terça-feira, 16 de dezembro de 2014

83- CONVERSA- Imperator- Imperador - Cæsar- Czar - Kaiser - Parte IX - Esclarecimento.


Esclarecimento.


Kaiser Maximilian I
Giovanni Ambrogio de Predis
Pintor italiano da Renascença, de Milão,
colaborado com Leonardo da Vinci na Virgem das Rochas

Sabemos que o Tratado de Verdun de 843, que estabeleceu a divisão do império de Carlos Magno, a saber:
“Carlos o Calvo recebeu a Frância ocidental (que se tornará a França), Luís o Germânico a Frância oriental ou Regnum francorum Orientalium (que se tornará a Germânia, núcleo do futuro Sacro Império Romano-Germânico), e Lotário, que se reserva o título imperial, o centro da Itália até a Frísia (que se tornará a Lotaríngia - Países Baixos, a Bélgica, o Luxemburgo, a Renânia do Norte-Vestefália, a Renânia-Palatinado e o Sarre (estados da Alemanha), e ainda a Alsácia e a Lorena)”.
Os territórios do Regnum francorum Orientalium ou Francia Orientalis eram parte do Regnum Austrasiorum ou Austrásia, e a partir do final do século XI passou a ser o teutonicorum Regnum ou o Reino dos Teutônicos, ou Reino dos Germânicos, ou Reino da Alemanha, pois o Papa Papa São Gregório VII  ( nascido Hildebrando de Sovana, um plebeu)  , durante a Controvérsia da Investidura, assim se referiu ao seu inimigo Henrique IV ou Heinrich IV, Imperador de 21 março de 1084 até 31 de dezembro de 1105, como rex teutonicorum , Rei dos teutônicos , para marcá-lo como um estrangeiro.
“Em contra partida Henrique IV reagiu de forma consistente com o título de Rei dos Romanos ou “rex Romanorum”, para enfatizar a sua regra universal, mesmo antes de se tornar Imperador, e este Título, acrescentado o de "Rei na Alemanha", permaneceu com os Imperadores até 1806”.
O Rei dos Romanos e da Alemanha era eleito pela Nobreza, dando assim continuando a Tradição dos Francos, mas, também, podia se tornar Hereditário pela circunstancias dessas eleições.
Aos poucos, a eleição tornou-se o privilégio de um grupo de príncipes chamados de Príncipes-eleitores (Kurfürsten), e a Bula de Ouro de 1356 legislou sobre o assunto, estipulando que seriam 7 o número deles, a saber:
Os Arcebispos de Mainz, Trier e Colônia, assim como o Rei da Boêmia (que não era de fato um Príncipe do Império), o Conde Palatino do Reno ou Eleitor Palatino, o Duque da Saxônia ou Eleitor da Saxônia, e o Margrave de Brandemburgo ou Eleitor de Brandemburgo, detinham o Direito de eleger o Rei dos Romanos.
A Bula de Ouro citava que a eleição era do rex in imperatorem promovendus, numa tradução livre, o Rei para ser promovido Imperador, o que era muito sugestivo.
Esses Reis eleitos, futuros Imperadores, eram Coroados pelo Arcebispos de Mainz, como Rei dos Romanos, depois marchavam para a Itália para serem Coroados como Rei da Itália, com a Coroa dos Longobardos, só depois iam para Roma, ao encontro do Papa, para serem sagrados Imperadores e receberem a Regalia Imperial ou Reichskleinodien ( cujas peças mais importante são a Coroa Imperial , a Lança Sagrada e a Espada Imperial), mas nem sempre assim se passou, pois muitos ignoraram o Sumo Pontífice e se declaram Imperadores.
Maximiliano I, da dinastia dos Habsburgo, foi eleito Rei dos Romanos 16 de fevereiro de 1486 em Frankfurt-am-Main, por iniciativa de seu pai, Frederico III, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, e coroado em 9 de abril de 1486 em Aachen, sendo o primeiro a acrescentar a seus Títulos o de Rei da Alemanha, quando já Imperador do Sacro Império em substituição ao pai, como veremos:
Maximilian I, pela graça de Deus eleito Imperador do Sacro Império Romano, para sempre de Augustus, Rei da Alemanha, da Hungria, Dalmácia, Croácia, etc. Arquiduque da Áustria, Duque de Borgonha, Brabant, Lorraine, Styria, Caríntia, Carniola, Limburg, Luxemburgo, Gelderland, Landgrave de Alsace, Príncipe da Suábia, Conde Palatino de Borgonha, Conde principesco de Habsburgo, Hainaut, Flanders, Tyrol, Gorizia, Artois, Holanda, Zelândia, Ferrette, Kyburg, Namur, Zutphen, Margrave do Sacro Império Romano, o Enns, Burgau, Senhor da Frísia, o Wendish março de Pordenone, Salins, Mechelen, etc. etc.
O último Imperador Sacro, Francisco II, da Dinastia Habsburgo-Lorena, pai da Imperatriz Dona Leopoldina do Brasil, usou até 1806 o seguinte Título:
Francisco Segundo, pela graça de Deus eleito Imperador do Sacro Império Romano, para sempre de Augustus, em todos os tempos do Império, Imperador hereditária da Áustria; Rei da Alemanha, Jerusalém, Hungria, Boemia, Dalmácia, Croácia, Eslavônia, Galicia e Lodomeria, Arquiduque da Áustria; Duque de Lorraine, Veneza, Salzburg, Steyer, Caríntia e Carniola; Grande Príncipe da Transilvânia; Margrave de Moravia; Duque de Württemberg, Upper e Lower Silesia, Parma, Plazenz, Guastalla, Auschwitz e Zator, Teschen, Friuli para e Zara; Príncipe da Suábia, a Eichstädt, Passau, Trent, Brixen para Berchtoltsgaden e Lindau; Conde principesco de Habsburgo para o Tyrol,  Kyburg, Gorizia e Gradisca, Margrave de Burgau de Upper e Lower Lusatia; Landgraf im Breisgau, na Ortenau e Nellenburg; Conde de Montfort e Hohenems de Upper e Lower Hohenberg, Bregenz, Sonnenberg e Rothfels,  Blumeneck e Mayrhofen, senhor de Verona, Vicenza, Pádua, etc., etc. ".
Depois de 1806:
Francisco I, pela Graça de Deus Imperador da Áustria, etc.......
E assim se conta essa História em uma pequena de nossas conversas alegres sobre a Grande História da Humanidade.


Fim da Parte IX


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