Carlos III,
Rei de Espanha
Carlos
por la Gracia de Dios, Rey de las Dos Sicilias y Jerusalén, Infante de España,
Duque de Parma, Plasencia y Castro, Gran Príncipe Hereditario de Toscana.
Carlo
per la Grazia di Dio, Re delle Due Sicilie, di Geruselemme, Infante delle
Spagne, Duca di Parma, Piacenza, Castro, Gran Principe Ereditario di Toscana.
Carlos
pela Graça de Deus, Rei das Duas Sicílias e Jerusalém, Infante de Espanha,
Duque de Parma, Piacenza e Castro, Grão- Príncipe hereditário da Toscana.
Carolus
Dei Gratia Rex utriusque Siciliae, & Hyerusalem, &c. Infans
Hispaniarum, Dux Parmae, Placentiae, Castri, &c. Ac Magnus Princeps
Haereditarius Hetruriae, &c
rex
utriusque siciliae
O rei de ambas as Sicílias
"Rex Hispaniarum et Indiarum"
“O Rei de Espanha e das Índias "
Grão-mestre da célebre Ordem do Tosão de
Ouro
Grão-mestre da Real Ordem de Carlos III
Grão-mestre da Militar Ordem de Nossa
Senhora de Montesa
Grão-mestre da Militar Ordem de Alcântara
Grão-mestre da Ordem de Calatrava
Grão-mestre da Ordem Militar de Santiago
Grão-mestre da Ordem das Damas Nobres de
Espanha
Grão-mestre da Real e Militar Ordem de São
Fernando
Carlos a cavalo em Gaeta,
Por Giovanni Luigi Rocco
Alvise
Giovanni Mocenigo, Doge de Veneza, declarou:
“Recebeu
uma educação afastada de todos os estudos e aplicações necessários para se
poder governar sozinho (...)”.
Vittorio Gleijeses, Don Carlos, Napoli,
Edizioni Agea, 1988.
Tratados
para la, Tratados para cá, e o filho de Isabel Farnese acabou Rei das Duas
Sicilias, ou seja, Rei de Nápoles e da Sicilia, e o Imperador Sacro Carlos VI,
o antigo pretendente do Tronos das Espanhas e das Índias, acabou ficando com o
Ducado de Parma e Piacenza, com o Grão-ducado da Toscana, com o Ducado de
Milão, e outras terras.
Mais,
as Duas Sicilias, ou seja, Rei de Nápoles e da Sicilia, de nenhuma maneira poderia
ser em qualquer momento de propriedade do Rei da Espanha.
Carlos
de Habsburgo, também, desistiu de vez da Coroa Espanhola e a do Império
Colonial Espanhol, o das Índias.
Não
podemos esquecer que Isabel Farnese, Rainha de Espanha, mas nascida Princesa de
Parma, filha de Eduardo Farnese (Odoardo Farnese, principe ereditario di
Parma), Príncipe Herdeiro de Parma, e da Princesa Doroteia Sofia, Condessa
palatina de Neoburgo, portanto uma neta de Ranuccio II Farnese, Duque de Parma
e Piacenza e Castro, e Isabel d' Este, assumiriam esses Tronos.
Carlos
VI, Imperador do Sacro Império Romano
JG
Auerbach
1735
Palácio
de Schönbrunn.
Chamo
atenção que Carlos era um filho obediente e quando sua mãe lhe ordenou que
fosse para Parma, ele partiu imediatamente sendo recebido com muita alegria na
cidade em outubro de 1732. Em frente do Palácio ducal de Parma estavam escritas
as palavras "Parma Resurget" (T.L.: Parma Ressuge).
Alvise
Giovanni Mocenigo, Doge de Veneza, declarou:
“Recebeu
uma educação afastada de todos os estudos e aplicações necessários para se
poder governar sozinho (...)”.
Vittorio Gleijeses, Don Carlos, Napoli,
Edizioni Agea, 1988.
Carlos
de Borbón y Farnesio foi Duque de Parma e Piacenza, etc., de 26 de fevereiro de
1731 até 11 de dezembro de 1736, portanto por 5 anos 9 meses e 15 dias.
Don Carlo com a idade de onze anos,
Jean Ranc, 1727
Museo del Prado, Madrid
A
seguir o Infante Don Carlos Sebastián de Borbón y Farnesio, Duque de Parma e
Piacenza, etc., se tornou Carlos VII, o novo Rei de Nápoles em 15 de maio de
1734, onde ficou por 25 anos 2 meses e 26 dias, portanto até 10 de agosto de
1759.
Depois
se tornou Carlos V, Rei da Sicilia em 3 de julho de 1735, onde ficou por 24
anos 1 mês e 7 dias, portanto até 10 de agosto de 1759.
Carlos
era o novo Rei das Duas Sicilias.
Carlo
di Borbonne entrou triunfalmente em Nápoles pela Porta Capuana, recebido pela
nobreza local, aclamado pelo povo, que não suportava mais os austríacos, parou
na porta da Catedral de Nápoles, onde recebeu a benção do Arcebispo Francesco
Pignatelli, seguindo para o Palacio Real de Nápoles.
Brasão d’Armas de Carlos como Rei de Nápoles
(1736-1759)
Carlos
III casou com Maria Amalia Christina Franziska Xaviera Flora Walburga, de 14
anos, filha mais velha do Principe- Eleitor Friedrich August II da Saxônia, o
Rei da Polónia, e Maria Josefa da Áustria, filha mais velha do Imperador José
I, Príncipe da Casa de Habsburgo, Imperador do Sacro Império Romano, Rei da
Boêmia, Croácia e Hungria, e de Wilhelmine Amalie de Brunswick-Lüneburg, filha
do Duque Johann Friedrich von Braunschweig-Calenberg e sua esposa Henrietta
Benedicta do Palatinado, ou seja, de excelente estirpe.
O
Casamento de Carlos e Maria Amalia da Saxônia foi celebrado por procuração no
Palácio de Dresden, na Saxônia, em 9 de maio de 1738, e a Cerimônia Religiosa
foi em Nápoles no dia 9 de junho do mesmo ano.
Foram
pais de:
1-
Maria Isabel Antonia
de Borbón y Sajonia, Infanta de España (6 de setembro de 1740 - 2 de novembro
de 1742), morreu aos dois anos de idade.
2-
Maria Josefa
Antonia de Borbón y Sajonia, Infanta de España (20 de janeiro de 1742 - 1 de
abril de 1742), morreu aos três meses de idade.
3-
Maria Isabel Ana de
Borbón y Sajonia, Infanta de España (30 de abril de 1743 - 5 de março de 1749) morreu
aos cinco anos de idade.
4-
Maria Josefa Carmela
de Borbón y Sajonia, Infanta de España (6 de julho de 1744 - 8 de dezembro de
1801), nunca se casou nem deixou descendência.
5-
Maria Luísa de
Borbón y Sajonia, Infanta de España (24 de novembro de 1745 - 15 de maio de
1792), casada com o Sacro-Imperador Leopoldo II de Habsburgo; com descendência.
6-
Felipe Antonio
Genaro Pascual Francisco de Paula de Borbón y Sajonia, Duque da Calábria (13 de
junho de 1747 - 19 de setembro de 1777), morreu aos trinta anos de idade; sem
descendência.
7-
Carlos Antonio
Pascual Francisco Javier Juan Nepomuceno José Januario Serafín Diego de Borbón
- Carlos IV, Rei de Espanha (11 de novembro de 1748 - 19 de janeiro de 1819),
casado com a princesa Maria Luísa de Parma; com descendência.
8-
Maria Teresa de
Borbón y Sajonia, Infanta de España (2 de dezembro de 1749 - 2 de maio de
1750), morreu aos cinco meses de idade.
9-
Fernando Antonio
Pascual Juan Nepomuceno Serafín Genaro Benedicto, Fernando I, Rei das Duas
Sicílias (12 de janeiro de 1751 - 4 de janeiro de 1825), casado com a
arquiduquesa Maria Carolina da Áustria; com descendência.
10-
Gabriel Antonio
Francisco Javier Juan Nepomuceno José Serafín Pascual Salvador de Borbón y
Sajonia, Infante de España, cavaleiro Orden del Toisón de Oro (11 de maio de
1752 - 23 de novembro de 1788), casado com a infanta Mariana Vitória de
Portugal; com descendência.
11-
Maria Ana de
Borbón y Sajonia, Infanta de España (3 de julho de 1754 - 11 de maio de 1755),
morreu aos dez meses de idade.
12-
Antonio Pascual
Francisco Javier Juan Nepomuceno Ángel Raimundo Silvestre de Borbón y Sajonia,
Infante de España, cavaleiro Orden del Toisón de Oro (31 de dezembro de 1755 -
20 de abril de 1817), casado com a infanta Maria Amália de Espanha; com
descendência.
13-
Francisco Javier
Antonio Pascual Bernardo Francisco de Paula Juan Nepomuceno Julián de Borbón y
Sajonia, Infante de España, cavaleiro Orden del Toisón de Oro (15 de fevereiro
de 1757 - 10 de abril de 1771), morreu aos catorze anos de idade.
Carlos e Maria Amalia da Saxônia
Se
dedicaram a construção de La Reggia di Caserta, o Palazzo Reale di Caserta, a maior residência real no mundo, e a última grande criação do barroco italiano.
Em 20 de janeiro de
1752, o aniversário do Rei, durante uma cerimônia solene na presença da Família
Real, com esquadrões de cavalaria e dragões que marcaram o perímetro do
edifício, foi colocada a primeira pedra.
A Obra foi concluída em 1845 (embora ele já era habitado em 1780),
resultando em um enorme complexo de 1.200 quartos e 1.742 janelas, para uma
despesa total de 8.711 mil ducados.
Palacio Real de Caserta
O Trono.
A Sala do Trono
Eles
edificaram, também, o Palácio de Portici (Reggia di Portici), o Teatro di San
Carlo -Construído em apenas 270 dias- e o Palácio de Capodimonte (Reggia di
Capodimonte).
Reformaram
o Palácio Real de Nápoles.
Fundaram
a fábrica de porcelana Capodimonte.
Fundaram
a Academia Ercolanesi e o Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, que ainda
opera hoje.
Em
Nápoles, Carlos começou a fazer grandes reformas, reformas sócios-econômicas e
políticas que depois continuou em Espanha.
Foi
durante seu reinado que as cidades romanas de Herculano (1738), Estábia e
Pompéia (1748) foram redescobertas. O Rei encorajou suas escavações e continuou
a ser informado sobre os resultados, mesmo depois de se mudar para a Espanha.
Incentivou
o comercio com os otomanos, os suecos, os franceses e os holandeses.
“Ele
também fundou uma companhia de seguros e tomou medidas para proteger as
florestas, e tentou iniciar a extração e exploração dos recursos naturais”.
Graças a Bernardo Tanucci,
nascido em Stia, na região da Toscana, província de Arezzo, em 20 de fevereiro
de 1698, e falecido no Reino de Nápoles no dia 29 de abril de 1783, um
estadista italiano, e Secretário de Estado da Justiça e Ministro dos Negócios
Estrangeiros e da Casa Real, que imprimiu os princípios do Despotismo
esclarecido, o governo de Carlos III foi considerado o '' melhor momento da
história de Nápoles”, conforme nos revela Giuseppe Galasso, historiador, jornalista , político e professor
universitário italiano .
Carlo
di Borbone foi um Soberano amado pelos seus súditos italianos, até porque era
filho de uma italiana, tinha a genética italiana, compreendia o povo sobre quem
reinava.
Mais,
Luis I e Fernando VI, seus meios-irmãos que foram Reis de Espanha, eram
estéreis, e o último deles-
o
Rei Fernando VI - “ nomeou Carlos seu herdeiro presuntivo a 10 de dezembro de
1758, antes de trocar Madrid por Villaviciosa de Odón, onde viria a falecer a
10 de agosto de 1759”.
Bem,
o Rei da Sardenha protestou, outros governos protestaram, outros apoiaram, com
medo de que Carlos Sebastián de Borbón y Farnesio unisse os Reinos de Duas
Sicilias ao de Espanha e Índias, o que o tornaria um dos Soberanos mais
poderosos do planeta.
Carlos,
um excelente governante, muito bem assessorado, deu um passo fenomenal para sua
consolidação como um importantíssimo e influente soberano europeu, casado seu
filho e Principe Herdeiro das Duas Sicilias,
Dom Ferdinando Antonio Pasquale Giovanni Nepomuceno Serafino Gennaro
Benedetto, ou Ferdinando I delle Due Sicilie, Re delle Due Sicilie, da Casa
Reale Borbone di Napoli, com Maria
Carolina da Áustria, filha de Francisco
I, Sacro Imperador Romano-Germânico, Grão-duque da Toscana, e outros
Títulos, e de Maria Teresa, a Grande,
da Casa de Habsburgo, Arquiduquesa da Austria, por Direito próprio Rainha
Apostólica da Hungria, Duquesa de Borgonha, Brabante , Limburgo e Luxemburgo, Parma
e Piacenza, de Mantua , de Milão, Soberana
da Croácia , da Bohemia, da Lodomeria e da Galiza , a Países Baixos austríaca,
e outros Títulos, e Imperatriz consorte do Sacro Império e Rainha consorte da
Alemanha, etc..
Ferdinando
I delle Due Sicilie, Re delle Due Sicilie e avô de Dona Teresa Cristina,
Imperatriz do Brasil.
Maria
Carolina da Áustria, filhas dos Imperadores & Reis, era irmã da pobre
coitada da Maria Antonieta, Rainha de França, a ‘madame Capeto’ que foi
guilhotinada.
Então, Carlos abdicou do 6 de outubro de 1759,
com apoio de Maria Teresa, a Grande, pois era ela quem governava e não o marido,
decretando assim a separação final entre as Coroas espanhola e napolitanos.
Ferdinando
tornou-se Rei de Nápoles com 9 anos (a maioridade era com 16 anos), mas para
governar durante sua minoridade seu pai “ nomeou um Conselho de Regência composto
por oito membros, sobre a presidência de Bernardo Tanucci, contudo ficou
acertados que as decisões mais importantes seriam sempre tomadas na Corte de
Madrid”.
Partida
de Carlos de Borbón y Farnesio
De
Nápoles para a Espanha em 1759,
Antonio
Joli, pintor italiano
Museo
nazionale di Capodimonte
Nápoles, Itália.
Carlos
e sua família chegaram a Barcelona no dia 7 de outubro de 1759.
Carlos,
como não podia deixar de ser, trouxe seus homens de confiança para ajuda-lo a
reinar sobre as Espanhas, tanto a europeia, quanto a transcontinental, o primeiro
foi Marquês de Esquilache e Marquês de Vallesantoro,
Don Leopoldo de Gregorio, e depois Don Pablo Jerónimo Grimaldi y Pallavicini, Marquês
de Grimaldi, Grande de Espanha, cavaleiro do Tosão de Ouro, genovês
naturalizado espanhol.
“Leopoldo de Gregorio, Marquês de
Esquilache, Ministro da absoluta confiança do Rei, que estava servindo desde o
seu reinado anterior em Nápoles (1759), tinha proposto um programa de
modernização da cidade de Madrid (a sujeira, condições insalubres e inseguras
foram consideradas indigno de um tribunal mostrado) que incluiu limpeza ,
pavimentação e iluminação de ruas, construção de fossas sépticas (usual até
então era a água vai , isto é, jogar a água suja das janelas para os córregos
que correm abaixo através do Ruas) e a criação de passeios e jardins”.
O Marquês
de Esquilache renovou as proibições existente, repetidamente violadas, das
Ordens Reais publicadas nos anos de 1716, 1719, 1723, 1729, 1737, 1740, e de
1745.
Uma
delas proibia o uso de Capas Largas (Capas españolas) e de Chambergos – em
inglês Slouch hat -um chapéu de abas largas de feltro ou pano, “ sob o
argumentando que esses trajos permitiam o anonimato e a facilidade de esconder
armas, e com isso incentiva todos os tipos de crime e desordem”.
Imposición de la capa corta y el tricornio,
Litografía de la colección Origen del Motín de
Esquilache,
Autor anónimo.
A Ordem Real sobre o assunto:
quiero y mando que toda la gente civil... y sus domésticos
y criados que no traigan librea de las que se usan, usen precisamente de capa
corta (que a lo menos les falta una cuarta para llegar al suelo) o de redingot o capingot y de peluquín o
de pelo propio y sombrero de tres picos, de forma que de ningún
modo vayan embozados ni oculten el rostro; y por lo que toca a los menestrales
y todos los demás del pueblo (que no puedan vestirse de militar), aunque usen
de la capa, sea precisamente con sombrero de tres picos o montera de las
permitidas al pueblo ínfimo y más pobre y mendigo, bajo de la pena por la
primera vez de seis ducados o doce días de cárcel, por la segunda doce ducados
o veinticuatro días de cárcel... aplicadas las penas pecuniarias por mitad a
los pobres de la cárcel y ministros que hicieren la aprehensión.
Por ela, ordenava que todos
usassem capas curtas e chapéus de tricórnio, para quem ninguém ficasse oculto,
ou pudesse esconder armas, e o que é pior estipulava multas.
Mexeu no bolço do povo, o povo
se revolta, além do que “ o movimento foi visto como a imposição de uma moda de
origem estrangeira”.
Capas
Seseña, tienda de capas en Madrid, em nossos dias.
A política econômica faz com que
os preços dos alimentos básicos sobem, e o preço pão, o elemento básico na
dieta, tinha disparado, cada dia era maior o seu preço, e aí não deu outra,
veio a fome.
E estourou o Motín de
Esquilache de março 1766.
“No Domingo de Ramos, 23 de
março, cerca de 4 horas da tarde, dois homens vestidos com as capas españolas e
o proibidos Chambergos, provocativamente cruzaram a pequena praça de Antón
Martín, centro de Madrid. Os soldados de plantão os parou para perguntar sobre
suas vestes. Insultos foram trocados e os soldados tentaram detê-los. Um dos
homens desembainhou uma espada e assobiou. Um grupo de pessoas apareceu e os
soldados fugiram. Os manifestantes rapidamente assumiram a Plaza de los
Inválidos onde os mosquetes e sabres foram armazenados. 2.000 manifestantes
marcharam na Calle de Atocha à Plaza Mayor, gritando: “¡Viva el Rey! ¡Viva España! ¡Muera
Esquilache! ”
T.L.:
“ Viva o Rei! Viva a Espanha!
Morte a Esquilache! ”
Um personagem misterioso, a
bordo de uma carruagem de duas mulas, na Plaza del Ángel, deu aos amotinados um
manifesto datado de 12 de março, dizendo:
“Vosotros seguid la liebre,
que ella se cansará”.
T.L.:
“ Vocês seguem a lebre, e ela
se cansará”.
O título do manifesto era:
“Estatutos del cuerpo erigido
por el amor español en defensa de la patria para quitar y sacudir la opresión
de los que intentaban violar sus domínios”.
T.L.:
“ Estatutos do corpo redigido
por amor aos espanhóis em defesa da pátria para remover a opressão daqueles que
tentam violar seus domínios. "
Os revoltosos com o Manifesto
marcharam para Puerta de Guadalajara onde encontraram, em sua carruagem, Don Luis
Antonio Fernández de Córdoba y Spínola, XI Duque de Medinaceli, X Duque de
Feria, IX Duque de Alcalá de los Gazules, XI Duque de Segorbe y XII Duque de
Cardona, Caballerizo mayor, o grande oficial responsável pelos estábulos do Rei
de Espanha, que se prontificou a entregar ao Rei o Manifesto e petições.
Voltou em companhia de Don Antonio
Ponce de León, XI Duque de Arcos, I Duque de Baños y VIII Duque de Aveiro, em
Portugal, Capitán General de los Reales Ejércitos, cavaleiro do Tosão de Ouro,
e juntos aconselharam aos amotinados a acabarem com o motim.
Os rebeldes ignoraram e
continuaram a marchar rumo a casa dos “italianos” e em “ chegando na casa de
Esquilache a invadiram, e depois assassinaram a facas um servidor que tentou
resistir a invasão”.
Depois rumaram e saquearam as
casas de:
1- Don
Pablo Jerónimo Grimaldi y Pallavicini, Marquês de Grimaldi, Grande de Espanha, cavaleiro
do Tosão de Ouro;
2- Don
Francisco Sabatini, um arquiteto italiano que passou a maior parte de sua
carreira em Espanha ao serviço da Casa Real.
“O dia terminou com a queima
de um retrato de Esquilache na Plaza Mayor”.
Na Segunda-feira os amotinados
tentaram invadir o Palacio Real onde estava Esquilache, mas a Guardia Valona,
um corpo de infantaria do exército real, cuja criação remonta ao tempo em que
os Países Baixos eram parte da monarquia dos Habsburgos, depois transformada em
Corpo da Guarda do Rei, não permitiu que eles entrassem.
Uma mulher morreu e os
amotinados se enfureceram.
Resumo: “ Aumentou as vítimas
entre os manifestantes, mas eles conseguiram capturar e matar dez dos guardas,
um no local, e outros que foram capturados em outras partes da cidade, cujos
corpos mutilados foram arrastados pelas ruas, sendo queimados dois deles”.
O Clero como sempre ascendia
uma vela a Deus e outra ao Diabo.
Um frade franciscano, Padre
Yecla o Padre Cuenca, sempre franciscanos nessas confusões, “chegou à área
fingindo acalmar; mas o que ele conseguiu foi a agir como mediador e receber
uma lista de exigências escritas no local por um outro em trajes clericais”, e
ele foi recebido pelo próprio Rei Carlos III.
Essas eram elas:
Que o ministro Esquilache e
família deixassem a Espanha.
Que só espanhóis poderiam ser
nomeados ministros.
Que a Guardia Valona fosse
dissolvida.
Que os preços de produtos
básicos fossem reduzidos.
Que as Juntas dos Abastos fossem
suprimidas.
Que as tropas voltassem aos
quarteis.
Que fosse revogada a proibição
do uso da capa longa e de chapéu de abas largas.
Que Sua Majestade em pessoa
falassem aos amotinados confirmado a aceitação de tais exigências.
Carlos III apareceu na sacada do Palácio Real,
saudou o populacho, confirmou que aceitava as demandas, e se retirou com sua
Guarda Valona para o interior de sua morada.
Seguindo um péssimo conselho
foi para o Palácio Real de Aranjuez, e Madrid caiu na bagunça.
Cerca de “30.000 pessoas,
incluindo homens, mulheres e crianças, cercaram a casa de Don Diego Rojas
Contreras, Bispo de Cartagena e presidente do Conselho de Castela, e fizeram
ameaças ao Soberano.
“Um emissário com uma carta
entregue pelos amotinados ao Bispo foi enviado para Aranjuez e do Bispo
permaneceu preso, e o Rei respondeu com uma carta em que dizia que ele
sinceramente prometeu cumprir com as exigências de seu povo, e pediu calma e
ordem”.
O povo acalmou
O Marquês de Esquilache e
Marquês de Vallesantoro, Don Leopoldo de Gregorio, foi demitido, mas recebeu a
chefia da Embaixada em Veneza, onde morreu posteriormente em 15 de setembro de
1785.
O Rei permaneceu Palácio Real
de Aranjuez, e com isso perdeu a credibilidade.
A revolta continuou insuflada
pelos Jesuítas, o Rei sempre teve uma política anticlerical desde Nápoles,
segundo as investigações - Pesquisa Secreta- de Don Pedro Pablo Abarca de Bolea,
Conde de Aranda, Presidente del Consejo de Castilla, Secretario de Estado de
España, e eles que eram um Estado dentro do Estado foram expulsos das Espanhas
e das Índias em 2 de abril de 1767.
Apesar de católico, Carlos III
“ reduziu das ordens religiosas, e a Inquisição Espanhola”.
Don Zenónnota de Somodevilla y
Bengoechea, Marquês de la Ensenada, por despeito, tinha sido homem forte antes
da chegada de Carlos III, teve ativa participação no Motim de Esquilache,
inclusive trabalhando para depor Carlos III, foi exilado por Ordem Real para Medina
del Campo, hoje comunidad autónoma de Castilla y León, en la provincia de Valladolid.
Com ele foram exilados Isidoro
Lopez (procurador-geral
da província de Castela da Companhia de Jesus) como inspirando o
motim, e como seus cúmplices, Abade Miguel Antonio de la Gandara Perez, Abate
de Gandara (seguidor
proeminente de Marqués de la Ensenada, foi preso em Pamplona, onde morreu em
1783), Lorenzo Hermoso de Mendoza (clérigo espanhol que foi preso na
cidadela Pamplona) e Luis José Zaccharia Velázquez de Angulo y
Cruzado, Marquês de Valdeflores, um protegido público do Marquês de la Ensenada,
e autor da carta que Don Diego Rojas Contreras, Bispo de Cartagena e presidente
do Conselho de Castela, enviou ao Rei, já citada acima, que depois de preso em
duas localidades, acabou exilado na propriedade de sua família em Málaga, onde
morreu em 7 de novembro de 1772, havia acabado de completar 50 anos.
Estabeleceu que os deputados
eleitos para os Conselhos fossem eleitos por sufrágio universal, um grande de
avanço político desse Déspota Esclarecido.
Os alimentos chegaram a mesa
dos espanhóis, e as Capas Largas (Capa española) e Chambergos deixaram de ser
moda, o Clero deu folga, e as coisas se acalmaram tanto que os espanhóis não
foram contagiados pelos primeiros movimentos da Revolução Francesa de 1789.
Prevaleceu a política de «Pan
y toros», dando total ênfase as Touradas, onde membros do povo e os aristocratas
se misturavam democraticamente e “ambos usando o mesmo estilo de roupas,
penteados, fazendo as mesmas poses arrogantes”
Diversión
de España, grabado de la serie Los toros de Burdeos, que Francisco de Goya
Carlos III fundou El Banco de
San Carlos em 2 de junho de 1782, e seu primeiro diretor foi o francês naturalizado
espanhol, Francisco Cabarrús, o pai de Teresa Cabarrús, (Juana María Ignacia
Teresa Cabarrús) também conhecida como Madame Tallien, apelidada Nossa Senhora
de Thermidor durante a Revolução francesa de 1789.
Criou a Lotaria Espanhola, que
virou uma mania nacional até os nossos dias.
Carlos III fez uma reforma agrária
e desenvolveu a agricultura, pois “defendeu a importância desta para o
bem-estar do Estado e dos cidadãos e a necessidade de uma distribuição mais
equitativa da terra. O projeto foi financiado pelo Estado. Novos assentamentos
foram criados ”.
Reorganizou o exército.
O comércio colonial foi
incentivado a formar empresas, o livre comércio de grãos foi estabelecido a
partir de 1765, e foi “durante o seu reinado nasceu o movimento para criar
"Sociedades Económicas" (uma forma inicial de Câmaras de Comércio) ”.
“Foi também responsável por
conceder o título de "Universidade Real" à Universidade de São Tomás
em Manila, a mais antiga no continente asiático”.
“Carlos também tentou reformar
a política colonial espanhola para que as colónias de Espanha se tornassem mais
competitivas em relação às plantações das Antilhas Francesas (principalmente em
relação à colónia francesa de Saint-Domingue) e ao Brasil de Portugal, para
isso criou tres Códigos Negros Españoles, ” o primeiro código foi escrito para
a cidade de Santo Domingo em 1768 e o segundo foi escrito para o território do
Luisiana, que tinha sido adquirido recentemente pelos espanhóis, em 1769. O
terceiro código, apelidado de Código Negro Carolino, em honra de Carlos,
dividiu a população negra escrava e livre de Santo Domingo em classes socioeconômicas
rigorosamente estratificadas”.
Incentivou a indústria do luxo
(Real Fábrica del Buen Retiro, Real Fábrica
de Cristales de La Granja, Real Fábrica de Platería Martínez), bem como de
bens de consumo gerias, tanto que “as zonas das Astúrias e da Catalunha foram
rapidamente industrializadas e tornaram-se grandes fontes de rendimento para a
economia espanhola”.
“ E o país prosperou”.
Realizou um ambicioso plano de
construção de obras públicas, tais como o Canal Imperial de Aragão e plano de autoestradas
originárias de Madrid com destino a Valência, Andaluzia, Catalunha e Galiza.
Construiu hospitais, o Arquivo
Geral das Índias de Sevilha, iluminou ruas pavimentadas com paralelepípedos,
com um bom sistema de drenagem, criou o Departamento de coleta de lixo, etc.
“Criou a Lotaria Espanhola e
introduziu os presépios de Natal, uma tradição napolitana, na cultura espanhola”.
Em Madrid, um ambicioso plano
de expansão, com largas avenidas, monumentos como a Cibeles, Neptuno, Puerta de
Alcalá, la fuente de la Alcachofa, etc.
Construiu o Jardim Botânico, “el
hospital de San Carlos, hoje Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía
(MNCARS), ou simplesmente Museo Reina Sofía, o Museu do Prado (originalmente planejado
para o Museu de História Natural) ”.
Tudo isso em Madrid, sua
capital, fez com que ele fosse cognominado o «el Mejor Alcalde de Madrid».
“Por decreto em 1783, o Rei
aprovou o trabalho manual para os Nobres. A partir desse momento, os nobres
podiam trabalhar, o que não podia fazer antes, e eles só poderiam viver a sua
riqueza”.
Foram concedidos novos Títulos
de Nobreza e foi crida a Ordem Militar de Carlos III.
Carlos
III com o hábito da Ordem de Carlos III.
Palácio
Real de Aranjuez.
“ Os camponeses que apreciaram
alguma estabilidade econômica”.
Os ciganos sempre foram um
problema, Carlos tentou fazer com que eles se integrassem a Sociedade Espanhola,
e “os casos em que um indivíduo se recusasse a cumprir as leis sobre
residência, idioma, artesanatos, roupas e assim por diante, na primeira vez seria
marcado com um ferro quente na parte de trás (que substitui a pena anterior:
morte ou cortar as orelhas), numa segunda vez seria condenado à morte, mas esta
lei não se aplicava as crianças com menos de dezesseis anos, que seriam separadas
de suas famílias e educadas pelas juntas ou conselhos de caridade”.
Ritratto
del monarca, quadro di Goya.
“Na sua vida privada, o Rei
Carlos era um chefe de família regular e moderado, educado e de bons modos, embora
fosse um tanto mordaz e tivesse uma opinião bastante cínica da humanidade”.
“Gostava muito de caça, como
todo bom Capeto de Bourbon”.
“Morreu a 14 de dezembro de
1788 no Palácio Real de Madrid, palácio foi muito alterado durante o seu
reinado”
Foi sepultado na Cripta Real
del Monasterio de El Escorial, Panteón de los Reyes, no Monasterio de San
Lorenzo de El Escorial.
Como
seu bisavô, Luis XIV, Carlos III comia em grande gala ante a sua Corte.
Por
Luis Paret y Alcázar, pintor espanhol.
1775.
Vou transcreve um texto que
ignoro a autoria:
Durante o reinado de Carlos, a
Espanha começou a ser reconhecida como uma nação única e não como uma série de
reinos e territórios com um soberano em comum. Os seus esforços resultaram na
criação de uma bandeira e de uma capital merecedora desse título, bem como da
construção de uma rede de estradas coerente que convergia em Madrid. A 3 de
setembro de 1770, Carlos III declarou que a Marcha Real (Marcha de Honor de 3 de septiembre de 1770, que acabou de facto hino
nacional, antes de ter sido legalmente declarado), deveria ser utilizada em
cerimónias oficiais. Foi Carlos quem escolheu as cores da atual Bandeira de
Espanha, o vermelho e o amarelo. O Rei apresentou a Bandeira a Marinha Militar
a 28 de maio de 1785. Até aí, as embarcações espanholas surgiam com a Bandeira
branca dos Bourbon e com o escudo do soberano. Esta foi substituída pela de
Carlos devido à sua preocupação com o facto de a bandeira anterior ser
demasiado parecida com as de outras nações.
O escudo utilizado por Carlos
enquanto Rei de Espanha fez parte da bandeira até 1931, ano em que o seu
descendente, o Rei Afonso XIII, foi deposto e foi proclamada a Segunda
República Espanhola (houve também uma breve interrupção entre 1873-5). Filipe
VI da Espanha, o atual monarca, é descendente direto pela linha masculina do
" Mejor Alcalde de Madrid»".
A Bandeira
de Espanha entre 1785 e 1931.
Enfim, Don
Carlos Sebastián de Borbón y Farnesio foi um grande soberano.
Continuemos.
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