quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Sua Majestade Imperial Dona Leopoldina, Imperatriz do Brasil

 



 

Desembarque da arquiduquesa Leopoldina no Rio de Janeiro em 5 de novembro de 1817 por Debret.

 

O Conceito de Dinástico  se aplica “a sequência de indivíduos de uma mesma família que ocupam determinada função, cargo ou posto de poder, hereditários”.

Comumente é aplicado as famílias imperiais, reais, ducais, principescas, condais, baronias, ou fidalgas, sempre dependendo do título de seus governantes ou condição de nobreza,  cujos membros se sucedem no poder, criando assim uma Dinastia.

Casa de Habsburgo, Haus Habsburg em alemão, também conhecida por Casa da Áustria ou Casa d'Áustria (em alemão: Haus Österreich), é uma Dinastia das mais importantes e influentes da história da Europa do século XIII ao século XX, cujos membros governaram vários estados e territórios.

E foi nessa Dinastia elevada a realeza em 1273, sendo  denominada a "família imperial" do Sacro Império Romano-Germânico, que nasceu a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda, em alemão: Caroline Josepha Leopoldine Fernanda Francisca, a nossa Imperatriz Leopoldina.

Francisco II & I, da Dinastia  de Habsburgo,  pai de Dona Leopoldina para salvar sua Casa Imperial cedeu ao ultimato de Napoleão Bonaparte e abdicou ao Título milenar de Imperador do Sacro Império Romano-Germanico assumido o de Imperador da Austria em 10 de agosto de 1806, e mais, se viu obrigado a concordar com o casamento de sua filha mais velha arquiduquesa Maria Ludovica Leopoldina Franziska Therese Josepha Lucia, Maria Luísa de Áustria, com o general-imperador Napoleão, a tornando assim “ a segunda esposa de Napoleão e, como tal, Imperatriz dos Franceses e Rainha da Itália desde seu casamento em 1º de abril de 1810 até sua abdicação em 6 de abril de 1814”.

O sogro de Dona Leopoldina, o senhor Dom João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael, futuro Dom João VI, ainda Principe-Regente em nome de sua mãe, a rainha Dona Maria I, com seu extraordinário Senso Dinástico , para salvaguardar sua Casa Real, resolveu  “passar com a rainha minha senhora e mãe, e com toda a real família, para os estados da América, e estabelecer-me na Cidade do Rio de Janeiro até à paz geral”.

Dona Leopoldina com seu senso dinástico natural , de nascença, e com o exemplo de seu sogro, tomou o sagrado compromisso de fidelidade ao Brasil.

Foi para o Brasil que ela veio.

Foi no Brasil que ela casou.

Foi no Brasil que ela teve filhos.

Foi ao “ som do mar e da luz do céu profundo, de nossos bosques[ que]  têm mais vida, sob  o Sol do Novo Mundo” , que a senhora Dona Leopoldina, uma arquiduquesa da Áustria, se apaixonou pelo Brasil.

O escritor Paulo Marcelo Rezzutti, nascido em 1972, na cidade de São Paulo, escreveu um livro cujo título é notável  “ D. Leopoldina, a história não contada. A mulher que arquitetou a Independência do Brasil “, de 2017, pois é isso mesmo, a austro -brasileira Leopoldina é que por amor ao Brasil decretou como Princesa Real do Reino Unido e Regente a Independência do nosso Brasil, Decreto de 13 de agosto de 1822.

Dona Leopoldina sobre o Dia do Fico- um evento que Dom Pedro se tornou protagonista - no dia 8 de janeiro de 1822, escreveu uma carta a seu compatriota dizendo que: “O príncipe está decidido, mas não tanto quanto eu desejaria. […] Muito me tem custado alcançar isto tudo – só desejaria insuflar uma decisão mais firme”.

Dom Pedro era português, Dom Pedro era herdeiro da Coroa Portuguesa e do Império Transcontinental Português, e como seu pai queria manter a sua Dinastia no Poder desse Estado Europeu e em suas colônias espalhadas pelo mundo, e isso é incontestável, tanto que acabou se tornando Dom Pedro IV de    10 de março de 1826 a 2 de maio de 1826, e quando pode, com a desculpa de defender os direitos de sua filha, Dona Maria II, ao Trono embarcou para a Europa de ‘mala e cuia’.

Dona Leopoldina não morreu aqui e está sepultada no Brasil.

SE fosse Dom Pedro que estivesse no Governo certamente não haveria o rechaço total aos Decretos das Cortes em Lisboa, certamente ele ia ‘comer o mingua pelas beiradas” apesar do clima belicoso instalado na cidade do Rio de Janeiro entre o partido brasileiro e o partido português.

Todavia com Dona Leopoldina a ‘coisa’ era diferente.

E “ em 2 de setembro de 1822 Dona Leopoldina presidindo o Conselho de Estado e por unanimidade de seus membros optaram pela separação do Brasil e que essa decisão fosse levada imediatamente a Dom Pedro em viagem para a cidade de São Paulo”.

Nada de volta da família do Principe para Portugal.

Nada de restabelecimento do malfado “ Pacto Colonial” no Brasil.

Nada de humilhação para o seu marido, para ela e sues filhos, pois Dom João Vi sofria humilhação sobre humilhação das Cortes  e acabou assassinado.

Era o Brasil para os brasileiros e Dom Pedro como seu Monarca.

Escreveu essa notável mulher para seu marido:

“O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca”.

“ Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação.”

“O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece.”

Mas, o que era esse Conselho?

O Conselho dos Procuradores das Províncias, também denominado Conselho de Estado, foi criado por D. Pedro I por decreto de 16 de fevereiro de 1822 tendo como objetivo "criar um centro de união e força que impedisse o desmembramento do país, mantendo a sua unidade política, na iminência de fracionar-se em virtude do estabelecimento de juntas governativas provisórias, independentes entre si e subordinadas ao governo de Lisboa."

Portanto sua “função era de aconselhar o Principe Real Regente nos negócios mais importantes e difíceis

examinar os projetos de reforma administrativa que lhe fossem enviados, propor medidas e planos que parecessem mais urgentes e vantajosos para o bem-estar do Reino Unido do Brasil advogar e zelar cada um de seus membros pelas utilidades de suas respectivas províncias”.

Seus membros foram por localidades que para mim são os “Patriarcas da Independência” junto com José Bonifacio de Andrade e Silva  :

1.   Minas Gerais: José de Oliveira Pinto Botelho Mosqueira,  Estêvão Ribeiro de Resende(  primeiro barão com grandeza, conde e marquês de Valença), Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt Aguiar e Sá ( senador do Império do Brasil de 1827 a 1835);

2.   Espírito Santo: José Vieira de Matos;

3.   Santa Catarina: Joaquim Xavier Curado( Conde de São João Das Duas Barras);

4.   São Paulo: Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira, Manuel Martins do Couto Reis;

5.   Rio Grande do Sul: Antônio Vieira da Soledade

( sacerdote católico e Senador do Império do Brasil, cargo vitalício);

6.   Paraíba: Manuel Clemente Cavalcanti de Albuquerque;

7.   Goiás: Manuel Rodrigues Jardim.

O Conselho foi “extinto por lei de 20 de outubro de 1823, sendo sua representatividade nacional das províncias com a Constituição de 1824 pelos deputados”.

E assim se faz justiça a senhora Dona Leopoldina  cujos Títulos e estilos foram:

1.   De 2 de janeiro de 1797 – 6 de novembro de 1817: Sua Alteza Imperial e Real, a Arquiduquesa Leopoldina da Áustria, Princesa da Hungria, Croácia e Boêmia

2.   De 6 de novembro de 1817 – 12 de outubro de 1822: Sua Alteza Real, a Princesa Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves

3.   De 12 de outubro de 1822 – 11 de dezembro de 1826: Sua Majestade Imperial, a Imperatriz do Brasil

4.   De10 de março de 1826 – 28 de maio de 1826: Sua Majestade Fidelíssima, a Rainha de Portugal e Algarves

 E tenho dito.

Jorge Eduardo Garcia

 

                                                                            Por Debret