terça-feira, 27 de setembro de 2016

História de Portugal que, também, é do Brasil – Primeira Parte.

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Por
Jorge Eduardo Garcia
Filosofo e historiador.
27 de setembro de 2016

Infelizmente no Brasil não estudamos a História de Portugal, o que é um erro.
Nos atemos a Dom Manuel, o Venturoso, a Transmigração da Família Real em 1808, a senhora Dona Maria I, chamada de “ A Louca” e ou “ A Pia”, ao senhor Dom João VI, aos Decretos de Lisboa que geraram a independência, e olhe lá.
Não damos conta do que Portugal fez em termos de navegação e conquistas até a descoberta do Brasil, fatos importantíssimos para entendermos a chegada dos portugueses as costas da Bahia, as costas do Brasil.
Na chegada ao Brasil reinava o senhor Dom Manuel I, o Venturoso, o Afortunado, o Bem-Aventurado, um Soberano da Dinastia de Avis, a Segunda Dinastia que reinou, o decimo quarto Rei de Portugal, o primeiro a assumir o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia.
Mais antes dele o que foi feito em termos de navegação e conquistas?

Vamos começar pelo Infante Dom Henrique de Avis, 1.º Duque de Viseu e 1.º senhor da Covilhã, cognominado o Navegador, o Infante de Sagres, essa uma localidade no Algarve por ele fundada em 1443, para segundo “ uma carta testamentária datada de 19 de setembro de 1460 ser um ponto de assistência aos navegadores que aí passassem perto e precisassem de mantimentos ou de aguardar por boas condições de navegação”.

“ A existência ou não da Escola de Sagres já foi amplamente debatida no panorama historiográfico português. Porém, desde o princípio do século XX que a ideia de uma escola náutica fundada pelo Infante D. Henrique, onde se agrupariam os mais variados sábios, de várias partes da Europa, com objetivo de obter uma vasta informação sobre determinadas áreas científicas como a geografia, a astronomia ou a cartografia, se encontra ultrapassada” -    Navegações Portuguesas – Escola de Sagres de Luísa Gama
© Instituto Camões, 2006.

Contudo, o Infante Dom Henrique foi responsável por:
“ Em 1414, convenceu ao Rei Dom João I, seu pai, a conquistar a rica Cidade de Ceuta, na costa do Marrocos, portanto nas costas da África, junto ao Estreito de Gibraltar. A cidade foi conquistada em agosto de 1415, assegurando ao Reino de Portugal o controle das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante, o Oriente Médio, ou seja, à Síria, à Jordânia, Israel, à Palestina, o Líbano, Chipre, partes da Turquia, do Iraque, da Arábia Saudita e do Egito”.
“ Constituiu uma Armada de Corsos – Corso “ ou corsário, (do italiano corsaro, comandante de navio autorizado a atacar navios) era alguém que, por missão ou carta de corso (ou "de marca") de um governo, era autorizado a pilhar navios de outra nação (guerra de corso), aproveitando o fato de as transações comerciais basearem-se, na época, na transferência material das riquezas – baseada em Ceuta, que aumentou os rendimentos do Rei de Portugal”.
“ Entre 1419 e 1420, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, seus escudeiros, desembarcaram nas ilhas do Arquipélago da Madeira, vindo a produzir grandes quantidades de cereais, minimizando a escassez que afligia Portugal”.
“ Em 25 de maio de 1420, D. Henrique foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo (titular em Portugal do património da Ordem dos Templários), cargo que deteve até ao fim da vida”.
“ Em 1427, os seus navegadores descobriram as primeiras ilhas dos Açores, ilhas desabitadas que foram depois povoadas pelos portugueses”.
“ Gil Eanes, que comandou uma das expedições marítimas e conseguiu ultrapassar o Cabo Bojador, o Cabo do Medo – essa ultrapassagem motivou o desaparecimento de embarcações que anteriormente o tinham tentado contornar levou ao mito da existência de monstros marinhos e da sua intransponibilidade - na costa do Saara Ocidental, em África. Com o feito Gil Eanes derrubou os velhos mitos medievais e abriu caminho para os grandes descobrimentos”.
“ O cabo Branco (situado na costa atlântica do Norte de África, na fronteira entre a Mauritânia e o Saara Ocidental) foi atingido em 1441 por Nuno Tristão e Antão Gonçalves”.
“A Baía de Arguim (golfo de Arguim ou banco de Arguim é uma grande baía situada na costa da Mauritânia) em 1443, com consequente construção de uma feitoria em 1448”.
“Dinis Dias chegou ao rio Senegal (um dos maiores rios da África Ocidental) e dobrou o Cabo Verde (o ponto mais ocidental da África) em 1444”.
“ Entre 1444 e 1446, cerca de quarenta embarcações partiram de Lagos, no Algarve, no reino continental português”.
“ A Guiné (hoje oficialmente República da Guiné (também chamada Guiné-Conacri para a distinguir da vizinha Guiné-Bissau) foi visitada”.
“ Na década de 1450 descobriu-se o arquipélago de Cabo Verde, hoje oficialmente República de Cabo Verde, localizado na região central do Oceano Atlântico. A cerca de 570 quilómetros da costa da África Ocidental”.
“ E assim, os limites a sul do grande deserto do Saara foram ultrapassados, e com isso, em 1452, começou a chegar ouro suficiente para que se cunhassem os primeiros cruzados nesse metal”.
“ Em 1460, a costa africana estava já explorada até ao que é hoje a Serra Leoa, hoje oficialmente República da Serra Leoa, as margens do Oceano Atlântico”.
Mais não pararam por aí as iniciativas do Infante Dom Henrique.
Patrocinou a introdução da CARAVELA - “ há que considerar dois tipos de caravelas, a Caravela Latina e a Caravela Redonda. A Caravela Latina é a original, relativamente à qual não há unanimidade na proveniência. É, no entanto, uma evolução do que já existia, provavelmente um navio de pesca do Algarve. A Caravela Redonda é que se poderá considerar a invenção dos Portugueses”- caravela essa que deu condições a Bartolomeu Dias de dobrar o Cabo da Boa Esperança (em africâner: Kaap die Goeie Hoop; em inglês: Cape of Good Hope; em neerlandês: Kaap de Goede Hoop, ou primitivamente conhecido como Cabo das Tormentas localiza-se a sul da Cidade do Cabo e a oeste da baía Falsa, na província do Cabo Ocidental, na África do Sul) em 1488.
“ Fra Mauro (Veneza, 1385? - Veneza, 20 de outubro de 1459), foi um religioso do século XV, da Congregação Camaldulense da Ordem de São Bento é uma ordem religiosa católica de clausura monástica pertencente à família dos Beneditinos, fundada por São Bento de Núrsia no século VI, e o mais célebre cosmógrafo da sua época. É designado como « geographus incomparabilis », o geógrafo incomparável”.
“ A Fra Mauro o Infante Dom Henrique encomendou um “ mapa-múndi”, uma obra realizada pelo frade e por seu assistente Andrea Bianco, navegador-cartógrafo, que terminou em 24 de abril 1459, sendo enviado para Portugal, mas perdeu-se”.
“ O Infante Dom Henrique foi o patrocinador da criação na Universidade de Coimbra de uma cátedra de astronomia e filosofia”.
 “ O Infante D. Henrique nasceu em 4 de março de 1394, uma quarta-feira na cidade do Porto, Portugal. Era o quinto filho de João I de Portugal, fundador da Dinastia de Avis, e de Dona Filipa de Lencastre (uma princesa inglesa da Casa de Lencastre, filha de João de Gante, 1.º Duque de Lencastre, com sua mulher Branca de Lencastre), e recebeu esse nome em homenagem a seu tio materno, o duque Henrique de Lencastre (futuro Henrique IV de Inglaterra”).
Morreu solteiro, sem alguma vez ter tido mulher ou filhos, em 13 de novembro de 1460, com 66 anos, em Sagres, no Algarve.
“Deixou como seu principal herdeiro o seu sobrinho, em bens, cargos e títulos, o segundo filho de seu irmão o Rei D. Duarte já falecido, o Infante D. Fernando, Duque de Beja, e que a partir dessa altura passa a ser Duque de Viseu tal como ele e a dirigir os Descobrimentos portugueses para o Reino de Portugal”.
O Infante Dom Henrique, o Navegador, pertence a chamada “Ínclita geração”. A “ Ínclita geração” é o qualificativo dado aos filhos do Rei João I de Portugal e de Dona Filipa de Lencastre, cunhado pelo poeta Luís de Camões em "Os Lusíadas" (Canto IV, estância 50):

"Mas, pera defensão dos Lusitanos,
Deixou, quem o levou, quem governasse
E aumentasse a terra mais que dantes:
Ínclita geração, altos Infantes."

São eles:
1-     O Infante D. Duarte (1391-1438), que foi Rei de Portugal (1433-1438);
2-     Pedro, Duque de Coimbra (1392-1449), senhor de grande cultura e muito viajado, conhecido como "Príncipe das Sete Partidas" e considerado o príncipe mais culto da sua época; foi regente de Afonso V de Portugal, seu sobrinho; veio a falecer em combate na Batalha de Alfarrobeira;
3-     Henrique, Duque de Viseu (1394-1460), conhecido como "Henrique, O Navegador", foi o grande promotor e impulsionador dos Descobrimentos portugueses.
4-     Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha (1397-1471), casada com Filipe III, Duque da Borgonha, atuou em nome do marido em vários encontros diplomáticos e é considerada como a verdadeira governante da província francesa da Borgonha no seu tempo. Em honra deste casamento, o Duque criou a Ordem do Tosão de Ouro.
5-     João, Infante de Portugal (1400-1442), designado em 1418 mestre da Ordem de Santiago, condestável de Portugal (1431-1442) e avô da rainha Isabel de Castela e do rei Manuel I de Portugal;
6-     Fernando, o Infante Santo (1402-1433), faleceu como refém no cativeiro muçulmano em Fez, diante da recusa do Infante D. Henrique em devolver Ceuta, sacrificado assim aos interesses do país.

Continua...


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