terça-feira, 25 de setembro de 2018

Dom Pedro I& IV, o Herói de Dois Mundos.



O  Paço da Ribeira foi a residência dos reis portugueses durante cerca de 250 anos e sua construção teve início em 1498, por determinação de Manuel I,O Venturoso.


O Paço da Ribeira em Estilo Manuelino dispunha de uma torre abaluartada sobre o rio Tejo, denominada por torreão de Terzi ( Filippo Terzi, arquiteto e engenheiro militar italiano que realizou várias obras em Portugal)  onde os funcionários de El-Rey vigiavam a entrada e saída dos navios do comércio ultramarino no porto de Lisboa.
Havia uma varanda que permitia ao Soberano e a Corte tomar a brisa que vinha do Tejo e ver o movimento das garbosas Naus Portuguesas.  
O senhor Dom Manuel ( que fazia jus ao nome, pois quem não conhece um Manuel português bom de negócio ?), sendo um bom comerciante controlava em pessoa a Casa das Indias, estabelecida no primeiro piso do Paço em um grande espaços destinado a depositar os bens e as ricas e valiosas especiarias que vinham de Além Mar.
A Morada dos Reis que teve sua fachada totalmente modificada e que foi ampliada com novos pisos, graças as obras ordenadas pelo soberano Espanhol Felipe II, em Portugal Felipe I, que não gostava do Estilo Manuelino.   
“ O Paço da Ribeira ficou associado na História de Portugal a alguns dos seus mais marcantes acontecimentos, sendo decerto o mais notável a sua tomada pela força armada dos quarenta fidalgos portugueses que na célebre manhã do dia 1 de dezembro de 1640, perante o povo em delírio acorrido ao Terreiro do Paço, destronaram sem sangue a Dinastia de Habsburgo, aclamando a de Bragança na pessoa de Dom João IV, o Restaurador, 8.º duque de Bragança, 5º duque de Guimarães e 3.º duque de Barcelos, 7.º marquês de Vila Viçosa,  conde de Barcelos, Guimarães, Arraiolos, Ourém e Neiva, 14º Condestável de Portugal”.
Da famosa Varanda saiu Dom João IV “em complicado e demorado cerimonial hierárquico para o Terreiro defronte aonde, diante da Nobreza, do Clero e do Povo de Portugal, jurou manter, respeitar, e fazer cumprir os tradicionais foros, liberdades e garantias dos Portugueses, violados pelo seu antecessor estrangeiro”.
Glorioso Paço da Ribeira que viu Portugal se tornar o maior dos Impérios Transcontinentais  do planeta e assistiu ao juramento do Rei Restaurador.
Veio um terremoto.
Em 1 de novembro de 1755, feriado do Dia de Todos-os-Santos,  a terra tremeu sob Lisboa.
“O resultado foi a destruição quase completa da cidade de Lisboa, especialmente na zona da Baixa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido de um maremoto e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos e os sismólogos estimam que o sismo atingiu magnitudes entre 8,7 a 9 na escala de Richter”
O altaneiro Paço da Ribeira não resistiu e veio abaixo “ e se perderam para sempre os incalculáveis tesouros de arte - centenas delas , incluindo pinturas de Ticiano, Rubens e Correggio ( pintor da Renascença italiana, contemporâneo de Leonardo e Rafael Sanzio, com obras nos principais museus de todo o mundo)- 70 mil volumes da Biblioteca Real, o precioso Arquivo Real com documentos relativos à exploração oceânica e outros documentos antigos, enfim um recheio ali acumulados ao longo de duzentos e cinquenta anos, período correspondente ao apogeu do poder e da riqueza portuguesa no mundo, nomeadamente dos reinados de D. Manuel I e de D. João V”.
Dom José I e os seus não estavam em casa, pois estavam aproveitando o feriado religioso  em Santa Maria de Belém, nos arredores de Lisboa, segundo alguns no Mosteiro dos Jerónimos, mas enquanto o prático Marques de Pombal bradou a celebre frase "E agora? Enterram-se os mortos e cuidam-se os vivos" e partiu para reconstrução da Capital do Império, Sua Majestade Fidelíssima pela graça de Deus  Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc., ficou tomado de grande medo e se recusou a morar em “ edifícios construídos "em pedra e cal"”.




Qual a solução?
Na Quinta de Cima, uma das três quintas adquiridas em 1726 por D. João V na zona de Belém-Ajuda, com projeto de Giovanni Carlo Sicinio Galli da Bibbiena, arquiteto italiano, foi construído um palácio de madeira, “mas que tinha  algumas partes inferiores em alvenaria”.
Foi denominado de A Real Barraca e passou a ser residência oficial dos reis de Portugal e sua Corte.
No reinado de Dona Maria I a Rela Barraca pegou fogo na madrugada de 11 de novembro de 1794, e a Família Real se muda para o Palácio de Queluz.
“ O Palácio Nacional de Queluz é uma construção do século XVIII na cidade de Queluz , concelho de Sintra, hoje distrito de Lisboa. Um dos últimos grandes edifícios em estilo rococó erguidos na Europa. Foi construído como um recanto de verão para Dom Pedro de Bragança, que viria a ser mais tarde marido e rei consorte de sua sobrinha, a rainha Dona Maria l, sob o nome de Dom Pedro III.”
“A construção do Palácio iniciou-se em 1747, tendo como arquiteto Mateus Vicente de Oliveira,  Manuel Caetano de Sousa, e do joalheiro e ourives francês Jean-Baptiste Robillon. Os traços arquitetônicos salientam os estilos barroco, rococó e neoclássico. Apesar de ser muito menor, é chamado frequentemente de "o Versalhes português"”.
Foi residência de Dona Maria I, de Dom João IV, como Príncipe - Regente, até a transmigração da Capital do Império para o Rio de Janeiro e a partir de 1826, o palácio lentamente deixou de ser o predileto pelos soberanos portugueses.



 Palácio de Queluz

Mas, por que o Palácio de Queluz entra nessa História?
Porque foi nele que nasceu Dom Pedro I Imperador do Brasil e Rei de Portugal sob o nome de Dom Pedro IV.
Foi construído no Palácio o Quarto de Dom Quixote entre 1759-1774 segundo o projeto de Jean-Baptiste Robillon que em  sua decoração utilizou oito colunas para sustentar um belíssima  cúpula de teto, um jogo de espelhos e ornatos em talha dourada e pasta de papel, que nos criam a ilusão de espaço circular.
O teto contém uma tela central cujo tema é "Alegoria à Música" do grande pintor de tetos José António Narciso (1731-1811).
Neste quarto o revestimento em soalho de madeira, com dois tons, tem composição circular em harmonia com a forma do teto, e foi terminado em 1771.
As oito pinturas das paredes contém cenas da vida de Dom Quixote de la Mancha, de Cervantes, e são atribuídas ao pintor Manuel da Costa (1755-1820).
Esta tela e todas as restantes desta sala foram refeitas em 1940 pelo pintor Fernando Mardel.
Neste quarto  nasceram os filhos de Dom João VI e de Dona Carlota Joaquina.


Dom Pedro em seu leito de morte em 1834
por José Joaquim Rodrigues Primavera

No dia 24 de setembro de 1834 morria o príncipe Dom Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, Sua Alteza Imperial, o Duque de Bragança,  no Quarto Dom Quixote do Palácio Real de Queluz, o mesmo em que nascera na  manhã de 12 de outubro de 1798, portanto com 35 anos.
Quem era essa príncipe?
Um membro da Casa de Bragança.
Seus pais eram o senhor Dom João, então Príncipe do Brasil e Herdeiro do Trono de sua augusta mãe Dona Maria I, o futuro Dom João VI, e Dona Carlota Joaquina, futura Imperatriz Titular do Brasil, e Rainha consorte do Reino Unido de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc. , nascida infanta  de Espanha por ser filha do rei Carlos IV de Espanha e sua esposa Maria Luísa de Parma.
Como filho e herdeiro do Príncipe do Brasil recebeu o Titulo de Príncipe da Beira após a morte de seu irmão mais velho Dom Francisco António Pio de Bragança, nascido em 21 de Março de 1795  e falecido em 11 de Junho de 1801, com 6 anos.
Existe uma Maldição sobre a Família Imperial e Real de Bragança que é a seguinte:
Maldição dos Braganças é citada em diversas crônicas.
A "maldição" ter-se-ia iniciado no reinado de D. João IV de Portugal, no século XVII, quando o monarca teria agredido um frade franciscano aos pontapés após este ter-lhe implorado por esmola. O frade, em resposta, rogou uma praga ao rei, dizendo que jamais um primogênito varão da família dos Braganças viveria o bastante para chegar ao trono.
De fato, a partir de então, todos os primogênitos varões daquela dinastia morreram antes de reinar.
Um século após a maldição, Dom João VI e Dona Carlota Joaquina, tentaram revertê-la, fazendo visitas anuais aos mosteiros franciscanos de Lisboa e do Rio de Janeiro, sem resultados, no entanto. Coincidentemente, com raras exceções, os primogênitos dos ramos reais da Dinastia de Bragança apenas deixaram de morrer quando a família perdeu a soberania tanto em Portugal quanto no Brasil.
Lista dos que morreram:
Em Portugal
D. Teodósio (1634–1653) – primogênito do próprio Dom João IV, morto aos dezenove anos de idade, deixou a sucessão da coroa a seu irmão D. Afonso VI, o qual, morrendo sem descendentes diretos, transmitiu a coroa a seu irmão Dom Pedro II;
D. João (1688) – primeiro príncipe deste nome, primogênito de D. Pedro II, abriu caminho ao trono para o segundo João, que reinou como D. João V;
D. Pedro (1712–1714) – primeiro varão de Dom João V, irmão mais velho do rei Dom José I. Este teve apenas filhas, da qual D. Maria I, a primogênita, assume o trono;
D. José (1761–1788) – primogênito de D. Maria I e do rei D. Pedro III, dando lugar, após sua morte, ao futuro rei D. João VI;
D. Francisco António (1795–1801) – primogênito de Dom João VI, morreu aos seis anos de idade, abrindo caminho para o futuro D. Pedro IV;
D. Miguel (1820) – primogênito de D. Pedro IV, abrindo caminho para a ascensão de D. Maria II ao trono português e de D. Pedro de Alcântara ao trono brasileiro;
D. Luís Filipe de Bragança (1887-1908) – primogênito do rei D. Carlos I, assassinado juntamente com seu pai, em 1 de fevereiro de 1908. O crime precipitou a queda da monarquia portuguesa, em 5 de outubro de 1910.
No Brasil
D. Miguel (1820) – primogênito de D. Pedro I, abrindo caminho para a ascensão de D. Pedro II ao trono brasileiro e de D. Maria da Glória ao trono português.9



A maldição continuou a agir até mesmo após a separação dos tronos do Brasil e de Portugal (1822):
D. Afonso Pedro (1845–1847) – primogênito de D. Pedro II, morreu em 1845 com menos de dois anos de idade, fazendo herdeira sua irmã D. Isabel. Muitos apontam a falta de um herdeiro masculino como uma das causas pela queda da monarquia no Brasil, pelo que a ascensão de um aristocrata estrangeiro, ainda que consorte da futura imperatriz, acirrava ânimos nacionalistas.
Isso posto, continuemos...
Em 1807, Dom João diante da sanha de Napoleão I, imperador dos Franceses, rei de Itália, Protetor da Confederação do Reno, mediador da Confederação Suíça, co- príncipe de  Andorra, que queria porque queria varrer tanto Portugal do mapa, quanto a Família Real de Bragança da face da terra, pensou em mandar Dom Pedro, o príncipe da Beira, para o Brasil, para ser mais preciso para Belém do Grão- Pará, a capital do Estado do Grão Pará e Maranhão, com uma pequena Corte e com o Titulo de Condestável do Brasil, “ como meio de garantir o Brasil para sua Dinastia”.
Todavia a ideia foi abortada.
E a Família Real acabou vindo toda, de mala e cuia, para o Rio de Janeiro.
Dom Pedro tinha apenas 9 anos.
Os realistas de plantão gostam de afirmar que na tormentosa travessia pelo mares daquém mar o senhor dom Pedro leu a Eneida de Virgílio, bem yo creo como si fuera verdade.
Dom Pedro era um belo de um inculto, porque não dizer ignorantão pretensioso.
Foi criado como uma cavalinho solto no pasto, logo não tinha limites. Era  impulsivo, não tinha o menor autocontrole, não media as consequências de seus atos, e seu pai “ jamais permitiu que alguém o disciplinasse”.
Era o Herdeiro do Trono e Dom João VI via nele além de uma grande audácia, uma astucia igual a sua, uma invejável sagacidade, e um espirito perspicaz.
Herdou da família da mãe, os Bourbon de França que na Espanha passaram a ser Los Borbones, La Casa de Borbón, uma sexualidade exacerbada, se deitando com qualquer mulher que para ele se oferecesse.
Nos terrenos da Paço Real da Quinta da Boa Vista, nas quebradas do Terreiro do Paço ou Largo do Carmo, no Cais que lá se encontrava onde a malta de arruaceiros ( inclusive os capoeiras ilegais), os desordeiros, os desocupados, os vagabundos e marafonas se reuniam para a galhofa e bebedeira, lá estava o senhor Dom Pedro vestido com calças brancas de algodão, uma jaqueta listrada também de algodão, um chapéu de palha com abas largas, acompanhado pelo seu fiel áulico Francisco Gomes da Silva, o conhecido Chalaça.
Femeeiro como seu trisavô o senhor Dom João V, apelidado de "o Magnânimo" por gastar a larga o ouro do Brasil, o pai dos Meninos da Palhavã, e que até de uma freira teve filho, Madre Paula de Odivelas nome religioso de Paula Teresa da Silva e Almeida, Dom Pedro teve ‘filhos na rua”, como diria minha avó, que foram:
1-     Da dançarina francesa de cabaré Noémi Thierry, teve uma criança natimorta;
2-     Com Maria Benedita de Castro Canto e Melo, Baronesa consorte de Sorocaba , irmã da Marquesa de Santos= Rodrigo Delfim Pereira , * Rio de Janeiro, 4 de novembro de 1823 – + Lisboa, 31 de Janeiro de 189,  um diplomata brasileiro;
3-     Com Domitila de Castro Canto e Mello, Marquesa de Santos=
a-      Isabel Maria de Alcântara Brasileira, Sua Alteza a Duquesa de Goiás, *Rio de Janeiro, 23 de maio de 1824 — + Murnau am Staffelsee, 3 de novembro de 1898, casou com Ernesto José João Fischler de Treuberg, 2º conde de Treuberg e barão de Holsen, com descendência;
b-     Pedro de Alcântara Brasileiro = * Rio de Janeiro 7 de dezembro de 1825 – + Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1825;
c-     Maria Isabel de Alcântara Brasileira, Sua Alteza a Duquesa do Ceará, não há registro desse Título = *Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1827 — +Rio de Janeiro, 25 de outubro de 1827;
d-     Maria Isabel de Alcântara Bourbon, Condessa consorte de Iguaçu, casou com Pedro Caldeira Brant, primeiro e único conde de Iguaçu. Com descendência.
4-     Com Henriette Josephine Clemence Saisset, modista, casada com Monsieur Pierre Saisset, cabelereiro:
I-                  Pedro de Alcântara  Brasileiro = * Rio de Janeiro,  28 de agosto de 1829- + 1902. “ Ele trabalhou em diversos empreendimentos de negócios nos Estados Unidos, onde serviu como agente consular da França por mais de três décadas”.

Fora os filhos com Dona Leopoldina do Brasil.:
1-     Dona Maria II , Rainha de Portugal
2-     Dom Miguel, Príncipe da Beira
3-     Dom João Carlos, Príncipe da Beira
4-     Dona Januária Maria Joana Carlota Leopoldina Cândida Francisca Xavier de Paula Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança, Princesa do Brasil, Condessa consorte de Áquila por seu casamento com o príncipe Luís Carlos, Conde de Áquila e filho do rei Francisco I das Duas Sicílias. Com descendência;
5-     Dona Paula Mariana Joana Carlota Faustina Matias Francisca Xavier de Paula Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga , Princesa do Brasil, morreu o de meningite ou de malária aos 9 anos;
6-     Dona Francisca Carolina Joana Carlota Leopoldina Romana Xavier de Paula Micaela Rafaela Gabriela Gonzaga , a celebre Chicá, Princesa do Brasil, Princesa consorte de Joinville por seu casamento com o Almirante Francisco Fernando Filipe Luís Maria, Príncipe de Joinville.  Com descendência ;
7-     Dom Pedro II do Brasil.

Com Dona Amélia de Leuchtenberg, nascida Amélia Augusta Eugênia Napoleona (Milão, 31 de julho de 1812 – Lisboa, 26 de janeiro de 1873) Imperatriz Consorte do Império do Brasil. Era filha de Eugênio de Beauharnais, portanto neta de sangue da Imperatriz Josefina, e neta adotiva de Napoleão Bonaparte, Imperador dos Franceses, etc.  e  de sua esposa a princesa Augusta da Baviera, Duquesa de Leuchtenberg, filha do Rei da Baviera, Maximiliano I José e da Rainha Maria Guilhermina de Hesse-Darmstadt:

I – Dona Maria Amélia Augusta Eugênia Josefina Luísa Teodolinda Heloísa Francisca Xavier de Paula Gabriela Rafaela Gonzaga, nascida e, Paris, 1 de dezembro de 1831 e falecida no Funchal, 4 de fevereiro de 1853, cognominada "A Princesa Flor, “ após a declaração da maioridade de dom Pedro II, em 1840, que passou a defender o reconhecimento de mãe e filha como membros de sua família. Aureliano Coutinho, o Visconde de Sepetiba, Ministro dos Negócios Estrangeiros na época, pediu o reconhecimento junto ao Senado Imperial, o que ocorreu em 5 de julho de 1841, foi considera Sua Alteza a Princesa do Brasil”.

Como vemos o senhor Dom Pedro I era mui dado as mulheres.
Super ativo não deixava para amanhã a cama que podia se deitar hoje.
Como bom boêmio gostava de cantar, de tocar violão, e no Paço ou casa de família o piano.
Era valente e não levava desaforo para casa.
Era limpinho, pois tomava banho todos os dias.
Quando seu pai voltou para Portugal lhe colocou como Príncipe Regente do Reino do Brasil, mas sempre lhe aconselhando:
"Pedro, se o Brasil for se separar de Portugal, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros.”
Essa frase famosa de Dom João IV, o maior dos monarcas luso afro brasileiro, tinha um sentido que só com muita perspicácia de compreende.  
O senhor Dom João VI não queria voltar para Lisboa de jeito nenhum.
O senhor Dom João VI tinha um senso de dever para com a sua Dinastia, a Dinastia Real de Bragança, que muitos poucos soberanos tinham em relação a suas, tanto que para salva-la embarcou as carreiras para o Brasil, enfrentando o Mar Tenebroso.
O senhor Dom João VI não queria perder nem Portugal Continental, nem o Brasil, nem nenhum domínio de seu Império Transcontinental.
O senhor Dom João VI sabia que se Dom Pedro fosse para Portugal seria encolhido pelos movimentos políticos que pululavam por lá.
O senhor Dom João VI sabia que com ele seria diferente, apesar dos pesares.
O senhor Dom João VI sabia que para sua garantia não podia tirar  Dom Pedro da Linha de Sucessão ao Trono.
O senhor Dom João VI sabia que podia usar de sua sabia politica de não se comprometer nem com A, nem com B, para sobrevier.
O senhor Dom João VI tinha em mente que  o pequenino e rebelde Portugal Continental não sobreviveria com a dignidade de outrora sem o Brasil, afinal o grande comercio brasileiro passava pelas Praças Portuguesas, apesar da abertura dos portos a Nações Amigas, leia-se Inglaterra.
O senhor Dom João VI sabia que os portugueses daquela época só podiam se dar bem no Brasil, como aconteceu até a II Grande Guerra Mundial.
Dom Pedro I &IV , não sei como, nem de que maneira, sabia tudo que seu augusto pai sabia ou tinha em mente.
Ficou firme.
Não admitia ver sua autoridade rebaixada, muito menos ser desrespeitado, pois tinha consciência que era um Príncipe de Sangue Bragança, filho e herdeiro de Reis, tanto que enfrentou com altives o revoltado Tenente - General Jorge de Avilez Zuzarte de Sousa Tavares, 1.º Visconde do Reguengo e 1.º conde de Avilez, “ que em 5 de julho de 1821, como comandante das tropas no Rio de Janeiro, dirigiu o ultimato ao Príncipe D. Pedro para que jurasse as bases da Constituição, demitisse o conde dos Arcos e nomeasse uma junta governativa. Em Outubro, exigiu novamente a D. Pedro que anunciasse publicamente sua adesão às decisões das Cortes reunidas em Lisboa. D. Pedro acatou e decidiu-se, num primeiro impulso, a regressar à Europa. Mas em Janeiro de 1822 declarou publicamente que tinha decidido ficar no Brasil, fato conhecido como o Dia do Fico. Jorge de Avilez demitiu-se do governo das armas e, com receio de um ataque das tropas brasileiras, recuou para a Praia Grande, em Niterói, que fortificou, mas acabou expulso pelo Príncipe Regente.”
Dona Leopoldina do Brasil nunca perdoou ao General Avilez pela morte de seu filho Dom  João Carlos Pedro Leopoldo Borromeu de Bragança.
A família do Príncipe Regente teve “que abandonar rapidamente a cidade com destino a Fazenda Real de Santa Cruz para se protegerem de Avilez,  General- Comandante das tropas portuguesas acantonadas no Rio de Janeiro, e o pequeno Príncipe , por causa dessa fuga, veio a falecer no dia 04.02.1822 o pequenino Príncipe Dom João Carlos nascido em 06.03.1821, tinha portanto com 11 meses e dois dias.”
Dona Leopoldina sabia o que era de fugir de seu Palácio para salvar a sua pele.
Os Habsburgos tiveram  que fugir de  Viena da Austria para todos não caírem prisioneiros do General Napoleão Bonaparte, que acabou virando Imperador dos Franceses e cunhado da Imperatriz do Brasil , pois casou com sua irmã mais velha Maria Luiza.
Dom Pedro I tinha consciência que era Herdeiro do Milenar Trono Português, mas não sabia quando e como iria ocupa-lo.
Ficou no Brasil.
Mas suas vistas estavam voltadas para Portugal.
“ A ideia de abdicar do trono brasileiro e voltar para Portugal começou a tomar sua mente e, a partir de 1829, Pedro falava a respeito frequentemente.”
Mas, a velha raposa sabia das coisas e em “dia 6 de março de 1826, Dom João VI, doente, nomeou uma regência presidida pela infanta D. Isabel Maria de Bragança , de vinte e cinco anos, a qual vigoraria, mesmo com a morte do rei, até que o legítimo herdeiro e sucessor da Coroa aparecesse. Ela foi regente de Portugal até 26 de fevereiro de 1828.”
Dom João VI morreu quatro dias depois do decreto de Regência em Lisboa no dia 10 de março de 1826.
Dom João VI foi assassinado.
“ Recentemente uma equipe de pesquisadores exumou o pote de cerâmica chinesa que continha as suas vísceras. Fragmentos do seu coração foram submetidos a análises, que detectaram uma quantidade de arsênico suficiente para matar duas pessoas, confirmando as suspeitas de que o rei foi em verdade assassinado”.
Dom Pedro foi aclamado "Sua Majestade Fidelíssima, D. Pedro IV, Rei de Portugal e Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.”
“ Dom Pedro, depois de proclamado Rei de Portugal, em 29 de abril outorgou aos portugueses uma constituição livre, a Carta Constitucional”.
Soberano em Portugal  e Império de 10 de março de 1826 até 2 de maio de 1826, dia em que abdicou em sua filha mais velha, Dona Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança.
Dona Maria da Glória era um  Princesa da Casa Real de Bragança  nascida no Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves, portanto podia ser Rainha de Portugal por ser portuguesa, uma portuguesa  nascida no Brasil, pois nasceu em 4 de abril de 1819 no Paço de São Cristóvão, cidade do Rio de Janeiro, Brasil, sob o título de Princesa da Beira .
Dom Pedro II não poderia já que nasceu depois da Independência no 2 de dezembro de 1825 e foi por isso que Dom Pedro I abdicou nele o Trono Imperial do Brasil.
Dona Maria da Gloria foi para Lisboa, mas a coisa por lá desandou.
Dom Miguel, irmão de Dom Pedro, e marido prometido a Dona Maria da Gloria não casou com ela e lhe tomou o trono.
Voltou Dona Maria para o Brasil  em 30 de agosto de 1829 para o Rio, chegando a 16 de outubro.
Aqui, também, a situação  estava desandando.
E aconteceu a “ Noite das Garrafadas que envolveu os  portugueses que apoiavam D. Pedro I e brasileiros que faziam oposição ao imperador - foi um dos principais acontecimentos do período imediatamente anterior à abdicação do monarca, em 13 de março de 1831”.
Numa carta simples:
"Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei muito voluntariamente abdicado na pessoa de meu muito amado e prezado filho o Senhor D. Pedro de Alcântara.
Boa Vista, 7 de abril de mil oitocentos e trinta e um, décimo da Independência e do Império."
Pedro
Para sua segurança o Imperador renunciante embarca no navio inglês HMS Warspite, acompanhado da Imperatriz Dona Amélia, gravida de três meses,  e de  Dona Maria da Gloria, a Rainha de Portugal.
Os ânimos estavam serenados na Mui leal Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e um Pedro de Alcântara em mangas de camisas, tamancos, lenço amarrado na cabeça, como um bom português de mudança de antanho, passou a organizar sua bagagem para ser embarcada na  fragata HMS Volage, enquanto Dona Maria da Gloria seguiu na corveta francesa La Seine rumo a Europa.
Deixou José Bonifácio, com quem se reconciliara pouco tempo antes, como tutor dos filhos Dom Pedro, Dona Januária (com nove anos), Dona Paula (8 anos) e Dona Francisca (7 anos).
“ Na Europa, D. Pedro , agora Duque de Bragança, empreende uma luta contra seu irmão, D. Miguel, a fim de assegurar para a filha Maria da Gloria o Trono português, o qual ela tinha Direito”.
Andou de Paris a Londres em busca de apoio.
Antes de partir para os Açores, no porto diante de “mais de  duzentas pessoas que haviam ido lhe desejar boa sorte” se ajoelhou aos pés de filha Rainha e exclamou alto:
"Minha senhora, aqui estás um general português que irá manter os seus direitos e restaurar sua coroa".
Foi uma choradeira sem fim.
Dos Açores, leal a Dona Maria, partiu para a Cidade do Porto , onde entrou sem oposição no dia 9 de julho de 1832 .
Aconteceu o “ Cerco do Porto de julho de 1832 a agosto de 1833, as tropas liberais de Dom Pedro estiveram sitiadas pelas forças realistas fiéis a Dom Miguel”.
“ Vendo o seu exército batido, Dom Miguel, que seguia o combate do alto do Monte de S. Gens na Senhora da Hora, atirou ao chão o óculo que empunhava, irritado com a derrota, quando contava com uma vitória estrondosa.”
No dia imediato, D. Pedro partiu para Lisboa, ocupada já pelas tropas de Dom António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, 7.º Conde de Vila Flor, 1.º Marquês de Vila Flor e ainda 1.º Duque da Terceira com Honras de Parente ( de Sua Majestade o Soberano) , com os navios do Almirante inglês Charles John Napier, que tinha ,adotado o nome de Carlos de Ponza para não perder a sua patente na armada inglesa por combater no estrangeiro sem licença do seu Governo, no comando da Armada Portuguesa,  ancorados no Tejo.
Napier foi elevado a visconde do Cabo de São Vicente por decreto de 10 de agosto de 1833, e o de conde do Cabo de São Vicente por decreto de 7 de dezembro de 1842, ambos criados por Dona Maria II.
“ Dom Pedro sempre gozou de saúde forte durante toda sua vida, exceto por surtos de epilepsia não muito frequentes, porém a guerra minou sua constituição e por volta de 1834 ele estava sofrendo de tuberculose”.
Dom Pedro  morreu às 14h30min do dia 24 de setembro de 1834 após uma longa e dolorosa doença e conforme seu pedido, seu coração foi colocado na Igreja da Lapa no Porto, enquanto seu corpo foi inicialmente enterrado no Panteão da Dinastia de Bragança na Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa.
José Bonifácio, que havia sido removido de sua posição de Tutor do Príncipes Imperiais , escreveu a elas:
"Dom Pedro não morreu. Apenas homens ordinários morrem, heróis não".
E assim se conta a História de um Herói de Dois Mundos.