Imperator-
Imperador - Cæsar- Czar - Kaiser - Parte VII
Quando a Igreja Católica
concebeu a ideia denominada de Renovatio imperii, ou seja, a Restauração do Império
Romano do Ocidente na pessoa de Carlos Magno, fazendo dele o sucessor direto
dos Césares ou Imperadores Romanos em tempos da Roma Imperial e multinacional, criou,
também, a ideia de translatio imperii, que nada mais é do que o reconhecimento da
transferência do mais alto Poder secular por Direito Divino dos Reis aos
futuros Monarcas do Ocidente.
Alcuino de York y otros clérigos
presentan manuscritos a
Carlomagno en el Palacio de Aquisgrán, ante su corte.
Pintura de histórica de Jean-Victor Schnetz,
1830.
Conservé au musée du Louvre (Paris)
Essa doutrina foi defendida, séculos
mais tarde, por Jacques-Bénigne Bossuet, quando argumentava que o governo monárquico
era Divino, pois os Reis receberam o seu Poder diretamente de Deus, por escolha
única e exclusiva Dele, o Criador.
Jacques-Bénigne Bossuet, cognominado
"a Águia de Meaux", sacerdote e teólogo católico, Bispo de Meaux, tutor
do Dauphin Luís de France, o filho do Rei Luís XIV e Marie-Thérèse, membro da
Academia Francesa, considerado a época como “o maior [orador] que o mundo
talvez tenha conhecido”, um dos mais renomados Teóricos do Absolutismo e do
Direito Divino dos Reis, suas datas foram, nascimento em Dijon no dia 27 de
setembro de 1627, falecimento em Paris no dia 12 de abril de 1704.
Escreveu para educação do
Dauphin (Delfim de França):
Traité de la connaissance de
Dieu et de soi-même ou Tratado sobre o conhecimento de Deus e de si mesmo
(1677), uma obra de religião;
Discours sur l'histoire universelle
ou Discurso sobre a História Universal (1679), uma obra destinada a tirar
lições Útil do passado humano;
Politique tirée de l'Écriture
sainte ou Política tirada das próprias palavras da Sagrada Escritura um ampla
obra que trata de vários assuntos, como “à sociabilidade do homem, a relação
entre a sociedade civil , a nação e do estado , o governo , as leis , o
patriotismo , a autoridade , o direito conquista , a monarquia , o sagrado , o
patriarcado , o absolutismo , a razão , o conhecimento , a obediência , a
religião , as relações Igreja-Estado, a justiça , a guerra , a guerra civil , as
forças armadas , o a paz , a economia , a família , a saúde e felicidade”.
Morreu tranquilo, apesar de
sofrer com pedras nos rins e está sepultado na Catedral de Meaux.
Depois do Império de Carlos
Magno, da Dinastia Carolíngia, veio o Sacro Império Romano-Germânico, nome
oficial para os domínios sob o qual imperava o Sacro Imperador Romano da Idade
Média até 1806.
Dinastia
Carolíngia:
Dinastia franca que sucedeu aos merovíngios (751), com
Pepino, o Breve, cujo apogeu imperial foi com Carlos Magno.
Em 800 d. C. com a Coroação de
Carlos Magno como Imperador do Ocidente ou Romanorum Imperator (Kaiser der Römer
‘), a ideia, criada pela Igreja, de que ele era o sucessor dos Imperadores
Romanos do Ocidente, cujo último foi Romulus Augustus, na época da Queda de
Roma, fincou e não só para ele, mas, também, para seus sucessores.
Era a Renovatio imperii, assim
a de translatio imperii, o mais alto rango do Poder secular, e foi transferido
para o Imperador do novo Império Ocidental, e depois deles para o Imperador do
novíssimo Império Romano Germânico, todos os atos de sucessão baseados no
Direito Divino dos Reis, como reza a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Além do mais, não se pode
esquecer que ainda Príncipe dos Francos, na Coroação de seu pai, Pepino, o
Breve, Carlos foi elevado a condição de Patrício Romano (Romanus Patricius),
juntamente com seu irmão, Carlomano, o que dá uma conotação romana aos Reis dos
Francos e Kaiser de uma boa parte da Germânia ou Alemanha.
Com isso ele, Carlos, era
Imperador Romano do Ocidente e foi assim até o ultimo de sua Dinastia, dos
Carolíngios diretos, que foi Carlos III, o Gordo, bisneto de Carlos Magno, por Luís,
o Germânico, esse filho de Luís, o Piedoso, com Ermengarda de Hesbaye, que
imperou de 12 de Fevereiro de 881 a Novembro de 887.
Houve mais um Carolíngio, Arnulfo
da Caríntia, sobrinho de Carlos II, o Gordo, filho de Carlomano ou em alemão
Karlmann, o neto de Carlos Magno que foi Rei da Baviera e da Itália,
Coroado em 893 pelo Papa
Formoso. Doente sofria de Pubis pediculose, uma doença causada pelo Piolho-da-púbis,
vulgarmente conhecido como chato, e é um parasita que se alimenta exclusivamente
de sangue – Arnulfo tinha piolhos até nas pálpebras - abandonou suas
reivindicações e pretensões indo falecer em 8 de dezembro 899 na cidade de
Ratisbona, hoje conhecida como Regensburg, Baviera, Alemanha. Seu período foi
de 896 a 899.
Dinastia Guidonis:
Entretanto entre Carlos III, o
Gordo e Arnulfo da Caríntia, houveram dois Imperadores da Dinastia dos Guidonis,
que foram:
a- Guido di Spoleto, terceiro
Duque de Spoleto e Marquês de Camerino, Rei da Itália (889 - 894) e Imperador
(891 - 894), Em 21 de fevereiro de 891 Guido foi coroado Imperador em Roma pelo
Papa Estevão V, e foi o primeiro Imperador não descendentes Diretos de Carlos
Magno. Ele morreu de repente em novembro de 891 no rio Taro, entre Piacenza e Parma;
b- Lamberto II di Spoleto, filho do precedente, coroado pelo
Papa Formoso como Rei d’Itália (892 – 898), foi a Roma para ser reconhecido
como Imperador pelo mesmo Pontífice e por esse foi preso no Castelo de
Sant’Ângelo, Em maio de 898 Papa João IX, no Sínodo de Ravenna, aclamou
Lamberto ‘de facto’ Imperador, mas, esse morreu acidentalmente durante uma
caçada em 15 de outubro de 898. (894 – 898)
Foram Imperados dos Romanos ou
Romanorum Imperator:
Da Dinastia Bosonids ou Bosônida:
Fundada por Boso, ou Boson
l'Ancien, ou Bosone il Vecchio, “um nobre de origem franca, cunhado de Carlos,
o Calvo, usurpador do Trono da Provence (composto pelas províncias
eclesiásticas dos arcebispos de Arles, Aix, Vienne, Lyon (sem Langres) e,
provavelmente, Besançon, bem como as dioceses de Tarentaise, Uzès, e Viviers),
e por Ermengarda, filha de Luís, o Jovem, Imperador do Ocidente, portanto uma
carolíngia.
Luís III, o
Cego, Rei de Provence, de Arles, da Borgonha (890-928), e Imperador de 901-905.
Poratnto “Neto de Luís II, coroado pelo Papa Benedito IV. Ficado vago o título
até Berengar”.
Dinastia Unrochides ou Unruochinger – uma família de origem
franca que se estabeleceu na Itália, seu fundador foi Unruoch II de Friuli,
Margrave de Friuli antes de 846.Friuli é hoje a região autónoma de
Friuli-Venezia Giulia, na Itália.
Berengário
I ou Berengário de Friuli, foi o Marquês de Friuli (874 - 924), rei da Itália
(888 - 924) e imperador dos romanos (915 - 924). Ele foi um dos protagonistas
do período de " anarquia feudal’, quando os mais importantes senhores
feudais da península lutaram pelo controle de territórios dos carolíngios no reino
da Itália. Filho de Eberhard ou Everard de Friuli e Gisela, filha de Luís, o
Piedoso e sua segunda esposa Judith, "alguns historiadores nacionalistas fazem
dele um campeão e um defensor da" unidade da Itália ". Berengário,
que foi morto em Verona em 924, apunhalado pelas costas enquanto ele orava
durante a missa.
Os
historiadores franceses dão ele como o último dos Carolíngios, mas esquecem o
principio bíblico de que a mulher abandona a casa de seu ´pai e passa a viver
na casa de seu marido, na família de seu marido, muito em voga no Medievo, o
que faz da mãe de Berengário membro do Clã dos Unrochides.
Destaco que Berengário imperou de 915 até 7 de abril de
924 e só depois de 38 anos um novo Imperador apareceu, agora não mais usado o Romanorum
Imperator ou Imperator Romanorum, mas sim de Imperador do Sacro Império Romano
ou Kaiser des Heiligen Römischen Reiches, pois além de sucessores dos antigos
Imperadores Romanos, via translatio imperii, eram os Imperadores de um novo
Império Alemão, considerado o I Reich.
Foi Otto I, der Große, ou Otto I, o Grande, que em 962 foi
sagrado Imperador do Sacro Império Romano Germânico.
Fim da Parte VII
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