O primeiro cemitério como
conhecemos hoje- ao ar livre da cidade, particular e restrito - instalado no
Brasil foi o Cemitério dos Ingleses, na Gamboa, Rio de Janeiro, então capital
do Reino Transcontinental da Casa de Bragança, e o primeiro sepultamento se deu
em 15 de janeiro de 1811 (205 anos).
O terreno foi adquirido por
Lord Percy Clinton Sydney Smythe GCB GCH, sexto Visconde de Strangford, também
conhecido como Lorde Strangford, (1780 - 1855) foi um diplomata irlandês, Embaixador
do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, a Gertrudes, a Romana, a Ana, a Isabel
e a Leandro, filhos herdeiros de Simão Martins de Castro e Páscoa da
Ressurreição.
O terreno na realidade era uma
chácara distante do centro da cidade do Rio de Janeiro denominada a "Forno
do Cal", situada na Rua da Gamboa, número 181, ou seja, localizada ao pé
do Morro da Gamboa, um local privilegiado já que havia “um atracadouro próprio,
situado no então "Saco da Gamboa", para o desembarque dos oficiais e
marinheiros ingleses que morriam nas longas travessias do Atlântico”.
Foi Sua Majestade Fidelíssima El-Rey
para Portugal.
Levou consigo os restos
mortais da senhora Dona Maria I, Majestade Fidelíssima Rainha do Reino Unido de
Portugal, Brasil e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhora da
Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia,
etc, que havia sido sepultada no Convento de Nossa Senhora da Conceição da
Ajuda, ou simplesmente Convento da Ajuda, já demolido no centro do Rio de
Janeiro que ficava no local onde hoje é a Cinelândia, o de seu sobrinho e genro
o senhor Dom Pedro Carlos António Rafael José Xavier Francisco João Nepomuceno
Tomás de Vilanova Marcos Marcelino Vicente Ferrer Raimundo de Bourbon e
Bragança, Infante de Espanha e Portugal, que estava sepultado no Convento de
Santo Antônio, localizado no alto do Morro de Santo Antônio e voltado para o
Largo da Carioca.
“ A partir de 1828, começaram
a surgir leis proibindo os sepultamentos em igrejas e determinando a criação de
cemitérios municipais, em áreas afastadas do núcleo urbano, com muros altos a
fim de se evitar a transposição de animais domésticos, longe de cursos fluviais
e de áreas inundáveis”.
A padrecada ficou furiosa
porque diminuía assim a sua renda mensal, e partiram para resistência, pois
desde “ a lei municipal de 04/10/1830, haviam sido proibidos os sepultamentos
nas igrejas, sacristias e conventos”.
Contudo “ os discursos médicos
dominantes, balizados na teoria miasmática, difundiam a crença de que o
ambiente era o responsável pela formação e alastramento de doenças, pois
afirmavam que que o processo de decomposição da matéria orgânica era um
elemento fundamental para a formação e desenvolvimento de focos de
enfermidades”.
Morreu Dona Leopoldina, a
primeira Imperatriz do Brasil, em 1826, “foi sepultada no Convento da Ajuda, e quando o convento foi demolido, em 1911, os
restos da Imperatriz foram trazidos ao Convento de Santo Antônio, no qual foi
construído um mausoléu para ela e alguns membros da Família Imperial”.
Em abril de 1831 o senhor Dom Pedro
I alegremente partiu para conquistar Portugal.
E veio a Epidemia da Cólera
que “ eclodiu no Norte da África em 1839, mas que atingiu a América do Sul, e
que pela primeira vez afetou o Brasil, pois foi trazida por marinheiro que
faziam os transportes intercontinentais”.
Com isso foi organizado na Ponta
do Caju, em uma gleba adquirida de José Goularte por Jose Clemente Pereira,
então Provedor da Santa Casa de Misericórdia, o Campo Santo da Misericórdia
para serem sepultadas as vítimas de cólera. O primeiro sepultamento foi de "Vitória,
creola, filha de Thereza, escrava de Manoel Rodrigues dos Santos" (grafia
arcaica da época) no dia 2 de julho de 1839.
O Campo Santo da Misericórdia
foi usado para sepultamentos de escravos e indigentes até 1851, pois antes de
1839 eles eram sepultados “ no cemitério velho da Rua Santa Luzia, onde agora
estava sendo erguido o novo hospital da Santa Casa (existente até os dias
atuais) ”.
“O Cemitério da Ordem Terceira
dos Mínimos de São Francisco de Paula, mais conhecido como Cemitério do
Catumbi, situado entre as ruas Itapiru e Catumbi, no aprazível bairro do
Catumbi, pertencente e administrado pela
Venerável Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula desde a sua
criação (atualmente possui, também, um crematório), teve seu primeiro
sepultamento em “ 20 de maio de 1850 e já no seu primeiro ano de funcionamento
foram enterrados cerca de três mil corpos, a imensa maioria de vítimas da
epidemia da febre amarela que então grassava na Corte, mais 323 irmãos da
Congregação, além de ter sido transladados para lá cerca de 450 restos mortais,
na sua maior parte da nobreza brasileira, que estavam sepultados na Igreja de
São Francisco de Paula, situada no Largo de São Francisco de Paula, no centro
histórico da cidade do Rio de Janeiro, como atestam os documentos da Ordem”.
Decreto de criação dos cemitérios.
O Governo Imperial “ pelo
decreto nº 842, de 16 de outubro de 1851, funda os Cemiterios publicos de S.
Francisco Xavier e S. João Baptista nos suburbios do Rio de Janeiro. Convindo
determinar o numero e localidade dos Cemiterios publicos, que, em virtude do
Decreto Nº 583 de 5 de Setembro de 1850 se devem estabelecer nos suburbios da
Cidade do Rio de Janeiro: Hei por bem que desde já se fundem dous, hum com a
denominação de S. Francisco Xavier, no lugar da Ponta do Cajú, em que se acha
estabelecido o Campo Santo da Misericordia, e no terreno das duas chacaras a
este contiguas; e outro com a denominação de S. João Baptista, no lugar do
Brequó em terrenos pertencentes á de Hutton, ao Doutor Francisco Lopes da Cunha
e a Manoel Carlos Monteiro.
[ assinado pelo ] Visconde de
Mont'alegre, do Conselho d'Estado, Presidente do Conselho de Ministros,
Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios do Imperio, assim o tenha
entendido, e faça executar. Palacio do Rio de Janeiro em dezeseis de outubro de
mil oitocentos cincoenta e hum, trigesimo da Independencia e do Imperio. Com a
Rubrica de Sua Magestade o Imperador”.
José Clemente Pereira, também
conhecido como José Pequeno, dignitário da Imperial Ordem do Cruzeiro e da
Imperial Ordem da Rosa, português
nascido em Ade, hoje “ agregada às freguesias de Castelo Mendo, Monteperobolso
e Mesquitela, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de
Castelo Mendo, Ade, Monteperobolso e Mesquitela com sede em Monteperobolso”, em
17 de fevereiro de 1787 e falecido na Corte do Rio de Janeiro em 10 de março de
1854, com 67 anos, foi o “ líder das manifestações populares do Dia do Fico,
Deputado Geral, Administrador do Rio de Janeiro, Ministro dos Estrangeiros,
Ministro da Justiça, Ministro da Guerra, Conselheiro de Estado, Ministro da
Fazenda, Senador do Império do Brasil, além de Provedor da Santa Casa de
Misericórdia de 25 de julho de 1838 e permaneceu na Provedoria até 10 de março
de 1854, quando faleceu”.
Por suas benemerências - provedor
da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro durante vários anos e criador
do Hospício Pedro I- sua viúva, Dona Engrácia
Maria da Costa Ribeiro Pereira, filha do tenente-coronel Manuel José da Costa,
dos Açores, e de Rita Maria do Carmo, ricos fazendeiros com várias propriedades
urbanas no Rio de Janeiro e uma fortuna em títulos de créditos, em 13 de março
de 1854, apenas 3 dias depois da morte de José Clemente Pereira, foi agraciada
com o título de Condessa da Piedade, por SMI Dom Pedro II.
José Clemente Pereira era um homem
de grande influência política em 1851 “ obteve a concessão dos serviços
funerários pelo Governo Imperial.
“O Governo Imperial pelo
Decreto nº 843 de 18 de outubro de 1851 - Commette a fundação e administração
dos Cemiterios Publicos dos suburbios do Rio de Janeiro, e o fornecimento dos
objectos relativos ao serviço dos enterros á Irmandade da Santa Casa da
Misericordia da mesma Cidade, por tempo de cincoenta anos - assinado pelo Visconde de Mont'alegre,
Conselheiro d'Estado, Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e
Secretario d'Estado dos Negocios do Imperio, com a Rubrica de Sua Magestade o
Imperador – entregou pelo prazo de 50 anos para Santa Casa de Misericórdia do
Rio de Janeiro o serviço funerário da Cidade
Nota: José da Costa
Carvalho, o Visconde de Mont'Alegre que depois de 2 de dezembro de 1854, por
Ordem de Sua majestade Imperial, passou a ser chamado de o Marquês de Mont'
Alegre, (Salvador, 7 de fevereiro de 1796 — São Paulo, 18 de setembro de 1860)
foi um político e magistrado brasileiro, membro da Regência Trina Permanente e
Primeiro-ministro do Império do Brasil, de 8 de outubro de 1849 a 11 de maio de
1852. Está sepultado no Cemitério da Consolação em São Paulo.
Assim o “ Cemitério de São
Francisco Xavier, popularmente conhecido como Cemitério do Caju, localizado no
bairro do Caju, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o maior cemitério do Estado do
Rio de Janeiro, com 441 mil m², e um dos maiores do Brasil, passou para as mãos
da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, e em março de 2015 para a
Concessionaria Reviver, formada pelas empresas União Norte, do Rio de Janeiro,
e pela RMG Empreendimentos, de Minas Gerais, que são referências nos setores em
que atuam”.
Assim “ o Cemitério São João Batista, de
frente para Rua General Polidoro, 333 ( antiga Rua do Brequó por causa do Rio
Brequó) , estendendo-se desde daquela frente, até as vertentes do Morro de São
João, ladeando a Rua Real Grandeza , tendo
na parte plana a superfície de 183.123 metros quadrados, com cerca de 25 mil
túmulos, com hoje aproximadamente 65 mil corpos sepultados, a maioria de
católicos, foi entregue pelo Governo Imperial para sua administração a Santa
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, mas que desde agosto de 2014 é gerido pela
empresa privada Rio Pax, formada pela Agência
funerária Rio Pax, pela Solucard Administradora de Cartões e Convênios e pela
funerária Cintra”.
“ A Venerável e Arquiepiscopal
Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo foi fundada no Rio de Janeiro
em 19 de julho de 1648, pelos senhores Dr. Balthazar de Castilho de Andrade
(eleito Prior), André da Rosa, Francisco Nunes, Frei Antônio dos Anjos e Frei
Ignácio da Purificação, e em 1857 abriu uma subscrição entre os irmãos que
atingiu a quantia de 26:100$000 (vinte e seis contos e cem mil réis) para a
construção de um cemitério para seus irmãos e familiares”.
“Com esses recursos foi
adquirido um terreno de 110 metros de frente por 191,40 metros de fundos, que
pertencia à Santa Casa de Misericórdia, no bairro do Caju, hoje Rua Monsenhor
Manuel Gomes, 287 ”.
“Em 11 de março de 1859
procedeu-se a bênção do terreno para as obras”.
“Outras subscrições foram
feitas para a construção da capela e os sepultamentos dos cadáveres começaram
em 27 de junho de 1869 ”.
No Cemitério da Venerável e
Arquiepiscopal Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo estão
sepultados as bisavós paternos desse autor, o comerciante português Manoel Martins
da Fonseca e sua esposa, Dona Hermínia Pereira da Fonseca, os avós paternos, o
comerciante português Albino Dias Fontes Garcia e sua esposa, Dona Carlinda
Fonseca Garcia, outros parentes e amigos.
“ A Irmandade da Ordem
Terceira da Penitência surgiu em 1619, no morro de Santo Antônio, funcionando
inicialmente numa capela transversal à Igreja do Convento Franciscano de Santo
Antônio. Em meados do século XVII, iniciaram a construção de um templo próprio,
cujas obras levaram mais de um século para serem concluídas. Inicialmente, os
Irmãos da Penitência eram todos enterrados na Igreja Conventual até que ficou
pronta sua própria, onde passaram a ser sepultados a partir de então. Em
princípios do século XIX, foram construídas catacumbas nos fundos do templo,
mas que logo ficaram lotadas. Com a proibição de enterramentos nas igrejas os
irmãos tiveram a ideia de construir um campo santo próprio. No dia 10 de junho
de 1857, a Irmandade da Ordem Terceira da Penitência solicitou à Santa Casa de
Misericórdia a cessão de um terreno de 65 braças de frente para a Praia de São
Cristóvão. O pedido foi deferido pelo Provedor, e assim o novo cemitério
começou a funcionar em 1º de março de 1858. Dessa forma, os sepultamentos nas
catacumbas do morro de Santo Antônio foram encerrados e as sepulturas que
estavam lá, transferidas para o novo espaço” – site: http://cemiteriodapenitencia.com.br/historia/
O endereço atual do cemitério é
a Rua Monsenhor Manuel Gomes, 307 - CAJU - Rio de Janeiro – RJ.
Os Judeus, também, tiveram e têm
seus cemitérios na Cidade do Rio de Janeiro.
O Cemitério Israelita de
Inhaúma, no Bairro de Inhaúma, também conhecido como Cemitério das Polacas, fundado
pela Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita (ABFRI), em 10 de
outubro de 1906 e ficou ativo até o início da década de setenta do século XX,
quando a Associação que o dirigia se extinguiu. O local foi tombado pela
Prefeitura do Rio de Janeiro, através do Decreto N. º 28.463, de 21 de setembro
de 2007. “ No cemitério se encontram os
túmulos de Ela Pick, mãe do instrumentista Jacob do Bandolim, e de Estera
Gladkowicer, que inspirou Moreira da Silva a compor em parceria com Jorge Faraj
o samba "Judia Rara" (1964)”.
O Cemitério Comunal Israelita
do Rio de Janeiro, também chamado de Cemitério Israelita do Caju, inaugurado em
1955 e possui mais de 6.500 sepulturas, está localizado à Rua Mons. Manoel
Gomes, 311 – Caju- formado assim “ o conjunto de necrópoles com o Cemitério da
Ordem Terceira do Carmo, com Cemitério da Venerável Ordem Terceira de São
Francisco da Penitência e com Cemitério do Caju (Cemitério de São Francisco
Xavier). Em 1975 foi inaugurado junto à entrada do cemitério um Monumento
Memorial às vítimas do Holocausto. O Cemitério Comunal Israelita do Rio de
Janeiro é administrado pela Sociedade Cemitério Comunal Israelita do Rio de
Janeiro.
Continua...
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