A Quinta da Boa
Vista, era o Palácio Imperial que nunca deixou de ser Quinta.
Parte II
“Salões
e Damas do Segundo Reinado”
de Wanderley Pinho
Vamos usar a obra “Salões e
Damas do Segundo Reinado”, de Wanderley Pinho, com ilustrações de J. Wasth Rodrigues,
Livraria Martins Editora –São Paulo, 2ª Edição, e “ História das ruas do Rio de
Janeiro”, de Brasil Gerson, Editora Souza, Rio de Janeiro, 3 ª Edição / Revista
e Aumentada, bem como outras fontes.
“
História das ruas do Rio de Janeiro”
de
Brasil Gerson
Dom Pedro I e Dona Leopoldina
de Habsburgo tiveram sete filhos, a quarta foi Dona Francisca Carolina Joana
Leopoldina Romana Xavier de Paula Micaela Rafaela Gabriela Gonzaga de Bragança,
nascida na Quinta da Boa Vista em 2 de agosto de 1824 e que veio a falecer em
Paris no dia 27 de março de 1898.
Em 1° de maio de 1843 casou com
Francisco Fernando de Orléans, Príncipe de Joinville, filho de Luís Filipe I, Rei
dos Franceses, e de Maria Amélia de Bourbon-Sicília, nascida Princesa de
Nápoles, embarcando logo a seguir para França a bordo da fragata La Belle
Poule, a mesma que transportou sob seu Comando os restos mortais de Napoleão
Bonaparte da Ilha de Santa Helena para serem sepultados no Hôtel National des
Invalides, Paris.
Dona
Francisca
Princesa
do Brasil
Princesa
de Joinville
Infanta
de Portugal
“ Chicá” para os íntimos e
"La Belle Françoise", para outros, tornou-se uma das Princesas mais
populares de seu tempo não só na França, bem como na Europa, era queridíssima.
Dom Pedro II a chamava de “
Mana Chica” e a “ Mana Chica” estava preocupada com a falta de vontade de seu
irmão de exercer plenamente a Liturgia que o cargo exigia, e eu não estou
falando aqui do seu Direito Constitucional que era o Poder Moderador, de “fiel da balança
entre os poderes legislativo e executivo", mas sim das Pompas e Circunstâncias que são a essência da
Monarquia, do Regime Monárquico.
Escreve a Princesa dos
Franceses a Paulo Barbosa, Mordomo da Casa Imperial, portanto próximo da Casa
Imperial:
“ Pobre mano Pedro, ele tem
bem precisão de hum amigo ao pé dele como o Senhor. Tudo vai bem mal na Casa. As
dividas comessão e dizem já serem grandes, isso por falta de ordem. O mano não
dá mais bailes, nem Saraus, não viaja mais. Tudo isso he de mau feito, e, temo
q. lhes faça mal ao prestigio que os nossos compatriotas ainda garantão pela
monarchia. Se ele nos foge estamos perdidos sem duvida nenhum. Vá para o Rio
meu querido Barbosa. Sempre foi e he homem cheio de coração e honra”.
Francisco
Fernando Filipe Luís Maria d'Orleans, Príncipe de Joinville.
François-Ferdinand-Philippe-Louis-Marie
d'Orléans
Escreveu Dona Francisca:
“As dividas comessão e dizem já serem grandes”
o que talvez justifique, e muito, a sovines de Dom Pedro II, mas que não lhe
dava o direito de se deixar levar por ela no que tange as Pompa e Circunstância
de que o Regime monárquico se nutre.
No final do livro há a
seguinte nota:
“ Essa carta da Princesa de Joinville a Paulo Barbosa
existe em poder de Américo Jacobina Lacombe e foi, como outros documentos, por
ele gentilmente comunicada ao autor. Traz a data : - Claremont, 24 de junho de
1875. André Victor que passou pelo Rio de janeiro em 1844 escreveu que o
Príncipe de Joinville era muito estimado de Pedro II que “ se lembrava com
saudades da alegria do jovem Orléans cuja exuberância e comunicatividade
francesa havia enchido o tristonho palácio de São Cristóvão de alegria.
Perdera-se o segredo de tal animação com sua partida”. “Salões e Damas do Segundo
Reinado”, capitulo “Os paços Imperiais- São Cristóvão e Petrópolis”.
E mais:
“Para o publico a família
imperial recolhera-se desde então numa espécie de retiro. A côrte parecia, e o
era por certo em grande parte, estranha à vida elegante da capital do país”.
Dom Pedro II só dava um jantar
de gala por ano e assim mesmo em comemoração ao aniversario do Rei de Portugal
quando o Embaixador de S.M. Fidelíssima era convidado a mesa imperial em São
Cristóvão.
Prinz
Albert Wilhelm Heinrich von Preußen
Príncipe
da Prússia em uniforme da Marinha
Irmão
mais novo do Kaiser Guilherme II da Alemanha.
Com
uma longa carreira como oficial da marinha, Henrique comandou várias missões na
Marinha Imperial Alemã e, posteriormente, subiu na carreira até ao ranking de
Grande Almirante.
Quando o Príncipe Henrique da
Prússia (Alberto Guilherme Henrique) em 1883 passou pelo Rio de Janeiro, Dom
Pedro II lhe ofereceu um jantar no qual serviu uma clássica canja e alguns
pratos de sua cozinha diária.
Os chargistas deitaram e
rolaram e assim foi um espanto generalizado na Corte o tal cardápio, para
deleite da oposição a Monarquia.
André Rebouças, o engenheiro
militar, baiano, filho de uma escrava alforriada com um alfaiate português, amigo
do Conde D’Eu, insuspeito, pois conviveu com o Imperador na visita que esse fez
aos campos de batalha da Guerra do Paraguai, foi convidado a verificar as
condições do Paço Imperial ( na hoje Praça 15, centro do Rio de Janeiro) e como nos conta Wanderley Pinho conforme anotação desse leal servidor da Casa
Imperial, “ examinei com o engenheiro Jardim o Paço Imperial, cujo estado de
ruina e imundice fica abaixo de toda critica”.
Vejam que isso é um comentário
feito por um homem que acompanhou a Família Imperial na sua viagem para o
exilio, que com a morte do Imperador entrou em profunda depressão e que acabou,
como todo deprimido irremediável, se suicidando no mar de frente a sua casa no
Funchal, Ilha da Madeira, onde havia se abrigado depois da Proclamação da
Republica.
O Visconde de Taunay (Alfredo
Maria Adriano d'Escragnolle Taunay) dá seu testemunho:
“São Cristóvão foi sempre um
paço triste e severo: e a morada, não da alegria, mas do dever sereno e
vigilante”. (1)
O Conde Eugenio de Robiano,
viajante belga, que nos visitou em 1874, citado por Luís Carlos Soares em “ “O
"povo de cam" na capital do Brasil: a escravidão urbana no Rio de
Janeiro”, que ficou chocado com tantos negros
no Rio de Janeiro, também, se chocou com os hábitos da Família imperial
afirmado “le train de maison de la famille imperiale ne répond certes pas à sa
haute position”, numa tradução livre “ O trem da casa da família imperial certamente
não esta de acordo com sua alta”
O ‘trem ‘ aqui é segundo o Aurélio:
Trem [Do francês/inglês.
train.] Substantivo masculino
1 Conjunto de objetos que
formam a bagagem de um viajante. 2. Comitiva, séquito. 3. Mobiliário duma casa.
4. Conjunto de objetos apropriados para certos serviços... 5. Carruagem, sege.
6. Vestuário, traje, trajo.
Disse sobre a carruagem de
gala de Sua Majestade Imperial:
“Carrosses du siècle dernier”,
tradução livre, ‘ carroças do século passado’ isso é o Século XVIII.
“ Não havia variantes nessa
apreciação dos hábitos da dinastia”. ( 1)
Enquanto isso verdadeiros
palácios eram construídos na Cidade do Rio de Janeiro onde festas deslumbrantes
aconteciam.
E o que vamos ver mais
adiante.
E A Quinta da Boa Vista, era o
Palácio Imperial que nunca deixou de ser Quinta.
Fim da Parte II
Nota: Na corte
francesa, D. Francisca logo se tornou uma das princesas mais populares da corte
e ers chamada de "La Belle Françoise".
Em 1848 a monarquia
foi extinta na França, e os Orléans seguiram para o exílio,e
D. Francisca
negociou com vigor com os republicanos a fuga de sua família.
Com dificuldades
financeiras, os príncipes de Joinville negociaram as terras catarinenses com a
Companhia Colonizadora Alemã, do senador Christian Mathias Schroeder, rico
comerciante e dono de alguns navios. Assim nasceu a Colônia Dona Francisca,
mais tarde Joinville, atualmente a maior cidade do estado de Santa Catarina.
(Morreu em dificuldades financeiras)
D. Francisca
defendia medidas enérgicas contra o crescimento do republicanismo no Brasil.
Em 1864, ela enviou
os príncipes Gastão d'Orléans, o conde d'Eu, e Luís Augusto de
Saxe-Coburgo-Gota para o Brasil, onde se casariam com suas sobrinhas, D.
Leopoldina e D. Isabel, respectivamente.
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