sábado, 29 de agosto de 2015

A BATALHA DE LEPANTO.




A Batalha de Lepanto foi um conflito naval travado entre uma esquadra da Liga Santa e o Império Otomano, que ocorreu no dia 7 de outubro de 1571, há 442 anos.

O Papa Pio V, nascido Antonio Ghislieri, 225 º Papa da Igreja Católica e 133 º Soberano de os Estados Papais, que fora Grande Inquisidor da Congregação da Inquisição Romana e Universal,
Ao saber que a cidade de Famagusta, na Ilha de Chipre, estava cercada pelos turcos e arduamente, heroicamente, era defendida pela guarnição local, comandada pelo senador veneziano Marco Antonio Bragadin, fez um inflamado discurso onde se comprometeu a organizar uma liga de Príncipes para combater o Império Otomano, os turcos e seus aliados, aquém considerava junto com os Judeus inimigos eternos da cristandade.
Famagusta era uma localidade na costa leste de Chipre, onde cristão provenientes da Queda de Acre, em 1291, e de diversos pontos da Palestina, conseguiram abrigo e como consequência transformaram a pequena aldeia que encontraram em uma das cidades mais ricas da cristandade, que estava sob o domínio da Republica de Veneza desde 1480.
Podia se afirmar que no contexto mais amplo é o de uma luta generalizada pelo controle do Mar Mediterrâneo, a cidade era de vital importância para a cristandade, já que era de seu porto que zarpavam os navios que faziam o intercambio de mercadoria, de pessoas de recursos, de dinheiro, entre o Leste e Oeste, ate os confins do antigo Mare Nostrum dos romanos, do Império Romano.
Para esta Nova Cruzada organizou a Liga Santa com os seguintes Príncipes seus domínios:
1-      Estados Pontifícios;
2-       Felipe II, Rex Catholicismus, cuja a divisa era " non sufficit orbis"(" O mundo não é o bastante "),  Rei de Espanha e outros domínios (pela Graça de Deus segundo do seu nome, Rei de Castela e Leão, de Navarra,,  de Aragão, de  Nápoles e da Sicília, Jerusalém , Hungria , Dalmácia, Croácia , Granada , Valencia , Toledo, da Galiza , de Maiorca, de Sevilha, da Sardenha, de Córdoba, da Córsega, de Murcia, Jaén,  Algeciras , Gibraltar, as Ilhas Canárias , das Índias Ocidentais, das terras firme do Mar Oceano, Arquiduque da Áustria, Duque de Lorraine e Brabante , Limburgo , Luxemburgo, Gelderland, Milão, Atenas e Neopatria, Conde de Flandres, Artois, Borgonha Palatine, do Tirol , de Hainaut , Holanda, Zelândia , Namur, Zutphen , Barcelona, Roussillon e Cerdanya, Príncipe da Suábia ,Margrave do Sacro Império Romano, Marquês de Oristano e Conde de Gociano ,Senhor da Biscaia e Molina , Friesland, Salins , Mechelen e cidades , vilas e terras de Utrecht, Overijssel e Groningen, Senhor Dominante na Ásia.
Felipe da Casa da Áustria (descendentes dos Habsburgo- como Casa da Áustria- dos da Casa de Valois-Borgonha, dos da Casa de Trastámara e dos da Casa de Aviz), só foi proclamado Rei de Portugal em 12 setembro de 1580 e aclamado em 15 de abril de 1581 pelas Cortes reunidas em Tomar, portanto não era ainda soberano de Portugal, do Algarves e Conquistas Ultramarinas, na época da Batalha de Lepanto em 7 de outubro de 1571, ou seja, 10 anos antes.
3-      Serenísima República de Veneza ,  República de Génova , República de Lucca;
4-      Grão-Ducado da Toscana; os Ducados de Savoia, de Ferrara , de Mântua , de Parma e Urbino;
5-       Cavaleiros de Malta.
O Sacro Império Romano, França e Portugal , apoiavam , contudo não enviaram tropas para se juntarem aos Exércitos da Liga.
As Forças da Santa Liga eram composta de:
Espanha: 90 galeras, 24 navios,50 fragatas e brigues;
Veneza: 6 galeasses ( uma grande , pesada galera e lentas) , 106 galeras, 14 navios e 20 fragatas;
Estados Pontifícios: 12 galeras, 6  fragatas.


A Força de Terra era composta de  50.000 soldados de infantaria, 4.500 membros na cavalaria e uma artilharia adequada para época.
O Comando Supremo  era de  Dom João da Áustria, Capitão General do Mar e Comandante da Frota  mediterrânea da Espanha.
Dom Juan de Áustria ou Johann von Österreich  era  filho do Imperador e Rei Carlos V com Barbara Blomberg, uma rica burguesa de 19 anos da cidade de Ratisbona, Alto Palatinado, portanto meio-irmão, Filipe II de Espanha.
Dom João da Austria foi auxilado por:
1-     Marco Antonio Colonna - Terceiro Duque de Paliano,  comandante das  galés  Pontifícia, nomeado CapitãoGeneral da Frota da Santa Liga pelo proprio Dom João da Austria;
2-     Sebastiano Venier - octagésimo sexto Doge de Veneza, governador de Candia ( hoje Creta), Capitão General de mar da frota veneziana,  auxiliado por Agostino Barbarigo, general capitão de mar da frota veneziana e o comandante da ala esquerda da frota cristã, morreu na Batlaha de Lepanto por causa de um ferimento a  flecha que lhe perfurou no olho direito; 
3-     Giovanni Andrea Doria,Almirante em comando da Frota da Republica de Genova;
4-     Dom Álvaro de Bazán y Guzmán, 1º marquês de Santa Cruz de Mudela, Grande de Espanha, responsavel pela retarguarda da Frota da Santa Liga.
Comandante das Forças Turcas ou Otomanas:
1-     Mehmet Ali Paxá, dito  Müezzinzade Ali Paxá ("filho do muezim"), Grande-Almirante(Kaptan Paşa ou Kaptan-ı Derya) da frota otomana do Mediterrâneo, “Ali Paxá morreu às mãos de um macedónio às ordens dos venezianos, ao ser atingindo na cabeça por uma bala de mosquete, o que o fez cair no convés onde foi decapitado por um zeloso soldado espanhol”;
2-     Suluc Mehmed Paxá, dito Mohammed Sirocco, “Almirante no comando da ala direita e combateu a ala esquerda cristã liderada por Agostino Barbarigo, morrendo no combate”;
3-     Uluč Alì, ( nascido Giovanni Dionigi Galeni)   almirante  no comando da ala esquerda “contornou o seu oponente direto, Giovanni Andrea Doria, a fim de salvar a sua ala da frota e voltou para Istambul” e por isso  Andrea Doria foi considerado um pessimo combatente e pessimo comandante ( alguns historiadores afrimam  que ele não combateu como deveria por causa das propriedades que sua familia tinha no Imperio Otomano) .
Na fuga Uluč Alì “capturou o  nau-capitania dos Cavaleiros de Malta com a sua grande bandeira e em Istambul a apresentou para sultão Selim II, que deu-lhe o título honorário de Kılıç ("Espada") e em 29 de outubro de 1571 o nomeou como Kapudan Pasha (Grande Almirante) e Beylerbey das ilhas. Ele foi posteriormente conhecido como Kılıç Ali Pasha;  
4-     Amurat Dragut, responsavel pela retarguada , contudo se sabe mais do seu pai, Dragut Rais, Vice-Rei de de Argel , Senhor de Tripoli e al-Mahdiyya , autointitulou-se  “ A Espada Vingadora do Islão” , sendo “um dos maiores almirantes (em turco Kapudanpaşa ) étnica turca ao serviço do Sultão, do que dele.
Vou usar o artigo de Giovan Tinelli di Olivano, in “Catolicismo” nº 250, outubro de 1971, site http://www.lepanto.com.br/historia/a-batalha-de-lepanto/ ...

Nos dias 16 e 17 de setembro, nos quais se deu a partida de Messina, o espetáculo foi deslumbrante. As naus começaram a mover-se duas a duas, encimadas por bandeiras cujas cores as distinguiam segundo a posição que assumiriam na batalha. À frente tremulavam as bandeiras verdes de Andrea Doria, o comandante dos espanhóis. Em seguida vinha a batalha ou centro, com suas bandeiras azuis, e o gonfalão de Nossa Senhora de Guadalupe sobre a nau de D. João d’Áustria.
Os estandartes do Papa e da Liga ficaram guardados para o momento do embate.
À direita da batalha vinha Marco Antonio Colonna na nau capitânia do Papa; à esquerda, o veneziano Sebastião Veniero, grande conhecedor das lides do mar, vigoroso com seus setenta anos, altivamente em pé na popa de sua nau.
A divisão de Veneza, comandada pelo nobre Barbarigo, seguia atrás, com bandeiras amarelas; as bandeiras brancas de D. Álvaro de Bazán, Marquês de Santa Cruz, fechavam aquele imponente cortejo naval.
 Uma figura toda vestida de púrpura destacava-se de entre a multidão reunida no porto.
Era o Núncio papal, que dava a bênção a cada barco que passava, com seus cruzados piedosamente ajoelhados na ponte: nobres revestidos de armaduras refulgentes, soldados de variados uniformes, marinheiros de roupas e gorros vermelhos.
Os remos compassados e as velas que se iam enfunando levavam-nos em demanda do inimigo da Fé. Na sua armadura dourada, terrível como um anjo vingador, avultava a figura de D. João d’Áustria, a quem o próprio Pio V aplicaria depois da vitória o que o Evangelho diz de São João Batista: “Fuit homo missus a Deo, cui nomen erat Ioannes” — Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João (Jo. 1,6).
Deixando o estreito de Messina, as naus da Liga costearam o litoral da Calábria e da Apúlia, e de lá seguiram para a ilha de Corfu, depois para Gomenitsa, nas costas da Albânia, onde aportaram no último dia do mês de setembro.
Ao longo desse percurso foram encontrando sinais da passagem dos turcos: restos carbonizados de igrejas e casas, objetos de culto profanados, corpos dilacerados de sacerdotes, mulheres e crianças covardemente assassinadas.
A inconformidade com o crime e o desejo de uma santa vingança faziam-se sentir no coração de todos os cruzados e revigoravam neles a vontade de lutar.
Nesse meio tempo os espias informaram que a esquadra inimiga estava ancorada em Lepanto, um porto localizado pouco mais ao sul, no estreito de igual nome, o qual liga o Golfo de Patras ao de Corinto.
Tratava-se agora de tomar a iniciativa da luta, indo ao encalço do inimigo.
Feitos todos os preparativos para a batalha, no dia 6 de outubro os navios da Liga deixaram a costa da Albânia em direção a Cefalônia, ilha do Arquipélago Jônico situada defronte ao Golfo de Patras, ao fundo do qual se achavam os navios turcos. Foi aí que os católicos receberam a notícia de que Famagusta, capital de Chipre, caíra em poder do Crescente, e que o general Mustafá cometera as piores atrocidades com o comandante da praça, Marco Antonio Bragadino, a quem mandara esfolar vivo, e cuja pele cheia de palha fizera conduzir por toda a cidade. A narração dessas crueldades acendeu o ódio da tropa cristã, que ansiava por defrontar-se com os otomanos.
O embate já então era iminente, dada a proximidade em que se encontravam os dois exércitos. O vento soprava do Levante, o céu estava encoberto e o mar era cinzento e cheio de névoa naquele sexto dia do mês. Os católicos não sabiam que o vento que os detinha era o mesmo que convidava o inimigo a deixar seu refúgio em Lepanto, e assim tornava possível a batalha. Com efeito, se os turcos não se resolvessem a sair, seria muito difícil desalojá-los de seu reduto. O estreito de Lepanto era protegido por duas fortalezas, cujos canhões fariam grande estrago à armada da Liga. A noite caiu, envolta em um silêncio misteriosamente cheio de prenúncios.
Às duas horas da madrugada do domingo, 7 de outubro, um vento fresco vindo do poente limpou completamente o céu, prometendo um dia ensolarado. Antes do amanhecer, D. João mandou levantar âncoras e soltar as velas. Quando as naus cristãs, tendo passado pelo canal que ficava entre a ilha de Oxia e o cabo Scrofa, desembocavam no golfo de Patras, uma fragata ligeira mandada em reconhecimento veio ao seu encontro, com a informação de que a esquadra turca estava a poucas milhas de distância. A bandeira que devia sinalizar a presença do inimigo tremulou no mastro da capitânia vanguarda. Depois de uma rápida deliberação com Venier, o generalíssimo ordenou que todos se dispusessem em ordem de batalha. Fez-se ouvir o troar de um canhão, enquanto era içado o estandarte da Santa Liga no mastro mais alto da galera capitânia.
“Aqui venceremos ou morreremos” — bradou D. João entusiasmado, ao acompanhar as evoluções da esquadra católica.
Seis pesadas galeras venezianas, comandadas por Francisco Duodo, rumaram lentamente para seus postos, na vanguarda. Como que no desejo de esmagar os otomanos num terrível amplexo, a esquadra católica procurou estender-se o quanto pôde, desde o litoral até o alto mar. À esquerda o veneziano Barbarigo, com 64 galeras, alargou seu flanco em direção ao litoral, para evitar um envolvimento dos inimigos pelo norte. Dom João comandava o centro, ladeado por Colonna e Veniero; o catalão Requeséns vinha um pouco mais atrás. A esquadra espanhola de Andrea Doria, com 60 naus, formava a ala direita, em direção ao mar alto. As 35 embarcações do Marquês de Santa Cruz aguardavam ordens à retaguarda, para uma eventual intervenção.
Também o almirante otomano — Kapudan-Pachá Muesinsade Ali, que passou à História como Ali-Pachá — dispôs sua esquadra para o combate. A ala direita, que devia defrontar-se com Barbarigo, compunha-se de 55 galeras e era comandada por Maomé Shaulak, governador de Alexandria; a ala esquerda, à qual cabia opor-se a Andrea Doria, era formada por 73 unidades às ordens do temível corsário Uluch Ali (Occhiali), um renegado calabrês que, segundo se dizia, fora frade; o centro, finalmente, com 96 galeras, estava sob o mando direto do próprio Ali-Pachá e constituía a elite da armada infiel. Uma divisão de reserva ficara à retaguarda.
O generalíssimo turco parecia querer investir resolutamente pelo centro, e ao mesmo tempo envolver os cristãos, aproveitando-se da sua superioridade numérica sobre estes (286 naus contra 208). O vento soprava de leste, favorável aos infiéis, enquanto os católicos tinham que se mover à força de remos. Decorreram quatro horas até que as duas armadas estivessem prontas para o confronto. O vento amainara.
A essa altura, Doria chegava à nau de D. João d’Áustria para propor um conselho de guerra, no qual se discutisse se convinha ou não dar combate a um inimigo numericamente superior. O generalíssimo limitou-se a responder-lhe: “Não é mais hora de falar, mas de lutar!” Doria voltou ao seu posto, tendo antes proposto a D. João que mandasse cortar o enorme esporão que pesava na proa das galeras. A vantagem desta medida, indicada pelo astuto genovês, revelou-se enorme: aliviou as naus, facilitando as manobras, e ademais permitiu que o canhão central, em vez de atirar por cima, visasse diretamente o alvo, com maior impacto.
D. João quis passar uma última revista a suas tropas.
Subiu a uma fragata e percorreu o corpo central e a ala direita da esquadra.
Dom Luiz de Requeséns foi incumbido de visitar a outra ala. O comandante supremo apresentou-se aos nobres e à tripulação de cada nau, levando na mão um crucifixo e conclamando com ardor para o lance iminente: “Este é o dia em que a Cristandade deve mostrar seu poder, para aniquilar esta seita maldita e obter uma vitória sem precedentes”. E mais adiante: “É pela vontade de Deus que viestes todos até aqui, para castigar o furor e a maldade destes cães bárbaros. Todos cuidem de cumprir seu dever. Ponde vossa esperança unicamente no Deus dos Exércitos, que rege e governa o universo”. A outros, dizia: “Lembrai-vos de que combateis pela Fé; nenhum poltrão ganhará o Céu”.
A resposta a essas palavras eram aclamações estrepitosas, e não havia quem não se mostrasse ao jovem general em atitude ufana e combativa. Enquanto isso, ele fazia distribuir escapulários, medalhas e rosários. O entusiasmo levou a tropa a tomar-lhe o chapéu e as luvas; por fim D. João voltou à sua capitânia, a fim de armar-se para o combate.
Ouvia-se do lado do inimigo um som fanhoso de cornetas, um crescendo de vociferações, o estrépito de címbalos e o sinistro percutir das cimitarras sobre os escudos. Os infiéis entretinham-se com danças, acompanhadas pelo crepitar de armas de fogo. Escachoam as gargalhadas, e a soldadesca escarnece da presunção dos que ousavam enfrentar o poderio imenso do sultão: “Esses cristãos vieram como um rebanho, para que os degolemos! ” A ordem dada por Ali-Pachá era não fazer prisioneiros.
Reaparece D. João. Sua armadura e seu elmo brilham ao sol, que agora está a pino, sem nenhuma nuvem a toldar o céu. O Príncipe ajoelha-se e reza. Todos os seus homens fazem o mesmo. No meio de um silêncio grandioso, os religiosos davam a última bênção e a absolvição geral aos que iam expor-se à morte pela Fé. Do lado inimigo também tudo se aquietara. Anjos e demônios pareciam fazer sentir sua presença e a transcendência do fato que ia ocorrer.
A cabeça de Ali-Pachá na ponta de uma lança
As esquadras se aproximam. No momento azado, Ali-Pachá manda dar um tiro de canhão para chamar os cristãos à luta. Dom João d’Áustria aceita o desafio, respondendo com outro tiro. O vento mudara inesperadamente. Os estandartes do Crucificado e da Virgem de Guadalupe investem contra as bandeiras vermelhas de Maomé, marcadas com a meia-lua, estrelas e o nome de Alá bordado a ouro. Nesse momento o Céu já enviara um augúrio da vitória: o primeiro tiro que partira contra os infiéis lhes afundara uma galera. Aos gritos de “Vitória! Vitória! Viva Cristo! ”, os cruzados lançaram-se com toda a energia na batalha.
Os turcos procuravam dar a maior amplitude a seu deslocamento, para envolver um dos flancos do adversário. Doria tenta impedir-lhes a manobra, mas afasta-se demais da zona que lhe havia sido designada, abrindo um perigoso vão entre a ala sob seu comando e o centro da esquadra cristã.
Os 264 canhões de Duodo, abrindo fogo, conseguem romper a linha inimiga.
Começam as abordagens.
O apóstata italiano Uluch Ali entra pelo vazio deixado por Doria.
 Com suas melhores naves, lança-se no combate em que o centro dos cristãos estava engajado, e com algumas galeras pesadas mantém Doria afastado.
Neste lance iam sendo aniquiladas as tropas de Doria, e a reserva do Marquês de Santa Cruz não podia socorrê-las, pois estava empenhada em auxiliar os venezianos da ala esquerda, junto ao litoral.
Ali-Pachá, reconhecendo pelos estandartes a galera de D. João, abalroou-a com seu próprio navio, proa contra proa, e lançou sobre ela toda uma tropa de janízaros escolhidos. Neste momento o conselho de Doria provou sua eficácia: desembaraçada do esporão, a artilharia da nau católica pôs-se a dizimar a tripulação da “Sultana”, a nave de Ali-Pachá. Em socorro desta acorreram mais sete galeras turcas, que despejaram mais janízaros sobre a ponte ensangüentada da capitânia de D. João. Duas vezes a horda turca penetrou nesta até o mastro principal, mas os bravos veteranos espanhóis obrigaram-na a recuar. Dom João contava agora com apenas dois barcos de reserva, sua tropa tinha sofrido muitas baixas, e ele mesmo fora ferido no pé. A situação ia-se tornando cada vez mais perigosa, quando o Marquês de Santa Cruz, tendo liberado os venezianos, veio em socorro do generalíssimo e este pôde repelir os janízaros.
A batalha chegara ao seu auge. As águas tingiam-se de sangue, ressoavam gritos e gemidos dos que lutavam, dos feridos, mutilados e agonizantes. O estrondo das armas de fogo entrecruzava-se com o tinir das lâminas de aço, num concerto trágico e grandioso. Sucediam-se umas às outras as proezas. O sangue nobre corria. Um após outro caíram Juan de Córdoba, Fábio Graziani, Juan Ponce de León.
 O velho Venier lutava de espada na mão, à frente de seus soldados. O general veneziano Barbarigo tombara ferido por uma flecha no olho, quando, para dar ordens a seus homens, afastara o escudo que o protegia. “É um risco menor do que o de não conseguir fazer-me entender numa hora destas!” — respondera a alguém que o advertia do perigo. O jovem Alexandre Farnese, Duque de Parma, entrou sozinho numa galera turca, e não morreu. De sua parte, o inimigo tentava toda espécie de manobras e dava inegáveis provas de valor.
O momento era crítico, e ainda deixava muitas dúvidas quanto ao desenlace da batalha, quando Ali-Pachá, defendendo a “Sultana” de mais uma investida cristã, caiu morto por uma bala de arcabuz espanhol (ou suicidou-se, segundo outra versão). Eram 4 horas da tarde.
O corpo do generalíssimo dos infiéis foi arrastado até os pés de D. João. Um soldado espanhol avançou sobre ele e cortou-lhe a cabeça.
Esta, por ordem do Príncipe, foi então erguida na ponta de uma lança, para que todos a vissem. Um clamor de alegria vitoriosa levantou-se da capitânia católica. Os turcos estavam derrotados, e o pânico espalhou-se celeremente entre suas hostes, a partir do momento em que o estandarte de Cristo começou a drapejar sobre a “Sultana”.
Uluch Ali ainda investiu sobre a ala direita comandada por Andrea Doria. Mas, atacado pelo Marquês de Santa Cruz, tratou de fugir.
O veneziano Girolamo Duodo conta que “uma grande parte dos escravos cristãos, que se encontravam nos navios inimigos, compreendeu que os turcos estavam perdidos. Apesar dos guardas, esses infelizes multiplicaram seus esforços para buscar a salvação na fuga e favorecer a vitória dos nossos. Em pouco tempo, ei-los combatendo em todos os setores onde há guerra, com uma coragem sem igual. Seu ardor é decuplicado pelos gritos que ecoam de todos os lados: “A vitória é nossa!”. Nos navios da Liga, os galés — que tinham sido armados de espada — abandonavam os remos quando havia abordagem e lutavam valentemente contra os turcos.
Uma Senhora de aspecto majestoso e ameaçador
Os restos da esquadra inimiga batem em retirada e se dispersam, enquanto as trombetas católicas proclamam a todos os ventos a vitória da Santa Liga, na maior batalha naval que a História jamais registrara.
A tarde começava a cair e prometia um mar agitado. No crepúsculo daquele santo dia, os navios da Liga se reagrupavam e mal podiam navegar através dos restos da batalha: cadáveres, remos e mastros espalhados bizarramente pela água. As embarcações apresadas vinham à retaguarda das galeras católicas, arrastadas humilhantemente pela popa.
As perdas dos infiéis tinham sido enormes: 30 a 40 mil mortos, 8 ou 10 mil prisioneiros (entre os quais dois filhos de Ali-Pachá e quarenta outros membros das famílias principais do império), 120 galeras apresadas e cinqüenta postas a pique ou incendiadas, numerosas bandeiras e grande parte da artilharia em poder dos vencedores. Doze mil cristãos escravizados alcançaram a liberdade. A Liga perdeu doze galeras e teve menos de 8 mil mortos.
 (Giovan Tinelli di Olivano, in “Catolicismo” nº 250, outubro de 1971)

Outros historiadores dão saldos diferentes a Batalha de Lepanto, como este:
1-Armada da Santa Liga
227 galeras;
6 galeazas;
76 fragatas e bergantines;
 98.000 homens;
Bajas entre os cristãos:
7.600 almas;
12 galeras.
2-Armada Otomana:
210 galeras;
87 galeotas e fustas;
120.000 homens.
Bajas entre os otomanos/turcos:
190 navios;        
30.000 homens;
3-12.000 cativos cristãos recuperados.
Outra fonte:
1-Armada da Santa Liga
212 navios;
6 galleasses;
206 galeras;
28.500 soldados;
Marinheiros e remadores;
Canhões.
Acidentes e Perdas ou Bajas:
7.500 mortos;
20.000 feridos;
17 navios perdidos;
20.000 mortos, feridos ou capturados .
2-Armada Otomana:
251 navios;
206 galeras;
45 galeotas;
31.490 soldados;
50.000 marinheiros e remadores;
741 canhões.
Acidentes e Perdas ou Bajas:
20.000 mortos, desaparecidos ou capturados- nota-se que é o mesmo numero dos cristãos;
137 navios capturados;
50 navios afundados;
3 -10.000 cativos cristãos recuperados.

Como podemos perceber há controvérsias, mas o importante é que atrasou a invasão mulçumana em 442 anos, pois hoje ela acontece diariamente na Europa e em outros países da chamada Civilização Ocidental, fora os ataques sangrentos as comunidades africanas não islamitas.


Contudo a grande Batalha de Lepanto não seria necessária se anos antes não houvesse a Queda de Constantinopla, numa terça-feira, dia 29 de maio de 1453, como veremos. 

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