quarta-feira, 8 de julho de 2015

OS TRATADOS ASSINADOS RELATIVOS AO INICIO DA ESPANHA DOS BORBÓNS.

OS TRATADOS ASSINADOS RELATIVOS AO INICIO DA ESPANHA DOS BORBÓNS.


                                           Batalha de Denain, de 24 de julho de 1712.
Batalha decisiva da Guerra da Sucessão Espanhola.
Vitória do exército francês comandado pelo Marechal de Villars,
O exército do Imperador Sacro pelo Príncipe Eugenio, de Savoia¸ general do Exército Imperial.
Denain, hoje no departamento de Nord, na Região Nord-Pas-de-Calais, França.


Guerra da Sucessão Espanhola, um conflito internacional que durou de 1701 até a assinatura do Tratado de Utrecht em 1713, motivado pela morte sem descendentes de Carlos II, Rei da Espanha.
Por testamento de 2 de outubro de 1700, Carlos II, Rei da Espanha legou a seu sobrinho-neto Felipe, Duque d’Anjou, neto de Luis XIV, esse filho de uma Infanta espanhola, Anna da Austria, e casado com outra Infanta espanhola, Doña María Teresa de Austria y Borbón, filha de Felipe IV e de Isabel de Bourbon (filha de Henrique IV de França), portanto uma meia-irmã do falecido Monarca espanhol, a Coroa das Espanhas e de “ todos os meus reinos e domínios, sem exceção de qualquer parte deles ".
Só que Leopoldo I, Imperador Sacro, por ser filho de outra Infanta espanhola, Doña María Ana de Austria, filha de Felipe III e de Margarita de Austria-Estiria, Reis das Espanhas e das Índias, e casado com outra Infanta e sua sobrinha, Doña Margarita María Teresa de Austria, essa filha de Filipe IV de Espanha e sua segunda esposa Mariana de Áustria e irmã do Rei Carlos II e meia-irmã da Rainha de França, acima citada, considerou que ele, também, era herdeiro e ponto final. “Joaquim Albareda, "a questão da sucessão legal foi complicada, já que ambas as famílias [Bourbons e Habsburgos] poderiam reivindicar direitos à Coroa espanhola. "
Joaquim Albareda e Salvado.
Historiador catalão,
Professor de História Moderna na
Universidade Pompeu Fabra de Barcelona.

Leopoldo não queria a União das duas Coroas e Luis XIV não queria um Habsburgo austríaco em suas fronteiras nos Montes Pireneus. 
Ambos os Soberanos sabiam que quem ficasse com a Coroas da Espanhas e com o seu Império Colonial ficaria poderosíssimo e aí... veio a guerra.
Luis XIV lutava por seu neto, Felipe, Duque d’Anjou, por ele aclamado Rei em Versalhes em 16 de novembro de 1700, como Felipe V, Rei de Espanha e das Índias.
Leopoldo I lutava por seu segundo filho o Arquiduque Carlos de Habsburgo, Karl von Habsburg, com a Imperatriz- Rainha Leonor Madalena do Palatinado-Neuburgo, filha mais velha do eleitor Filipe Guilherme do Palatinado, e de sua esposa, a Landgravina Isabel Amália de Hesse-Darmstadt.
Entre seus vários irmãos, estiveram Maria Sofia, consorte de Dom Pedro II, Rei de Portugal, e Maria Ana de Neuburgo, consorte de Carlos II, o falecido Soberano das Espanhas.
Carlos de Habsburgo foi aclamado Rei da Espanha em Viena a 12 de setembro de 1703, portanto 3 anos após Felipe de França.







 Cronograma básico:

Os beligerantes
Grande Aliança:
 Monarquia austríaca- Arquiducado da Áustria.
 Inglaterra (até 1707)
 Escócia (até 1707)
 Grã-Bretanha (a partir de 1707)
 Habsburgos da Espanha (Casa da Austria)
Parte das duas coroas:
Reino da França e de Navarra
Fieis a Monarquia espanhola que respeitavam a vontade do falecido Rei Carlos II.
 Bavaria (~ 1704)
 Mântua (~ 1708)
                                                                       Os comandantes e líderes
 Leopoldo I – Imperador Sacro- Habsburgo da Austria.
 Jose I Imperador Sacro - Habsburgo da Austria.
Arquiduque Carlos, depois Carlos VI, Imperador Sacro - Habsburgo da Austria.
Anne, Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda. Casa Stuart.
George I de Hanover, Rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, Arquitesoureiro e Príncipe-Eleitor do Sacro Império Romano-Germânico, Duque de Brunsvique-Luneburgo. Casa de Hanover
Vittorio Amedeo Francesco di Savoia, Duque de Savoia, o Marquês de Saluzzo e do Marquês de Montserrat, Príncipe de Piemonte e Conde d'Aosta, Moriana e de Nice, depois Rei da Sicilia, Casa Savoia.
Frederico I, Eleitor de Brandemburgo, Duque da Prússia em união pessoal de Brandemburgo-Prússia, Príncipe soberano do Principado de Neuchâtel, depois primeiro Rei da Prússia da Casa de Hohenzollern.
Príncipe Eugenio, de Savoia¸ general do Exército Imperial e estadista do Sacro Império Romano Império. Casa Savoia-Carignano-Soissons.
 John Churchill, KG, PC, Duque de Marlborough, Príncipe de Mindelheim, Príncipe de Mellenburg. Da Casa Churchill.
Louis de Baden, Margrave de Baden- Baden. Casa de Zähringen.
Henri de Massue, Marques de Ruvigny, Conde de Galway
Dom António Luís de Sousa, Marquês de Minas, Conde do Prado.
Henry, Conde de Nassau, Senhor do Overkirk
Guido Wald Rüdiger, Conde de Starhemberg
  Anthonie (ou Antonius) Heinsius, Grand Pensionary of Holland



Felipe V, Rei das Espanhas.
Philippe d'Orléans, Duque de Chartres, depois Duque de Orléans, Duque de Valois, Duque de Nemours e do Duque de Montpensier. Regente do Reino da França durante a menoridade de Luís XV, é comumente chamado o Regente.

Louis Joseph de Bourbon, Duque de Vendôme, dit le Grand Vendôme.
James Fitz- James, Duque de Berwick, Duque de Fitz-James, Duque de Liria e Jérica, cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro (filho ilegítimo do rei James II de Inglaterra por Arabella Churchill, irmã do Duque de Marlborough)
Claude-Louis-Hector de Villars, Duque de Villars, Marechal de França.
François de Neufville, Duque de Villeroy, Marechal de França.
Louis-François de Boufflers, Duque de Boufflers, Marechal de França, Membro da Academia Francesa.
 Camille d'Hostun de La Baume, Duque de Hostun, Conde de Tallard, Barão de Arlan, Senhor da Terra de Eymeu, e Senhor dos Ducado de Lesdiguières e Marechal de França.
René III de Froulay, Conde de Tessé, Marechal de França e General das galeras da França.
 Ferdinand de Marsin, Conde de Marsin, Marquês de Clermont de Entraygues, Conde de Graville, senhor de Modave de Vieux Valeffe,
Marechal da França.
Alexandre Maître, Bay, Senhor do Laer, perto Tienen.
 Francisco del Castillo Fajardo y Muñoz, Marquês de Villadarias, Capitán General de los Reales Ejércitos, gobernador, Maestre de Infantería, etc
 Maximilian II Emanuel, Eleitor de Baviera, da Casa de Wittelsbach.
Ferdinando Carlo di Gonzaga-Nevers, Duque de Mantua e Monferrato, de Guastalla, de Carlovilla (Charleville, hoje no o departamento de Marne, na região de Champagne-Ardenne, França), Príncipe d'Arches.
Joseph Clemens da Baviera, Arcebispo-eleitor de Colônia, etc., da Casa de Wittelsbach.
  
a. Grã-Bretanha a partir de maio 1707, anteriormente os Reinos da Inglaterra e Escócia


Não houve vencedores propriamente ditos nesta guerra: através de um sistema de compensações chegou-se a um acordo entre os beligerantes que preservou o sistema europeu com base no equilíbrio de Poder.


São chamados Tratados de Utrecht, assinados na cidade de Utrecht, nos Países Baixos, que puseram fim à Guerra da Sucessão Espanhola, pelos seguintes beligerantes:
Luís XIV, Rei de França e de Navarra.
Filipe V, Rei de Espanha e das Índias.
Anne, Rainha da Grã-Bretanha, representada por John Robinson, Lord do Selo Privado, Bispo de Londres e de Bristol, Deão da Capela Real e de Windsor, e Thomas Wentworth, Conde de Strafford, Visconde de Wentworth Wentworth-Woodhouse e de Stainborough, Barão Raby, e Primeiro Lord do Almirantado, cavaleiro da Ordem da Jarreteira.
Dom João V, Rei de Portugal e Algarves representado por Dom Luís da Cunha, Comendador da Ordem de Cristo, arcediago da Sé de Évora, desembargador do Paço, enviado extraordinário de Portugal às Cortes de Londres, Madrid e Paris, membro da Real Academia de História.
Representantes de Victor Amadeus II, Duque de Savoia.
Os representantes da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos.
O Imperador Charles VI recusou-se a enviar um representante de início, mas depois enviou o jurista suíço, Johann Jacob Vitriarius.

O resultado:
Os termos de Testamento de Carlos II, Rei de Espanha e das Índias, foi aceito e Felipe V confirmado no Trono, mas teve que renunciar a qualquer direito a sucessão do Trono de França e da Navarra francesa. Outros príncipes franceses renunciaram a sucessão do Trono de Espanha, são eles Carlos, Duque de Berry, irmão do novo Soberano espanhol, e Filipe Charles d'Orleans, o futuro Regente.
Os Habsburgos austríacos renunciam a qualquer direito a Coroa de Espanha e seu Império Colonial.
Os domínios da Coroa de Espanha na Europa são repartidos:
Carlos VI, Sacro Imperador e Arquiduque da Austria, o Holanda espanhola, o Reino de Nápoles, Sardenha, e a maior parte do Ducado de Milão
O Duque de Savoia recebeu a recebeu Sicília e partes do Ducado de Milão
A Grã-Bretanha recebeu Gibraltar, Minorca, em asiento (tratado comercial ou contrato através do qual um país ou grupo de comerciantes recebia da coroa espanhola uma rota comercial ou o monopólio de comércio de um produto), ou seja, o monopólio do valiosíssimo comércio de escravos africanos.
A França da Nouvelle France, na América do Norte, cedeu à Grã-Bretanha suas pretensões a ilha da Terra Nova, no Canadá, a Companhia da Baía de Hudson ( Hudson's Bay Company, Compagnie de la Baie d'Hudson) e suas instalações na Terra de Rupert, no Canadá,  que comercializava com peles, e que distribuía produtos essências para os colonos ( fundada em 2 de maio de 1670 ela ainda existe) a Acadia, incluía partes do leste de Quebec, as Províncias marítimas do Canadá e onde hoje é o estado de Maine até o rio Kennebec, nos Estados Unidos, a Nova Escócia (em latim e em inglês: Nova Scotia; em francês: Nouvelle-Écosse), no leste canadense, à beira do Oceano Atlântico.  
O Rei de Portugal teve sua soberania reconhecida desde o Rio Oiapoque, hoje no Amapá, até a Colônia do Sacramento, hoje capital do departamento de Colonia, no sudoeste do Uruguai, as margens do Rio da Prata.
Na década de cinquenta e começo de sessenta do século XX, na Rádio Continental do Rio de Janeiro o locutor esportivo Waldir Amaral dizia antes dos jogos de futebol que a cadeia da emissora ia do Oiapoque ao Chuí, em referência ao “O Arroio Chuí é um pequeno curso d'água localizado na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, sendo conhecido por ser o ponto extremo sul do Brasil”, se fosse naquela época poderia afirmar que:
No Brasil, do Oiapoque ao Prata ...
Uma leve brincadeirinha, mas continuemos.

Outros Tratados comercias foram assinados.
Contudo, após a assinatura dos Tratados de Utrecht, o Sacro Império continuou sua guerra contra França, a Espanha contra o Sacro Império, Portugal contra a Espanha, pois como sabemos eles tratavam assuntos de família, afinal eram todos parentes, com as baionetas de seus exércitos.
O Tratado de Radstadt de 6 de março de 1714, ainda no escopo da Guerra da Sucessão Espanhola, foi assinado entre a França e o Arquiducado da Áustria, apos negociações efetuadas desde 1713 entre o Príncipe Eugênio de Savoia para a Áustria e o Duque de Villars para a França, ambos qualificados acima. Por ele ficou estabelecido, entre outros detalhes:
1-      Pertenciam de facto o Arquiducado da Áustria o sul da Holanda e os territórios espanhóis na Itália ou seja Nápoles, Milão, Mântua e Sardenha.
2-      Imperador Carlos VI manteve o título de Rei de Espanha e o direito de seus sucessores ocuparem o Trono de Espanha e das índias, essa clausula na realidade não tinha valor nenhum, pois o Poder na Espanha estava de facto nas mãos de Filipe V, Rei de Espanha.
3-      A França manteve a Alsácia, mas teve quedar a margem direita do Reno, (Breisgau) para a Áustria.
4-      Príncipes Eleitores de Baviera e Colónia foram reinstalados em seus territórios e possessões.

Os itens 1 e 2 serviram de pretexto para a continuação da guerra entre o Imperador e o Rei de Espanha.

O Tratado de Baden de 7 de setembro de 1714, assinado em Baden, Suíça e complementou o Tratado de Utrecht (1713) e o Tratado de Radstadt, hoje Baden-Württemberg, Alemanha, (6 de março de 1714).
Com Portugal a Espanha selou a Paz pela assinatura do Tratado de Paz com a Espanha (2° Tratado de Utrecht, 6 de fevereiro de 1715).

Agora, a coisa ficou feia.

E foi assinado o Tratado de Haia de 1720...


Continua.

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