segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

76- CONVERSA- Imperator- Imperador - Cæsar- Czar - Kaiser - Parte II

Escultura do Imperador romano Júlio Cesar
Museu do Louvre
Paris - França

César.

O que significa César?
“César, (plural Césares), em latim: Cæsar (plural Cæsares), é um Título Imperial”.
O cognome (em latim: Cognomen) era originalmente o terceiro nome pelo qual um cidadão romano era conhecido, assim Gaius Julius Cæsar (Caio Júlio César) passou para História como César, Ditador de Roma de 49 a.C. até 44 a.C.
César “nasceu em Roma no seio de uma antiga Família de patrícios chamada Iulius (pronuncia-se Julius), e a família de sua  mãe , Aurelia Cotta, era a gens Aurelii Cottae, uma família influente na era republicana".

Existem quatro explicações para o cognome César, a saber:
1- Plínio, o Velho, afirmou que era devido a um antepassado ter nascido de cesariana (do verbo latino para cortar, caedere,caes-);
2 - A História Augusta sugere três explicações alternativas:
a-     Que o primeiro César tinha uma cabeça cheia de cabelos (do latim caesaries);
b-    Que ele tinha brilhantes olhos cinzentos (do latim oculis caesiis);
c-     Que ele matou um elefante (caesai em mouro) na batalha.
César emitiu moedas com imagens de elefantes, sugerindo que ele favoreceu esta interpretação do seu nome.
A Família patrícia Iulius não era rica e César foi criado num bairro de classe média de Roma.
Caio Mário, chamado terceiro fundador de Roma por seus sucessos militares, mas plebeu, de uma família de negociantes de Arpino , no Lazio (O Lácio), riquíssimo, político de destaque, casou com Júlia Caesaris, uma tia de César e César casou com Cornélia Cinila, filha de Lúcio Cornélio Cina, aliado de Mário na facção populista do Senado, os populares, por oposição aos optimates (conservadores) chefiado por Lucius Cornelius Sulla Felix (Lucio Cornélio Sila Félix).
Caio Mário e por Lucio Cornélio Sulla queriam comandar as Legiões – um exército - que iriam ajudar os aliados gregos no combate contra Mitrídates, Rei do Ponto, invasor das províncias orientais romanas e da Grécia, que em seus sonhos delirantes de grandeza queria conquistar Roma.
A ideia inicial dos Senadores era dividir o comando pelos dois, mas no final o Senado escolheu Sulla.
Caio Mario não se conformou e através do Tribuno Públio Sulpício Rufus conseguiu convocar uma Assembleia Popular que o nomeou Comandante do Exército contra Mitrídates. 
Sulla não aceitou essa manobra política.
Partiu contra Caio Mario, que estava em Roma, no comando seis Legiões para Roma, o era proibido por Lei e Tradição, e com isso veio a Guerra Civil.  
Caio Mario e seus aliados populares foram derrotados e o outrora General Vencedor fugiu da Roma para a África.
Imediatamente Sulla passou a perseguir e a matar os correligionários de Caio Mario.
Entre eles Gaius Julius Cæsar, nomeado pelo tio sumo sacerdote de Júpiter, que recebeu ordem de se divorciar de Cornélia Cinila, filha de Lúcio Cornélio Cina, aliado de Mário na facção populista do Senado, os populares.
César recusou e ato continuo fugiu de Roma despojado de sua herança, o dote de sua esposa e seu sacerdócio.
César só não foi morto por influência da Família Patrícia de sua mãe, que incluía partidários de Sila, e as virgens vestais. Sulla cedeu com relutância, e disse ter declarado que ele viu “Muitos Caio Mario em César”.
No exilio César entrou para o exército, servindo sob o comando de Marcus Minucius Thermus na Ásia e Servílio Isauricus na Cilícia.
Logo alcançou o sucesso, ganhando a coroa cívica por sua participação no cerco de Mitilene.
“Em uma missão na Corte do Rei Nicomedes, passou muito tempo junto a esse Soberano o que motivou os rumores de um affair amoroso com o Rei, o que César iria negar veementemente para o resto de sua vida”. Há controvérsias.
De retorno a Roma como era ótimo orador passou a defender a causas dos menos favorecidos e atacar os corruptos que pululavam em Roma e no Império. Ganhou fama popular.
Enfim todos sabemos dos sucessos políticos de César, de sua passagem sobre o Rubicão, Rubico em latim, um riacho no norte da Península Itálica, em 49 a. C., presumivelmente em 10 de janeiro do calendário romano, violando assim  a Lei e a Tradição de que Roma não poderia ser invadida, de sua celebre frase na ocasião - Alea jacta est ("a sorte está lançada")- de suas vitorias militares que fizeram dele um dos maiores Generais da História da Humanidade, e a mais importante figura de Roma em todos os tempos, não sendo superada nem por seu filho adotivo Augustus.
César implementou políticas públicas que descontentaram muitos romanos, principalmente Senadores e os conservadores.
Um grupo de Senadores, liderados por Marcus Junius Brutus, Gaius Cassius Longinus e Decimus Brutus, conspirou contra ele e o matou, nos famosos “Idos de Março” de 44 a.C. (15 de março 44).
Se deram mal, pois nunca houve, nem haverá, um romano como Júlio César, General, Conquistador, Consul e Ditador da República Romana, Pai da Pátria, Pontifex Maximus, o Imperator com direito a Triunfo, e por fim um deus.
Em 42 a. C, apenas dois anos após o seu assassinato, o Senado o deificou oficialmente, elevando-o a deus, Divo Giulio.
O Legado histórico César foi então recolhido por Augustus, seu sobrinho-neto e filho adotivo.
Augustus.

Gaius Octavius, governador romano da Macedónia, de uma família rica, mas plebeia, assim, era considerado um ‘homo novus’ ("homem novo") casou com Atia Balba Caesonia, também, chamada de Atia Balba Secunda para diferenciar de suas duas irmãs, filha de Julia Caesaris, segunda irmã de Júlio César, e de Marcus Atius Balbo, que foi pretor em 62 a.C. e tornou-se governador da Sardenha.
Gaius Octavius e Atia Balba Secunda tiveram dois filhos:
1-    Octavia, o Jovem (69 a.C. - +11 a.C.), também conhecido como Octavia Minor ou simplesmente Octavia, que casou com Gaius Claudius Marcellus Minor e depois com Marco Antônio (Marcus Antonius);
2-    Gaius Octavius (* 23 de setembro de 63 a.C. - +19 de agosto 14 d.C.):
Os historiadores geralmente se referem a ele simplesmente como Octavius ​​(ou Otaviano) entre o seu nascimento, em 63 a. C. até sua adoção por Júlio César em 44 a.C..
Após a sua adoção por Júlio César, adotou o nome de César e se tornar Gaius Julius Caesar Octavianus de acordo com normas de adoção de nomes romanos. Logo foi suprimido o nome "Octavianus" e seus contemporâneos passaram a chama-lo de "César", contudo durante este período (entre 44 a.C. e 27 a.C.) os historiadores se referem a ele como Octavian. Para fortalecer seus laços com os soldados de seu pai adotivo, em 42 a.C., após a deificação de César, Otaviano adiciona o título de Divi Filius (Filho do Divino), tornando-se Gaius Julius Caesar Divi Filius .
Em 38 a.C., Otaviano substituiu seu prenome "Caio" por "Julius”, sendo saudado com “Caesar Imperator", o título pelo qual tropas saudou seu líder após o sucesso militar, tornando-se oficialmente Imperator Caesar Divi Filius.
Em 27 a. C., após a derrota de Marco Antônio e Cleópatra, o Senado romano votou novos títulos para ele, tornando-se oficialmente Imperator Caesar Divi Filius Augustus.
São os acontecimentos de 27 a.C. a partir do qual obteve o seu nome tradicional de Augustus, que os historiadores usam em referência a partir de 27 a.C. até sua morte em 14 a.D..
A partir daí César (plural Césares), em latim: Cæsar (plural Cæsares), passou a ser um Título Imperial.
Posteriormente César passou a ser sinônimo de Imperador.
“A história de "César" como título imperial é refletida pelos títulos monárquicos, normalmente reservados para "Imperador" e "Imperatriz" em muitas línguas (note-se que o nome César, pronunciado Sé-zár em português, era pronunciado cai-ssár em latim clássico):
a-     A variante "Tzar" ou “Czar” (ЦАРЬ) adotado por Ivan IV ,conhecido como Ivã, o Terrível, Grão-Príncipe da Moscóvia, em 16 de janeiro de 1547, quando foi coroado com o gorro Monomakh na Catedral da Dormição,  como “um símbolo de mudança na natureza da monarquia russa”. A esposa do Tzar era dado o Título de Tzarina (Царица). Esse Título perdurou até 1917, quando o último dos Czares, Nicolau II, Romanov, foi deposto. Chamo atenção que Em 1721 o Czar Pedro, o Grande, adotou o Título de imperador (Император, Imperator), pelo qual ele e os seus herdeiros foram, também, reconhecidos no Ocidente, e que se tornou uma outra designação para além do termo Tzar, igualmente em uso.
b-    Tzar e Tzarina foram usados no Império Búlgaro (913 - 1018, 1185 - 1442), na Bulgária (1908 - 1946), na Sérvia (1346 - 1371);
c-     No Império Austríaco, Império Austro-Húngaro e Império Alemão, o título teve a forma de Kaiser (do grego Καίσαρ (Kaisar)e a sua esposa era dado o Título de Kaiserin;
d-    Em Húngaro o Imperador da Áustria que era Rei da Hungria, portando Soberano do Império Austro- Húngaro desde 1867 até o outono de 1918 quando a Monarquia Austro-Húngaro desmoronou, era chamado de Császár e sua esposa Császárnő.
O último Cesar, o último Imperador Romano, antes da Queda de Roma.
Em 476 d.C Roma não era nem mais um espectro do Império de Júlio Cesar e de Augustus.
Em 395 d.C. o Império foi dividido entre uma parte oriental ­- Império Romano do Oriente ou Bizâncio – com capital em Constantinopla e uma parte ocidental - Império Romano do Ocidente – com capital em Roma.
Ambos enfraquecidos, sem a força de outrora quando as Legiões corriam pelas Vias Imperiais (viae, Strade Romane) e dominavam os povos do mundo civilizado.
Os civilizadíssimos romanos haviam entrado em declínio econômico, cultural, jurídico, militar, e se mantinham no vácuo de outrora.
O Cristianismo solapa o que restou de autoridade.
A escravidão diminui e com isso parte das atividades econômicas entraram em declínio acentuado.
A hierarquia militar é posta em cheque e com isso veem a anarquia tanto na capital, quanto nas províncias.
A religião tradicional, com seus deuses e deusas, entra em total colapso.
Não há mais nenhum tipo de fé que leve a moral e aos bons costumes.
Se fazia necessário um Cesar, um Imperador, forte.
Dá nasceu em 2 de abril de 742, talvez 748, Carlos, filho de Pepino, o Breve, e de Berta do Pé-Grande, Reis dos Francos, que veio a ser o famoso Carlos Magno, Imperator e Rex.


Estátua de Carlos Magno
Agostino Cornacchini (1725)
Basílica de Pedro
Vaticano, Itália


Fim da Parte II


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