02 de
julho, 2012
http://www.conexaoparis.com.br/2012/07/02/historias-sobre-a-higiene-no-reinado-de-luis-xiv/
Categoria: Cultura & Arte,
Por
Tom Pavesi
Nas visitas
guiadas pelo Louvre e Versalhes, os turistas sempre questionam sobre a
vida e a higiene destes monarcas.
Gravura do
século XVII anônima do rei Luis XIV, aos 15 anos, como dançarino interpretando
o Sol
O famoso Rei
Sol, Luis XIV, apesar de ter tido 16 amantes, 6 filhos legítimos, 16 filhos
bastardos enobrecidos e mais de 30 filhos não reconhecidos, apesar da
propaganda deixada nas pinturas oficiais de um monarca soberano, majestoso e de
aparência limpa, foi uns dos reis mais sujos da história da França.
Ele teve inúmeras doenças: escarlatina e sarampo quando criança ; blenorragia (gonorreia) e sarna quando adolescente; febre tifoide, fortes enxaquecas, dores no estômago, crise de gota e fístula anorretal quando adulto. Para completar o quadro, tinha todos os dentes inferiores estragados e um único dente superior.
Ele teve inúmeras doenças: escarlatina e sarampo quando criança ; blenorragia (gonorreia) e sarna quando adolescente; febre tifoide, fortes enxaquecas, dores no estômago, crise de gota e fístula anorretal quando adulto. Para completar o quadro, tinha todos os dentes inferiores estragados e um único dente superior.
Acredita-se que
Luis XIV deva ter tomado de 2 a 5 banhos ”inteiros” durante os seus 77 anos de
reinado (morreu em 1715, de gangrena nas pernas).
Luis XIV tinha
vários métodos para mascarar os odores. Espalhar perfume pelo corpo e roupas –
patchouli, almíscar, “fleur d’oranger”; para o mau hálito, pastilhas de
anis. Ele praticava o famoso banho seco, ou seja, trocar de roupas várias vezes
no dia. O monarca tinha conhecimento do mau cheiro que exalava, dificilmente
suportável a todos que o acompanhavam. Ele mesmo abria as janelas para
arejar quando entrava em uma sala.
Voltando no
tempo, os romanos bem preocupados com a saúde e o bem-estar construíram as
”termas”, verdadeiros locais para banhos públicos e higiene pessoal. Em
outras épocas, cidades medievais foram equipadas com latrinas e banheiros
públicos.
Gradualmente
estes hábitos desapareceram com a chegada de certas crenças e doenças.
Acreditava-se que a sífilis e a perda do apetite sexual pudesse ser transmitidas
pelo banho. Com a peste, surgiu a teoria que o banho quente dilatava os
poros e facilitava a “entrada dos vírus”. Por ordem médica, a sujeira
acumulada na pele era recomendada a todos como meio de proteção contra qualquer
doença. A água quente virou motivo de medo e de morte.
E a igreja deu
a sua contribuição para o desaparecimento da higiene denunciando o banho como
sendo imoral.
A partir deste momento, o uso da água seria limitado às partes livres do corpo como as mãos e o rosto. Um banho de corpo inteiro passou a ser uma raridade.
Luís XIV lavava as mãos num pequeno filete d’água despejada de uma jarrinha por um cortesão. No rosto e no corpo, muito blush – pigmento branco à base de chumbo, altamente tóxico, sinônimo de beleza e saúde; na cabeça, uma mistura de talco e farinha para a peruca exageradamente alta e explicitamente gordurosa ao meio-dia para refletir magnitude e vigor. A peruca era de cabelos falsos misturados com cabelos verdadeiros e crinas de cavalos, local preferido dos piolhos.
A partir deste momento, o uso da água seria limitado às partes livres do corpo como as mãos e o rosto. Um banho de corpo inteiro passou a ser uma raridade.
Luís XIV lavava as mãos num pequeno filete d’água despejada de uma jarrinha por um cortesão. No rosto e no corpo, muito blush – pigmento branco à base de chumbo, altamente tóxico, sinônimo de beleza e saúde; na cabeça, uma mistura de talco e farinha para a peruca exageradamente alta e explicitamente gordurosa ao meio-dia para refletir magnitude e vigor. A peruca era de cabelos falsos misturados com cabelos verdadeiros e crinas de cavalos, local preferido dos piolhos.
“Louis XIV en
costume de sacre”, de Hyacinthe Rigaud, 1701, Museu do Louvre.
Considerando a expectativa de vida no século XVII, Luís XIV morreu idoso, com
77 anos, deixando uma França próspera, rica e militarmente poderosa. [ Alerta meu:
FALIDA]
Deixou a imagem
de um rei forte, robusto, detentor de um poder extraordinário para governar,
uma personalidade inigualável, um rei guerreiro, um rei de paz, um arquiteto,
um dançarino quase profissional, um mestre em jardinagem, um músico aplicado,
amador de teatro, de poesia, mecenas das artes. Enfim, um rei brilhante como o
Sol e Divino como Deus.
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