quinta-feira, 1 de outubro de 2015

“A escravidão é cancro mortal que ameaça os fundamentos da nação". De José Bonifácio de Andrada e Silva.




“A escravidão é cancro mortal que ameaça os fundamentos da nação".
José Bonifácio de Andrada e Silva.

Partido Liberal foi um partido político brasileiro do Período Imperial, surgido por volta de 1837 e extinto com a Proclamação da República, em 1889. Presidente: Joaquim Nabuco.
Partido Conservador foi um partido político brasileiro do Período Imperial, surgido por volta de 1836 e extinto com a Proclamação da República, em 1889. Foi evolução direta do Partido Restaurador, também designado por Partido Caramuru, foi um partido político brasileiro criado em 1831, ligado à figura do Imperador D. Pedro I. Foi fundado por ex-membros do Partido Português para defender a volta do Imperador, que havia abdicado e, então, estava em Portugal.
Liga Progressista ou Partido Liberal Progressista foi um partido político do Império do Brasil. Surgiu a partir de liberais descontentes com o domínio do Partido Conservador, e contou com o apoio alguns conservadores dissidentes, como Nabuco de Araújo. O programa da liga foi lançado oficialmente no dia 6 de junho de 1864 por Silveira Mota no Senado, sendo a liga dissolvida em 16 de julho de 1868 pelo imperador D. Pedro II, detentor do Poder Moderador. Parte de seus integrantes, formou o Partido Liberal e outra parte ingressaria no recém fundado (em 1873) Partido Republicano.
Acima estão os partidos importantes do Império do Brasil.
Trataremos da Abolição da Escravatura.
A Escravidão tomou “relevância a partir de 1850, e, caráter verdadeiramente popular, a partir de 1870, culminando com a assinatura da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão negra no Brasil”.
1-     Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira, Comendador da Ordem de Cristo, membro do Conselho de Estado do Império do Brasil, nasceu em São Paulo e faleceu no Rio de Janeiro em 11 de março de 1824, jurista e político brasileiro. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Pugnou pela abolição da escravatura no Brasil recém-independente. Ainda no Brasil Reino, em 1810, propôs ao senhor Dom João VI que “na impossibilidade do estabelecimento de correntes migratórias, prosseguisse o comércio de escravos, mas que a escravidão do indivíduo importado fosse restringida a dez anos e que, no Brasil, nascessem livres os filhos dos escravos";
2-     “No Período Regencial (decênio de 1831 a 1840, compreendido entre a abdicação de D. Pedro I e o chamado "Golpe da Maioridade", quando seu filho D. Pedro II teve a maioridade proclamada) desde 7 de novembro de 1831, a Câmara dos Deputados havia aprovado e a Regência promulgado uma lei que proibia o tráfico de escravos africanos para o país, porém esta lei não foi aplicada”, e não podia ser , pois a economia brasileira era baseada na agricultura, e a agricultura era “movida” pelo braços escravo.
3-     “Slave Trade Suppression Act ou Aberdeen Act, mais conhecido no Brasil como Bill Aberdeen, foi uma lei que autorizava os ingleses a aprisionar qualquer navio suspeito de transportar escravos no oceano Atlântico, de autoria de George Hamilton-Gordon, 4.º Conde de Aberdeen KG KT FRSE FRS PC FSA”. Como tudo que era feito pelo UK, "guardião moral do mundo”, era para lá de cavilosa, já que “ os capitães britânicos receberam poderes de atracar navios brasileiros em alto mar e verificar se transportava escravos — em tal caso, deveriam se desfazer da carga, devolvendo os escravos à África, ou transferi-la para os navios britânicos”, e assim o contrabando por conta dos ingleses aumentava.
“Os navios britânicos perseguiam embarcações suspeitas, a Marinha britânica invadia águas territoriais e ameaçava bloquear portos”.
O aumento do tráfego negreiro aumentou consideravelmente, “pois foram antecipadas as compras antes da proibição em definitivo, e, especialmente a grande elevação do preço dos escravos. Caio Prado Júnior diz que, em 1846, entraram 50.324 escravos e, em 1848, 60 mil. Calcula-se que, até 1850, o país recebeu 3,5 milhões de africanos cativos”.
 “As províncias protestavam, pois na época, no Brasil, a escravidão era coisa natural, integrada à rotina e aos costumes, vista como instituição necessária e legítima. Uma sociedade intensamente desigual dependia do escravo para se manter”.
Os conservadores, no poder desde 1848, culpavam os liberais de terem se submetido à coação britânica.
Todos, principalmente os conservadores, sabiam perfeitamente que o tráfico negreiro deveria ter fim, que a escravidão estava condenada mas alegavam que tal decisão deveria caber ao Governo, para preservar a soberania nacional e garantir a segurança interna – na verdade, sua intenção era estender a escravidão o máximo possível.
Em março de 1850, o primeiro-ministro britânico Gladstone (William Ewart Gladstone FRS FSS, líder do Partido Liberal, Primeiro-ministro do Reino Unido por quatro vezes, e um dos responsáveis pelas barbaridades cometidas pelos ingleses na Índia, portanto com um telhadão de vidro) ameaçara fazer cumprir os tratados à "ponta da espada, pela guerra até o extermínio", ou seja, para ele o Brasil não passava de Punjab qualquer onde eles mandavam e desmandavam.
Em 1849, o Punjab foi anexado pela British East India Company, e depois se tornou uma província da Índia britânica, e o mal informado Gladstone achava que podia fazer o mesmo com o nosso Brasil Continental.
Dom Pedro II, sempre melífluo, não querendo contrariar poderosa Grã-Bretanha, alegando “ que tinha problemas no rio da Prata, necessitava do Reino Unido”, pediu a Eusébio de Queirós, então Ministro da Justiça do Gabinete do Marquês de Olinda, nascido Pedro de Araújo Lima, uma lei para resolver o assunto, ou seja, agradasse tanto aos ingleses, quanto aos fazendeiros nacionais.
Veio então a Lei Eusébio de Queiró, Lei nº 581, de 4 de setembro de 1850, que determinava seu artigo 3:

—"São autores do crime de importação, ou de tentativa dessa importação, o dono, o capitão ou mestre, o piloto e o contramestre da embarcação, e o sobrecarga. São cúmplices a equipagem, e os que coadjuvarem o desembarque de escravos no território brasileiro de que concorrerem para ocultar ao conhecimento da autoridade, ou para os subtrair à apreensão no mar, ou em ato de desembarque sendo perseguida".

Em outro de “ seus artigos determinava o julgamento dos infratores pelo Almirantado, passando assim ao Governo Imperial o poder de julgar, poder antes conferido a juízes locais”.

Começou então o chamado “ trafego interno’ percussor dos ‘caminhões de pau de arara’, isso é, “os antigos traficantes, tirando o escravo das áreas onde a agricultura decaía, como os engenhos de açúcar do litoral nordestino, para as exaustivas funções da grande lavoura nas novas regiões cafeeiras em expansão no Centro-Sul, e de 1850 a 1888 a migração estimada foi de 100 a 200 mil escravos. ”

Na realidade os brasileiros esperavam “que, cessando o fornecimento de escravos, a escravidão desaparecesse aos poucos – o que não aconteceu”.

José Tomás Nabuco de Araújo Filho, como Ministro da Justiça do Gabinete Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná, emplacou a Lei Nabuco de Araújo, que previa sanções para as autoridades que encobrissem o contrabando de escravos.
“Os últimos desembarques de que se tem notícia aconteceram em 1856”.
“Progressivamente, os imigrantes europeus assalariados substituíram os escravos no mercado de trabalho”.
“Em 1880, políticos importantes, como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, criam, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, que estimula a formação de dezenas de agremiações semelhantes pelo Brasil. Da mesma forma, o jornal O Abolicionista, de Nabuco, e a Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini, servem de modelo a outras publicações antiescravistas. Advogados, artistas, intelectuais, jornalistas e políticos engajam-se no movimento e arrecadam fundos para pagar cartas de alforria”.
A MARACUTAIA EM CIMA DOS ESCRAVOS:
“Nos últimos anos da escravidão no Brasil, a campanha abolicionista se radicalizou com a tese "Abolição sem indenização" lançada por jornalistas, profissionais liberais e políticos que não possuíam propriedades rurais”.
Os escravos sairiam de seus trabalhos “com uma mão na frente, outra atrás”, “ sem eira, nem beira, nem ramo de figueira”.

Veio então a Lei do Ventre Livre de 28 de setembro de 1871, durante o governo do Gabinete de José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco, membro do Partido Conservador, que classificou a escravidão de “uma "instituição injuriosa", para o país, sobretudo para sua imagem externa”.
“ A "Lei Rio Branco", mais conhecida como "Lei do Ventre Livre", que considerava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir da sua data, e pretendia estabelecer um estágio evolutivo entre o trabalho escravo e o regime de trabalho livre, sem, contudo, causar mudanças abruptas na economia ou na sociedade”.

A Lei inspirada pelo pai do Barão do Rio Branco, este “ O Patrono da Diplomacia Brasileira”, foi a única de um estadista do Império que realmente se preocupou com as “ mudanças abruptas na economia ou na sociedade” até porque os escravos ficaram numa situação de quase párias nessa sociedade brasileira de então, situação que se reflete até os nossos dias.

“Na Câmara dos Deputados, o projeto de lei obteve 65 votos favoráveis e 45 contrários. Destes, 30 eram de deputados das três províncias cafeeiras: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. No Senado do Império, foram 33 votos a favor e 7 contra. Entre os votos contrários, 5 foram de senadores das províncias cafeeiras”
 “Segundo o disposto na lei, os filhos dos escravos - chamados de ingênuos - tinham duas opções: ou ficavam com os senhores de suas mães até a maioridade (21 anos) ou poderiam ser entregues ao governo. Em 1885, dos 400.000 ingênuos, somente 118 ingênuos foram entregues ao governo, os proprietários optavam por libertar escravos doentes, cegos e deficientes físicos”.
A” a Lei Rio Branco teve o mérito de expor as mazelas da escravidão na imprensa e em atos públicos. Na década de 1890, cerca de meio milhão de crianças foram libertadas quando estariam entrando em idade produtiva.

O índice de mortalidade infantil entre os escravos aumentou, pois além das péssimas condições de vida, cresceu o descaso pelos recém-nascidos. A ajuda financeira prevista pela Lei do Ventre Livre, aos fazendeiros, para estes, arcarem com as despesas da criação dos ingênuos jamais foi fornecida aos fazendeiros:

§ 1.º da lei 2040: - Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais terão a obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. No primeiro caso, o Governo receberá o menor e lhe dará destino, em conformidade da presente lei.

Como sempre no Brasil o governo não cumpri com a sua palavra, leva de barriga os problemas da Nação, e dessa vez não foi diferente.

Surgiu a Lei n.º 3.270, também conhecida como Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotejipe, promulgada a 28 de setembro de 1885 que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Os cativos tinham a obrigação de trabalhar por mais três anos a título de indenização ao proprietário, já o escravo de mais de sessenta e cinco anos estava dispensado de tais obrigações.

Grande foi a resistência e os escravocratas reagiram com tanto rigor, que a lei só foi aprovada em 1885, após aumentar o limite de idade do cativo de sessenta para sessenta e cinco anos. A maioria dos sexagenários estavam localizados nas províncias cafeeiras, o que explica a resistência na Câmara e no Senado.

Essa Lei ficou conhecida como lei Saraiva-Cotegipe em referência aos dois chefes de gabinete ministerial do Império, o liberal Conselheiro Saraiva (José Antônio Saraiva, baiano de Santo Amaro da Purificação) e o conservador Barão de Cotejipe (João Maurício Wanderley, baiano da Barra, antiga Vila de São Francisco de Chagas da Barra do Rio Grande) que deram apoio à medida.

E neca de providencias econômicas, neca de plano para remodelação da economia, neca de Leis para estabelecer uma nova relação de trabalho, de apoio aos escravos libertos que não tinham para onde ir, necas de pitibiriba, NADA, NADICA DE NADA.

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon-Duas Sicílias era totalmente incompetente para assumir o Trono Imperial do Brasil, apesar de como Princesa Imperial foi Regente do Império durante a ausência de seu pai, o Imperador.  

O Princesa Imperial Regente assinou a Lei do Ventre Livre, se ela tivesse algum tino teria consultado as elites produtoras – fazendeiros, banqueiros, comerciantes, a própria Igreja Católica na época fortíssima, etc – para juntos traçarem um plano econômico e um plano de absorção dos libertos e sua integração social, mas não fez nada, voltou para suas missas e para junto daquele marido, o Conde d’Eu,  que jamais foi plenamente aceito pelo Todo Social Brasileiro, pela Sociedade Imperial Brasileira.
Ela nasceu para ser uma esposa, carola, e mãe de família, um exemplar pleno de uma dona de casa burguesa, uma verdadeira mamma italiana graças a seu sangue napolitano.
Uma cronologia:
Partindo de: “Mas nem todo mundo gostava das viagens do Imperador. Sua ausência de 11 meses durante sua viagem à Europa em 1871 causou desconforto em algumas autoridades e na elite brasileira da época. O Congresso estava meio “em guerra” por causa da Lei do Ventre Livre, mas a mesma acabou sendo sancionada pela Princesa Isabel no mesmo ano”.
Vamos aos fatos:

Primeira viagem em 25 de maio de 1871 até 31 de março de 1872, ausente 11 meses, período em que a Princesa Imperial assumiu a Regência.
Segunda viagem de abril de 1876 até 22 de setembro de 1877, ausente 17 meses, período em que a Princesa Imperial assumiu a Regência.
Terceira e penúltima viagem de junho de 1887 até 22 de agosto de 1888, ausente 13 meses, período em que a Princesa Imperial assumiu a Regência: Segundo consta o motivo foi de saúde.
Numa exegese muito minha creio que Dom Pedro de Alcântara estava sofrendo de depressão, pois se só estivesse com um mal físico o Professor-doutor Cláudio Velho da Mota Maia, Conde da Mota Maia, seu médico particular, com estudos em Paris, teria curado seu amigo.
Segundo nos é informado em “L'empereur du Brésil et ses médecins : Carlos da Silva Araujo, Grave doença do imperador do Brasil em Milão, em 1888. Médicos italianos que o trataram. Trabalho apresentado ao XXI Congresso Internacional de História de Medicina, reunido em Siena (Itália), de 22 a 28 de setembro de 1968, Rio de Janeiro. No livro de Julien Pierre “ Revue d'histoire de la pharmacie”  Année 1969  Volume 57  Numéro 200  p. 302”, em Milão, em 3 de maio de 1888, Dom Pedro de Alcântara é acometido de uma “d'une pleurite sèche et de perturbations nerveuses”, numa tradução livre: “uma pleurisia seca e perturbações nervosas”, o que corrobora minha tese de que ele estava com depressão no Brasil antes da viagem.

L'empereur du Brésil et ses médecins. Après avoir surmonté une crise de diabète dans le premier semestre de 1887, l'empereur du Brésil Pedro II gagne l'Europe et consulte à Paris Charles Bouchard, CE. Brown Séquard, Michel Peter et Charcot, tous quatre membres correspondants de l'Académie de médecine du Brésil. On lui conseille la strychnine et une cure hydro- thérapique et climatique qu'il fera à Baden-Baden. Sa santé rétablie, il reprend une vie de visites et de voyages qui le conduit sur la Côte d'Azur, puis en Italie. Le 3 mai 1888, à Milan, le voici atteint d'une pleurite sèche et de perturbations nerveuses. Son médecin, Motta Maia, appelle en consultation le docteur Mariano Semmola, professeur de matière médicale et de pharmacologie expérimentale à Naples, qui prescrit notamment des injections de caféine, médication alors nouvelle. Les professeurs Bruno et De Giovanni, puis Charcot, mandé de Paris, sont également consultés. Et c'est à Aix-les-Bains que le malade achèvera de se remettre. Charcot, De Giovanni et Semmola autoriseront son retour au Brésil, d'où ils recevront, en témoignage de reconnaissance, la grand-croix de l'Ordre de la Rose. Carlos Da Silva Araujo, “Grave doença do imperador do Brasil em Milão, em 1888”. Médicos italianos que o trataram.
 Tradução Livre:
O Imperador do Brasil e seus médicos. Depois de superar uma crise diabetes no primeiro semestre de 1887, o Imperador Pedro II do Brasil na Europa, consulta em Paris a Charles Bouchard, CE. Brown Séquard, Michel Peter e Charcot, todos os quatro membros correspondentes da Academia Brasileira de Medicina.
É aconselhado um tratamento com estricnina [eram utilizadas como laxante ou para tratamento de outros problemas estomacais] e uma cura hidroterápica e climática em Baden-Baden.
Sua saúde restaurada, ele levou uma vida de passeios e viagens que leva, na Riviera Francesa e Itália.
Em 3 de maio de 1888, em Milão, é acometido de uma pleurisia seca e perturbações nervosas.
 Seu médico, Motta Maia, consulta o Dr. Mariano Semmola, professor de medicina e farmacologista experimental em Nápoles, que prescreve injeções de cafeína, um novo medicamento.
Os professores Bruno e De Giovanni, e Charcot, a partir de Paris, também são consultados.
E foi em Aix-les-Bains que o paciente vai se recuperar completamente.
Charcot, De Giovanni e Semmola autorizam seu retorno ao Brasil, onde eles receberão, em reconhecimento, a Grã-Cruz da Ordem da Rosa.
Carlos Da Silva Araujo, “Grave doença do Imperador do Brasil em Milão, em 1888”. Médicos italianos que o trataram.

Existe toda uma lenda sobre como Dom Pedro recebeu, em seu leito de enfermo, a notícia dada por Dona Teresa Cristina sobre a Lei Aurea, mas eu cá tenho minhas dúvidas se aquelas palavras foram realmente proferidas, mas quem quiser que acredite. 

O que eu quero dizer é que Dona Isabel foi Regente por 11 meses, 17 meses, 13 meses, num total de 41 meses, o que dá 3 anos e 4 meses mais ou menos, portanto, já deveria ter experiência de governo, e mais ainda de usar o Poder Moderador, logo tinha obrigação de exigir um plano econômico e um plano de absorção dos libertos e sua integração social, sem dúvida nenhuma.
Mais, incompetente não o fez.
Como então se podia confiar nela para governar, em um mundo em mutação, em evolução rápida, em modificação brusca, o Brasil?
Não podiam.

Eu creio que Dona Isabel assinou a Lei Aurea aconselhada por adeptos que queriam marca-la como uma revolucionaria, uma governante em sintonia com as mudanças, dinâmica, depois dos anos de pasmaceira de Dom Pedro II. 
Mais, o tiro saiu pela culatra.

Dom Pedro II, no que pese os historiadores monárquicos e os membros da Família de Orleans e Bragança, considerada como a Família Imperial do Brasil, 
Não legou NADA A NAÇÃO.
Até o Colégio Pedro II, que frequentava para ser reconhecido como um intelectual, não foi por ele fundado, vejam:

“A instituição foi fundada em decorrência da reorganização do antigo Seminário de São Joaquim, conforme projeto apresentado à regência do Marquês de Olinda (1837–1840) pelo então ministro dos Negócios e da Justiça, Bernardo Pereira de Vasconcellos. Inaugurado em 1837, na data de aniversário do imperador-menino (2 de dezembro), foi denominado Imperial Colégio de Pedro II. O ato foi oficializado por decreto regencial a 20 de dezembro, e as aulas se iniciaram em março do ano seguinte (1838). As suas instalações sediavam-se na antiga rua Larga (atual avenida Marechal Floriano), no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, cujas salas de aula funcionam até aos nossos dias”.

E olha que ele teve tempo pra burro, pois, assumiu ao Trono Imperial “’ de facto’ com o Golpe da Maioridade, ocorreu em 23 de julho de 1840”, portanto, ficou no Governo até 15 de novembro de 1889, o que dá 49 anos.
Se contarmos de 7 de abril de 1831 com a abdicação de Dom Pedro I, seu pai, foram 58 anos 7 meses e 8 dias, mas não podemos, nem devemos.

E....durma-se com um barulho desse.

Bem, mas Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, merece uma analise a parte.

Contudo gostaria de lembra que a mãe dele, Dona Leopoldina de Habsburgo-Lorena, por casamento Bragança e Borbón, foi que realmente declarou a Independência do Brasil, pois “ Dom Pedro entregou-lhe o poder em 13 de agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com poderes legais para governar o país durante a sua ausência e partiu para apaziguar São Paulo”.
Em tendo recebido ordens de retorno, e outros decretos das Cortes de Lisboa que transformavam mais uma vez o Brasil em simples colônia, a valorosa Habsburgo, “ aconselhada por José Bonifácio de Andrada e Silva, e usando de seus atributos de chefe interina do governo, reuniu-se na manhã de 2 de setembro de 1822, com o Conselho de Estado, assinando o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal”.
Seu pai, Dom Pedro I, só fez assumir o feito realizado pela esposa, e se autodeclarou Imperador do Brasil, mas não abdicando de sua condição de Herdeiro do Trono de Portugal, Algarves etc., pois claramente queria retornar.
Dom Pedro II não puxou aos pais.
Nem tão pouco ao avô paterno, o senhor Dom João VI, que ao fixar residência na Quinta da Boa Vista, criou:

1-     Uma série de instituições, projetos e serviços que beneficiaram imensamente o país no âmbito econômico, administrativo, jurídico, científico, cultural, artístico e outros mais;
2-     A Imprensa Régia;
3-     O Jardim Botânico;
4-     O Arsenal de Marinha;
5-     A Fábrica de Pólvora;
6-     O Corpo de Bombeiros;
7-     A Marinha Mercante;
8-     A Casa dos Expostos;
9-     A Junta Vacínica;
10-A Real Sociedade Bahiense dos Homens de Letras;
11- O Instituto Acadêmico das Ciências e das Belas-Artes;
12- A Academia Fluminense das Ciências e Artes;
13- A Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro;
14- A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho;
15- A Academia dos Guardas-Marinhas;
16- A Academia Militar;
17-A Real Biblioteca;
18- O Museu Real;
19- O Teatro Real de São João;
20-A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, antecessora da Academia Imperial de Belas Artes, de fundamental importância para a renovação do ensino e produção de arte no Brasil;
21- O Arquivo Militar;
22- As Mesas de Desembargo do Paço e da Consciência e Orden;
23-A Casa de Suplicação;
24- A Intendência Geral da Polícia;
25- O Banco do Brasil;
26- A Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação;
27-A Administração Geral dos Correios;
28- Diversas aulas avulsas no Rio, Pernambuco, Bahia e outros lugares, tais como teologia, dogmática e moral; cálculo integral, mecânica, hidrodinâmica, química, aritmética, geometria, francês e inglês, botânica e agricultura, e várias mais;
29-A fundação de diversas sociedades e academias para estudos científicos, literários e artísticos;
30- Recrutou solistas de canto de fama internacional e patrocinar os músicos da Capela Real, onde se incluía o padre José Maurício, o maior compositor brasileiro de seu tempo;
31-Trouxe a Missão Artística Francesa que revolucionou as artes no Brasil.

“Na economia D. João determinou mudanças de largo alcance, iniciando a partir da abertura dos portos e da abolição do monopólio comercial dos portugueses, tendo a Inglaterra como a grande beneficiada. Se por um lado os comerciantes instalados no Brasil tiveram de enfrentar poderosa concorrência estrangeira, por outro se fomentou a criação de novas manufaturas e outras atividades econômicas que antes eram proibidas, precárias ou inexistentes no Brasil”.
“ Ao mesmo tempo, iam-se instalando diversos órgãos administrativos de alto escalão, como os ministérios da Guerra e Estrangeiros e o da Marinha e Ultramar; os Conselhos do Estado e o da Fazenda, o Conselho Supremo Militar, o, além de passar a absorver brasileiros nos quadros administrativos e funcionais, contribuindo para diminuir as tensões entre os nativos e os portugueses”.
“Incentivou a produção agrícola, especialmente do algodão, arroz e cana-de-açúcar; abriu estradas e estimulou a navegação fluvial, dinamizando a circulação de pessoas, bens e produtos entre as regiões”.

Esse é o legado do o senhor Dom João VI ao Brasil que tanto amava, uma grande obra que os brasileiros não sabem admirar, dar valor, e debocham da figura do maior de todos os soberanos luso-afro-brasileiro de todos os tempos. Essa é que é a verdade.
E qual foi o legado do senhor Dom Pedro II?
Que “ele foi "um governante sábio, benevolente, austero e honesto”, e mais nada.
Contudo essa era a sua obrigação, e não motivo de louvação.

O Legado de Dom Pedro II escrito no seu versículo na Wijipedia.org chega a ser ridículo, e totalmente divorciado da realidade histórica, mas representa a visão dos historiadores monárquicos e dos membros da Família de Orleans e Bragança, considerada como a Família Imperial do Brasil, o que é uma tragédia para o estudo das gerações futuras.  

Mais, voltemos ao nosso tema:

“Os militantes do atual movimento negro no Brasil evocam um outro 13 de maio, que vê a abolição, em 13 de maio de 1888, como sendo um "golpe branco" visando frear o avanço da população negra, na época, uma minoria oprimida”.
BOBAGEM.
Uma grande bobagem, pois a população negra não era nenhuma minoria, era a maioria da população brasileira de norte ao sul do país.
Oprimidos sim, pois eram escravos.

Podem alegar que o governo imperial errou em não ter uma política de absorção da força de trabalho dos ex- escravos e aí sim estariam certíssimos.
Mais, golpe “visando frear o avanço da população negra” chega a ser ridículo.
O Movimento Negro pode aderir a essa certíssima opinião, pois o Brasil ainda sofre com a realidade de antanho:
“ Num terceiro enfoque, o 13 de maio é visto como conquista popular. Nesse enfoque se devem centrar os debates modernos, que encarem o problema negro como problema nacional. Todo o processo da abolição no Brasil foi lento e ambíguo, pois, como afirma José Murilo de Carvalho: "A sociedade estava marcada por valores de hierarquia, de desigualdade; marcada pela ausência dos valores de liberdade e de participação; marcada pela ausência da cidadania", e mostra ainda José Murilo que não eram apenas grandes fazendeiros que possuíam escravos. Diz ainda o mesmo historiador:
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Era uma sociedade em que a escravidão como prática, senão como valor, era amplamente aceita. Possuíam escravos não só os barões do açúcar e do café. Possuíam-nos também os pequenos fazendeiros de Minas Gerais, os pequenos comerciantes e burocratas das cidades, os padres seculares e as ordens religiosas. Mais ainda: possuíam-nos os libertos. Negros e mulatos que escapavam da escravidão compravam seu próprio escravo se para tal dispusessem de recursos. A penetração do escravismo ia ainda mais a fundo: há casos registrados de escravos que possuíam escravos. O escravismo penetrava na própria cabeça escrava. Se, é certo que ninguém no Brasil queria ser escravo, é também certo que muitos aceitavam a ideia de possuir escravo.
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 José Murilo de Carvalho
“Escreve ainda o mesmo autor, ao comentar a "carga de preconceitos que estruturam nossa sociedade, bloqueiam a mobilidade, impedem a construção de uma nação”. 

Antes da abolição da escravidão, em 1888 com a Lei Áurea, as Leis do Ventre Livre (Lei nº 2040, de 1871) e a do Sexagenário (Lei nº 3270, de 1885) já previam indenizações aos ex- proprietários de escravos no Brasil.

Vejam bem, “indenizações aos ex- proprietários de escravos no Brasil”, mas nenhuma palavra sobre as novas condições de vida para os libertos.
Nenhuma proposta para absorção da força de trabalho dos ex- escravos.
Foi o fim.

E até hoje a população negra é a menos favorecida em nossa Sociedade.

Em contrapartida como não houve empenho da Princesa Imperial Regente, dos governos imperais, os ex- proprietários de escravos levaram na ova como vaca nova, e o Brasil se ferrou de verde amarelo, pois sua economia foi com a atual, a de nossos dias, PARA O BREJO.

Vejam o absurdo:
“Em 14 de dezembro de 1890, por decreto, em proposta feita por Joaquim Nabuco no ano de 1888, Rui Barbosa, empossado em sua função de Ministro da Fazenda, solicita a destruição de todos os livros de matrícula, documentos e papeis referentes à escravidão existente no Ministério da Fazenda, de modo a impedir qualquer pesquisa naquele momento e posterior a ele que visasse a indenização de ex- proprietários de escravos. No entanto, essa decisão só foi efetivada em 13 de maio de 1891, na gestão de Tristão de Alencar Araripe que, na ata do encontro que culminou em tal destruição, mandou analisar a situação do escravo sob o ponto de vista jurídico um ano antes, e as tendências abolicionistas naquela época”.
Ou seja:
O Belo Quincas ferrou com a economia nacional.

Houve uma alternativa a indenização:
Estava em discussão também no Senado, em 1888, a criação de bancos rurais, que no entendimento do então senador Pedro Leão Velloso:
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a proposta sobre bancos agrícola apresentada pelo governo , sustenta que há nessa proposta de projecto de indemninaçã disfarçada ; donde concluo que existe como que um accórdo em renhocer que é justo, por meio de auxilio à lavoura, atenuar os males que lhe causou a lei de 13 de maio .
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 Senador Leão Velloso

“Os Bancos Rurais eram instituições que visavam auxiliar e fomentar o progresso agrícola e industrial, por meio de empréstimos de capitais para o granjeio, arroteia, aquisição e melhoramento dos prédios rústicos e desenvolvimento da pequena indústria”.
“Como dito pelo senador Leão Velloso era uma solução ao impacto causado produção agrícola pela abolição da escravidão, de modo alternativo as indenizações aos ex-proprietários”.

E o agronegócio acabou nas mãos dos banqueiros, como é até hoje.

Ou seja, o Belo Quincas ferrou com a economia nacional.
DEVEMOS TER EM MENTE QUE:

“A escravidão já era praticada na África muitos séculos antes da chegada dos europeus”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.
“Desde o século VIII reinos africanos ao sul do deserto do Saara promoviam a captura de pessoas para serem vendidas aos árabes ao norte do deserto”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.  
“Seis grandes rotas ligavam nações ao sul do Saara aos povos árabes do Norte”.
“Os negros africanos atravessavam o deserto para vender aos islâmicos, o algodão, ouro, marfim e sobretudo escravos”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.
“Voltavam com sal, joias, objetos metálicos e tecidos para serem entregues à nobreza africana”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.
“Em algumas regiões africanas a escravidão já estava tão enraizada que escravos eram usados como forma de pagamento de tributos”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.
“Os africanos monopolizavam praticamente todo o sistema escravagista dentro da África”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.
“A tarefa de capturar os futuros escravos e levá-los ao litoral para serem vendidos para os europeus era feita pelos próprios africanos, a mando da nobreza africana, que enriquecia seus reinos com esse comércio de pessoas”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.  
“O rei africano Osei Kwame, do Império Ashanti, era conhecido por viver em palácios luxuosos construídos graças ao dinheiro que lucrava com a escravidão”.

“Quando os portugueses chegaram ao reino de Kano, na atual Nigéria em 1471, encontraram um império enriquecido há pelo menos um século graças a venda de ouro, escravos, couro e sal”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.
“A participação europeia se limitava a fortes situados no litoral onde os escravos seriam embarcados para as Américas”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.

“O repúdio organizado e documentado à escravidão não surgiu na África, mas na Europa”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.
“Isso se deu a partir do século XVIII, através do iluminismo e suas ideias de liberdade e igualdade entre os homens”. Esse fato o Movimento Negro não quer reconhecer.

“Em determinados momentos da História brasileira era comum que, após conseguirem a liberdade, ex- escravos adquirissem um ou vários escravos”.
“Isso se fez notar especialmente em Minas Gerais no século XVIII”.
“ A sociedade mineira era essencialmente urbana e isso proporcionava uma grande oportunidade de ascensão social para as pessoas, inclusive escravos”.
“A extração do ouro enriqueceu a região e agitava a economia. Sapateiros, ferreiros, alfaiates, tecelões e chapeleiros conseguiam enriquecer”.
“Em 1830, os negros compunham três quartos da população livre de Sabará e 43% das casas de pessoas negras tinham escravos”.
“Na região de Salvador, a participação de negros e pardos entre a população senhorial também era notável”.
“No vilarejo de São Gonçalo dos Campos, 29,8% dos escravos estavam nas mãos de negros e pardos forros”.
“Em Santiago do Iguape, 46,5% dos escravos eram propriedade de negros livres”.
“No Rio de Janeiro não era diferente: em Campos dos Goytacazes, negros e mulatos compunham 30% dos senhores de escravos”.
Esses fatos o Movimento Negro não quer reconhecer.

O que é uma pena, pois embasaria uma realidade que muitos gostariam de ignorar que é:

A Sociedade Brasileira é negra, parda, mestiça, e não caucasiana, branca, europeia, como muitos afirmam.

E eu tenho orgulhos disso.

Enfim, concordo com José Bonifácio de Andrada e Silva:

“A escravidão é cancro mortal que ameaça os fundamentos da nação".


E nós ainda temos escravos... 

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