terça-feira, 27 de setembro de 2016

História de Portugal que, também, é do Brasil – Final.

Resultado de imagem para dom manuel i

Casamento de Dom Manuel com Dona Leonor de Áustria
Jorge Eduardo Garcia
Filosofo e historiador.
27 de setembro de 2016

Costados de D. Manuel I, o Venturoso, "Pela Graça de Deus, Manuel I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc., Grão-Mestre das Ordens de Cristo e da Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada":
Pai:
Dom Fernando, Infante de Portugal, Infante de Portugal, 2.º Duque de Viseu, 2.º Senhor da Covilhã, 1.º Duque de Beja, 1.º Senhor de Moura, 6.º Condestável de Portugal, Mestre da Ordem de Cristo.
Avós paternos:
Dom Duarte I, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta, e Dona Leonor de Aragão, nascida Infanta de Aragão, Rainha de Portugal.
Bisavós paternos:
1-     Dom João I, "o de Boa Memória", pela Graça de Deus, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta, e de Filipa de Lencastre (em inglês: Philippa of Lancaster), nascida Princesa inglesa da Casa de Lencastre, filha de João de Gante, 1.º Duque de Lencastre, com sua mulher Branca de Lencastre.
2-     Dom Fernando I, Rei de Aragão, de Valencia, de Maiorca , da Sicília , da Sardenha e Córsega, Duque de Neopatria e Atenas, Conde de Barcelona, de Rosilhão e Cerdaña, Regente de Castela, também, chamado de Fernando de Trastámara por ser o primeiro rei de Aragão da dinastia castelhana de Trastámara, e de Doña Leonor Urraca Sánchez de Castilla, la Rica Hembra , III Condessa de Albuquerque, filha do infante Dom Sancho de Castela e da Princesa Dona Beatriz de Portugal , filha de Pedro I, Rei de Portugal,  e Inês de Castro, “ que depois de ser morta foi Rainha” -Luís de Camões, Os Lusíadas (1572), Canto III.  
Mãe:
Dona Beatriz de Portugal, Duquesa consorte de Viseu, e outros Títulos do marido, o senhor Dom Fernando.
Avós maternos:
Dom João, Infante de Portugal, 3.º Condestável de Portugal, sucedendo a Nuno Álvares Pereira, 10.º Mestre da Ordem de Santiago, e ainda 1.º Senhor de Reguengos, Colares e Belas, e de Dona Isabel de Bragança, neta de Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável.
Bisavós maternos:
1-     Dom João I, "o de Boa Memória", pela Graça de Deus, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta, e de Filipa de Lencastre (em inglês: Philippa of Lancaster), nascida Princesa inglesa da Casa de Lencastre, filha de João de Gante, 1.º Duque de Lencastre, com sua mulher Branca de Lencastre.
2-     Dom Afonso de Portugal, depois Afonso I de Bragança, 8º conde de Barcelos, 2º conde de Neiva e o 1º Duque de Bragança, e de Dona Beatriz Pereira de Alvim, filha de Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, Beato Nuno de Santa Maria, hoje São Nuno de Santa Maria, 2.º Condestável de Portugal, 38.º Mordomo-Mor do Reino, 7.º Conde de Barcelos, 3.º Conde de Ourém e 2.º Conde de Arraiolos, e de Dona Leonor de Alvim, rica herdeira de João Pires de Alvim e de sua mulher Branca Pires Coelho.
Dom Manuel casou com:
a-      Isabel de Aragão, Infanta de Espanha- filho:
I-                  Miguel da Paz (1498-1500), herdeiro aparente das Coroas de Portugal, Castela e Aragão.
b-     Maria de Aragão e Castela, Infanta de Espanha, e sua cunhada – filhos:
1-     João III, rei de Portugal (1502-1557)
2-     Isabel de Portugal (1503-1539), casada com Carlos V, Imperador da Alemanha que se tornaria mãe de Filipe II de Espanha;
3-     Beatriz de Portugal, Duquesa de Sabóia (1504-1538), casada com Carlos III, Duque de Sabóia;
4-     Luís, Duque de Beja (1506-1555), condestável do Reino e Prior da Ordem de S. João de Jerusalém, pai do polémico António, prior do Crato;
5-     Fernando, Duque da Guarda (1507-1534), casado com Guiomar Coutinho, Condessa de Marialva
6-     Afonso de Portugal, cardeal (1509-1540), arcebispo de Évora e de Lisboa.
7-     Maria de Portugal (1511-1513)
8-     Cardeal Henrique, rei de Portugal (1512-1580), cardeal, arcebispo de Braga, de Évora e de Lisboa, Inquisidor Geral, regente do reino e rei;
9-     Duarte, Duque de Guimarães (1515-1540), casado com Isabel de Bragança, bisavô de João IV de Portugal;
10- António de Portugal (1516) que viveu poucos dias.
c-     Leonor de Áustria, Infanta de Espanha, irmã do imperador Carlos V:
1-     Carlos de Portugal (1520-1521)
2-     Maria de Portugal (1521-1577), famosa como a mais culta das Infantas.

Como vemos Dom Manuel não havia nascido para ser o Rei, mas veio o destino e o fez, em 13 de julho de 1491, “Sua Alteza, o Príncipe Herdeiro de Portugal”, e a partir de 25 de outubro de 1495 “Sua Alteza Real pela Graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, e Senhor da Guiné”, era a vida.
Aclamado em 27 de outubro de 1495 logo de início de seu reinado apoio “ a política avoenga dos descobrimentos portugueses e o desenvolvimento dos monopólios comerciais”.
“ Durante seu reinado, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia (1498), Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil (1500), Francisco de Almeida tornou-se no primeiro vice-rei da Índia (1505) e o almirante Afonso de Albuquerque assegurou o controlo das rotas comerciais do oceano Índico e golfo Pérsico e conquistou para Portugal lugares importantes como Malaca, Goa e Ormuz. Também no seu reinado organizam-se viagens para ocidente, tendo-se chegado à Groenlândia e à Terra Nova”.
“ Tudo isto contribuiu para a constituição do Império Português, fazendo de Portugal um dos países mais ricos e poderosos da Europa. Manuel I utilizou a riqueza obtida pelo comércio para construir edifícios reais, no que se chamaria muito posteriormente estilo manuelino, dos que são exemplo o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Atraiu cientistas para a corte de Lisboa e estabeleceram-se tratados comerciais e relações diplomáticas com a China e a Pérsia, além de que, em Marrocos, realizaram-se conquistas como Safim, Azamor e Agadir”.
“A sua completa consagração europeia deu-se com a aparatosa embaixada em 1514, chefiada por Tristão da Cunha, enviando ao papa Leão X presentes magníficos como pedrarias, tecidos e joias. Dos animais raros, destacaram-se um cavalo persa e um elefante, chamado Hanno, doravante mascote do papa, que executava várias habilidades. Mas uma das inúmeras novidades que encantaram os espíritos curiosos das cortes europeias da época terá sido sem dúvida o rinoceronte trazido das Índias, que assumiu, então, um papel preponderante na arte italiana”.

E foi no governo absoluto de Dom Manuel de Viseu, Príncipe da Dinastia de Avis, nascido em Alcochete, em 31 de maio de 1469, e falecido em Lisboa com 52 anos no dia 13 de dezembro de 1521, que reinou de 25 de outubro de 1495 até 13 de dezembro de 1521-  26 anos 1 mês e 18 dias – que em 22 de abril de 1500, a frota comandada por Pedro Álvares Cabral chegou ao território onde hoje se localiza o Brasil.

Ponto Final. 

História de Portugal que, também, é do Brasil – Quarta Parte.


Dom João II

Jorge Eduardo Garcia
Filosofo e historiador.
27 de setembro de 2016

 João II, apelidado de "o Príncipe Perfeito", foi o Rei de Portugal e Algarves em dois períodos diferentes: sucedendo seu pai, Dom Afonso V, após a sua abdicação, em 1477, mas, no entanto, D. Afonso V retornou e logo João lhe devolveu o poder, e só se tornou de novo Rei após a morte de seu genitor em 1481”.
Períodos dos reinados:
Primeiro: 11 de novembro de 1477 até a 15 de novembro de 1477, com Coroação em 11 de novembro de 1477;
Segundo: 28 de agosto de 1481 até 25 de outubro de 1495, com Aclamação em 31 de agosto de 1481.
Dom João nasceu no Paço Real das Alcáçovas, no Castelo de São Jorge, no dia 3 de maio de 1455, terceiro filho de Dom Afonso V, Rei de Portugal, e de Dona Isabel, Rainha de Portugal, também chamada modernamente, no estrangeiro, Dona Isabel de Coimbra, filha de Dom Pedro, Infante de Portugal, 1º Duque de Coimbra , portanto uma neta de Dom João I e de Filipa de Lencastre.
Dom João era irmão de João, Príncipe de Portugal (1451), jurado Príncipe Herdeiro da Coroa mas falecido pouco depois da nascença, e de Santa Joana (embora oficialmente apenas seja reconhecida pela Igreja Católica como Beata), Princesa de Portugal, beatificada em 1693 pelo Papa Inocêncio XII, tendo festa a 12 de maio, e o Papa Paulo VI, a 5 de janeiro de 1965, declarou-a especial protetora da cidade de Aveiro. (1452-1490), viveu a maior parte da sua vida no Convento de Jesus de Aveiro, desde 1475 até à sua morte, seguindo em tudo a regra de vida e estilo das monjas”.
Dom João II casou com Dona Leonor de Viseu, Princesa de Portugal e sua prima irmã, filha do Infante Fernando. Fruto desta união, nasce o Infante Afonso, em Lisboa no dia 18 de maio de 1475, mas que aos 16 anos morre em Santarém em 13 de julho de 1491.
Sem herdeiros, é sucedido quando de sua morte em 25 de outubro de 1495, com 40 anos, em Alvor, no Algarve, por Sua Excelência Dom Manuel, Duque de Viseu, seu primo irmão e cunhado, pois era irmão da Rainha Dona Leonor.
“ Os descobrimentos portugueses serão a prioridade governamental de Dom João II, bem como a busca do caminho marítimo para a Índia iniciada pelo seu tio-avô o Infante D. Henrique, e durante o seu reinado conseguiram-se os seguintes feitos:
“Em 1482, João II centralizou na coroa a exploração e comércio na costa da Mina e Golfo da Guiné, determinando a construção de uma feitoria para apoiar o florescente comércio do ouro de aluvião na região”.
“Sob o comando de Diogo de Azambuja foi rapidamente construído o Castelo de São Jorge da Mina, com pedra previamente talhada e numerada em Portugal, enviada como lastro nos navios, sistema de construção depois adoptado para numerosas fortificações”.
“ 1484 – Diogo Cão descobre a foz do rio Congo e explora a costa da Namíbia”;
“1488 – Bartolomeu Dias cruza o cabo da Boa Esperança, tornando-se no primeiro europeu a navegar no oceano Índico vindo de oeste”;
“1493 – Álvaro de Caminha a colonização das ilhas de São Tomé e Príncipe, sendo a ilha do Príncipe batizada em homenagem ao único filho e herdeiro do rei, Afonso, Príncipe de Portugal ”.
“São enviadas expedições por terra lideradas por Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva ao Cairo, Adém, Ormuz, Sofala e Abissínia, a terra do lendário Preste João, donde enviam relatórios sobre essas paragens, ficando D. João II com a certeza de poder atingir a Índia por mar”.
“ Quando Cristóvão Colombo (Génova, entre 22 de agosto e 31 de outubro de 1451 — Valladolid, 20 de maio de 1506) pediu apoio para a sua viagem, João II recusou. Colombo, capitão sem experiência atlântica, partia de uma suposição que o rei sabia estar errada. Decidido a chegar à Índia pelo ocidente, contornando África, não havia razão para subsidiar a expedição. Em 1492, ao serviço dos reis de Castela e Aragão, Colombo descobriu oficialmente a América. Até à sua morte, esteve convencido que havia chegado à Índia, e ao Japão”.
“1493- 1494 – João II contesta a Bula Inter Coetera (Tradução: “entre outros (trabalhos)", foi a primeira Bula do Papa Alexandre VI, editada em 4 de maio de 1493. Pelos seus termos, o chamado "novo mundo" seria dividido entre Portugal e Espanha, através de um meridiano situado a 100 léguas a oeste do arquipélago do Cabo Verde: o que estivesse a oeste do meridiano seria espanhol, e o que estivesse a leste, português) e negoceia um tratado diretamente com os Reis Católicos: o Tratado de Tordesilhas” - assinado na povoação castelhana de Tordesilhas em 7 de junho de 1494, entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa de Castela, resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que um ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica. O tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas por Colombo, no tratado referidas como "Cipango" [ Colombo acreditava que tinha chegado ao Japão] e Antília [ Cuba e Ilha de São Domingos]. Os territórios a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, a Castela. O tratado foi ratificado por Castela a 2 de julho e por Portugal a 5 de setembro de 1494”.
“1495 – Delineou a primeira viagem no caminho marítimo para a Índia. O comando foi inicialmente atribuído a Estêvão da Gama. Contudo, dada a morte de ambos, foi delegado em 1497 pelo novo rei Manuel I de Portugal ao filho, Vasco da Gama”.
Morreu o Sua Alteza Real Dom João II, com o estilo oficial de "Pela Graça de Deus, João II, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, e Senhor da Guiné, Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo, e Mestre da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de Sant'Iago da Espada”, e foi um grande Rei.

Continua...

História de Portugal que, também, é do Brasil – Terceira Parte.


Efígie de Afonso V de Portugal no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, Portugal.

Por
Jorge Eduardo Garcia
Filosofo e historiador.
27 de setembro de 2016





Resultado de imagem para Ordem de Cristo

HISTÓRIA DA ORDEM MILITAR DE CRISTO:
A Ordem Militar de Cristo foi instituída pelo Rei D. Dinis em 1318 e confirmada pela Bula Ad ea ex quibus dada pelo Papa João XXII em Avignon, em março de 1319. A Bula foi emitida a pedido do Rei D. Dinis para que a Ordem criada sucedesse à Ordem do Templo, extinta em 1311 pelo Papa Clemente V.
Os bens dos Templários ficaram assim atribuídos à nova Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, que teve a sua primeira sede na Igreja de Santa Maria do Castelo, em Castro Marim.
Em 1356, a sede transferiu-se para o Castelo de Tomar, antiga sede da Ordem do Templo em Portugal.
Tratava-se então de uma ordem religiosa no seu mais estrito sentido, tendo o Papa como soberano e sendo os Grão-Mestres da Ordem cavaleiros professos com voto de pobreza. O primeiro Grão-Mestre foi D. Gil Martins, então também Mestre de Avis. (A Ordem de São Bento de Avis ou simplesmente Ordem de Avis (inicialmente chamada de Milícia de Évora ou Freires de Évora) era originalmente uma ordem religiosa militar de cavaleiros portugueses. O superior espiritual da Ordem de Cristo era o abade de Alcobaça. Destaque meu)
O momento fundamental para o futuro da Ordem surge com a nomeação do Infante D. Henrique, Duque de Viseu, como “governador e administrador”.
O célebre Infante, senhor de grande parte das terras do Reino, não podia fazer voto de pobreza, tendo por isso sido criado o novo cargo.
Sendo função do Infante a administração dos bens da Ordem, não surpreende a utilização dos seus importantes recursos no grande desígnio nacional que eram então os Descobrimentos. A Cruz de Cristo, símbolo da Ordem, conquistou os mares desconhecidos, erguida nas velas das caravelas portuguesas, tornando-se um dos mais reconhecidos símbolos nacionais.
A Coroa Portuguesa exercia, por isso, um total controlo sobre a Ordem de Cristo, muito embora a Santa Sé a continuasse a tratar como ordem religiosa. Por este motivo, a Ordem passou a exercer não apenas a administração espiritual sobre os territórios descobertos, mas também a administração temporal, o que lhe deu um vigor singular.
A administração da Ordem permaneceu ligada à Coroa por razões circunstanciais. O Infante D. Manuel era governador da Ordem no momento da sua aclamação como D. Manuel I. Pela bula Constante fide, D. Manuel I foi o primeiro Rei Grão-Mestre da Ordem de Cristo.
No entanto, só no reinado de D. João III, os mestrados das Ordens Militares foram concedidos pelo Papa Júlio III, in perpetuum, à Coroa portuguesa. A bula Praeclara Clarissimi, de 30 de novembro de 1551, tornou hereditária a administração das Ordens, marcando uma separação entre a Ordem e a Santa Sé que se havia de confirmar com a sua evolução.
 ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS
Muito bem.
A Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo foi pelo Infante Dom Henrique “ encaminhada para o que parecia sua ‘missão’ inicial, a de conquista da África e da Ásia, através das viagens marítimas, que a própria ordem financiou”, com as bênçãos do Papado.
Não podemos esquecer que os Soberanos de então necessitavam da Santa Sé, do Papa, do Sumo Pontífice, do Bispo de Roma, para legalizar suas ações, apesar de muitos ignorarem a Igreja Católica, e os Reis de Portugal não eram diferentes, pois tinham que “ legitimar” suas conquistas pelo mundo afora, além do Mar Oceano.
O Infante Dom Henrique fez de seu sobrinho e herdeiro Dom Fernando seu sucessor no comando da Ordem de Cristo, como seu Mestre.
Por força de anteriores “ Bulas Papais” o senhor Infante Dom Fernando, Mestre da Ordem Religiosa e Militar, passou a ser de facto o responsável pelos Descobrimentos para o Reino de Portugal.
Contudo com a morte de Dom Fernando o seu filho Dom João, 2.º Duque de Beja, 2.º Senhor de Moura, 3.º Duque de Viseu, 3.º Senhor da Covilhã, foi feito o 10.º Mestre da Ordem de Cristo, e Mestre da Ordem de Santiago, tornando-se o 7.º Condestável de Portugal.
Com a morte de Dom João, em 1472, seu tio, Dom Afonso V, "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África", passou a ser o Mestre da Ordem de Cristo que foi totalmente incorporada a Coroa Portuguesa.
Assim El Rey Dom Afonso, apelidado de "o Africano" por suas conquistas na África, bem como seus sucessores, passou a ser o único e de facto responsável pelos Descobrimentos para o Reino de Portugal.
“ Dom Afonso V concentrou-se na expansão no Norte de África, Alcácer Ceguer (1458), Anafé (1464) e Arzila (1471); com a tomada desta praça caíram também nas mãos dos Portugueses as praças de Tanger e Larache”.
“ O Rei Dom Afonso V subsidiou ainda as explorações do oceano Atlântico, concedendo o comércio no golfo da Guiné, contra uma renda anual de 200$000 reais, e mais o exclusivo do comércio de um popular substituto da pimenta a que então se chamava malagueta, a pimenta-da-guiné (Aframomum melegueta), concedido por mais 100$000 reais anuais,  a Fernão Gomes da Mina (Dados os proventos de vulto que arrecadou, designadamente com o comércio no seu entreposto na Mina, deu-lhe por Carta de 29 de Agosto de 1474 o apelido da Mina e Armas Novas, escudo de prata, com três cabeças de negros de sua cor, com colares e argolas de ouro nas orelhas e nas ventas; timbre: uma cabeça do escudo. Mais tarde, em 1478, cumulado de honras e com um papel de enorme influência na economia do reino, foi nomeado para o Conselho Real), mas que de origem era um comerciante de Lisboa, com a condição de descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que o levaria até à costa de São Jorge da Mina, onde descobriu um florescente comércio de resgate do ouro de aluvião”.
Pelo Tratado das Alcáçovas-Toledo, assinado com os Reis Católicos de Espanha, “ Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o arquipélago dos Açores, o de cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do Cabo Bojador”.   
“Com sintomas de depressão, Dom Afonso V retira-se para o convento de Varatojo, em Torres Vedras, abdicando em seu filho Dom João, futuro D. João II, Rei de Portugal”.
Depois de tomar um copo de agua, morre em 28 de agosto de 1481, aos 49 anos.
Dom Afonso foi o terceiro filho (D. João de Portugal, * 1429- +1433, D. Filipa de Portugal, * 1430- +1439), que nasceu de Dom Duarte I e de Dona Leonor e o primeiro que chegou a idade adulta.
Seu local de nascimento foi Sintra no dia 15 de janeiro de 1432.
Foi sucedido por seu filho João II ( * Lisboa, 3 de maio de 1455 – + Alvor, 25 de outubro de 1495), apelidado de "o Príncipe Perfeito".

Continua

História de Portugal que, também, é do Brasil – Segunda Parte.


Brasão do Infante D. Fernando
1.º Duque de Beja e 2.º Duque de Viseu, etc.

Por
Jorge Eduardo Garcia
Filosofo e historiador.
27 de setembro de 2016


O Infante Dom Henrique, da Casa de Avis, cognominado “o Navegador”, “ deixou como seu principal herdeiro o seu sobrinho, em bens, cargos e títulos, o segundo filho de seu irmão o Rei D. Duarte, já falecido, o Infante D. Fernando, Duque de Beja”.
A bem da verdade Dom Henrique fez de Dom Fernando seu filho adotivo em 1436, além é claro de ser o seu Herdeiro principal, pois tinham em comum um espirito aventureiro e um amor pela navegação.
O Infante Dom Fernando era o segundo filho de Duarte I, "o Eloquente", "o Rei-Filósofo", que reinou de 4 de agosto de 1433 até 9 de setembro de 1438, decimo primeiro Rei de Portugal e o segundo da Dinastia de Avis, e da Rainha Dona Leonor de Aragão, nascida Infanta de Aragão, pois era filha de Dom Fernando I (Fernando de Trastámara, o primeiro Rei de Aragão da dinastia castelhano do Trastámara), Rei de Aragão, de Valencia, de Mallorca, de Sicilia, de Cerdeña y de Córcega, Duque de Neopatria e de Atenas, Conde de Barcelona, de Roussillon e de Cerdaña, Regente de Castela,  e de Doña Leonor Urraca Sánchez de Castilla, III Condessa de Albuquerque, chamada de la Rica Hembra (Rica Fêmea).
Dona Leonor era irmã de Dom Alfonso o Magnânimo (* Medina del Campo, Valladolid, Berço dos Reis de Aragão, em 1394 - + Nápoles, 27 de junho de 1458), Rei de Aragão com o nome de Alfonso V, e Rei de Nápoles e Sicília com o nome de Alfonso I.
Com tanta nobreza Dom Fernando, que nasceu em Almeirim, no Alentejo, em 17 de novembro de 1433, recebeu no berço o título de Infante de Portugal, em 1453 o senhor Dom Afonso V, seu irmão, concedeu-lhe os títulos de 1.º Duque de Beja e 1.º Senhor de Moura, com a morte do tio Henrique foi elevado a 2.º Duque de Viseu e a 2.º Senhor da Covilhã, sendo ainda o 6.º Condestável de Portugal e Mestre da Ordem de Cristo.
Com 19 anos, em 1452, resolveu se aventurar pelo mundo “ segundo uns para combater os mouros, segundo outros para se juntar a seu tio materno, o Rei Afonso I de Nápoles, na esperança de poder vir a herdar aquele reino do irmão da mãe que não tinha filhos legítimos”.
El Rey Dom Afonso V soube da fuga e deu ordens a Dom Sancho de Noronha, 1.º Conde de Odemira, Governador de Ceuta e comandante da frota portuguesa que patrulhava o estreito de Gibraltar, para interceptar o Infante e escoltá-lo de regresso a Portugal.
“ Em1458 acompanhou o Dom Afonso V, na expedição portuguesa que conquistou a cidade marroquina de Alcácer Ceguer, cujo nome oficial em grafia latina é Ksar es-Seghir ou Ksar Sghir, vila costeira do norte de Marrocos, na costa acidentada do estreito de Gibraltar, entre Tanger e Ceuta, na região histórica de Jebala, na margem direita da foz do rio Ceguer”.
“ Em 1468, comandou a esquadra que conquistou e destruiu o porto de Anafé (hoje denominado de Anfa e integrado a famosíssima cidade de Casablanca) que era uma base de piratas”.
Dom Fernando foi Príncipe herdeiro de Portugal de 1438 até 1452, e foi, também, sucedendo ao Infante Dom Henrique, Mestre da Ordem de Cristo, a Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo, que foi herdeira das propriedades e privilégios da Ordem do Templo, dos Templários, em Portugal.
 O Infante Dom Henrique “investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima, por isso em 1454 e 1456 através das Bulas de Nicolau V e Calisto III, foi estabelecido o direito espiritual sobre todas as terras descobertas, sendo sua sede diocesana a Igreja de Santa Maria dos Olivais, também referida como Igreja de Santa Maria do Olival, localiza-se na margem esquerda do rio Nabão, na cidade de Tomar, distrito de Santarém, em Portugal, erguida  no século XII como sede da Ordem dos Templários no país, tendo servido como panteão dos Mestres da Ordem”.
Por essas “ Ordenanças da Igreja Católica” o senhor Infante Dom Fernando passou a ser de facto o responsável pelos Descobrimentos para o Reino de Portugal.
Participou de algumas expedições na costa da África, mas o importante é que realizou “ reconhecimento da costa atlântica da própria América, um fato reconhecido na época, dentro de um pequeno círculo de navegadores, e cujo feito, na altura, chegou a constar de um pleito contra os direitos de Colombo a favor de seus companheiros de viagem”.
Casou-se com a sua prima, Beatriz de Portugal, filha do seu tio João, Infante de Portugal, em 1447, e tiveram nove filhos, a saber:
1-     Dom João de Viseu (1448-1472), terceiro Duque de Viseu, segundo Duque de Beja;
2-     Dom Diogo de Viseu (1450-1484), quarto Duque de Viseu e terceiro Duque de Beja;
3-     Dom Duarte de Viseu;
4-     Dom Dinis de Viseu;
5-     Dom Simão de Viseu;
6-     Dona Leonor de Avis ou Leonor de Portugal ou Leonor de Lencastre ou Infanta Leonor, e mais recentemente, no estrangeiro, "Leonor de Viseu" , (1458-1525), casou com Dom João II, Rei de Portugal, e tornou-se Rainha de Portugal;
7-     Dona Isabel de Viseu (1459-1521), casada com Fernando II, Duque de Bragança;
8-     Dom Manuel, Duque de Viseu e de Beja, como Dom Manuel I, o Venturoso, foi Rei de Portugal, após a morte do seu primo e cunhado Dom João II, Rei de Portugal;
9-     Dona Catarina de Viseu.

Dom Fernando morreu em 18 de setembro de 1470, com 36 anos, em Setúbal, a "notável villa" um título concedido, em 1525, por D. João III, uma cidade “ ligada sobretudo à indústria naval e ao comércio marítimo, tirando rendimentos elevados com os direitos cobrados pela entrada no porto”, no Reino de Portugal”.

Continua...

História de Portugal que, também, é do Brasil – Primeira Parte.

Resultado de imagem para dom henrique o navegador

Por
Jorge Eduardo Garcia
Filosofo e historiador.
27 de setembro de 2016

Infelizmente no Brasil não estudamos a História de Portugal, o que é um erro.
Nos atemos a Dom Manuel, o Venturoso, a Transmigração da Família Real em 1808, a senhora Dona Maria I, chamada de “ A Louca” e ou “ A Pia”, ao senhor Dom João VI, aos Decretos de Lisboa que geraram a independência, e olhe lá.
Não damos conta do que Portugal fez em termos de navegação e conquistas até a descoberta do Brasil, fatos importantíssimos para entendermos a chegada dos portugueses as costas da Bahia, as costas do Brasil.
Na chegada ao Brasil reinava o senhor Dom Manuel I, o Venturoso, o Afortunado, o Bem-Aventurado, um Soberano da Dinastia de Avis, a Segunda Dinastia que reinou, o decimo quarto Rei de Portugal, o primeiro a assumir o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia.
Mais antes dele o que foi feito em termos de navegação e conquistas?

Vamos começar pelo Infante Dom Henrique de Avis, 1.º Duque de Viseu e 1.º senhor da Covilhã, cognominado o Navegador, o Infante de Sagres, essa uma localidade no Algarve por ele fundada em 1443, para segundo “ uma carta testamentária datada de 19 de setembro de 1460 ser um ponto de assistência aos navegadores que aí passassem perto e precisassem de mantimentos ou de aguardar por boas condições de navegação”.

“ A existência ou não da Escola de Sagres já foi amplamente debatida no panorama historiográfico português. Porém, desde o princípio do século XX que a ideia de uma escola náutica fundada pelo Infante D. Henrique, onde se agrupariam os mais variados sábios, de várias partes da Europa, com objetivo de obter uma vasta informação sobre determinadas áreas científicas como a geografia, a astronomia ou a cartografia, se encontra ultrapassada” -    Navegações Portuguesas – Escola de Sagres de Luísa Gama
© Instituto Camões, 2006.

Contudo, o Infante Dom Henrique foi responsável por:
“ Em 1414, convenceu ao Rei Dom João I, seu pai, a conquistar a rica Cidade de Ceuta, na costa do Marrocos, portanto nas costas da África, junto ao Estreito de Gibraltar. A cidade foi conquistada em agosto de 1415, assegurando ao Reino de Portugal o controle das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante, o Oriente Médio, ou seja, à Síria, à Jordânia, Israel, à Palestina, o Líbano, Chipre, partes da Turquia, do Iraque, da Arábia Saudita e do Egito”.
“ Constituiu uma Armada de Corsos – Corso “ ou corsário, (do italiano corsaro, comandante de navio autorizado a atacar navios) era alguém que, por missão ou carta de corso (ou "de marca") de um governo, era autorizado a pilhar navios de outra nação (guerra de corso), aproveitando o fato de as transações comerciais basearem-se, na época, na transferência material das riquezas – baseada em Ceuta, que aumentou os rendimentos do Rei de Portugal”.
“ Entre 1419 e 1420, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, seus escudeiros, desembarcaram nas ilhas do Arquipélago da Madeira, vindo a produzir grandes quantidades de cereais, minimizando a escassez que afligia Portugal”.
“ Em 25 de maio de 1420, D. Henrique foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo (titular em Portugal do património da Ordem dos Templários), cargo que deteve até ao fim da vida”.
“ Em 1427, os seus navegadores descobriram as primeiras ilhas dos Açores, ilhas desabitadas que foram depois povoadas pelos portugueses”.
“ Gil Eanes, que comandou uma das expedições marítimas e conseguiu ultrapassar o Cabo Bojador, o Cabo do Medo – essa ultrapassagem motivou o desaparecimento de embarcações que anteriormente o tinham tentado contornar levou ao mito da existência de monstros marinhos e da sua intransponibilidade - na costa do Saara Ocidental, em África. Com o feito Gil Eanes derrubou os velhos mitos medievais e abriu caminho para os grandes descobrimentos”.
“ O cabo Branco (situado na costa atlântica do Norte de África, na fronteira entre a Mauritânia e o Saara Ocidental) foi atingido em 1441 por Nuno Tristão e Antão Gonçalves”.
“A Baía de Arguim (golfo de Arguim ou banco de Arguim é uma grande baía situada na costa da Mauritânia) em 1443, com consequente construção de uma feitoria em 1448”.
“Dinis Dias chegou ao rio Senegal (um dos maiores rios da África Ocidental) e dobrou o Cabo Verde (o ponto mais ocidental da África) em 1444”.
“ Entre 1444 e 1446, cerca de quarenta embarcações partiram de Lagos, no Algarve, no reino continental português”.
“ A Guiné (hoje oficialmente República da Guiné (também chamada Guiné-Conacri para a distinguir da vizinha Guiné-Bissau) foi visitada”.
“ Na década de 1450 descobriu-se o arquipélago de Cabo Verde, hoje oficialmente República de Cabo Verde, localizado na região central do Oceano Atlântico. A cerca de 570 quilómetros da costa da África Ocidental”.
“ E assim, os limites a sul do grande deserto do Saara foram ultrapassados, e com isso, em 1452, começou a chegar ouro suficiente para que se cunhassem os primeiros cruzados nesse metal”.
“ Em 1460, a costa africana estava já explorada até ao que é hoje a Serra Leoa, hoje oficialmente República da Serra Leoa, as margens do Oceano Atlântico”.
Mais não pararam por aí as iniciativas do Infante Dom Henrique.
Patrocinou a introdução da CARAVELA - “ há que considerar dois tipos de caravelas, a Caravela Latina e a Caravela Redonda. A Caravela Latina é a original, relativamente à qual não há unanimidade na proveniência. É, no entanto, uma evolução do que já existia, provavelmente um navio de pesca do Algarve. A Caravela Redonda é que se poderá considerar a invenção dos Portugueses”- caravela essa que deu condições a Bartolomeu Dias de dobrar o Cabo da Boa Esperança (em africâner: Kaap die Goeie Hoop; em inglês: Cape of Good Hope; em neerlandês: Kaap de Goede Hoop, ou primitivamente conhecido como Cabo das Tormentas localiza-se a sul da Cidade do Cabo e a oeste da baía Falsa, na província do Cabo Ocidental, na África do Sul) em 1488.
“ Fra Mauro (Veneza, 1385? - Veneza, 20 de outubro de 1459), foi um religioso do século XV, da Congregação Camaldulense da Ordem de São Bento é uma ordem religiosa católica de clausura monástica pertencente à família dos Beneditinos, fundada por São Bento de Núrsia no século VI, e o mais célebre cosmógrafo da sua época. É designado como « geographus incomparabilis », o geógrafo incomparável”.
“ A Fra Mauro o Infante Dom Henrique encomendou um “ mapa-múndi”, uma obra realizada pelo frade e por seu assistente Andrea Bianco, navegador-cartógrafo, que terminou em 24 de abril 1459, sendo enviado para Portugal, mas perdeu-se”.
“ O Infante Dom Henrique foi o patrocinador da criação na Universidade de Coimbra de uma cátedra de astronomia e filosofia”.
 “ O Infante D. Henrique nasceu em 4 de março de 1394, uma quarta-feira na cidade do Porto, Portugal. Era o quinto filho de João I de Portugal, fundador da Dinastia de Avis, e de Dona Filipa de Lencastre (uma princesa inglesa da Casa de Lencastre, filha de João de Gante, 1.º Duque de Lencastre, com sua mulher Branca de Lencastre), e recebeu esse nome em homenagem a seu tio materno, o duque Henrique de Lencastre (futuro Henrique IV de Inglaterra”).
Morreu solteiro, sem alguma vez ter tido mulher ou filhos, em 13 de novembro de 1460, com 66 anos, em Sagres, no Algarve.
“Deixou como seu principal herdeiro o seu sobrinho, em bens, cargos e títulos, o segundo filho de seu irmão o Rei D. Duarte já falecido, o Infante D. Fernando, Duque de Beja, e que a partir dessa altura passa a ser Duque de Viseu tal como ele e a dirigir os Descobrimentos portugueses para o Reino de Portugal”.
O Infante Dom Henrique, o Navegador, pertence a chamada “Ínclita geração”. A “ Ínclita geração” é o qualificativo dado aos filhos do Rei João I de Portugal e de Dona Filipa de Lencastre, cunhado pelo poeta Luís de Camões em "Os Lusíadas" (Canto IV, estância 50):

"Mas, pera defensão dos Lusitanos,
Deixou, quem o levou, quem governasse
E aumentasse a terra mais que dantes:
Ínclita geração, altos Infantes."

São eles:
1-     O Infante D. Duarte (1391-1438), que foi Rei de Portugal (1433-1438);
2-     Pedro, Duque de Coimbra (1392-1449), senhor de grande cultura e muito viajado, conhecido como "Príncipe das Sete Partidas" e considerado o príncipe mais culto da sua época; foi regente de Afonso V de Portugal, seu sobrinho; veio a falecer em combate na Batalha de Alfarrobeira;
3-     Henrique, Duque de Viseu (1394-1460), conhecido como "Henrique, O Navegador", foi o grande promotor e impulsionador dos Descobrimentos portugueses.
4-     Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha (1397-1471), casada com Filipe III, Duque da Borgonha, atuou em nome do marido em vários encontros diplomáticos e é considerada como a verdadeira governante da província francesa da Borgonha no seu tempo. Em honra deste casamento, o Duque criou a Ordem do Tosão de Ouro.
5-     João, Infante de Portugal (1400-1442), designado em 1418 mestre da Ordem de Santiago, condestável de Portugal (1431-1442) e avô da rainha Isabel de Castela e do rei Manuel I de Portugal;
6-     Fernando, o Infante Santo (1402-1433), faleceu como refém no cativeiro muçulmano em Fez, diante da recusa do Infante D. Henrique em devolver Ceuta, sacrificado assim aos interesses do país.

Continua...


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

La Alhambra & La Zisa - palácios europeus de influência árabe.




O mundo fica pasmado ante La Alhambra (em árabe: الحمراء; "a Vermelha") localizada em Granada, Andaluzia, Espanha, em posição dominante no alto duma elevação arborizada na parte sudeste da cidade.
Trata-se dum rico complexo palaciano e fortaleza (alcazar ou al-Ksar) que alojava os monarcas da Dinastia Nasrida e suas Cortes até 2 de janeiro de 1492, quando o Sultão Boabdil (Abû `Abd Allâh Mohammed ben Abî al-Hasan, em árabe:  أبو عبد الله محمد الثاني عشر) se rendeu aos Reis Católicos (Fernando de Aragão e Isabel de Castela).
A Dinastia Nasrida foi “ a última dinastia muçulmana na península Ibérica, fundada por Maomé ibn al-Ahmar na sequência da derrota dos Almóadas, os berberes, que chamam a si próprios Imazighen, ou seja, "homens livres"; singular Amazigh, que conquistaram o Norte da África até ao Egito, que ocuparam sucessivamente grande parte de al-Andalus (nome dado à península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII).
A derrota dos Almóadas na batalha de Navas de Tolosa, de 16 de julho de 1212, perto de Navas de Tolosa, Espanha, provocou o colapso do Califado de Córdoba - a forma de governo islâmico que dominou a maior parte da Península Ibérica e do Norte de África com capital em Córdoba – e a divisão deste imenso territorio em 39 pequenos reinos, as Taifas.
Foram 20 Reis, com os Títulos de sultões ou emires, da Dinastia Nasrida que reinaram em Granada entre 1238 e 2 de janeiro de 1492, sendo o primeiro Abu `Abd Allah Mohammed ben Yusuf ben Nasr, que governou como Maomé I, chamado Al-Hamar (o vermelho) por ter a barba ruiva, de 1238 até 1273, um membro dos Banu Nasr, família que afirmava proceder de um dos Sahaba, os companheiros do Profeta Maomé durante a Hégira.
Foi Maomé I que iniciou a construção da Alhambra
“ O estilo granadino na Alhambra é o culminar da arte andaluza, o que ocorreu em meados do século XIV durante os reinados de Yusuf I (1333-1354) e Maomé V (1354-1391). Os esplêndidos arabescos do interior estão relacionados, entre outros monarcas, com Yusef I (ou Iusuf I), Maomé V, Ismail I, portanto o seu verdadeiro atrativo são os interiores, cuja decoração está no cume da arte islâmica”.
Logo, “ a Alhambra foi transformada numa cidade palaciana, e nela foi construído um sistema de canais – o mais importante o Canal do Sultão - para a irrigação de seus jardins, como podemos ver até hoje em El Generalife (en árabe: جَنَّة الْعَرِيف), a Vila construída para ser utilizada como lugar de descanso para os soberanos”.
No interior dessa cidade palaciana, violentada desde da entrada dos Reis Católicos que “ começaram a alterar o complexo arquitetônico, mas cujos os trabalhos inacabados foram cobertos de cal, sendo apagadas as pinturas e os dourados, e tendo seu mobiliário destruído ou levado para outros locais”, foi construído a partir de 1527 o Palácio de Carlos V, Rei de Espanha e Índias como Carlos I, Imperador do Sacro Império Romano Germânico, e que desde 1958 , abriga o Museu de Belas Artes de Granada e a partir de 1994, é também a casa para o Museu da Alhambra .
“Poetas mouros descrevem a Alhambra como "uma perola encastrada em esmeraldas", em alusão à cor dos seus edifícios e à dos bosques que os rodeiam”.
Por isso o mundo fica pasmado ante A Alhambra.
Acontece que eu estava assistindo a RAI - Radiotelevisione Italiana - o programa Camera con Vista, parla di arte, architettura e archeologia; di “made in Italy”, scienza, tecnologia e moda, e descobri Il Palazzo della Zisa, La Zisa - vem de "al-Aziz", que significa "esplendor", ou seja, do árabe ' al-'Azīza, ou "a bela"- do lado de fora das muralhas da cidade de Palermo, em meio ao Parque Real Normando, il Genoardo - Jannat al-ard que em árabe que significa "Paraíso na Terra".
O início da construção de La Zisa foi em 1165 por ordem de Guglielmo I di Sicilia, detto “il Malo”, ou Guilherme I, o Mau, soberano normando, membro da Dinastia Altavilla, que foi Rei da Sicilia de 27 de fevereiro de 1154 até sua morte em 7 de maio de 1166.
Dinastia Altavilla, (em francês Hauteville ), uma das famílias mais importantes e influentes do povo dos normandos, sendo elevada à condição de Real em tempos de Tancredi ( Tancredo de Altavila, em francês: Tancrède de Hauteville),  Conde Hauteville (hoje Hauteville-la-Guichard ), na  Normandia, no século IX, cujos filhos Roberto de Altavila (em francês: Robert de Hauteville), cognominado Guiscardo, e seu irmão Rogério I, primeiro Conde da Sicília (em francês Roger de Hauteville; em italiano Ruggero d'Altavilla; em latim Rogerius de Altavilla), em 1061, empreenderam a conquista e a unificação política da " sul da Itália , até agora, em grande parte nas mãos dos bizantinos (continente: Calábria e Puglia) e árabes (Sicília). 
Guglielmo I di Sicilia, detto il Malo, era um bon vivant, e apesar das revoltas dos Barões, encorajados pelo Papa Adriano IV, cujo reconhecimento ela ainda não tinha procurado, pelo Imperador bizantino Manuel I Comneno , e pelo Sacro Imperador Romano Germânico Frederico I, vivia “ la maggior parte del suo periodo di regno in Palermo, e la maggior parte delle sue giornate - come sussurravano le malelingue - nei giardini e negli harem del suo palazzo”,numa T.L. “ a maior parte do período de seu reinado em Palermo, e a maioria de seus dias - como as fofocas sussurravam - nos jardins e no harém do palácio”.
Como era um soberano presente criou uma forma de governo com uma espécie de primeiro ministro, o amiratus amiratorum, ou seja, o emir dos emires, entregando o cargo a Maione da Bari.
Anos mais tarde, libertado da revolta liderada por Matteo Bonnel, o Bonello, segundo alguns o assassino de Maione da Bari, nomeou os discípulos desse para os cargos de governança, o Triunvirato, a saber: o Grande Protonotário Matteo d'Aiello (também chamado de Matteo da Salerno), Silvestro di Marsico, terceiro Conde de Ragusa, Conde de Marsico em Lucania, e Riccardo Palmer, ou Riccardo Palmier, Bispo de Siracusa, e Arcebispo de Messina.
Enquanto isso Il Palazzo della Zisa era construído com grande velocidade e grande despesas - mira celeritate, non sine magnis sumptibus”-  como descreveu um cronista.
Guglielmo I faleceu com 46 anos em 7 de maio de 1166, e a princípio foi sepultado na cripta da Capela Palatina do Palazzo Reale de Palermo, hoje conhecido como Palazzo dei Normanni, e sede da Assembleia Regional Siciliana, mas em 1182 Guglielmo II, seu filho e sucessor, trasladou os restos mortais para o mausoléu na Catedral de Monreal, La cattedrale di Santa Maria Nuova, construída a partir de 1174 por ordem desse soberano, Guglielmo II.
Guglielmo II, detto il Buono, ou Guilherme II, o Bom, subiu ao Trono da Sicilia em 7 de maio de 1166 com apenas 11 anos, sob a Regência de sua mãe Margherita di Navarra, o Margherita di Sicilia, e ficou nele até 11 de novembro de 1189, dia de sua morte.
Sem sair de seu Palacio Real de Palermo empreendeu uma “ política externa ambiciosa e uma diplomacia vigorosa”.
Intitulado “ Campeão do Papado”, e um desafiante competente de Frederico, Barbarossa, Sacro Imperador.
Seu almirante Margarito di Brindisi, um pirata bizantino mais um gênio naval, com 60 navios manteve o leste do Mediterrâneo aberto para aos europeus, além de ter forçado a Saladino, o todo-vitorioso, a levantar o cerco de Trípoli na primavera de 1188.
Casou com Joana, filha de Henrique II, Rei da Inglaterra, Conde de Anjou, Conde de Maine, Duque da Normandia, Duque consorte de Aquitânia, Conde de Nantes, Senhor da Irlanda, e de Leonor da Aquitânia (em francês: Aliénor/Éléonore d'Aquitaine; em inglês: Eleanor of Aquitaine) uma das mulheres mais ricas e poderosas da Idade Média, Duquesa da Aquitânia e da Gasconha e Condessa de Poitiers por seu próprio direito.
Não tiveram filhos.
Na Divina Comédia, Dante coloca Guglielmo II, detto il Buono, no Paraíso.
Enquanto isso Il palazzo della Zisa era construído com grande velocidade e grande despesas - mira celeritate, non sine magnis sumptibus”-  como descreveu um cronista.
Mais voltemos a La Zisa, um magnifico exemplar da arquitetura árabe-normanda- siciliana, no contexto da cultura árabe-normanda – siciliana que possui forte influência bizantina, “ concebido como residência de verão para os Reis Normandos, como uma parte do grande resort de caça conhecido como il Genoardo”, acima citado.
Afirmam que os Reis Normandos tinham em La Zisa um Harém - parte de um palácio em que habitam mulheres, ou conjunto das mulheres, das odaliscas que aí habitam, mas eu considero que era um pavilhão da caça e, também, uma garçonnière, um local destinado a encontros amorosos.
O que mais me chamou atenção foi o sistema de refrigeração feitos de acordo com as antigas técnicas de construção dos egípcios e mesopotâmicos “ de modo que uma corrente de ar fresco e húmido circula permanentemente no interior do edifício, e graças a esse um engenhoso sistema de ventilação o interior do Palácio está sempre fresco, com uma temperatura agradável ”.
É claro que foram instalados um sistema de tanque no jardim, e fonte no interior, como a do salão principal, bem ao estilo árabe.
Foi adornado com o estilo "florido Kufic" e no século 14 foram acrescentados merlons, ou merlãos, singular merlão, do francês "merlon", em arquitetura militar, é a parte saliente do parapeito de uma fortificação, entre duas seteiras ou ameias.
A Alambra sempre pertenceu a Espanha, mas La Zisa no século 17 foi comprado por Giovanni de Sandoval e Platamone *, primeiro Principe de Castelreale (local onde está o La Zisa), Marquês de San Giovanni la Mendola, cavaleiro de Alcantara, senhor de Mezzagrana e de Zisa, e outros Titulos, que o restaurou e o adaptou “ às novas necessidades de habitação da época”.
Nota: Sandoval - Una delle più grandi famiglie della Spagna ( Família originária de Castela, de uma povoação chamada Sandoval de la Reina localizada em Villadiego (Burgos)), come vuole il Villabianca, originaria della casa reale di Leon ( como  quer Villabianca, originalmente da casa real de Leon), e stando al Baronio il privilegio si ebbe di batter moneta, essendo di tal famiglia i conti di Castro e di Augusta, Adelantadi maggiori di Castiglia, i duchi dell'Infantado e di Lerma, i marchesi di Vigliena, di Villavezàr, i conti e signori della Ventosa, ed i marchesi di Carasena. Un Giovanni di Sandoval e Paceco, 4° figlio di Antonio Sandoval Portocairero signor di Carasena, la portò in Palermo sull'inizio del sec. XVII. Da lui al- tro * Giovanni primo marchese di S. Giovanni la Mendola 1648, primo principe di Castel- reale (Título concedido em 13 de junho de 1672, outras fontes 1671, por Carlos II, Rei de Espanha), signor della Mezzagrana e della Zisa. Fiorirono dappoi secondochè riferisce il Villabianca: un Diego investito 1680; un Antonino 1704 deputato del regno e maestrorazionale del r. Patrimonio; altro Diego 1757, per dritto dotale conte di Naso, duca di Sinagra, signore di Capo-d'Orlando e del fondo Grande; un Giannantonio conte di Naso, letterato e principe dell'accademia palermitana de' Pastori Erenei. Si estinse in casa Notarbartolo di Sciara.
Levò per arme giusta Mugnos: d'oro, con una banda di nero, ingollata da due teste di leone del medesimo. Corona di principe. Sopporto due leoni d'oro.
Descrição do Brasão, ou Armas, em português: De ouro, uma banda de negro.
Outros usam: de vermelho, uma banda de branco

A Casa de Sandoval dos Principe de Castelreale foi extinta com a morte de Dom Giovanni Antonio Sandoval em 29 de setembro de 1806, que havia sido investido do Título em 20 de fevereiro de 1789 pela morte de seu pai, Dom Giovanni Diego Sandoval. Foi investido como Principe de Castelreale e Marquês de San Giovanni la Mendola em 26 de abril de 1809 o senhor Dom Francesco Paolo Notarbartolo ( ver abaixo).

  
Voltando:
“Durante estas obras foi acrescentado outro andar, fechando o terraço, e construiu, na ala direita do edifício, de acordo com a moda dos tempos, uma grande escadaria, com ressecção das paredes estruturais e destruindo as escadas de acesso originais”.
Os novos proprietários:
Os Notarbartolo foram uma importante família feudal de " aristocracia siciliana de origens medievais, que contribuíram ´para o desenvolvimento social, político, intelectual e artística da Sicilia. Os diferentes ramos da família foram senhores de vários feudos, de títulos de nobreza, incluindo dois principados, um ducado, três marquesados, um condado e mais de vinte baronias.
Brasão da família Notarbartolo: Di azzurro, al leone coronato, accompagnato da sette stelle di sei raggi, il tutto di oro; le stelle disposte tre per parte in palo e una in punta.
Em português: De azul, um leão de ouro coroado, ladeado por sete estrelas de ouro de seis raios, três em cada flanco, e uma estrela em ponta ou abismo.
Em 1806 La Zisa passou para as mãos de Francesco Paolo Notarbartolo, quarto Principe di Sciara, que depois foi Principe di Castelreale, Marchese di San Giovanni la Mendola (ver acima) por causa de sua avoenga, Anna Sandoval, e que empreendeu uma grande reforma em La Zisa.
Nota: o Título de Principi di Sciara foi concedido por Carlos II, Rei de Espanha, em 13 de novembro de 1671, a Filippo Notarbartolo Cipolla, Barão de Carcaci, de Sciara, e de Vallelunga.
Foram titulares:
1-     Filippo Notarbartolo, Principe di Sciara Barone di Vallelunga, casou com Anna Sandoval em 4 de março de 1685 na cidade de Palermo, filha de Don Diego Sandoval, Principe di Castelreale;
2-     Gaspare Notarbartolo, Principe di Sciara, filho do precedente;
3-     Filippo Notarbartolo, Principe di Sciara, filho do precedente;
4-     Francesco Paolo Notarbartolo, filho do precedente,
Principe di Sciara,
Principe di Castelreale, Marchese di San Giovanni la Mendola, Marchese di Bonfornello, Miraelrio, San Giovanni, Conte di Priolo, Barone di Bombinetto, Buccheri, Carcaci, Colla, Gasba, Landro, Magabeci e Manca, e outros Titulos;
Com continuidade até Francesco di Paola Antonio Giovanni Maria Leopoldo Espedito Notarbartolo, Principe di Sciara e di Castelreale, Marchese di San Giovanni la Mendola
* Palermo, Palermo, 01.05.1903
† Roma, 29.04.1962
São os atuais chefes da Casa Notarbartolo:
Don Francesco Paolo Notarbartolo, 11 Principe di Sciara, 8 Principe di Castel Reale, 8. Marchese di San Giovanni, nascido em 15.01.1933;
Don Alberto Notarbartolo, 6. Principe di Furnari, nascido em 21.04.1934;
Don Pietro Notarbartolo, 10º Duca di Villarosa, nascido em
23.07.1979.


Uma boa descrição de La Zisa está no site http://www.siciliafan.it/palermo-palazzo-zisa/: que aconselho seja visitado.
Os Príncipes Notarbartolo usaram La Zisa como residência até a década de 50, do século XX, quando o Palacio foi desapropriado pela Regione Autonoma Siciliana.
O Palacio passou por uma restauração da década de 70 e 80 finda a qual ele foi aberto ao público, e eu tenho muita vontade de conhece-lo.

Jorge Eduardo Garcia
São Paulo 08/09/2016








segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Waldir Calmon e Seus Multisons

Waldir Calmon e seu conjunto - UMA NOITE NO ARPÈGE - Lado B

Waldir Calmon e Sua Orquestra - Mambos (Disco Completo)

Waldir Calmon - Ritmos do Caribe (Completo)

Dona Isabel uma princesa sem estofo dinástico


Isabel a burguesa esposa, mãe, sogra e avó. 



Significado de Estofo - s.m. [Figurado] Disposições favoráveis, valor pessoal, caráter: pode-se confiar, é gente de bom estofo.

Eu costumo afirmar que a Princesa Imperial Dona Isabel não tinha estofo para ser Imperatriz do Brasil, um pais de dimensões continentais e sempre complexo economicamente- socialmente- politicamente.
Não possuía ela, como seu pai , o Imperador Dom Pedro II,  também não o tinha, o Senso de Dinastia que norteou a seu bisavô, Dom João VI, que migrou para o Brasil para salva-la, nem de seu avô, Dom Pedro I&IV, que deixou no Império recém independente um filho aqui nascido, e voltou para Portugal para recuperar o Trono de uma filha que por ele foi elevada, graças a sua abdicação, à condição de Rainha de Portugal e Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhora da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc....
Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon nasceu para ter a condição na qual morreu, ou seja, mulher de um Conde, mãe e avó no mais pleno estilo burguês do século XIX.
Nada mais, nada menos.
Além do que é carola, muito assídua à igreja. (Sin.: papa-hóstias, papa-missas, papa-santos, misseiro.).
Lendo sobre Gaspar da Silveira Martins, nascido no Departamento de Cerro Largo, 5 de agosto de 1835 e falecido em Montevidéu, 23 de julho de 1901, que foi deputado provincial, deputado geral, Presidente da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, ministro da Fazenda e senador do Império do Brasil de 1880 a 1889, descobri essa perola sobre Sua Alteza Imperial, a Princesa Imperial e Condessa d’Eu.
“ Com a deposição de D. Pedro II Silveira Martins parte para um exílio na Europa. Por ser declaradamente monarquista, participou de reuniões com outros brasileiros que tinham por objetivo restaurar a monarquia parlamentarista no Brasil. Numa delas, insistiu em vão para que D. Pedro II retornasse ao país, após o marechal Deodoro ter fechado o Congresso Nacional. Em seguida, propôs à princesa Isabel que permitisse aos militares ligados à Revolta da Armada levarem seu filho mais velho, D. Pedro, príncipe do Grão-Pará, para ser aclamado D. Pedro III. Ouviu da princesa que "antes de tudo era católica, e, como tal, não poderia deixar aos brasileiros a educação do filho, cuja alma tinha de salvar" (CARVALHO, José Murilo de. D. Pedro II. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Pg. 236). Indignado, Silveira Martins respondeu: "então, senhora, seu destino é o convento”. ”
Destaco: "então, senhora, seu destino é o convento", não foi, mas foi quase isso.  
Um “ indignado Silveira Martins” foi quem respondeu aquela que jamais em tempo algum demostrou ter o Senso de Dinastia que caracterizava as Dinastias as quais pertencia por nascimento, JAMAIS.
Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon foi sem sombra de dúvida uma vergonha para as Casas de Bourbon, de Bragança, de Habsburgo, uma vergonha para seus avoengos Reais e Imperiais da Dinastia Capeto.
Sabendo que o Brasil estava em polvorosa agiu como um simples burguesa francesa e ao contrário de seu avô Pedro I negou seu filho mais velho a Nação Brasileira.
Inadmissível o que "antes de tudo era católica, e, como tal, não poderia deixar aos brasileiros a educação do filho, cuja alma tinha de salvar" e só por isso deveria ser colocada a margem da História da Nação que sua avó, Dona Leopoldina de Habsburgo, ajudou a fundar.
Dona Isabel morreu no Château d'Eu, em Eu, uma comuna francesa situada no departamento do Sena Marítimo, na região da Alta Normandia, e vila da qual o Título condal de seu marido derivava, em 14 de novembro de 1921 sem nunca ter retornado ao Brasil natal.
Não fez falta.
Apesar dessa verdade histórica o Presidente Getúlio Vargas repatriou seus restos mortais em 1953, restos mortais esses que estão sepultados na Catedral de São Pedro de Alcântara em Petrópolis ao lado do marido, Gaston, Conde d’Eu, do Imperador Dom Pedro II e de Dona Teresa Cristina, essa sim uma napolitana que amou de verdade o Brasil.
E tenho dito.
Jorge Eduardo Garcia

São Paulo 05 de setembro de 2016