode ser usada e que está guardada no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, para acompanhar a nau ‘Dom João VI “até a barra da Baia da Guanabara”.
O coração da Princesa do Reino Unido De Portugal, Brasil e Algarves, agora esposa do Príncipe Regente estava em frangalhos partia seu único amigo e aliado na Família Real, seu sogro, o Sua Majestade o Rei.
Em outras embarcações acotovelavam-se nobres e plebeus, para acompanhar a Família Real que está de volta a Portugal “até a barra da Baia da Guanabara”.
Debruçado na murada do tombadilho estava El-Rey, em lagrimas, aos prantos, não querendo ir, mas o senso de reponsabilidade Dinástica o obrigava a ir.
Vou citar mais uma vez a Pedro Calmon:
 “Da amurada, passeando o olhar pelo perfil das montanhas, D. João se despedia - como da porção melhor da sua existência – da cidade que o abrigará carinhosamente, dos seus festivos panoramas que encontrará, há treze anos, tão vazios, e deixava tão marcados da nova civilização, da riqueza que aí distribuirá”.
E continua: “Havia de suspirar ainda por cinco anos pelas suas arvores idílicas do Rio e pela consoladora sensação de força que lhe deram, debaixo daquele céo incomparável...”. Em O Rei do Brasil.
Ficava, pois os destinos do Brasil nas mãos do Príncipe Dom Pedro de Alcântara, um jovem de 23 anos, mimado, indisciplinado, inculto, rude, arrogante mulherengo, mas casado com uma grande mulher, e era nisso que o Soberano retirante confiava, pois sabia que ela ia lutar pela Dinastia de Bragança, pela herança de seus filhos, pelo Reino, pelo Brasil.



Pela Graça de Deus, Imperador do Brasil, e Rei do Reino Unido de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
8º Príncipe da Beira e do Brasil, o 21º Duque de Bragança, 18º Duque de Guimarães, 16º Duque de Barcelos, 20º Marquês de Vila Viçosa, 24º Conde de Arraiolos; 22º Conde de Ourém, de Barcelos, de Faria e de Neiva; Grãoprior do Crato e Senhor da Casa do Infantado; Grão-mestre das ordens de Cristo, de Avis, de São Tiago da Espada, da Torre e Espada, de São João de Jerusalém, e Grãoprior em Portugal; Grã-cruz das ordens de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de Carlos III, de São Fernando, de Isabel a Católica, do Espírito Santo, de São Luís, de São Miguel, da Legião de Honra, de Leopoldo, de Santo Estêvão, da Coroa de Ferro, de Santo André, de Santo Alexandre Nevsky, de Sant'Ana, do Elefante, do Leão Neerlandês, da Águia Negra; Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro e da Ordem da Jarreteira.

Nós, brasileiros, deveríamos dar a Dom João o título de “O Pai da Nacionalidade”, por tudo que ele fez por nosso País.

De nossos três Imperadores ele foi o que mais serviço prestou a causa brasileira.

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