quinta-feira, 9 de julho de 2015

Guerra da Quádrupla Aliança e o Tratado de Haia de 1720.


Battaglia di Capo Passero
1767 por Richard Paton
Pintor inglês de marinhas
National Maritime Museum, Greenwich, London,
Greenwich Hospital Collection

Guerra da Quádrupla Aliança
No Tratado de Radstadt de 6 de março de 1714, ficou estabelecido, entre outros detalhes:
1-      Pertenciam de facto ao Arquiducado da Áustria o sul da Holanda e os territórios espanhóis na Itália ou seja Nápoles, Milão, Mântua e Sardenha.
2-      Imperador Carlos VI manteve o título de Rei de Espanha e o direito de seus sucessores ocuparem o Trono de Espanha e das índias, essa clausula na realidade não tinha valor nenhum, pois o Poder na Espanha estava de facto nas mãos de Filipe V, Rei de Espanha.
Os itens 1 e 2 serviram de pretexto para a continuação da guerra entre o Imperador e o Rei de Espanha.
Carlos VI não se posicionou como Roi titulaire d'Espagne (Rei titular de Espanha), nem como
Gegenkönig von Spanien (anti-Rei de Espanha), mas, sim como Rei de facto e de direito de Espanha e Índias, o que era uma idiossincrasia.
Falam que Isabel Farnese, Rainha consorte de Espanha, foi a motivadora da Guerra contra o Imperador Sacro, mais precisamente contra o Arquiducado da Austria, pela recuperação dos domínios espanhóis na Península Italiana que estavam em poder de Carlos VI, e eu discordo.   
Isabel Farnese era uma mulher ambiciosíssima, mas Carlos de Habsburgo, Arquiduque da Austria e Imperador do Sacro Império Romano Germânico, também, era.
A prova provada está nos clausulados do Tratado de Radstadt de 6 de março de 1714 destacados acima.
Portanto, Carlos VI, para obter tudo que era do marido da Princesa Farnese, e mais os territórios da família dela, docemente constrangido foi a guerra, o que prova que ele, também, pode ser qualificado como motivador da guerra.
Isso posto, continuemos.
Imperadores do Sacro Império Romano-Germânico da Dinastia Habsburgo partindo de Carlos V no Império, que, também, foi Carlos I nas Espanhas e Índia:
Carlos V, Fernando I, Maximiliano II, Rodolfo II, Matias Fernando II, Fernando III, Leopoldo I, José I e Carlos VI.
Carlos V & I era senhor do Império Espanhol em redor do planeta, um Império onde o Sol nunca se punha, e Carlos VI ambicionava esse Império.
Carlos V & I foi “Sacra Cesárea Católica Real Majestade, o Sacro Imperador Romano-Germânico & Rei da Espanha”, e Carlos VI, também, queria ser.
Carlos V & I foi “Rei de Castela e Leão, Rei de Aragão, Valência, Maiorca, Conde de Barcelona”, e Carlos VI, também, queria ser.
Carlos V & I foi “ Rei de Nápoles, Sicília e Sardenha”, e Carlos VI, também, queria ser.
Isso sem falar que Carlos VI podia adotar um Título como de “Imperador de todo Ocidente”, afinal a ideia dessa Titularidade já tinha sido aventada por Dom Luís da Cunha, comendador da Ordem de Cristo, ministro plenipotenciário no Congresso de Utrecht, que “defendeu a ideia da transferência da capital da monarquia portuguesa da metrópole para o Brasil, e ao estabelecer-se no "imenso continente do Brasil", o Rei de Portugal deveria tomar o título de ‘Imperador do Ocidente’”. Fonte: D. Luís da Cunha, Instruções Políticas, 1736, Lisboa, Edição Abílio Diniz Silva, 2001.
Queria ter tanto Poder quando seu avoengo, o quinto do mesmo nome. 
Enquanto Isabel Farnese só queria o Ducado de Parma e Piacenza, bem como o Grão-ducado da Toscana, domínios pequenos em relação a Espanha e seu vastíssimo Império Transcontinental.


Quadro de Felipe V no Almudín Játiva, na província de Valência, comunidade autónoma da Comunidade Valenciana expostos de cabeça para baixo, como punição por ter ordenado o incêndio da cidade em 1707.
Nota: Almudín é um edifício de planta trapezoidais (Em forma de trapézio; que tem quatro lados, dos quais dois iguais entre si) com fachadas iguais para duas ruas, com um pátio retangular e uma galeria em sua volta.

Agora, apesar de lelé da kuka, Felipe V, que havia renunciado por si e seus herdeiros o Trono da França, sonhava reinar do Palácio de Versalhes com toda pompa e circunstancias sobre toda França, sobre a Nouvelle France, sobre as Antilhas, sobre toda a Espanha, sobre de Nápoles, Sicília e Sardenha, sobre Parma e Piacenza, sobre a bela Toscana, sobre o vastíssimo Império Transcontinental espanhol, etc. e tal.
Giulio Alberoni, um ambicioso italiano de Parma, mas a serviço da Espanha, Cardeal-presbítero de São Lourenço em Lucina, Bispo de Málaga, Grande de Espanha, como Conselheiro de Felipe V o insuflava a adotar uma política anti- Habsburgo da Austria, na tentativa de restaurar o poderio espanhol no Mediterrâneo Ocidental, na recuperação das antigas possessões espanholas na Itália e na limitação de Carlos VI.
Essa ideia se materializou na conquista da Sardenha e grande parte da Sicília.
Tentou reeditar a Invencível Armada, mas não consegui conquistar nem o Rochedo de Gibraltar a Inglaterra.
Despertou a ira da Grã-Bretanha e Sua Majestade Britânica resolveu dar cabo da Real Armada Espanhola, sem declaração formal de guerra, e isso se deu na Batalha do Cabo Passero (La battaglia di Capo Passero), na Sicilia, em 11 de agosto de 1718.
O resultado é que a Marinha de Sua Majestade Britânica reduziu a metade a Marinha Real de Su Majestad Católica.


Retrato de Giulio Alberoni

Enquanto o Cardeal Giulio Alberoni dava vazão a sua política, um tratado foi assinado em Londres, em 02 de agosto de 1718, pelos representantes de George I da Grã-Bretanha, de Luís XV de França, dos Estados Gerais dos Países Baixos e de Carlos VI do Sacro Império Romano, com o objetivo de unir-se contra a política beligerante da Monarquia Espanhola , que se recusou a cumprir as resoluções do Tratado de Utrecht de 1713 sobre as antigas possessões espanholas na Itália e nos Países Baixos.
Esse acordo ficou historicamente conhecido como a Quádrupla Aliança de 1718.
Gostaria de relatar que foi clausulado a Defesa mútua dos domínios de todos os signatários.
Gostaria de relatar que foi clausulado que outros países poderiam entrar na aliança, se todos os Estados signatários que eles concordaram por unanimidade.
E mais, etc., etc., e etc..
E a luta começou...

Carlos VI


Informações gerais da Guerra da Quádrupla Aliança:
Duração: 1718 - 1720
Lugares dos confrontos: Itália, Norte, Caribe, Mediterrâneo
Resultado: Vitória da Quádrupla Aliança e o Tratado de Haia
 Os beligerantes e seus comandantes:
Quádrupla Aliança:
Arquiducado da Austria, com o Sacro Império Romano Germânico: Conde Claude Florimond Mercy, Marechal de Campo do Sacro Império Romano.
Reino Unido da Grã-Bretanha: Almirante da frota George Byng, Visconde Torrington, Primeiro Lorde do Almirantado, Par da Grã-Bretanha, cavaleiro da A Mais Honorável Ordem Militar do Banho, também conhecida como Ordem de Bath.
Reino da França: Jacques Fitz-James, Duque de Berwick, Duque de Fitz-James, Duque de Liria e Jérica, Marechal de França, cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro na Espanha.
Províncias Unidas:
Ducado do Savoia: Vittorio Amedeo II Francesco di Savoia, detto la Volpe Savoiarda ( dito o raposa savoiarda), Duque de Savpia , o Marquês de Saluzzo e do Marquês de Monferrato , Príncipe de Piemonte e Conde d'Aosta , Moriana e de Nice, Rei da Sicília a partir de 1713 até 1720 , quando se tornou Rei da Sardenha de 1720 até 1730 .
Reino de Espanha:
Jean François de Bette, Marquês de Lede, Grande de Espanha, cavaleiro do Tosão de Ouro, comandante da Ordem de Santiago, vice-rei da Sardenha e da Sicília, capitão geral das Baleares, Conselheiro de Estado de Luís I, Rei de Espanha.
José Carrillo de Albornoz y Montiel, Duque de Montemar, Grande de Espanha, cavaleiro do Tosão de Ouro, cavaleiro da Ordem de Santiago, vice-rei da Sicília
James Fitz -James Butler, Duque de Ormonde, Conde de Ormond, conde de Ossory, Barão Butler, KG, KT.
Don José Antonio de Gaztañetae Iturribalzaga, vice-almirante da Armada Espanhola
Perdas:
Quádrupla Aliança:
11.250 austríacos
6.000 ingleses
3.000 franceses
2.250 sardos
1.500 holandês
Reino de Espanha
Entre mortos e feridos:
4. 350
Depois da Guerra veem a Paz.
Uma paz que nem sempre é do agrado de todos.
Pelo Tratado de Haia de 17 de fevereiro de 1720, obviamente assinado em cidade de Haia, que terminou a Guerra da Quádrupla Aliança, ficou estipulado que:
Felipe V tinha que ordenar a retirada das tropas espanholas da Sardenha e Sicília (a Espanha havia desembarcado 8.000 homens em armas na Itália) num prazo máximo de dois meses.
Foi clausulado:
Uma nova renúncia de Felipe V a qualquer direito sobre a Coroa de França.
Uma nova renúncia de Felipe V a qualquer direito sobre a antiga Holanda espanhola.
A troca entre Víctor Amadeo II de Savoia, então Rei da Sicilia, e Carlos VI, senhor do Reino da Sardenha, dessas Coroas, ou seja, a Casa Savoia ficava com a Sardenha, e os Habsburgos com a Sicilia.
Que Felipe V concordaria com a troca.
Sobre a sucessão do Grão-Ducado da Toscana e do Ducado de Parma e Piacenza que se não houvesse nenhum herdeiro do sexo masculino nas famílias reinantes, os herdeiros machos de Isabel Farnese, Rainha de Espanha, mas nascida Princesa de Parma, filha de Eduardo Farnese (Odoardo Farnese, principe ereditario di Parma), Príncipe Herdeiro de Parma, e da Princesa Doroteia Sofia, Condessa palatina de Neoburgo, portanto uma neta de Ranuccio II Farnese, Duque de Parma e Piacenza e Castro, e Isabel d' Este, assumiriam esses Tronos.
Que nenhum destes territórios acima citados poderia ser em qualquer momento de propriedade do Rei da Espanha. 
Que Carlos VI renunciava a qualquer pretensão a Coroa de Espanha e seus domínios, por si e seus herdeiros.

Vista de La Haya.

Tantas boas intenções só no papel, porque no real a beligerância continuou ativa.
Continua.


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