A “arvore genealógica”,
e não ginecológica.
Quarenta e
cinco anos atrás num jantar no Restaurante do Hotel Ouro Verde, na Avenida
Atlântica, Rio, aconteceu um fato inusitado.
Uma jovem
senhora, mulher de um banqueiro velho, ambos arrivistas, alpinistas sociais,
saiu com essa:
“ Fulustreco
mandou fazer a nossa arvore ginecológica”.
A maioria
dos presentes eram pessoas educadas e só se entreolharam, mas uma senhora de
família quatrocentona paulista, membro da TFPP, me deu uma canelada que meu
cambitinho ficou roxo por semanas.
No carro,
minha agressora perguntou porque eu não havia corrigido a “ loirosa”.
Respondi:
“- Não ia
adiantar nada”.
E me calei.
Hoje, perguntado resolvi dar umas pinceladas
toscas sobre o assunto.
Preliminares:
Significado de Antepassado:
adj. Que já aconteceu há
muito tempo; que é anterior; precedente.
Que viveu numa época
remota.
s.m. Indivíduo de quem se
descende; ascendente.
Aquele ou aquilo que se
originou anteriormente; antecessor.
Que já ocorreu; que é
anterior; precedente.
s.m.pl. Antepassados. As
gerações anteriores de uma pessoa; ascendência.
(Etm. Part. de antepassar)
Sinônimos de Antepassado: ancestral, ancião, antecessor, antigo,
ascendente, avito e avoengo
Eu gosto muito de usar a
palavra avoengo:
Significado de Avoengo:
adj. Que vem ou se herdou
dos avós; avito.
S.m.pl. Os antepassados,
os ascendentes.
Fonte
: http://www.dicio.com.br/
Segundo
Carlos Grandmasson Rheingantz, o mais importante genealogista brasileiro, e
primo-irmão de minha tia Heloisa, mulher do irmão de meu pai, Antônio,
antepassado é “o nome que normalmente se atribui ao Antecedente já morto ou o
que se localiza em várias gerações anteriores na representação gráfica da “árvore
genealógica””.
A
“arvore genealógica”, e não ginecológica, com afirmou a “banqueira loirosa”, é:
Um
gráfico em forma de arvore (com suas ramificações) que descreve o histórico dos
antepassados de um indivíduo, de suas famílias.
Nesses
“ramos” estão escritos os nomes dos antepassados.
Em
alguns casos “ datas, lugares de nascimento, casamento, fotos e falecimento”.
Essa
“arvore genealógica”, também, é chamada de “árvore de costados”.
Assim
como a descrição dos membros da “arvore genealógica” veem da Copa para a Raiz –
o indivíduo em questão- ela pode ser
graficamente ao contrário, ou seja, na Raiz o antepassado comum e “ todos seus
descendentes colocados nas suas inúmeras ramificações, que é chamada “árvore de
geração”.
Muita
gente pensa que é bobagem ter sua “ arvore genealogia”, que é pedantismo, orgulho
de raça, coisa ultrapassada, etc. e tal, mas não é, pois para, ou na, medicina ela
revela as doenças de cunho genético, tais como doenças cardíacas, diabetes,
gota, psoríase, câncer, mau humor, doenças mentais, entre outras.
Certos
puristas consideram que denominar uma ancestralidade como “linhagem” tem
conotações pejorativas, eu penso que não e uso muito.
Agora
“pedigree” é para bicho.
Em
miúdos, “ a arvore genealógica “ trata da Família de um indivíduo.
Eu
aqui estou falando da Família “formada por indivíduos com ancestrais em comum”.
Os
indivíduos ligados por laços afetivos não entram nas “ arvores genealógicas”, e
porquê?
Porque
o elo entre os indivíduos descrito nas ramificações da “arvore genealógica” é a
consanguinidade, o sangue comum, modernamente chamado de DNA.
Destaco
que em muitos casos o ‘adotado’, que não tem o mesmo sangue, mas é legalmente membro
da família, está incluído na ‘arvore genealógica’, principalmente em termos Heráldicos.
DNA- “O ácido desoxirribonucleico, ou DNA, em inglês:
deoxyribonucleic acid) é um composto orgânico cujas moléculas contêm as
instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos
os seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias
de cada ser vivo”.
Antanho,
casamento era entre homem e mulher, hoje existe o casamento entre pessoas do
mesmo sexo, e eu desconheço o “agir” dos vetustos genealogistas sobre o
assunto, mas eu, já que a Lei de uma Nação permite tal união, os colocaria do
mesmo modo que os casamentos realizados no passado, ou segundo as normas da
Igreja de Cristo.
Nesses
casos, com os filhos adotados, ou geneticamente de um só dos cônjuges, agiria
da mesma maneira.
Não
estão aqui minhas convicções religiosas, mas sim minha técnica como
genealogista, por favor, que isso fique bem claro.
Mais,
vamos aos exemplos:
Primeiro:
A “arvore genealógica” de
modelo antigo do Príncipe - Bispo Sigmund Christoph Reichserbtruchsess von
Waldburg zu Zeil und Trauchburg.
Sigismundo Cristóvão,
Conde de Zeil e Trauchburg (T.L.)
O Príncipe - Bispo Sigmund
Christoph nasceu em Munique, Baviera, no dia 28 de agosto 1754, e faleceu e em
Salzburg, Áustria, em 7 de novembro 1814.
Portanto um homem que viu
a virada do século 18 para o século 19.
Muitas coisas estavam
acontecendo na Europa que abalaram o Mundo Civilizado, falo dos Movimentos da
Revolução Francesa de 1789.
Era filho de uma nobre de grande
rango, pessoa próxima ao Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, o Reichserbtruchsess
Franz Anton von Waldburg-Zeil, e de sua esposa Maria Anna, Condessa de Waldburg
zu Trauchburg.
Reichserbtruchsess, no início
era um alto cargo na Corte Imperial que tratava da “mesa do soberano”, que com
o tempo recebeu funções mais influentes, inclusive na Sagração e Coroação do
Imperador. Os Condes da Casa de Waldburg, Das Haus Waldburg, receberam essas
Honras que se tornaram hereditárias.
Sigmund Christoph foi Príncipe
- Bispo de Chiemsee, Arcebispo de Salzburg, Primaz da Alemanha e Legatus natus em Salzburgo, e com a
invasão napoleônica na cidade, Napoleão Bonaparte o nomeou presidente da
Comissão Administrativa de Salzburgo, recebendo para tal a Grã-Cruz da Ordem da
Coroa da Baviera.
Sigmund Christoph mandou
fazer a “ arvore genealógica” de sua família no final do século 18, e eu a reproduzo
abaixo:
A Árvore Genealógica de
Sigmund Christoph Reichserbtruchsess von Waldburg zu
Zeil und Trauchburg.
Sigismundo Cristóvão, Conde de Zeil e Trauchburg
(T.L.)
Final do século 18, começo do século 19.
Sem o formato de “arvore genealógica”, para um melhor
entendimento, abaixo vai uma Linhagem:
Espero
que meus pinceis tenham dado a ideia exata do que é uma “arvore genealógica”,
para que ninguém caia no erro da “ banqueira loirosa” e diga que ela é ginecológica.
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