quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

56 - CONVERSA- Armand Jean du Plessis, Cardeal-duque de Richelieu e de Fronsac, homem a serviço da Monarquia absoluta e pela França. Parte II


Triple portrait du Cardinal de Richelieu
par Philippe de Champaigne, 
Londres, National Gallery
Ele tinha sido enviado aos 9 anos para o Colégio de Navarra e, mais tarde iria se juntar a Academia de Pluvinel para continuar a sua formação como um cavalheiro e um soldado, pois ele foi escolhido para carreira das armas, enquanto seu irmão mais velho, Alphonse, ia substituir o Tio-Bispo, Armand-Jean, no cargo.
 “O homem põe e Deus dispõe”.
Com 21 anos -  a idade mínima para ser consagrado Bispo era de 26 anos, portanto Richelieu tinha 5 anos menos -   em 18 de Dezembro de 1606 foi confirmado como Bispo de Luzon em substituição a seu tio paterno por Henrique IV, o Grande, Rei de França e de Navarra.
Como ainda não tinha a idade mínima, que levou uma viagem a Roma para uma dispensa da Papa, que uma vez obtida vez com que Richelieu fosse de facto consagrado Bispo em 17 de abril de 1607 pelo Cardeal-Presbítero de San Callisto e Investido pelo Papa Paulo V.
Em Roma fez um incrível sucesso junto a Hierarquia Católica- Papal.
Em 1608 retomou a França e tomou posse física de sua pobre Diocese, dano início a “as reformas institucionais que o Concílio de Trento determinou, tornado se o primeiro Bispo em França a faze-las”.
Nesta época conhece aquele que se tornou o grande amigo, conselheiro e partidário fiel,
François Leclerc du Tremblay, o famoso « Père Joseph », que era monge capuchinho, considerado a ‘Eminência Parda’ do governo do Reino de França, aliás, a mais famosa ‘eminência parda ‘de todos os tempos, pelo menos historicamente, e aquém Richelieu enviou muitas vezes como seu emissário pessoal e agente do Reino durante várias e várias negociações diplomáticas
Como já falei, a alcunha “eminencia parda’ tanto usada hoje e por causa de « Père Joseph ».
Com 29 anos, sob o auspicio de Denis Bouthillier, secretário particular da Rainha Maria de Médici, então Regente de França em nome de Luís XIII, foi eleito para os Estados Gerais pelo Clero de Poitou.
Como o ‘porta-voz da reunião’ causou muito boa impressão da Rainha-Regente e da Corte, tanto que Marie de Médici, o nomeou Grande Capelão (Grand Aumônier) para a jovem Rainha, a espanhola Ana de Áustria, mulher de Luís XIII e sua nora, em novembro 1615.
“Data venia, os dois nunca se entenderam”, pois tinha restrições a ela, como aliás a maior parte da nobreza capitaneada pelo Príncipe de Condé, pois além desse casamento ser parte de uma aliança entre Maria de Médici, Rainha-mãe e Regente de Luís XIII, com o Rei de Espanha, Felipe III, ele desconfiava que induzida secretamente pelo pai, ela espionava os negócios de França.
Esse casamento levou anos para ser consumado, pois Luís XIII era homossexual.
Em 1616, foi nomeado Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra ocupar este cargo por apenas cinco meses.
Não posso afirmar se Richelieu tinha, ou não tinha, boas relações com o favorito da Rainha-mãe e Regente, um italiano de nome Concino Concini, feito premier gentilhomme de la Chambre, surintendant de la maison de la reine, gouverneur de Péronne, Marechal de França, Marquês de Ancre, Conde de Penna, Barão de Lésigny, nascido em Florença por volta de 1575 e assassinado em Paris 24 de abril de 1617.
Não sei.
Concini com sua mulher, Leonora Dori chamado de "a Galigai", orgulhosos e prepotentes, predadores por excelência e arrivistas, antipático a nobreza, aos burgueses, e ao povo, delapidaram os bens de França em proveito próprio.
Autorizado pela Rainha-mãe e Regente, com quem tinha um caso amoroso, tentou entrar no Parlamento de Paris de chapéu na cabeça e foi rechaçado pela Nobreza de Toga ali presente.
Foi um fuzuê danado.
Carlos, Marquês d’Albert, um favorito de Luís XIII, tanto que o fez conselheiro de Estado, cavalheiro da câmara, o governador da cidade e do castelo de Amboise em Touraine, capitão da Tulherias,  grand fauconnier de France, futuro primeiro Duque de Luynes, Par de France, e Condestável de França, considerou que não só  a pessoa do Monarca estava sendo humilhada pela situação Maria de Médici/ Concino Concini, que tinha um exército pessoal de mais de 7000 soldados , como, também, poderia sofrer um golpe de Estado e ser destronado pelo italiano arrivista.
 Passou a conspirar com o Nicolas de L’Hopital, Marquês e depois Duque de Vitry, Senhor do Nandy e Coubert, entre outros.
 E em 24 de abril de1617, Nicolas de L’Hopital e de Vitry matou a tiro Concino Concini, Marechal d’Ancre.
Nicolas de L’Hospital foi feito Marechal de França e governador da Bastilha e, portanto, o carcereiro do marechala d'Ancre, Leonora Dori, depois nomeado governador da Provence 1631-1637, mas caiu em desgraça “em 1635 e preso em 25 de outubro de 1637, na estrada para Saint-Germain, ele está confinado à Bastilha por ordem de Richelieu, por causa da violência que ele praticou sobre o Arcebispo de Sourdis. Saiu da prisão em 19 de janeiro de 1643, morrendo em Nandy perto de Melun em 1644”.
Com a queda da Rainha-mãe, Richelieu, também, curte um exilio da Corte de Luís XIII em sua Diocese de Luzon, e passa o tempo escrevendo L'Instruction du Chrétien, a Instrução para um Cristão.
Em 22 de fevereiro de 1619, Maria de Médici, uma italiana indomável, filha de Francisco I de Médici, Grão-duque da Toscana, e de Joana de Habsburgo, Grã-Duquesa da Toscana e Arquiduquesa de Áustria, conseguiu fugir de seu exilio/prisão em Le château royal de Blois, no Castelo de Blois, apoiada por Jean Louis de Nogaret de La Valette, seigneur de La Valette e de Caumont, Duque d'Épernon, um dos favoritos de Henrique III, um dos “mignons du roi Henri III”, apelidado de « le demi roi », um dos principais personagens da nobreza francesa, durante três reinados (Henrique III, Henrique IV e Luís XIII ),que a levou para o Castelo de Angoulême , onde se inicia um conflito geral contra o Rei , a famosa  “Primeira Guerra da mãe e do filho".
Sem saída, o Duque de Luynes, em nome do Rei, e Maria de Médici, em seu nome e dos seus aliados, apelam para Richelieu e o convocam para ser o intermediário deles em um Tratado de Paz.
Assinado o Tratado de Angoulême, mas, Maria de Médici não ficou satisfeita e nisso é apoiada pelos Grandes do Reino, Grands du royaume, e acontece a “Segunda Guerra da mãe e do filho", vencida pelo Rei Luís XIII, na Batalha de Ponts-de-Ce, no hoje departamento de Maine-et-Loire na região Pays de la Loire, em 7 de agosto de 1620.
É o enfraquecimento total da Rainha-mãe, mas não de Richelieu, pois foi ele que conseguiu traze-la de volta ao Conselho do Rei.
Espantada e não constando nada de ver o crescente Poder político de seu ex-protegido, Maria de Médici, resolve desbanca-lo aos olhos do Rei e “ainda sem entender a personalidade do Rei, seu filho, e ainda acreditando que vai ser fácil exigir-lhe a desgraça Richelieu, ele tenta obter a demissão do ministro”.
Estava furiosa, porque “Durante a Guerra com a Espanha, Maria tentou persuadir o rei a obter a paz com os Habsburgo [de Espanha, a Casa da Áustria], mas Luís XIII rejeitava os conselhos de sua mãe em favor do cardeal e finalmente depois de várias batalhas, foi assinada a paz com dignidade para ambos os lados”.
Maria era vingativa, tinha o apoio de sua nora, Ana d’Áustria, e de seu filho, Gaston d’Orleans, eterno conspirador contra o Rei, invejoso, pois queria ser o Rei, custasse o que custasse, até traição à Coroa de França valia em sua ótica corrompida. 
“Durante a guerra no Ducado de Mântua e Monteferrato a Rainha-Mãe e a Rainha Ana pediram diretamente, insistentemente, indelicadamente, a Luís XIII que afastasse o Cardeal, e o Rei prometeu que iria fazê-lo assim que acabasse o conflito, num ato de sabia política interna e familiar”.
Então...
...Acontece, então, La Journée des Dupes (Dia dos Logrados), os “eventos de domingo 10 para segunda-feira 11 de Novembro de 1630, quando Luís XIII, com 29 anos, contra todas as probabilidades reitera a sua confiança em seu ministro Richelieu, elimina seus adversários políticos e forçou a Rainha -Mãe Maria de Médici ao exílio” e para grande decepção da jovem Rainha espanhola, Anna d’Áustria, inimiga do Cardeal. 
Porque Dia dos Logrados?
“Finalmente, no dia 10 de Novembro de 1630, no Palácio de Luxemburgo, Maria de Médici convocou o filho, Luís XIII, o repreendeu, e pediu que abandonasse Richelieu. O Cardeal, reconhecendo a importância da entrevista, tentou entrar na sala mas Maria de Médici tinha ordenado aos guardas que mantivessem as portas trancadas. Entretanto o Cardeal entrou no apartamento da rainha através de uma passagem secreta. Maria ficou furiosa com o insulto e a provocação de Richelieu, e chamou-o de "ingrato" e "traidor." O Cardeal se ajoelhou diante do rei e argumentou. Luís XIII lhe deu as costas e foi para Versalhes, onde possuía um pavilhão de caça. Os cortesãos, acreditando na vitória da Rainha, se inclinavam diante dela. O rei mandou, entretanto, chamar Richelieu, renovou-lhe sua confiança e prometeu jamais se separar dele. Este dia ficou conhecido como O Dia dos Tolos. Vitorioso, Richelieu tornou-se Primeiro-Ministro e Maria de Médici foi exilada na Compiègne, hoje departamento de Oise, na região Picardia.”
Fonte: http://pt.wikipedia.org
A irrequieta Maria conseguiu escapar, indo para Bruxelas, onde foi bem recebida e acolhida com amizade por doña Isabel Clara Eugénia da Áustria, Infanta de Espanha e governadora dos Países Baixos, Arquiduesa da Áustria por seu casamento com o Arquiduque Alberto VII d’ Áustria, filho do imperador Maximiliano II, a filha mais querida de Felipe II, Rei de Espanha e Portugal, e de Izabel de Valois, filha da França e a terceira esposa do celebre monarca universal cujo Império o Sol jamais se punha.   
Promessas foram feitas de ajuda a Maria e a seu filho, Gaston d’Orleans, o invejoso traíra, mas nada aconteceu, pois Dom Filipe IV, o Grande, Rei de Espanha, em Portugal, Dom Filipe III, se recusava a ajudá-la.
Convidada a voltar à Terra natal, Florença, recusou.
Culpada de alta traição em França, foi privada de seu status de Rainha e ficou sem suas pensões.
Persona no grata em Bruxelas, em 1638, partiu para a Inglaterra de Carlos I, o decapitado, seu genro, pois ele era casado com sua filha, Henriqueta Maria de Bourbon, Rainha Consorte, onde foi bem recebida e obteve alguma renda para seu sustento, mas os protestantes agiriam e ela foi expulsa em 1641.
Sem ter para onde ir, aceitou a hospitalidade de Peter Paul Rubens, e mudou-se para a casa do pintor em Colónia, na Alemanha.
No verão de 1642, ficou doente.
Fabio Chigi, o futuro Papa Alexandre VII deu-lhe os sacramentos.
Morreu de hipertrofia do coração, erisipela e gangrena em 3 de julho de 1642, poucos meses antes do Cardeal.
Após a morte do cardeal, Luís XIII, pagou as dívidas da mãe e mandou repatriar o corpo para sepultá-lo na Basílica de Saint-Denis.
A altiva Rainha, cujo luxo e esplendor se estampa nas enormes telas de Rubens, detinha moderada fortuna ao morrer.
Para fugir, dizem, foi auxiliada pela nora Ana da Áustria, mulher de Luís XIII, que também sofria com a desconfiança do Cardeal de Richelieu.
Fonte: http://pt.wikipedia.org

Enquanto isso, o Poder de Armand Jean du Plessis, Cardeal-duque de Richelieu e de Fronsac, um homem a serviço da Monarquia absoluta e pela França, se consolidava.
Fim da Parte II 

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