Guerras, Roma, Germânia,
Gália, e as Elites Dirigentes
Gostaria de citar um breve
estudo da Historia para alunos brasileiros sobre a Germania, aquém “Tácito
observou que não a via como uma área geográfica, mas como uma espécie de convés
de um navio, carregado de tribos bárbaras que ora desembarcavam atacando um ou
outro porto, numa ou noutra direção”.
Impressões sobre os
germanos:
Pelo que se sabe, quem foi
o primeiro que registrou observações sobre eles, ainda que muito escassas, foi
Júlio César (Commentarii de bello gallico, livro VI, 50 a.C.), comparando muito
dos costumes deles aos dos gauleses. César louvou-lhes a castidade e o ardor
guerreiro. Notou que eles não tinham grande empenho na lavoura, nem
demonstravam interesse em acumular ouro ou qualquer tipo de luxo. Eram
inóspitos. Não faziam questão de vizinhança, inclinando-se mais para a solidão
tribal, e para viverem isolados em cabanas. Como caça favorita tinham o alce e
a rena. Ao contrário dos celtas, seus próximos, os germanos não tinham druidas
e nada que fosse equivalente a uma casta sacerdotal. Os seus chefes eram
escolhidos pelo vigor de combatente e por sua capacidade de liderança no campo
de batalha. Era um povo de guerreiros, que tinham feito das lutas um modo de
vida. A espada era a charrua do germano!
O fascínio que estas
virtudes despertaram em certos intelectuais romanos fica evidente nesta
passagem de Sêneca: "Existe", perguntou ele "povo mais fogoso do
que os germanos, mais ardente no ataque, mais apaixonado pelos combates, no
meio dos quais eles vivem e crescem, dos quais fazem sua única ocupação,
indiferentes a todas as outras...Um pouco de disciplina bastaria a estes
homens, que ignoram os requintes, o luxo, o dinheiro. Tornar-se-iam grandes
conquistadores como foram os Romanos antigos."(Sêneca, De Ira, I).
A
Germânia de Tácito
Apesar
de Plínio, o Antigo (23-79), os ter mencionado, somente com Cornélio Tácito
(55-120), em sua obra " Cornelli Taciti De Situ ac Poluis Germanize",
ou simplesmente "Germania", escrita no ano de 98, é que houve um
levantamento bem mais detalhado dos costumes e da vida geral dos germanos.
Observou o historiador romano que eles dividiam-se, como os celtas, em inúmeras
tribos (alamanos, suevos, teutos, godos, vândalos, marcomanos, cherusci,
etc..), espalhadas pelas matas e pelas clareiras do país, formando a Germania
Libera ou Magna.
.
A falta de uma maior informação sobre elas, levou a que empregassem várias
denominações diferentes para designá-la. Uns chamavam-na de Germania (de
Wehr-mann: Ger-Mann = guerreiro), outros de Alemanha (de Alamanos, ou alle
-Männen), ou ainda de Teutônia (de teutos, derivado do deustch). Enfatizou
Tácito que os germanos não tinham o hábito de miscigenar-se com outros povos,
nem construíam cidades. Vivendo isolados numa floresta, num clima geralmente
frio, de céu quase sempre nublado, que os deixava de péssimo humor, ninguém
abandonaria a Ásia, a África, ou a Itália, disse Tácito, para ir viver em meio
a eles. Pois, segundo suas próprias palavras "informem terris, asperam
caelo, tristem cultu aspectuque".
Os
tipos físicos e a importância das mulheres:
Os
germanos eram os únicos povos bárbaros que praticavam a monogamia (com exceção
de alguns nobres e chefes famosos).
Altos,
de cabelos e barbas avermelhadas ou loiras, e de olhos ferozes, sempre azuis
(truces et caerulei oculi), guerreiros temíveis.
As
mulheres tinham grande ascendência nos destinos da comunidade, por isso,
talvez, pudéssemos considerar a enorme importância que as feiticeiras (Hexe).
Elas seriam um tipo de versão feminina dos druidas, lidando, como os sacerdotes
celtas, com poções mágicas e outros mistérios do ocultismo. A lenda registra
que elas reuniam-se no Blocksberg (1.1.40 m.) na cadeia do Harz, nas margens do
impetuoso Rio Weser, para realizarem anualmente o encontro delas com os
demônios na chamada Walpurgisnacht (Noites Walpurgias).
Deuses,
armas, modos e costumes:
Wotan
ou Odin era seu deus magnífico, a quem por vezes, ofereciam sacrifícios
humanos.
Já
Thor e Thyr, deuses menores, eram apaziguados com animais.
Citavam
ainda Veleda e Albruna como divindades femininas.
Não
tinham imagens ou cultivavam ídolos.
Nem um dos seus cerimoniais religiosos era
digno de nota.
Em
geral, a liturgia deles era feita em meio às clareiras dos bosques, sem que
para tanto fosse preciso erguer-se templos ou mesmo capelas.
Armas:
Suas
armas de combate eram a lança, o escudo e a espada, nem sempre de ferro que não
era muito conhecido entre eles.
Os
cavalos deles não se destacavam nem pelo porte, nem pela rapidez. Mas sabiam
lutar muito bem em linha, pois haviam adotado muitos modos militares dos
romanos.
A
infantaria germana era especialmente temerária.
Como
César, século e meio antes, Tácito também observou o comportamento casto deles,
elogiando lhes a pureza e a transparência das suas intenções:
"A
malícia e o artifício", disse ele, "eram-lhes desconhecidas".
O
gosto pela guerra e a rudeza em que cresciam (desconheciam o conforto e os
perfumes, vestindo tecidos de lã grosseira ou protegidos por peles de animais),
fazia deles inimigos formidáveis de Roma.
E,
claro, eram usados como exemplo por vários pensadores romanos, comparando-os,
positivamente, à decadência e à libertinagem de costumes em que viviam os
súditos de Roma, desmoralizando-os.
Principais
Tribos Germanas:
Ambrones
ou Die Ambronen, Alamanos ou Alemannen
(Alle-Männer), Burgundios ou Burgunden, Cherusci ou Cherusken, Cimbros ou Kimber,
Francos ou Franken, Germanos ou Germannen (Wehr-Mann), Godos ou Goten
(Ostgoten/Westgoten), Longobardos ou Langobarden, Marcomanos ou Markomannen, Saxões
ou Sachen, Suevos ou Sueben, schwäben, Teutões ou Teutonen (Teutsch = deustch),
Turíngeos ou Thüringen, Vândalos ou Wandalen.
Enfretamentos
germânico-romano.
a-
113-101 a.C. Guerra de Mário contra os
germanos-címbrios e os teutões, que depois de duas vitórias, uma na Panônia e
outra em Aráusio, são derrotados por Mário em Aquae Sextiae (102 a.C.) e nos
Campi Rodii (em 101 a.C.);
b-
58-50 a.C. - Guerras
de César contra Ariovisto pelo controle da Gália setentrional. César atravessa
o Rio Reno em manobra punitiva aos germanos-saguntos (55-4 a.C.);
c-
16-14 a.C. Guerras
de Augusto, expedições punitivas contra os germanos-alpinos, panônios, e
marcomanos;
d-
9 d.C. - Batalhas da floresta de Tautenberg, o chefe
germano-cherusci Arminius (Hermann), embosca três legiões de Publius
QuinctiliusVarus. Maior derrota romana frente aos germanos em todo os tempos.
Druso, Tibério e Germanicus, realizam operações de represália nos anos de 10 a 12;
e-
14-37 d.C. Guerra de Germanicus, operações no
Rio Reno e no Elba;
f-
83 d.C. Campanhas
de Domiciano na Germânia;
g-
161-176 d.C. Guerras
de Marco Aurélio contra os germano-marcomanos e quados que haviam invadido as
províncias danubianas do Império Romano. Em 180, seu filho Cômodo assina a paz
com os germanos e retorna à Roma;
h-
213-4 d.C. Guerras
de Caracala contra os germano-alamanos, e no Rio Danúbio contra os carpos;
i-
235-8 d.C. Guerras
de Máximo, o Trácio (de origem bárbara), vence os germanos;
j-
251 d.C. O
Imperador Décio é morto numa batalha contra os germano-godos
k-
258 d.C. Ataques
dos germano-alamanos à Milão, onde o imperador Galieno lhes faz resistência;
l-
268-70 d.C. Cláudio II vence os germano-alamanos na
batalha do Lago Garda e, em seguida, vence os germano-godos em Nasso;
m-
270-71 d. C. Imperador Domicio Aureliano é
derrotado pelos germano-alamanos em Piacenza, mas reverte a situação nas
batalhas de Fano e de Pávia;
n-
275-284 d. C. Guerra
de Marco Aurélio Probo contra os germanos na Gália. Repele os germano-vândalos
de volta para o Rio Reno;
o-
310 d.C. Imperador
Constantino vence os germanos e faz uma paz com os germano-godos (em 332);
p-
357 d.C. Juliano,
o futuro Juliano o Apóstata, vence os germanos em Strassburg;
q-
378 d.C. Imperador Valente morre na batalha de
Adrianópolis contra os germano-godos e visigodos que, em seguida são admitidos
no Imperio Romano do Oriente como povos federados. Princípio da Volkerwanderung, da grande imigração bárbara para
dentro do império romano.
r-
405 d.C. Ofensiva geral dos germano-godos, vândalos e
alanos, sobre as fronteiras ocidentais. Atacam a Gália, a Itália e a Ilíria.
s-
410 d. C. Queda de Roma. Alarico, o chefe dos
germano-godos toma a cidade imperial. Primeiro ataque bem sucedido dos germanos
sobre a capital romana. Santo Agostinho escreve "A Cidade de Deus"(De
civitate Dei) para explicar a catástrofe (413-426);
t-
425 d.C. Segunda
ofensiva geral dos germanos sobre o Império do Ocidente. Visigodos, burgúndios,
suevos, francos e saxões, invadem a Gália, a Aquitânia, a Ibéria e a Britânia;
u-
455 d.C. O chefe
germano-visigodo Gensérico devasta Roma;
v-
475 d.C. Julius
Nepos, o penúltimo imperador romano, reconhece a soberania dos germano-vândalos
(sobre as ilhas do Mar Tirreno), e dos visigodos (sobre a Ibéria, e a maior
parte da Gália), sobre as antigas províncias romanas.
w-
476 d.C. Odoarco,
ascendendo como líder de um golpe militar, suprime finalmente com a autonomia
do Império Romano do Ocidente, colocando-se na tutela do Império Bizantino
(Império Romano do Oriente)
De Bello Gallico:
Commentarii de Bello
Gallico ou "Comentários sobre a Guerra Gálica") escrito sobre a
Guerra da Gália, de 58 a.C. a 52 a.C., de Júlio César, o vencedor.
Essa Gália compreendia toda
a França atual, Bélgica e parte da Suíça, menos a região do Languedoc e Provence,
no sul da França, na época denominada de Gália Narbonense ou Provincia Gallia
Narbonensis.
Chamo atenção de que muitas
vezes Júlio Cesar que ria só se referir ao “ao território habitado pelos Celtas
(s Gauleses (no centro do país), os Aquitânios (que viviam onde hoje é a região
francesa da Aquitânia), e os Belgas (no norte)), do Canal da Mancha a Lugduno
(Lyon)”.
Os Helvécios ou Helvetii, celtas,
ocupantes da maior parte do planalto suíço resolveram emigrar para outras
partes da Gália, no escopo das invasões por outras Tribos germânicas, tendo os
Turiginos, estabelecidos no hoje Cantão Suíço de Vaud/ capital Lausanne, em 107
a.C. derrotado Lucius Cassius Longinus e suas Legiões na Batalha de Burdigala,
perto de Bordeaux, França.
Orgetorix, rico aristocrata,
helvético (já haviam suíços ricos) teve o desejo de assumir o Poder em toda a Gália,
para isso fez aliança com Dumnorix, Chefe dos Aeduis ou Éduens- Éduos, um
anti-Roma, e irmão de Diviciacus, “o único druida de antiguidade cuja
existência é atestada pelo nome”, pro-Roma, por Júlio Cesar chamado de ‘Senador
do Aedui’ e nomeado seu porta-voz para os gauleses, e com o nobre Casticus, princeps
dos sequanos (sequani), gaulês, que havi sido consedrado em Roma “ amigo do
Senado” , e todos esses ‘aliados’ se deram mal, pois a conspiração foi
descoberta.
Não importa aqui que fim
eles levaram, importa sim, provar que na Galiza havia um Classe Dirigente
atuante bem antes dela ser conquistada por Roma e suas terras virarem províncias
romanas, onde, é claro, muitos Patrícios, Senadores, Nobres e comuns, vieram se
estabelecer muito antes da Queda do Império Romano do Ocidente, do Império de Carlos
Magno, do Patrimônio de São Pedro, do Cristianismo com suas abadias e
mosteiros, dos Reinos e Ducados da Idade média, como veremos.
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