Efígie de Afonso V de
Portugal no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, Portugal.
Jorge Eduardo Garcia
Filosofo e
historiador.
27 de setembro de
2016
HISTÓRIA DA ORDEM
MILITAR DE CRISTO:
A Ordem Militar de Cristo foi
instituída pelo Rei D. Dinis em 1318 e confirmada pela Bula Ad ea ex quibus
dada pelo Papa João XXII em Avignon, em março de 1319. A Bula foi emitida a
pedido do Rei D. Dinis para que a Ordem criada sucedesse à Ordem do Templo,
extinta em 1311 pelo Papa Clemente V.
Os bens dos Templários ficaram
assim atribuídos à nova Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, que teve a sua
primeira sede na Igreja de Santa Maria do Castelo, em Castro Marim.
Em 1356, a sede transferiu-se
para o Castelo de Tomar, antiga sede da Ordem do Templo em Portugal.
Tratava-se então de uma ordem
religiosa no seu mais estrito sentido, tendo o Papa como soberano e sendo os
Grão-Mestres da Ordem cavaleiros professos com voto de pobreza. O primeiro
Grão-Mestre foi D. Gil Martins, então também Mestre de Avis. (A Ordem de São Bento de Avis ou simplesmente
Ordem de Avis (inicialmente chamada de Milícia de Évora ou Freires de Évora)
era originalmente uma ordem religiosa militar de cavaleiros portugueses. O
superior espiritual da Ordem de Cristo era o abade de Alcobaça. Destaque meu)
O momento fundamental para o
futuro da Ordem surge com a nomeação do Infante D. Henrique, Duque de Viseu,
como “governador e administrador”.
O célebre Infante, senhor de
grande parte das terras do Reino, não podia fazer voto de pobreza, tendo por
isso sido criado o novo cargo.
Sendo função do Infante a
administração dos bens da Ordem, não surpreende a utilização dos seus
importantes recursos no grande desígnio nacional que eram então os
Descobrimentos. A Cruz de Cristo, símbolo da Ordem, conquistou os mares
desconhecidos, erguida nas velas das caravelas portuguesas, tornando-se um dos
mais reconhecidos símbolos nacionais.
A Coroa Portuguesa exercia,
por isso, um total controlo sobre a Ordem de Cristo, muito embora a Santa Sé a
continuasse a tratar como ordem religiosa. Por este motivo, a Ordem passou a
exercer não apenas a administração espiritual sobre os territórios descobertos,
mas também a administração temporal, o que lhe deu um vigor singular.
A administração da Ordem
permaneceu ligada à Coroa por razões circunstanciais. O Infante D. Manuel era
governador da Ordem no momento da sua aclamação como D. Manuel I. Pela bula Constante fide, D. Manuel I foi o
primeiro Rei Grão-Mestre da Ordem de Cristo.
No entanto, só no reinado de
D. João III, os mestrados das Ordens Militares foram concedidos pelo Papa Júlio
III, in perpetuum, à Coroa portuguesa. A bula Praeclara Clarissimi, de 30 de novembro
de 1551, tornou hereditária a administração das Ordens, marcando uma separação
entre a Ordem e a Santa Sé que se havia de confirmar com a sua evolução.
ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS
Muito bem.
A Ordem dos Cavaleiros de
Nosso Senhor Jesus Cristo foi pelo Infante Dom Henrique “ encaminhada para o
que parecia sua ‘missão’ inicial, a de conquista da África e da Ásia, através
das viagens marítimas, que a própria ordem financiou”, com as bênçãos do Papado.
Não podemos esquecer que os
Soberanos de então necessitavam da Santa Sé, do Papa, do Sumo Pontífice, do
Bispo de Roma, para legalizar suas ações, apesar de muitos ignorarem a Igreja Católica,
e os Reis de Portugal não eram diferentes, pois tinham que “ legitimar” suas conquistas
pelo mundo afora, além do Mar Oceano.
O Infante Dom Henrique fez de
seu sobrinho e herdeiro Dom Fernando seu sucessor no comando da Ordem de
Cristo, como seu Mestre.
Por força de anteriores “ Bulas
Papais” o senhor Infante Dom Fernando, Mestre da Ordem Religiosa e Militar, passou
a ser de facto o responsável pelos
Descobrimentos para o Reino de Portugal.
Contudo com a morte de Dom
Fernando o seu filho Dom João, 2.º Duque de Beja, 2.º Senhor de Moura, 3.º
Duque de Viseu, 3.º Senhor da Covilhã, foi feito o 10.º Mestre da Ordem de
Cristo, e Mestre da Ordem de Santiago, tornando-se o 7.º Condestável de
Portugal.
Com a morte de Dom João, em 1472,
seu tio, Dom Afonso V, "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e
dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África", passou a ser o Mestre da
Ordem de Cristo que foi totalmente incorporada a Coroa Portuguesa.
Assim El Rey Dom Afonso, apelidado
de "o Africano" por suas conquistas na África, bem como seus
sucessores, passou a ser o único e de
facto responsável pelos Descobrimentos para o Reino de Portugal.
“ Dom Afonso V concentrou-se
na expansão no Norte de África, Alcácer Ceguer (1458), Anafé (1464) e Arzila
(1471); com a tomada desta praça caíram também nas mãos dos Portugueses as praças
de Tanger e Larache”.
“ O Rei Dom Afonso V subsidiou
ainda as explorações do oceano Atlântico, concedendo o comércio no golfo da
Guiné, contra uma renda anual de 200$000 reais, e mais o exclusivo do comércio
de um popular substituto da pimenta a que então se chamava malagueta, a pimenta-da-guiné
(Aframomum melegueta), concedido por mais 100$000 reais anuais, a Fernão Gomes da Mina (Dados os proventos de vulto que arrecadou, designadamente com o
comércio no seu entreposto na Mina, deu-lhe por Carta de 29 de Agosto de 1474 o
apelido da Mina e Armas Novas, escudo de prata, com três cabeças de negros de
sua cor, com colares e argolas de ouro nas orelhas e nas ventas; timbre: uma
cabeça do escudo. Mais tarde, em 1478, cumulado de honras e com um papel de
enorme influência na economia do reino, foi nomeado para o Conselho Real),
mas que de origem era um comerciante de Lisboa, com a condição de descobrir
todos os anos 100 léguas de costa, o que o levaria até à costa de São Jorge da
Mina, onde descobriu um florescente comércio de resgate do ouro de aluvião”.
Pelo Tratado das
Alcáçovas-Toledo, assinado com os Reis Católicos de Espanha, “ Portugal obtinha
o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o arquipélago dos
Açores, o de cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as
ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a
navegar ao Sul do Cabo Bojador”.
“Com sintomas de depressão, Dom
Afonso V retira-se para o convento de Varatojo, em Torres Vedras, abdicando em
seu filho Dom João, futuro D. João II, Rei de Portugal”.
Depois de tomar um copo de
agua, morre em 28 de agosto de 1481, aos 49 anos.
Dom Afonso foi o terceiro
filho (D. João de Portugal, * 1429- +1433, D. Filipa de Portugal, * 1430- +1439),
que nasceu de Dom Duarte I e de Dona Leonor e o primeiro que chegou a idade adulta.
Seu local de nascimento foi
Sintra no dia 15 de janeiro de 1432.
Foi sucedido por seu filho João
II ( * Lisboa, 3 de maio de 1455 – + Alvor, 25 de outubro de 1495), apelidado
de "o Príncipe Perfeito".
Continua
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