segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

31- CONVERSA- Guerras, Roma, Germânia, Gália, e as Elites Dirigentes.



Guerras, Roma, Germânia, Gália, e as Elites Dirigentes


Gostaria de citar um breve estudo da Historia para alunos brasileiros sobre a Germania, aquém “Tácito observou que não a via como uma área geográfica, mas como uma espécie de convés de um navio, carregado de tribos bárbaras que ora desembarcavam atacando um ou outro porto, numa ou noutra direção”.
Impressões sobre os germanos:
Pelo que se sabe, quem foi o primeiro que registrou observações sobre eles, ainda que muito escassas, foi Júlio César (Commentarii de bello gallico, livro VI, 50 a.C.), comparando muito dos costumes deles aos dos gauleses. César louvou-lhes a castidade e o ardor guerreiro. Notou que eles não tinham grande empenho na lavoura, nem demonstravam interesse em acumular ouro ou qualquer tipo de luxo. Eram inóspitos. Não faziam questão de vizinhança, inclinando-se mais para a solidão tribal, e para viverem isolados em cabanas. Como caça favorita tinham o alce e a rena. Ao contrário dos celtas, seus próximos, os germanos não tinham druidas e nada que fosse equivalente a uma casta sacerdotal. Os seus chefes eram escolhidos pelo vigor de combatente e por sua capacidade de liderança no campo de batalha. Era um povo de guerreiros, que tinham feito das lutas um modo de vida. A espada era a charrua do germano!
O fascínio que estas virtudes despertaram em certos intelectuais romanos fica evidente nesta passagem de Sêneca: "Existe", perguntou ele "povo mais fogoso do que os germanos, mais ardente no ataque, mais apaixonado pelos combates, no meio dos quais eles vivem e crescem, dos quais fazem sua única ocupação, indiferentes a todas as outras...Um pouco de disciplina bastaria a estes homens, que ignoram os requintes, o luxo, o dinheiro. Tornar-se-iam grandes conquistadores como foram os Romanos antigos."(Sêneca, De Ira, I).
A Germânia de Tácito
Apesar de Plínio, o Antigo (23-79), os ter mencionado, somente com Cornélio Tácito (55-120), em sua obra " Cornelli Taciti De Situ ac Poluis Germanize", ou simplesmente "Germania", escrita no ano de 98, é que houve um levantamento bem mais detalhado dos costumes e da vida geral dos germanos. Observou o historiador romano que eles dividiam-se, como os celtas, em inúmeras tribos (alamanos, suevos, teutos, godos, vândalos, marcomanos, cherusci, etc..), espalhadas pelas matas e pelas clareiras do país, formando a Germania Libera ou Magna.
. A falta de uma maior informação sobre elas, levou a que empregassem várias denominações diferentes para designá-la. Uns chamavam-na de Germania (de Wehr-mann: Ger-Mann = guerreiro), outros de Alemanha (de Alamanos, ou alle -Männen), ou ainda de Teutônia (de teutos, derivado do deustch). Enfatizou Tácito que os germanos não tinham o hábito de miscigenar-se com outros povos, nem construíam cidades. Vivendo isolados numa floresta, num clima geralmente frio, de céu quase sempre nublado, que os deixava de péssimo humor, ninguém abandonaria a Ásia, a África, ou a Itália, disse Tácito, para ir viver em meio a eles. Pois, segundo suas próprias palavras "informem terris, asperam caelo, tristem cultu aspectuque".
Os tipos físicos e a importância das mulheres:
Os germanos eram os únicos povos bárbaros que praticavam a monogamia (com exceção de alguns nobres e chefes famosos).
Altos, de cabelos e barbas avermelhadas ou loiras, e de olhos ferozes, sempre azuis (truces et caerulei oculi), guerreiros temíveis.
As mulheres tinham grande ascendência nos destinos da comunidade, por isso, talvez, pudéssemos considerar a enorme importância que as feiticeiras (Hexe). Elas seriam um tipo de versão feminina dos druidas, lidando, como os sacerdotes celtas, com poções mágicas e outros mistérios do ocultismo. A lenda registra que elas reuniam-se no Blocksberg (1.1.40 m.) na cadeia do Harz, nas margens do impetuoso Rio Weser, para realizarem anualmente o encontro delas com os demônios na chamada Walpurgisnacht (Noites Walpurgias).
Deuses, armas, modos e costumes:
Wotan ou Odin era seu deus magnífico, a quem por vezes, ofereciam sacrifícios humanos.
Já Thor e Thyr, deuses menores, eram apaziguados com animais.
Citavam ainda Veleda e Albruna como divindades femininas.
Não tinham imagens ou cultivavam ídolos.
 Nem um dos seus cerimoniais religiosos era digno de nota.
Em geral, a liturgia deles era feita em meio às clareiras dos bosques, sem que para tanto fosse preciso erguer-se templos ou mesmo capelas.
Armas:
Suas armas de combate eram a lança, o escudo e a espada, nem sempre de ferro que não era muito conhecido entre eles.
Os cavalos deles não se destacavam nem pelo porte, nem pela rapidez. Mas sabiam lutar muito bem em linha, pois haviam adotado muitos modos militares dos romanos.
A infantaria germana era especialmente temerária.
Como César, século e meio antes, Tácito também observou o comportamento casto deles, elogiando lhes a pureza e a transparência das suas intenções:
"A malícia e o artifício", disse ele, "eram-lhes desconhecidas".
O gosto pela guerra e a rudeza em que cresciam (desconheciam o conforto e os perfumes, vestindo tecidos de lã grosseira ou protegidos por peles de animais), fazia deles inimigos formidáveis de Roma.
E, claro, eram usados como exemplo por vários pensadores romanos, comparando-os, positivamente, à decadência e à libertinagem de costumes em que viviam os súditos de Roma, desmoralizando-os.

Principais Tribos Germanas:
Ambrones   ou Die Ambronen, Alamanos ou Alemannen (Alle-Männer), Burgundios ou Burgunden, Cherusci ou Cherusken, Cimbros ou Kimber, Francos ou Franken, Germanos ou Germannen (Wehr-Mann), Godos ou Goten (Ostgoten/Westgoten), Longobardos ou Langobarden, Marcomanos ou Markomannen, Saxões ou Sachen, Suevos ou Sueben, schwäben, Teutões ou Teutonen (Teutsch = deustch), Turíngeos ou Thüringen, Vândalos ou Wandalen.
Enfretamentos germânico-romano.
a-       113-101 a.C.           Guerra de Mário contra os germanos-címbrios e os teutões, que depois de duas vitórias, uma na Panônia e outra em Aráusio, são derrotados por Mário em Aquae Sextiae (102 a.C.) e nos Campi Rodii (em 101 a.C.);
b-       58-50 a.C. - Guerras de César contra Ariovisto pelo controle da Gália setentrional. César atravessa o Rio Reno em manobra punitiva aos germanos-saguntos (55-4 a.C.);
c-        16-14 a.C. Guerras de Augusto, expedições punitivas contra os germanos-alpinos, panônios, e marcomanos;
d-       9 d.C. -    Batalhas da floresta de Tautenberg, o chefe germano-cherusci Arminius (Hermann), embosca três legiões de Publius QuinctiliusVarus. Maior derrota romana frente aos germanos em todo os tempos. Druso, Tibério e Germanicus, realizam operações de represália nos anos de 10 a 12;
e-        14-37 d.C. Guerra de Germanicus, operações no Rio Reno e no Elba;
f-        83 d.C. Campanhas de Domiciano na Germânia;
g-       161-176 d.C. Guerras de Marco Aurélio contra os germano-marcomanos e quados que haviam invadido as províncias danubianas do Império Romano. Em 180, seu filho Cômodo assina a paz com os germanos e retorna à Roma;
h-       213-4 d.C. Guerras de Caracala contra os germano-alamanos, e no Rio Danúbio contra os carpos;
i-         235-8 d.C. Guerras de Máximo, o Trácio (de origem bárbara), vence os germanos;
j-         251 d.C. O Imperador Décio é morto numa batalha contra os germano-godos
k-        258 d.C. Ataques dos germano-alamanos à Milão, onde o imperador Galieno lhes faz resistência;
l-         268-70    d.C. Cláudio II vence os germano-alamanos na batalha do Lago Garda e, em seguida, vence os germano-godos em Nasso;
m-     270-71    d. C. Imperador Domicio Aureliano é derrotado pelos germano-alamanos em Piacenza, mas reverte a situação nas batalhas de Fano e de Pávia;
n-       275-284 d. C. Guerra de Marco Aurélio Probo contra os germanos na Gália. Repele os germano-vândalos de volta para o Rio Reno;
o-       310 d.C. Imperador Constantino vence os germanos e faz uma paz com os germano-godos (em 332);
p-       357 d.C. Juliano, o futuro Juliano o Apóstata, vence os germanos em Strassburg;
q-       378 d.C.  Imperador Valente morre na batalha de Adrianópolis contra os germano-godos e visigodos que, em seguida são admitidos no Imperio Romano do Oriente como povos federados. Princípio da Volkerwanderung, da grande imigração bárbara para dentro do império romano.
r-        405 d.C. Ofensiva geral dos germano-godos, vândalos e alanos, sobre as fronteiras ocidentais. Atacam a Gália, a Itália e a Ilíria.
s-        410 d. C. Queda de Roma. Alarico, o chefe dos germano-godos toma a cidade imperial. Primeiro ataque bem sucedido dos germanos sobre a capital romana. Santo Agostinho escreve "A Cidade de Deus"(De civitate Dei) para explicar a catástrofe (413-426);
t-        425 d.C. Segunda ofensiva geral dos germanos sobre o Império do Ocidente. Visigodos, burgúndios, suevos, francos e saxões, invadem a Gália, a Aquitânia, a Ibéria e a Britânia;
u-       455 d.C.  O chefe germano-visigodo Gensérico devasta Roma;
v-        475 d.C. Julius Nepos, o penúltimo imperador romano, reconhece a soberania dos germano-vândalos (sobre as ilhas do Mar Tirreno), e dos visigodos (sobre a Ibéria, e a maior parte da Gália), sobre as antigas províncias romanas.
w-      476 d.C. Odoarco, ascendendo como líder de um golpe militar, suprime finalmente com a autonomia do Império Romano do Ocidente, colocando-se na tutela do Império Bizantino (Império Romano do Oriente)
De Bello Gallico:
Commentarii de Bello Gallico ou "Comentários sobre a Guerra Gálica") escrito sobre a Guerra da Gália, de 58 a.C. a 52 a.C., de Júlio César, o vencedor.
Essa Gália compreendia toda a França atual, Bélgica e parte da Suíça, menos a região do Languedoc e Provence, no sul da França, na época denominada de Gália Narbonense ou Provincia Gallia Narbonensis.
Chamo atenção de que muitas vezes Júlio Cesar que ria só se referir ao “ao território habitado pelos Celtas (s Gauleses (no centro do país), os Aquitânios (que viviam onde hoje é a região francesa da Aquitânia), e os Belgas (no norte)), do Canal da Mancha a Lugduno (Lyon)”.
Os Helvécios ou Helvetii, celtas, ocupantes da maior parte do planalto suíço resolveram emigrar para outras partes da Gália, no escopo das invasões por outras Tribos germânicas, tendo os Turiginos, estabelecidos no hoje Cantão Suíço de Vaud/ capital Lausanne, em 107 a.C. derrotado Lucius Cassius Longinus e suas Legiões na Batalha de Burdigala, perto de Bordeaux, França.
Orgetorix, rico aristocrata, helvético (já haviam suíços ricos) teve o desejo de assumir o Poder em toda a Gália, para isso fez aliança com Dumnorix, Chefe dos Aeduis ou Éduens- Éduos, um anti-Roma, e irmão de Diviciacus, “o único druida de antiguidade cuja existência é atestada pelo nome”, pro-Roma, por Júlio Cesar chamado de ‘Senador do Aedui’ e nomeado seu porta-voz para os gauleses, e com o nobre Casticus, princeps dos sequanos (sequani), gaulês, que havi sido consedrado em Roma “ amigo do Senado” , e todos esses ‘aliados’ se deram mal, pois a conspiração foi descoberta.
Não importa aqui que fim eles levaram, importa sim, provar que na Galiza havia um Classe Dirigente atuante bem antes dela ser conquistada por Roma e suas terras virarem províncias romanas, onde, é claro, muitos Patrícios, Senadores, Nobres e comuns, vieram se estabelecer muito antes da Queda do Império Romano do Ocidente, do Império de Carlos Magno, do Patrimônio de São Pedro, do Cristianismo com suas abadias e mosteiros, dos Reinos e Ducados da Idade média, como veremos.





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