Tiara doado em 1981
a João Paulo II
pelos católicos húngaros.
PARTE 3
Plenitudo
potestatis - A Plenitude do Poder.
Eu não concordo com o
Plenitudo potestatis, A Plenitude do Poder, uma Doutrina criada pelos homens, os
canonistas, da Igreja no Medievo, que afirmava o Poder do Papa sobre os
Soberanos, contudo, eu nada tenho a dizer no que tange a posição do Papa dentro
da Igreja Católica Apostólica Romana.
A partir dos argumentos dos
canonistas surgiu o conceito de que o Papa seria responsável por elevar um
homem a condição de Imperador ou Rei.
Era baseado na Doutrina das
Duas Espadas deturpada de Hildebrando Gregório, Papa Gregório VII, que rezava
que o “Papa tinha a posse dos poderes espiritual e temporal e, portanto, seria
o responsável por delegar o poder aos reis”.
Na de Gelásio I, havia o reconhecimento
tanto o Pode Espiritual, quanto o Pode Secular ou Temporal.
O embasamento bíblico da Plenitudo
potestatis - A Plenitude do Poder – é outra forçação de barra terrível, vamos a
ele:
1 Samuel:
8.1 Tendo Samuel
envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel.
8.2 O primogênito
chamava-se Joel, e o segundo, Abias; e foram juízes em Berseba.
8.3 Porém seus
filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e
aceitaram subornos, e perverteram o direito.
8.4 Então, os
anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá,
8.5 e lhe
disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos;
constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm
todas as nações.
8.6 Porém esta
palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos
governe. Então, Samuel orou ao SENHOR.
8.7 Disse o
SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te
rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele.
8.8 Segundo todas
as obras que fez desde o dia em que o tirei do Egito até hoje, pois a mim me
deixou, e a outros deuses serviu, assim também o faz a ti.
8.9 Agora, pois,
atende à sua voz, porém adverte-o solenemente e explica-lhe qual será o direito
do rei que houver de reinar sobre ele.
8.10 Referiu
Samuel todas as palavras do SENHOR ao povo, que lhe pedia um rei,
8.11 e disse:
Este será o direito do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos
filhos e os empregará no serviço dos seus carros e como seus cavaleiros, para
que corram adiante deles;
8.12 e os porá
uns por capitães de mil e capitães de cinqüenta; outros para lavrarem os seus
campos e ceifarem as suas messes; e outros para fabricarem suas armas de guerra
e o aparelhamento de seus carros.
8.13 Tomará as
vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.
8.14 Tomará o
melhor das vossas lavouras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e o dará
aos seus servidores.
8.15 As vossas
sementeiras e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais e aos seus
servidores.
8.16 Também
tomará os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores jovens, e os
vossos jumentos e os empregará no seu trabalho.
8.17 Dizimará o
vosso rebanho, e vós lhe sereis por servos.
8.18 Então,
naquele dia, clamareis por causa do vosso rei que houverdes escolhido; mas o
SENHOR não vos ouvirá naquele dia.
8.19 Porém o povo
não atendeu à voz de Samuel e disse: Não! Mas teremos um rei sobre nós.
8.20 Para que sejamos também como todas as nações;
o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras.
8.21 Ouvindo,
pois, Samuel todas as palavras do povo, as repetiu perante o SENHOR.
8.22 Então, o
SENHOR disse a Samuel: Atende à sua voz e estabelece-lhe um rei. Samuel disse
aos filhos de Israel: Volte cada um para sua cidade.
Por essa passagem das Sagradas Escrituras, não se pode afirmar
que “o poder temporal, bem como a instituição da monarquia, faz parte de um
Conceito Negativo, pois “SENHOR disse a Samuel: Atende à sua voz e
estabelece-lhe um rei. Samuel disse aos filhos de Israel: Volte cada um para
sua cidade”, se tal fosse Deus em Sua Santa e Boa Misericórdia não estabeleceria
um Reino, muito menos que seu Único Filho Encarnado pertenceria a uma Dinastia
Real de Israel.
Mais, vamos lá...
Para piora as coisas “os canonistas que defenderam a
dependência do poder temporal em relação ao espiritual, admitiam a existência
de um poder diferente do de Deus, criado a partir da lei dos homens”, durmam
com um barulho desse.
Uma autoridade espiritual que quer ter Poder sobre os Homens,
mas admite que o seu poder pode advir dos Homens, e não do Deus que alega ser Vigário
sobre a Terra, é de escachar.
Ora, ora, não havia democracia eletiva, uma República democrática
participativa como hoje, logo esse pensamento era, mais uma vez, um anacronismo,
não tinha consonância com a realidade vivida naquela época pela população
europeia.
Mais, o Papado forçava a barra...
A Doação de Constantino foi um documento usado para dar robustez
a essa Doutrina, até Lorenzo Valla provou que era falsa em seu “De falso
credita et ementita Constantini Donatione declamatio”, escrito entre 1439 a
1440.
O Papa Inocêncio III, Lottario
dei Conti di Segni, nobre filho do Conde Trasimund de Segni, da Casa di Conti, e
de Claricia, da família de Papa Clemente III, nascido em Anagni, uma cidade de Lazio,
na província de Frosinone, em 22 de fevereiro de 1161 e falecido em Perugia, 16
de julho de 1216, foi o 176º Papa da Igreja Católica, pontificando de 8 de
janeiro de 1198 até o dia de sua morte, portanto 56 anos, foi o Pontífice que
mais abusou dessa Doutrina, escrevendo:
[...]Agora, assim
como a lua retira sua luz [quando surge] o sol; e é certamente menor em
quantidade e qualidade, na posição e no poder, assim também o poder real deriva
do esplendor da dignidade da autoridade pontifícia (…)"
Delirava...
“Inocêncio III apresenta uma bula
"Venerabilem", que fala sobre as responsabilidades dos príncipes
alemães, se dirigindo ao duque de Zähringen em maio de 1202”
“Esse decreto, que se tornou famoso, foi mais tarde
incorporada no "Corpus Juris Canonici":
“Os príncipes
alemães têm o direito de eleger o rei, que depois se torna imperador. Este
direito foi-lhes dado pela Sé Apostólica (…)”;
“O direito de
decidir se um rei assim eleito é digno das insígnias imperiais pertence ao
papa, cuja responsabilidade é ungí-lo, consagrá-lo, e coroá-lo (…)”;
“Se o papa considera
que o rei que foi eleito pelos príncipes é indigno das insígnias imperiais, os
príncipes devem eleger um novo rei, ou, se recusarem-se, o papa irá conferir a
dignidade imperial para outro rei, porque a Igreja é (…) uma patrona e defensora,
...”.
Excomungava quem não aceitava
as suas ideias, numa época que a superstição dominava, mais do que nunca a
Europa, e a Igreja era um refúgio salutar para o povo sofrido.
Debochou de São Francisco e
dos seus quando foram pedir reconhecimento em Roma, mas acabou aprovando a
Ordem Franciscana, não podia remar contra a maré.
Papa Inocêncio III é o
primeiro Papa que se conhece a adotar um Brasão d’Armas, mas nele tem um toque
que vale a pena ser destacado:
“As duas chaves
"decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são
símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder
máximo do Sucessor de Pedro, relatado no Evangelho de São Mateus, que narra que
Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: "Dar-te-ei as chaves do reino dos
céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares
na terra, será desligado no céu" (Mt 16, 19). Por conseguinte, as chaves
são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores”.
E mais:
“A tiara papal, usada como
timbre, recorda, pela simbologia da coroa, a Jurisdição (o poder régio ou
temporal) do papa sobre os territórios da Igreja”.
Nada a declarar.
Em sua tumba na Basílica de
São João de Latrão, a figura de Inocêncio III está portando uma Tiara e o que é
essa Tiara Papal?
“Tiara papal, Tríplice Tiara
ou Tiara Tripla (em latim: Triregnum, em italiano: Triregno e em francês:
Trirègne) é a "coroa papal, uma rica cobertura para a cabeça, ornamentada
com pedras preciosas e pérolas, que tem a forma de uma colméia, possui uma
pequena cruz no ponto mais alto, e também é equipada com três diademas
reais".
“As três coroas da Tiara tripla simbolizam, Pai de reis,
Pastor do mundo, Vigário de Cristo”, acho que não preciso dizer mais nada sobre
Plenitudo potestatis - A Plenitude do Poder – com essa descrição.
Vamos em frente...
A tumba de Inocêncio III na Basílica de São
João de Latrão.
Fim da Parte 3.
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