Imperator- Imperador - Cæsar- Czar - Kaiser - Parte V.
Carlos,
futuro Magno, faz a guerra pelos quatro cantos da Europa conhecida com a
justificativa de que precisa levar o cristianismo aos pagãos, o Papa aprova, e
ele vence.
Seus
domínios vão:
A – O oeste:
As
cotas do Oceano Atlântico (exceto a Bretanha).
B- Ao sul:
a)
Pelo rio Ebro - um dos maiores rios da Espanha e da Península Ibérica. Nasce em
Fontibre, na Cordilheira Cantábrica (Cantábria), e percorre Miranda do Ebro,
Logroño, Saragoça, Flix, Tortosa, Amposta e acaba num delta a desaguar no mar
das Baleares (parte do mar Mediterrâneo), na província de Tarragona em Espanha.
b)
Pelo rio
Volturno, rio no centro-sul Itália;
C- A leste:
1)
Pela Saxónia.
2)
Pelo Rio Tisza - o segundo rio mais
importante da Hungria e nasce na Ucrânia, toca a fronteira com a Eslováquia, e
desagua no rio Danúbio.
3)
Pelo rio Oder- rio da Europa central que
nasce na República Checa (maciço da Boêmia), onde é chamado Vjodr. Corre no
rumo geral de noroeste, atravessando a planície da Silésia (Polônia), onde
recebe o nome de Odra, e a extensa planície germano-polonesa, já com o nome de
Oder. Serve de fronteira entre a Alemanha e a Polônia. Após percorrer 885 km,
atinge o mar Báltico-
4)
Pelo sopé dos Cárpatos - grande sistema de montanhas da Europa, percorrendo
1500 km ao longo das fronteiras da República Checa, Eslováquia, Polônia,
Romênia e Ucrânia.
D-
Ao norte:
I)
Mar Báltico.
II)
Mar do Norte.
III)
rio Eider - o maior rio do estado federal alemão de Schleswig-Holstein, que faz
fronteira com a Dinamarca.
IV)
Canal da Mancha.
Atenção:
Nenhum
político da atualidade nem nos mais loucos de seus sonhos pode imaginar que a
União Europeia (UE) é uma união económica e política de 28 Estados-membros
independentes situados na Europa tenha hoje em dia tanto Poder quanto Carlos,
Magno, teve em seu Império Europeu. Nenhum.
Mais,
voltemos...
Diante
de tanto poder o Sumo Pontífice, o Bispo de Roma, Soberano do “Patrimônio de
São Pedro”, Sua Santidade o Papa Leão III, que foi Cardeal de Santa Suzanna...
TREME.
Apesar
de suas prerrogativas não queria entra em choque com seu “aliado”.
Sua
Santidade conhecia os Homens e sabia que a vaidade e por via de consequência o
orgulho eram pecados que a Humanidade custa a controlar, assim resolveu tornar
Carlos o novo Imperador do Ocidente pensando que assim poderia ter alguma
ascendência sobre o indomado franco.
Mais
falemos um pouco de Leão III:
De
origem humilde, era um funcionário Palácio de Latrão, que era o escritório
Papal e residência oficial dos Papas, e por uma dessas coisas que só Deus sabe
com a morte de Adriano I, no dia do sepultamento deste, em 26 de dezembro 795,
foi eleito Papa, o 96 ° Papa da Igreja Católica, despertando a ira da
aristocracia romana.
Leão
III, hábil político, com rebelde a suas portas, na época que veneno era uso e
costume, tratou de enviar as “Chaves de São Pedro” e a Bandeira de Roma para o
Rei Carlos e através de seus emissários jurou vassalagem, e com isso reconhecia
o Rei dos Francos e dos Lombardos como “General da Igreja e Juiz Supremo de
Roma”.
Carlos
enviou emissários a Roma com decretos que oficializava os deveres e os direitos
dele e do Papa e com a advertência:
“Ao
Rei competia o exercício do poder efetivo. Ao Papa só a autoridade espiritual.
Defender pelas armas a Santa Igreja onde quer que fosse. Devastar os infiéis do
Islão e os pagãos...Tudo em nome da Fé católica. A vós mui digno e Santo Padre cabe
ajudar o sucesso de nossas armas com vossas orações. Siga as regras
estabelecidas pelos Santos Padres vossos predecessores. Que de vossa boca só
saia exortação para que vossa pessoa seja a luz que brilha diante aos homens.”
Leão
III engoliu em seco, porque recebeu “uma grande parte do tesouro dos avaros que
Carlos havia tomado”.
Um
belo dia o Papa estava participando de uma procissão das Grandes Ladainhas de
23 de abril de 799, a cavalo, de Latrão para San Lorenzo in Lucina quando foi
atacado por Pascale e Campolo e sua turma, parentes do Papa Adriano, que já o
haviam acusado de ter amantes, de ser sodomita e outras coisitas sexuais a
mais.
Foi
despojado de suas vetes papais, espancado, ferido, pois “tentaram cortar sua
língua e arrancar-lhe os olhos”, mas mesmo assim graças a seus subordinados e
tremendo de medo conseguiu fugir e se abrigar no Mosteiro/Convento de Santo
Erasmo (conhecido como São Telmo) no monte Célio (em latim: mons Caelius) é uma
das sete colinas de Roma, inserido no perímetro citadino ainda durante o reinado
de Rômulo, primeiro Rei de Roma.
Uma
outra versão revela que ele foi preso, levado para o Mosteiro/Convento de São
Silvestre (San Silvestro em Capite), julgado e só depois foi levado preso para
o Mosteiro/Convento de Santo Erasmo.
Mais
o certo mesmo é que Leão III foi deposto pela a aristocracia romana e fugiu
amparado por um exército de 2.000 de Vinigiso, Duque de Spoleto que o levou
para sua Corte.
Carlos
e seus exércitos estavam estacionados em Paderborn para uma reunião do
Reichstag e de um Sínodo Episcopal tendo como finalidade tratar da
cristianização dos saxões, e recebeu Leão III, Spoleto o havia enviado ao Rei,
com todas as honras, fato cantado na Karolus magnus et Leo papa, às vezes
chamado de Paderborn Épico ou Aachen Epic.
Sabendo das acusações
que pairavam sobre Leão III por parte dos romanos foi precavido e afirmou que
qualquer decisão sobre o assunto deveria ser tomada em Roma e mandou sob
escolta o Papa deposto para a Cidade Eterna. Fez uma espécie de ‘apelo para
Roma’ de São Paulo.
Com
eles ia um enviado especial, pessoa de confiança de Carlos, para conduzir um
inquérito sobre as causas verdadeiras que levaram a aristocracia romana a se
rebelar com o Papa Leão III.
Em
agosto de 800 Carlos toma o rumo de Roma para na Cidade Eterna passar o Natal.
No
dia 1 de dezembro Carlos reuniu solenemente um Sínodo composto da Alta
Hierarquia da Igreja, dos representantes da Aristocracia Romana e as
autoridades Civis da Cidade
Foi
uma falação danada, mas Leão jurou sobre os Evangelhos que as acusações eram
falsas (purgatio per sacramentum), que tudo não passava de mentiras por parte
dos aristocratas, pois ele não era um deles, patatí-patatá, e Carlos que
sabiamente não queria ver sua autoridade de Defensor da Fé arranhada aceitou a
palavra do Soberano Pontífice deposto.
Leão
se tornou de foram inconteste Sua Santidade o Papa Leão III, Bispo de Roma e
Sumo Pontífice de Toda a Cristandade.
Natal
de 800.
Vou
tentar descrever o máximo possível o episódio que aconteceu nessa data:
Carlos
é um gigante louro demais de 2 metros de altura.
Não
veste nenhuma insígnia que indique sua realeza nem tão pouco os apetrechos de
guerreiro.
Veste
túnica, manto e calça de romano, afinal ele é um Patrício Romano em Roma.
O
Gigante entra em meio de duas filas de seus nobres e guerreiros, também
despojados de suas vestes de batalha e sinais que indique seus títulos e
posições.
Em
toda a extensão das laterais da nave bandeiras são expostas, as dos seus
aliados e as de seus inimigos vencidos.
No
Altar-Mor uma grande Cruz cercada de mil círios, tendo à frente SS o Papa,
coroado, e os Altos Dignitários da Igreja vestidos com os paramentos luxuosos.
Sua
Santidade desce do Altar e beija fraternalmente Carlos.
Em
quanto isso o Alto Clero se retira pelo lado do altar.
Leão
conduz pela mão Carlos para que o Rei ajoelhe e faça suas orações.
Quando
Carlos, filho de Pepino e de Berta, está dando sinais que vai terminar suas
orações o Papa veem por traz com uma Coroa de Ouro, cravejada com as mais belas
pedras já vistas no Ocidente e cinge a fronte do Soberano.
Carlos
olha para os seus nobres mostrando irritação, mas a resposta foi um grito em
uníssimo em Latim:
"Carolus
Augustus, a Deo coronato, magno et pacifico Imperatore victoria et vita."
T.L.:
“A
Carlos Augusto, coroado por Deus, grande e pacifico Imperador, vida e vitória.”
É
o clímax das celebrações natalinas em Roma no oitocentéssimo ano da graça de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Em
25 de dezembro de 800 Carlos dos Francos torna-se, então, o primeiro Imperador
do Ocidente depois da Queda de Roma, três séculos antes.
Releitura:
Está
mais do que obvio que durante a acolhida a Leão, Carlos exigiu a Coroa Imperial
para recoloca-lo no Trono de São Pedro, a prova disso é que o Tribunal Especial
conduzido pelo Enviado Especial era composto de Arcebispos, Bispos, Condes
totalmente fieis ao novo Imperador.
Carlos
tinha necessidade de afirmar sua superioridade monárquica, não só devido à
extensão de seus domínios, mas, também, Soberano com tantos domínios e poder
como ele só havia no então mundo conhecido o Basileus, o Imperador do Oriente em Constantinopla.
Ele
tinha que ser mais do que um Rei, mais do que “Karolus Gratia Dei Rex Francorum
et Longobardum ac Patritius Romanorum, e a ocasião para receber o Diadema
Imperial havia chegado.
O
que enfureceu a Carlos foi Leão ter mudado o “protocolo” combinado, ou seja,
quando Carlos estivesse entre os seus homens de guerra, depois de ter rezado, o
Papa iria até ele e lhe entregaria o Diadema Imperial em suas mãos e ele o
colocaria na cabeça, numa demonstração de que o Império não tinha sido
conquistado só por ele, mas, também, por seus guerreiros. Era um reconhecimento
público feito pelo novo Imperador do valor de seus guerreiros, era a sua
manifestação de lealdade aos que lhes fora leal.
Carlos
era um político muito vaidoso para aceitar que fosse diferente.
Era
obvio que Carlos queria se auto coroar afinal foi ele que com suas forças
conquistou o Império Carolíngio nada recebendo do Papa, muito pelo contrário
era ele que sustentava a Igreja fazendo doações de domínios e de muito ouro
como acabara de acontecer com o tesouro dos avaros dado ao próprio Leão quando
de sua coroação como Pontífice.
Sabia Carlos que com
esse gesto Leão tentava marcar a superioridade do Poder Espiritual sobre o
Poder Temporal, a perpetua reivindicação dos Papas.
Tinha
razão de ficar furioso, mas o que estava feito estava feito.
Uma
coisa é certa Leão III já não era pessoa de sua confiança, pois feriu o seu
orgulho.
"Carolus Augustus, a Deo coronato, magno et pacifico Imperatore victoria et vita."
Fim da Parte V
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