segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

89 - CONVERSA- O DIREITO DIVINO DOS REIS, A DOUTRINA DAS DUAS ESPADAS & PLENITUDO POTESTATIS ou A Plenitude do Poder. PARTE 2


Cerimônia de Coroação do Servo de Deus Papa Pio XII, o Papa dos Papas.

Doutrina das Duas Espadas do Papa Gelásio I.

Gelásio I, o 49º Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica, que nasceu na África, em Cabília uma região montanhosa do norte da Argélia e seu nome provém do árabe al-qabā'il ("as tribos"), em algum dia e mês do ano de 400, que pontificou de 1 de março de 492 até 21 de novembro de 496, foi o mais prolífico escritor entre os primeiros Papas.
Preocupado com o “Cesaropapismo” - “Um Estado, uma Lei, uma Igreja” – do Imperador Anastácio I, Flavius Anastasius e em greco: Φλάβιος Ἀναστάσιος, Augustus do Império Romano do Oriente, de 11 de abril 491 até 9 de julho de 518, escreveu-lhe uma carta histórica , a Duo Sunt, “ Há Dois”, tratando do Poder Espiritual e ao Poder Temporal, vamos a um trecho:
"Há dois poderes, Augusto Imperador, através dos quais se governa o mundo: a autoridade sagrada dos Pontífices e o poder real”.
“Destes dois, é mais grave o peso dos sacerdotes, pois estes deverão prestar contas na ocasião do julgamento divino, inclusive pelos próprios reis da humanidade”.
“Na verdade, tu sabes, filho clementíssimo, que em razão de tua dignidade, és o primeiro de todos os homens, o Imperador do mundo; todavia sê submisso aos representantes da religião e suplica-lhes o que é indispensável para tua salvação”.
“Com efeito, no que se refere a administração dos sacramentos e a disposição das coisas sagradas, reconhece que deves submeter-se a sua orientação [dos representantes da religião] e não seres tu quem deva governá-lo, e assim nas coisas da religião deve submeter-se ao julgamento deles e não querer que eles se submetam ao teu”.
“Ora, no tocante ao governo da administração pública, os próprios sacerdotes, cientes de que o poder te foi conferido pela vontade divina, obedecem às tuas leis, pois no que se refere as coisas do mundo, não lhes agrada seguir orientação diferente”.
“Tanto mais, por acaso, não se deve prestar obediência a cabeça da Sé Apostólica [fala aqui não só da Sé de Roma, como do Romano Pontífice], a quem a mesma divindade quis que todos os sacerdotes lhes fossem submissos e a veneração da Igreja sempre honrou como tal?”.
“Como tua piedade sabe, nada pode colocar-se, graças a recursos puramente humanos, acima da posição daquele a quem o chamado de Cristo preferiu a todos os outros e a quem a Igreja reconheceu e venerou sempre com o seu primado [Primazia papal]."
Fica claro que Gelásio I estabelece a Primazia da Sé de Roma sobre a Igreja Universal, bem como do Papa, o Soberano Pontífice, como a única ‘Cabeça da Igreja de Cristo na Terra”.
“A Primazia Papal, consiste na suprema autoridade e poder do Bispo de Roma, na Santa Sé, sobre as diversas Igrejas que compõem a Igreja Católica em seus ritos latino e orientais. Também é conhecida como "primado do Pontífice Romano", "primado de Pedro" e outras expressões correlatas. Ainda segundo a Tradição e crença católica, o próprio Jesus Cristo estabeleceu o papado quando conferiu suas responsabilidades e poderes ao apóstolo São Pedro. Logo, a Igreja Católica aceita o Papa como o chefe universal da Igreja”.
Ou seja, porque pela Tradição a Igreja de Roma considera que os Papas são sucessores do Apóstolo Pedro, baseados no Evangelho de Mateus, capitulo 16, versículos 17 e 18:
Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Não existe fundamento Bíblico para tal afirmação, logo...
“Na Carta Gelásio descreve que o mundo é governado por dois poderes distintos e diferentes, divinamente instituídos, cada um independente em suas próprias esferas, e igualmente necessários para o funcionamento da sociedade, ou seja, a autoridade sagrada dos Pontífices (auctoritas sacrata pontificum) e o poder dos reis (regalis potestas)”.
“Assim o Papa Gelásio I manifesta e respeita a autoridade e o poder do Imperador e dos governantes seculares, mas também exige o mesmo, e foi assim até a chegada a Roma de Hildebrando, o futuro Papa Gregório VII, que de forma radical decretou a sujeição de todos os reis e imperadores a autoridade papal”.
A Doutrina das Duas Espadas do Papa Gelásio I, um santo católico, mas para mim um excelente Homem da Igreja de Cristo, foi deturpada por Hildebrando Gregório, como chamo o Papa Gregório VII, como veremos.
É uma grande forçada de barra usar o versículo 38 do capitulo 22 de Lucas que diz “Então, lhe disseram: Senhor, eis aqui duas espadas! Respondeu-lhes: Basta!”(Palavra de Jesus) para deturpar a Teoria ou Doutrina das Duas Espadas de Gelásio I, em relação aos Soberanos, aos governantes.
Uma das mais ridículas interpretações é essa:
Hildebrando Gregório, nome pelo qual eu me refiro ao Papa Gregório VII, “na fase inicial da controvérsia sobres as investiduras com Henrique IV, Imperador e Rei, lançou mão do versículo em Lucas sobre apóstolos com espadas, já citado, bem como o texto de João, capitulo 18, versículos 10 e 11, quando Jesus diz a Pedro, para guardar sua espada na bainha, como versículos bases da sua interpretação para a “Doutrina Duas Espadas”.
Os versículos em João, são:
18.10 Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco.
18.11   Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?
Cavilosamente usava Hildebrando Gregório da afirmação de que os Papas são sucessores diretos de Pedro, e com isso enfatizava sua posição no campo secular, o que a meu ver nada tem a haver, pois Deus concebeu duas autoridades distintas para governar a Humanidade, uma espiritual e outra secular ou temporal, negar isso é negar os ensinamentos bíblicos, e negar as Sagradas Escrituras, e Hildebrando Gregório, esse Papa nefasto, negava em alto e bom som.
Queria ele, por que queria, reter em suas mãos as espadas, tanto a espada espiritual, quanto a espada temporal ou secular (gladius materialis), “afirmado que de forma voluntária sedia essa última ao Imperador e Rei”.
Cavilação pura, “mas a primeira formulação dessa interpretação é encontrada em Dictatus Papae 1075, mais tarde, em Bernardo de Claraval”.
Repito:
“Desta forma, a Doutrina Duas Espadas era o argumento frequentemente repetido do século 14 para o primado do Papa contra o poder imperial”. 
A dita Santa Sé ignorava por ganancia dos homens totalmente o princípio bíblico de que toda autoridade é estabelecida na Terra por vontade Divina, pela Vontade Permissiva do Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que com Ele Vive e Reina na Eternidade.
Repito:
Sabe-se que a Igreja de Cristo é Paulina, mas eles, para distorcer a realidade e com base no “Pedro tu es pedra”, avocam para si a herança direta desse apostolo a encarnado na figura do Papa/Bispo de Roma.
O mais engraçado e que até os católicos afirmam a validade dos ensinamentos Paulinos, os ensinamentos de Paulo, o Apostolo dos Gentios, não enfatizado nenhum grande ensinamento de Pedro, para o desenvolvimento da Igreja, como veremos no Blog “Católicos na Rede” -  https://catolicosnarede.wordpress.com
Os ensinamentos de São Paulo - Professor Felipe Aquino
Quero meditar com você um pouco daquilo que o Apóstolo Paulo deixou como ensinamento para nós, cristãos. As treze cartas dele são a base para a teologia católica. Nas duas cartas que ele escreveu para São Tito e São Timóteo, que eram bispos, deu todas as direções de como deveria ser a Igreja. Essas direções até hoje a Igreja segue.
...


Mais, vamos abandonar Hildebrando Gregório e seguir adiante.  

Plenitudo potestatis - A Plenitude do Poder.

Fim da parte 2 


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