segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

79 - CONVERSA- Imperator- Imperador - Cæsar- Czar - Kaiser - Parte V.

                                 Carlos, Rei dos Francos e dos Longobardos, Patrício Romano.

Imperator- Imperador - Cæsar- Czar - Kaiser - Parte V.

Carlos, futuro Magno, faz a guerra pelos quatro cantos da Europa conhecida com a justificativa de que precisa levar o cristianismo aos pagãos, o Papa aprova, e ele vence.
Seus domínios vão:
A – O oeste:
As cotas do Oceano Atlântico (exceto a Bretanha).
B- Ao sul:
a)      Pelo rio Ebro - um dos maiores rios da Espanha e da Península Ibérica. Nasce em Fontibre, na Cordilheira Cantábrica (Cantábria), e percorre Miranda do Ebro, Logroño, Saragoça, Flix, Tortosa, Amposta e acaba num delta a desaguar no mar das Baleares (parte do mar Mediterrâneo), na província de Tarragona em Espanha.
b)    Pelo rio Volturno, rio no centro-sul Itália;
C- A leste:
1) Pela Saxónia.
2) Pelo Rio Tisza - o segundo rio mais importante da Hungria e nasce na Ucrânia, toca a fronteira com a Eslováquia, e desagua no rio Danúbio.
3) Pelo rio Oder- rio da Europa central que nasce na República Checa (maciço da Boêmia), onde é chamado Vjodr. Corre no rumo geral de noroeste, atravessando a planície da Silésia (Polônia), onde recebe o nome de Odra, e a extensa planície germano-polonesa, já com o nome de Oder. Serve de fronteira entre a Alemanha e a Polônia. Após percorrer 885 km, atinge o mar Báltico-
4) Pelo sopé dos Cárpatos - grande sistema de montanhas da Europa, percorrendo 1500 km ao longo das fronteiras da República Checa, Eslováquia, Polônia, Romênia e Ucrânia.
D- Ao norte:
I)                   Mar Báltico.
II) Mar do Norte.
III) rio Eider - o maior rio do estado federal alemão de Schleswig-Holstein, que faz fronteira com a Dinamarca.
IV) Canal da Mancha.
Atenção:
Nenhum político da atualidade nem nos mais loucos de seus sonhos pode imaginar que a União Europeia (UE) é uma união económica e política de 28 Estados-membros independentes situados na Europa tenha hoje em dia tanto Poder quanto Carlos, Magno, teve em seu Império Europeu. Nenhum.
Mais, voltemos...
Diante de tanto poder o Sumo Pontífice, o Bispo de Roma, Soberano do “Patrimônio de São Pedro”, Sua Santidade o Papa Leão III, que foi Cardeal de Santa Suzanna... TREME.
Apesar de suas prerrogativas não queria entra em choque com seu “aliado”.
Sua Santidade conhecia os Homens e sabia que a vaidade e por via de consequência o orgulho eram pecados que a Humanidade custa a controlar, assim resolveu tornar Carlos o novo Imperador do Ocidente pensando que assim poderia ter alguma ascendência sobre o indomado franco.
Mais falemos um pouco de Leão III:
De origem humilde, era um funcionário Palácio de Latrão, que era o escritório Papal e residência oficial dos Papas, e por uma dessas coisas que só Deus sabe com a morte de Adriano I, no dia do sepultamento deste, em 26 de dezembro 795, foi eleito Papa, o 96 ° Papa da Igreja Católica, despertando a ira da aristocracia romana.
Leão III, hábil político, com rebelde a suas portas, na época que veneno era uso e costume, tratou de enviar as “Chaves de São Pedro” e a Bandeira de Roma para o Rei Carlos e através de seus emissários jurou vassalagem, e com isso reconhecia o Rei dos Francos e dos Lombardos como “General da Igreja e Juiz Supremo de Roma”.
Carlos enviou emissários a Roma com decretos que oficializava os deveres e os direitos dele e do Papa e com a advertência:
“Ao Rei competia o exercício do poder efetivo. Ao Papa só a autoridade espiritual. Defender pelas armas a Santa Igreja onde quer que fosse. Devastar os infiéis do Islão e os pagãos...Tudo em nome da Fé católica. A vós mui digno e Santo Padre cabe ajudar o sucesso de nossas armas com vossas orações. Siga as regras estabelecidas pelos Santos Padres vossos predecessores. Que de vossa boca só saia exortação para que vossa pessoa seja a luz que brilha diante aos homens.”
Leão III engoliu em seco, porque recebeu “uma grande parte do tesouro dos avaros que Carlos havia tomado”.
Um belo dia o Papa estava participando de uma procissão das Grandes Ladainhas de 23 de abril de 799, a cavalo, de Latrão para San Lorenzo in Lucina quando foi atacado por Pascale e Campolo e sua turma, parentes do Papa Adriano, que já o haviam acusado de ter amantes, de ser sodomita e outras coisitas sexuais a mais.
Foi despojado de suas vetes papais, espancado, ferido, pois “tentaram cortar sua língua e arrancar-lhe os olhos”, mas mesmo assim graças a seus subordinados e tremendo de medo conseguiu fugir e se abrigar no Mosteiro/Convento de Santo Erasmo (conhecido como São Telmo) no monte Célio (em latim: mons Caelius) é uma das sete colinas de Roma, inserido no perímetro citadino ainda durante o reinado de Rômulo, primeiro Rei de Roma.
Uma outra versão revela que ele foi preso, levado para o Mosteiro/Convento de São Silvestre (San Silvestro em Capite), julgado e só depois foi levado preso para o Mosteiro/Convento de Santo Erasmo.
Mais o certo mesmo é que Leão III foi deposto pela a aristocracia romana e fugiu amparado por um exército de 2.000 de Vinigiso, Duque de Spoleto que o levou para sua Corte.
Carlos e seus exércitos estavam estacionados em Paderborn para uma reunião do Reichstag e de um Sínodo Episcopal tendo como finalidade tratar da cristianização dos saxões, e recebeu Leão III, Spoleto o havia enviado ao Rei, com todas as honras, fato cantado na Karolus magnus et Leo papa, às vezes chamado de Paderborn Épico ou Aachen Epic.
Sabendo das acusações que pairavam sobre Leão III por parte dos romanos foi precavido e afirmou que qualquer decisão sobre o assunto deveria ser tomada em Roma e mandou sob escolta o Papa deposto para a Cidade Eterna. Fez uma espécie de ‘apelo para Roma’ de São Paulo.
Com eles ia um enviado especial, pessoa de confiança de Carlos, para conduzir um inquérito sobre as causas verdadeiras que levaram a aristocracia romana a se rebelar com o Papa Leão III.
Em agosto de 800 Carlos toma o rumo de Roma para na Cidade Eterna passar o Natal.
No dia 1 de dezembro Carlos reuniu solenemente um Sínodo composto da Alta Hierarquia da Igreja, dos representantes da Aristocracia Romana e as autoridades Civis da Cidade
Foi uma falação danada, mas Leão jurou sobre os Evangelhos que as acusações eram falsas (purgatio per sacramentum), que tudo não passava de mentiras por parte dos aristocratas, pois ele não era um deles, patatí-patatá, e Carlos que sabiamente não queria ver sua autoridade de Defensor da Fé arranhada aceitou a palavra do Soberano Pontífice deposto.
Leão se tornou de foram inconteste Sua Santidade o Papa Leão III, Bispo de Roma e Sumo Pontífice de Toda a Cristandade.
Natal de 800.
Vou tentar descrever o máximo possível o episódio que aconteceu nessa data:
Carlos é um gigante louro demais de 2 metros de altura.
Não veste nenhuma insígnia que indique sua realeza nem tão pouco os apetrechos de guerreiro.
Veste túnica, manto e calça de romano, afinal ele é um Patrício Romano em Roma. 
O Gigante entra em meio de duas filas de seus nobres e guerreiros, também despojados de suas vestes de batalha e sinais que indique seus títulos e posições.
Em toda a extensão das laterais da nave bandeiras são expostas, as dos seus aliados e as de seus inimigos vencidos.
No Altar-Mor uma grande Cruz cercada de mil círios, tendo à frente SS o Papa, coroado, e os Altos Dignitários da Igreja vestidos com os paramentos luxuosos.
Sua Santidade desce do Altar e beija fraternalmente Carlos.
Em quanto isso o Alto Clero se retira pelo lado do altar.
Leão conduz pela mão Carlos para que o Rei ajoelhe e faça suas orações.
Quando Carlos, filho de Pepino e de Berta, está dando sinais que vai terminar suas orações o Papa veem por traz com uma Coroa de Ouro, cravejada com as mais belas pedras já vistas no Ocidente e cinge a fronte do Soberano.
Carlos olha para os seus nobres mostrando irritação, mas a resposta foi um grito em uníssimo em Latim:
"Carolus Augustus, a Deo coronato, magno et pacifico Imperatore victoria et vita."
T.L.:
“A Carlos Augusto, coroado por Deus, grande e pacifico Imperador, vida e vitória.”
É o clímax das celebrações natalinas em Roma no oitocentéssimo ano da graça de nosso Senhor Jesus Cristo.
Em 25 de dezembro de 800 Carlos dos Francos torna-se, então, o primeiro Imperador do Ocidente depois da Queda de Roma, três séculos antes.
Releitura:
Está mais do que obvio que durante a acolhida a Leão, Carlos exigiu a Coroa Imperial para recoloca-lo no Trono de São Pedro, a prova disso é que o Tribunal Especial conduzido pelo Enviado Especial era composto de Arcebispos, Bispos, Condes totalmente fieis ao novo Imperador.
Carlos tinha necessidade de afirmar sua superioridade monárquica, não só devido à extensão de seus domínios, mas, também, Soberano com tantos domínios e poder como ele só havia no então mundo conhecido o Basileus,  o Imperador do Oriente em Constantinopla.
Ele tinha que ser mais do que um Rei, mais do que “Karolus Gratia Dei Rex Francorum et Longobardum ac Patritius Romanorum, e a ocasião para receber o Diadema Imperial havia chegado.
O que enfureceu a Carlos foi Leão ter mudado o “protocolo” combinado, ou seja, quando Carlos estivesse entre os seus homens de guerra, depois de ter rezado, o Papa iria até ele e lhe entregaria o Diadema Imperial em suas mãos e ele o colocaria na cabeça, numa demonstração de que o Império não tinha sido conquistado só por ele, mas, também, por seus guerreiros. Era um reconhecimento público feito pelo novo Imperador do valor de seus guerreiros, era a sua manifestação de lealdade aos que lhes fora leal.
Carlos era um político muito vaidoso para aceitar que fosse diferente.
Era obvio que Carlos queria se auto coroar afinal foi ele que com suas forças conquistou o Império Carolíngio nada recebendo do Papa, muito pelo contrário era ele que sustentava a Igreja fazendo doações de domínios e de muito ouro como acabara de acontecer com o tesouro dos avaros dado ao próprio Leão quando de sua coroação como Pontífice.
Sabia Carlos que com esse gesto Leão tentava marcar a superioridade do Poder Espiritual sobre o Poder Temporal, a perpetua reivindicação dos Papas.
Tinha razão de ficar furioso, mas o que estava feito estava feito.
Uma coisa é certa Leão III já não era pessoa de sua confiança, pois feriu o seu orgulho.




"Carolus Augustus, a Deo coronato, magno et pacifico Imperatore victoria et vita."

Fim da Parte V




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