Dona
Leopoldina & Dom Pedro I&IV
Minha intenção é mostrar que
nossa Independência se deve muito mais a senhora Dona Leopoldina, do que
propriamente ao senhor Dom Pedro I.
Nunca foi intenção desse “ Filho
da Casa de Bragança” desmembrar o Império transcontinental Luso-Afro-Brasileiro
do qual era Príncipe Herdeiro.
Segundo o Acadêmico e
Magnífico Reitor da Universidade do Brasil, Pedro Calmon Muniz Bittencourt, em
seu livro, O Rei do Brasil, vida de D. João VI, Livraria / Editora José
Olympio, 1935, pg. 277, o então Príncipe-Regente escreveu a seu pai e soberano Senhor
Dom João VI, o maior monarca que nos governou, o que segue:
“Eu
ainda me lembro e me lembrarei sempre do que V.M. me disse, antes de partir
dous dias, no seu quarto: se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me
hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”,
escrever-lhe-ia
o príncipe em 1822.
O sábio monarca português
tinha a certeza de que o Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves,
d'Aquém e d'Além-Mar em África, o Senhorio da Guiné e da Conquista, Navegação e
Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc..., sem o Brasil ficaria
enfraquecido nessa Nova Ordem Política Europeia pós a Ordem Napoleônica que
surgiu, que tomou forma, nas antessalas do Palácio de seu co-sogro, Francisco
I, o Imperador da Áustria, quando do Congresso de Viena.
Dom Pedro de Alcântara
Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José
Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, era um chucro, já que
foi criado “ao Deus dará”, sem nenhum tipo serio de tutor que lhe preparasse
para as obrigações de um Soberano.
Herdara de sua mãe, a
Infanta Espanhola, a Rainha Dona Carlota Joaquina, a sexualidade dos Bourbons,
conhecidos por sua volúpia, que o fazia passar horas ou na senzala ou em uma
Casa de Prazeres, casas essas que ficavam em uma travessa da atual Praça XV, no
Rio de Janeiro, na Corte, isso sem contar as aventuras com atrizes e outras
damas dadivosas.
Dedicava-se o Príncipe aos
cavalos, as touradas, a viola, a música, a dança, especialmente ao “lundum” - criada a partir dos batuques dos escravos
bantos trazidos de Angola e dos ritmos portugueses, e que era dançado “uma
certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, pelos
rebolados e por outros gestos que imitam o ato sexual- ou seja, a galhofa, a
deboche, a boa vida, era um filhinho de papai, um playboy, no início do século XIX.
O lundu praticado no século XVIII, em
gravura de Rugendas.
Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de
março de 1802 — Weilheim an der Teck, 29 de maio de 1858) foi um pintor alemão
que viajou por todo o Brasil durante o período de 1822 a 1825, pintando os
povos e costumes que encontrou. Rugendas era o nome que usava para assinar suas
obras. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte
do desenho.
Conta a lenda que o personagem masculino
que dança é o próprio senhor Dom Pedro.
Nunca teve nenhum interesse aos
Negócios de Estado, só começou na Hora H de um Golpe de Estado, pois foi aconselhado
por políticos, como Dom Marcos de Noronha e Brito, oitavo Conde dos Arcos, e pelos
próceres do O Grande Oriente do Brasil, a Maçonaria, tendo à frente o Grão-Mestre
José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, para que o
encabeçasse.
Vaidoso, intempestivo, sem
noção, certo que o alertar de que os Braganças poderiam perder os Reinos na
Europa, se Dom João VI não tomasse uma atitude para agradar, para demostrar boa
vontade, com as Cortes, que estão salientes, em Portugal, Dom Pedro, toma a
frente de uma “revolução constitucionalista”.
As Cortes, além de
promulgarem uma Constituição para o Reino queriam a volta do monarca, agora
como Rei Constitucional, para Lisboa.
Sua participação objetiva
ocorreu em 26 de fevereiro de 1821, ao obrigar a seu pai, o Senhor Dom João VI,
a entrar numa Carruagem de Estado, uma verdadeira caranguejola, ainda dos
tempos da monarquia em Lisboa, e ir para o Paço da Cidade (hoje Museu na Praça
XV) e da sacada jurar não só as Leis que vieram de Portugal, mas também que em
breve voltaria para Lisboa.
Na verdade, o Grande
Soberano tinha mesmo é que jurar uma Constituição, a Constituição Liberal Espanhola
de 1812, chamada de La Pepa, apelido
carinhoso de Josefa, já que ela foi
promulgada em Cádiz no dia 19 de março, dia de São Jose.
Por esse juramento o senhor
Dom João fazia que ela vigorasse no Brasil e se obrigava a Jurar a Constituição
que estava sendo confeccionada em Portugal pela Cortes reunidas em Lisboa,
assim que lá chegasse.
Jogado no fundo da caranguejola o
pobre Soberano, que não desejava partir do Brasil para Lisboa, suava, choramingava,
sofria, a gota o matava, mais passado o susto inicial, depois de muitas
delongas, o Rei do Brasil cede as “ forças terríveis”, que
estão em plena ação tanto nas Cortes de Lisboa, quanto no Rio de Janeiro, e acabou
anunciando sua partida para Portugal no dia 7 de março de 1821.
Trono do senhor Dom João VI, ainda no Museu de
São Cristóvão.
Senhor Dom João VI era
pragmático o que deveria confundir sobre maneira a ‘cabeça’ de seu Herdeiro,
que não puxou o jeito político “manhoso”, mas profundamente produtivo do pai, mas
sim o jeito atabalhoado e ambicioso da mãe, Doña Carlota Joaquina Teresa
Cayetana de Borbón y Borbón-Parma, Infanta de España, filha mais velha do Don Carlos
IV, Rei de Espanha e sua esposa, a Rainha Doña Maria Luisa, nascida di
Borbone-Parma, batizada como Luisa Maria Teresa Anna, filha de filha de Filipe
I, Infante de Espanha e Duque de Parma, Paciência e Guastalla, e de Luísa
Isabel de Bourbon, Fille de France, filha
mais velha do Rei Luís XV de França e da sua esposa, Maria Leszczyńska, e a
irmã gémea de Henriqueta Ana, essa solteira até morrer.
Retrato Equestre de D. Carlota Joaquina
Pintura de Domingos Sequeira
1817
Museu Imperial
O antigo Palácio Imperial de Verão
na cidade
de Petrópolis , Rio de Janeiro, Brasil.
A Rainha & Imperatriz
Dona Carlota Joaquina sofria de Hipersexualidade, isso é, o aumento repentino da
libido com a extrema necessidade de atividade sexual, ou como explicam alguns
cientistas, um “vício, um impulso ou compulsão sexual. Tanto faz o termo
utilizado, já que o significado é o mesmo: obsessão incontrolável por sexo”.
Essa “obsessão incontrolável
por sexo” foi herdada pelo seu filho Pedro de Alcântara, apesar da Rainha &
Imperatriz apreciar e confiar mais em seu outro filho, o senhor Dom Miguel
Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de
Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo de Bragança e
Bourbon, o futuro Rei de Portugal sob o nome de Dom Miguel I, entre 1828 e
1834, período no qual se deu a Guerra Civil Portuguesa de 1831-1834.
Dona Carlota teve vários amantes
(Fontes não comprovadas afirmam
que Carlota Joaquina teve relações com cerca de trezentos e oitenta homens
durante sua permanência no Brasil. Mas entre todos esses garanhões, apenas se
apaixonou duas vezes. Os dois adorados de Carlota foram Fernando Carneiro Leão,
o importante mulato presidente do Banco do Brasil, e o comendador Francisco de
Aragão Damásio, a quem Carlota se entregou de corpo e alma) em
Portugal como D. Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho, sexto Marquês de
Marialva e oitavo de Conde de Cantanhede, “acusado ser o pai de sangue do Rei
D. Miguel I de Portugal”, João dos Santos, um rapaz que trabalhava como
jardineiro no palácio da Quinta do Ramalho, que “seria o pai de D. Maria da
Assunção e de D. Ana de Jesus Maria”.
Alberto Augusto de Almeida
Pimentel, conhecido como Alberto Pimentel, nascido em Cedofeita, Porto,
Portugal 14 de abril de 1849 e falecido em Queluz, no ano de 1925, com 76 anos,
jornalista, escritor, romancista, político, folhetinista e tradutor, afirma em “A
Última Corte do Absolutismo”, Lisboa: Livraria Férin, 1893, que "...passa
como certo que dos nove filhos que D. Carlota Joaquina dera à luz, apenas os
primeiros quatro tiveram por pai D. João VI".
Ora, se levarmos em conta a afirmação
categórica de Alberto Pimentel são filhos de Dom João:
1- Dona Maria Teresa
de Bragança (1793-1874), casada em primeiras núpcias com D. Pedro Carlos de
Bourbon e Bragança, Infante de Portugal e de Espanha, e pela segunda vez com
Carlos de Bourbon, Conde de Molina, também Infante de Espanha e seu cunhado;
com descendência.
2- Dom Francisco
António Pio de Bragança (1795-1801), Príncipe da Beira; sem descendência.
3- Dona Maria Isabel
de Bragança (1797-1818), casou-se com Fernando VII de Espanha; uma filha
natimorta.
4- Dom Pedro I do
Brasil e IV de Portugal, Imperador do Brasil e Rei de Portugal (1798-1834),
casado em primeiras núpcias com Maria Leopoldina de Áustria e em segundas com
Amélia de Leuchtenberg; com descendência.
"Chácara Imperial Quinta do
Caju".
Ufff, Dom Pedro tá
nessa....mas temos
que ter em mente que “ o próprio
Dom João VI teria confirmado não ter tido relações sexuais com a sua esposa
durante mais de dois anos e meio antes do nascimento
de D. Miguel, tempo durante o qual ele e Dona Carlota terão
vivido em guerrilha conjugal, com
ela em permanente conspiração, e só se encontravam em raras ocasiões oficiais”,
situação que perdurou até o assassinato do Soberano em 10 de março de 1826, por
ter comido laranjas envenenados, com 58 anos.
É verdade que dizem que Dona Carlota, a
verdadeira cabeça do partido absolutista em Portugal, estava
envolvida no envenenamento do marido, pois sempre o detestou, e queria que Dom Miguel,
seu queridinho, reinasse e não o filho Pedro de Alcântara.
Mais, o sábio Dom João VI no caso do seu amado
Brasil, do seu querido Rio de Janeiro, de sua aprazível Quinta da Boa Vista, de
sua Casa de Banhos - "Chácara Imperial
Quinta do Caju"- no Bairro
do Caju, já tinha “tratado do seu futuro”, pois em 22 de abril de 1821, havia nomeado
seu querido filho Pedro como Príncipe Regente do Reino do Brasil.
Dom João, um sábio, Pela
Graça de Deus, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves, d'Aquém e
d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da
Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc..., era a única pessoa da família Real com quem
Dona Leopoldina tinha dialogo, e eu desconfio que o Velho Monarca confiava mais
na sua nora, uma Princesa da Casa de Habsburgo, uma Arquiduquesa da Áustria,
criada para ser útil à sua Monarquia – a monarquia paterna, a monarquia por
casamento, a monarquia de seus filhos – não podemos esquecer que sua irmã casou com o Imperador dos
Franceses, e ela viajou para os trópicos para casar com um Príncipe português no
Brasil por ordem do pai, Francisco I, e de seu ministro todo poderoso Klemens Wenzel, Príncipe de Metternich – para
solucionar os problemas políticos do que no próprio filho que ele sabia ser um intempestivo
mal educado.
E dito e feito.
Dona Maria Leopoldina ante um
problema imenso que era a recolonização do Brasil por Portugal, do retorno
humilhante dos Príncipes Herdeiros, tomou a decisão certa, e decretou em 2 de
setembro de 1922 a Independência do Brasil.
A Filha da Águia de
Habsburgo (Tochter des Adlers habsburgischen) depois comunicou ao Filho dos Braganças.
Alegoria das Virtudes do senhor Dom João
VI,
Pintura de Domingos Sequeira.
Domingos António de Sequeira
*Lisboa, 10 de março de 1768 — + Roma, 8 de março de 1837
Pintor português.
Embarcada a Família Real e os demais membros da Comitiva, no
dia 26 de abril, pela manhã, Sua Majestade o senhor Dom João VI, El-Rey de
Portugal, Brasil e Algarves, sobe na Nau – Capitania, batizada com o seu nome,
para ser transportado para Lisboa aos prantos.
Não consegue o Soberano parar de chorar em uma sentida
comoção.
Sabia Sua Majestade que ao subir a Nau-Capitania estava
encerrando o mais frutífero e belo Ciclo Histórico de seu Reinado que durou 13
anos, pois sabia que em Lisboa seria um “rei-fantoche” a mercê dos humores dos
novos donos do Poder.
Dom João e a Baia da Guanabara ao fundo.
Como Pedro Calmon escreveu:
“Não esperava da vida muito mais. As notícias da Europa eram
cada vez mais alarmantes. O liberalismo alastrava-se, havia rumores de
conspiração bonapartista em França, a Inglaterra hostilizava a Santa Aliança, a
Espanha incendiava-se”. Em “O Rei do Brasil”.
Os Príncipes Regentes, sua
Família, embarcam na famosa “Galeota”, que ainda pode ser usada e que está
guardada no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, para acompanhar a nau ‘Dom
João VI “até a barra da Baia da Guanabara”.
O coração da Princesa do
Reino Unido De Portugal, Brasil e Algarves, agora esposa do Príncipe Regente
estava em frangalhos partia seu único amigo e aliado na Família Real, seu
sogro, o Sua Majestade o Rei.
Em outras embarcações
acotovelavam-se nobres e plebeus, para acompanhar a Família Real que está de
volta a Portugal “até a barra da Baia da Guanabara”.
Debruçado na murada do
tombadilho estava El-Rey, em lagrimas, aos prantos, não querendo ir, mas o
senso de reponsabilidade Dinástica o obrigava a ir.
Vou citar mais uma vez a
Pedro Calmon:
“Da amurada, passeando
o olhar pelo perfil das montanhas, D. João se despedia - como da porção melhor
da sua existência – da cidade que o abrigará carinhosamente, dos seus festivos
panoramas que encontrará, há treze anos, tão vazios, e deixava tão marcados da
nova civilização, da riqueza que aí distribuirá”.
E continua: “Havia de suspirar ainda por cinco anos
pelas suas arvores idílicas do Rio e pela consoladora sensação de força que lhe
deram, debaixo daquele céo incomparável...”. Em O Rei do Brasil.
Ficava, pois os destinos do Brasil nas mãos do Príncipe Dom
Pedro de Alcântara, um jovem de 23 anos, mimado, indisciplinado, inculto, rude,
arrogante mulherengo, mas casado com uma grande mulher, e era nisso que o
Soberano retirante confiava, pois sabia que ela ia lutar pela Dinastia de
Bragança, pela herança de seus filhos, pelo Reino, pelo Brasil.
Pela Graça de Deus, Imperador do Brasil, e Rei do Reino Unido
de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e
da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
8º Príncipe da Beira e do Brasil, o 21º Duque de Bragança,
18º Duque de Guimarães, 16º Duque de Barcelos, 20º Marquês de Vila Viçosa, 24º
Conde de Arraiolos; 22º Conde de Ourém, de Barcelos, de Faria e de Neiva; Grão‑prior do Crato e Senhor da Casa do
Infantado; Grão-mestre das ordens de Cristo, de Avis, de São Tiago da Espada,
da Torre e Espada, de São João de Jerusalém, e Grão‑prior em Portugal; Grã-cruz das ordens
de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de Carlos III, de São Fernando,
de Isabel a Católica, do Espírito Santo, de São Luís, de São Miguel, da Legião
de Honra, de Leopoldo, de Santo Estêvão, da Coroa de Ferro, de Santo André, de
Santo Alexandre Nevsky, de Sant'Ana, do Elefante, do Leão Neerlandês, da Águia
Negra; Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro e da Ordem da Jarreteira.
Nós, brasileiros, deveríamos
dar a Dom João o título de “O Pai da Nacionalidade”, por tudo que ele fez por
nosso País.
De nossos três Imperadores
ele foi o que mais serviço prestou a causa brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário