Coroação do rex romanorum
PARTE 1
O DIREITO DIVINO
DOS REIS,
PROVÉRBIOS:
8.15 Por meu intermédio, reinam os reis, e os
príncipes decretam justiça.
8.16 Por meu intermédio, governam os príncipes,
os nobres e todos os juízes da terra.
Livro dos Provérbios um dos
livros sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia e “tem como propósito ensinar
a alcançar sabedoria, a disciplina e uma vida prudente e a fazer o que é
correto, justo e digno”.
A maioria dos provérbios é de
autoria do Rei Salomão.
Os demais foram da lavra de Agur
(filho de Jaque, que viveu do reinado de Salomão até o de Ezequias, 13º Rei de
Judá) e de Lemuel (o rei de Massá, autor do capítulo 31) que contribuíram nas
últimas seções.
Considero o proverbio "Todo
homem prudente age com base no conhecimento" - Pv. 13.16 – como o básico
para uma vida construtiva e de acordo com a Santa Vontade do Criador.
Completando com “O homem sábio
é poderoso e quem tem conhecimento aumenta sua força…" -Pv. 24.5.
Salomão “transformou suas
experiências pessoais em conceitos simples para ajudar as gerações futuras “.
Não podemos nos esquecer dessa
passagem bíblica:
Em Gibeão, apareceu
o SENHOR a Salomão, de noite, em sonhos. Disse-lhe Deus: Pede-me o que queres
que eu te dê.
Respondeu Salomão: De grande benevolência
usaste para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou contigo em
fidelidade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face;
mantiveste-lhe esta grande benevolência e lhe deste um filho que se assentasse
no seu trono, como hoje se vê.
Agora, pois, ó
SENHOR, meu Deus, tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai; não
passo de uma criança, não sei como conduzir-me.
Teu servo está no
meio do teu povo que elegeste, povo grande, tão numeroso, que se não pode
contar.
Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo
para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal;
pois quem poderia julgar a este grande povo?
Estas palavras
agradaram ao Senhor, por haver Salomão pedido tal coisa.
Disse-lhe Deus: Já
que pediste esta coisa e não pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de
teus inimigos; mas pediste entendimento, para discernires o que é justo; eis
que faço segundo as tuas palavras: dou-te coração sábio e inteligente, de
maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá.
Também até o que me
não pediste eu te dou, tanto riquezas como glória; que não haja teu igual entre
os reis, por todos os teus dias.
Se andares nos meus
caminhos e guardares os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi,
teu pai, prolongarei os teus dias.
I de Reis, capitulo
1, versículos de 5 a 14.
A sabedoria foi dada, bem como
por Salomão não ter seguido “os caminhos e seguido os estatutos” do Deus
Eterno, o Senhor visitou a sua descendência por gerações por causa da
iniquidade praticada, conforme o alerta, que ele deveria saber, que está em
Êxodo, capitulo 20, versículos 5 e 6:
Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque
eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos
filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem
e faço misericórdia até mil gerações daqueles
que me amam e guardam os meus mandamentos.
Até a Santa Encarnação de
nosso Senhor e Salvador Jesus de Nazaré, o Cristo do Rei Vivo, Rei dos Judeus
da Casa de Davi, que com seu Sacrifício Vicário nos remiu como, também, remiu
os pecados do Rei Salomão, seu antepassado ilustre.
Em resumo:
Salomão era sexualmente muito ativo, precisava de muitas
mulheres, além do que casava por conveniência diplomática, essas mulheres
traziam seus deuses, ele autorizava que fossem construídos templos para eles
serem adorados em solo da Terra Santa, com isso desagradou o Eterno, o Deus de
Abraão, Isaque e Jacó, e como Deus não mente, a sua descendência pagou pelos
seus erros.
As Dinastias europeias foram defenestradas da face de
seus países, perderam o Poder em seus países, exatamente pelo mesmo motivo, ou
seja, não honraram o mandato Divino que Deus lhes deu.
Mais, vamos aos fatos.
Comecei essa conversa com versículos ou ensinamentos do
capitulo 8 que falam sobre como Deus interveem na vida da Humanidade através de
seus representantes os Reis, e os Príncipes, os Nobres e os Juízes.
Aqui temos não só a base bíblica da Doutrina do Direito
Divino dos Reis, mas, também, a base para as ações dos príncipes dos povos, da
nobreza (a nobreza de espada ou mesmo a de Corte) e dos juízes (a nobreza de
Toga ou Robe) no contexto de um governo monárquico, de uma monarquia.
Com o reconhecimento de Pepino, o Breve, e sua Unção
(pela primeira vez em 751, em Soissons pelo Arcebispo de Mainz e pela segunda
vez pelo próprio Sumo Pontífice da Igreja Católica, em pessoa, Papa Estevão II,
em uma cerimônia na Basílica de Saint Denis em 754) ou seja, pela Igreja e pelo
Papado como Rei dos Francos, esse conceito foi estabelecido na forma do gratia
Dei ou Dei Gratia, usada por ele – Pepino- em todos os seus
documentos e proclamações.
Ainda, para mais embasar esse Conceito, a Igreja lançou
mão dos ensinamentos de Santo Agostinho, o mais importante dos Pais da Igreja,
em seu De Civitate Dei sobre o “Rei Justo” ou rex justus, o que fez com que fosse estabelecido, a priori, que
todo aquele que fosse escolhido por Deus e Ungido seria um Rei Justo, daí a
grande importância da Unção dos Reis com os Santos Óleos, por muitos chamados
de Crisma Real.
A De Civitate Dei, (A Cidade de Deus), é uma obra que
descreve o mundo, dividido entre o dos homens (o mundo terreno) e o dos céus (o
mundo espiritual).
Com Carlos Magno essa afirmação foi estendida para imperator deo coronatus, ou imperator a Deo coronandus,
ou Imperador coroado por Deus, e com isso a forma que ele empregou para
organizar seu Império aglutinava o Estado e a Igreja, consequentemente, a
Religião Cristã.
Com Otto I o Dei
Gratia foi incorporado nos documentos, nos selos, etc., do Império.
Para sacralizar mais a figura do Imperador na hora de sua
Unção como Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos - rex romanorum – eram ditas essas palavras por aquele que estava
sendo elevado a tal rango:
Nos divina favente
clementia rex Romanorum [...]
Wir,
durch die Gunst der göttlichen Gnade König der Römer [...]
Nós, pelo favor da
graça divina Rei dos Romanos [...]
Ficava, assim, mais do que
estabelecida a Relação entre Deus e o Soberano.
Entre o Soberano e a Nobreza
há uma relação especial de dependência, e vice-versa.
Explico:
a- Soberanos
eram eleitos por um Assembleias de nobres, de príncipes, dos principais dos
povos, assim ele dependia do reconhecimento, da aceitação, da aclamação, dessa Classe
que podemos considerar sendo como a nobreza, mesmo que seus membros não portem
Títulos Nobiliárquicos, sejam apenas guerreiros, notáveis ou sacerdotes;
b- Dinastia
Reais foram formadas para que as Coroas passassem de pai para filho, e os
notáveis dos Reinos aceitavam esse fato de bom grado (França, Portugal Rússia,
Inglaterra, etc.), sem precisar de usar do método eletivo como era o caso da
Polônia, ou mesmo do Sacro Império, até o advento da Dinastia dos Habsburgos;
c- Depois
de Ungidos, mesmo quando as Monarquias não estavam totalmente centralizadas no
Absolutismo Real (haviam grandes feudos como a Normandia, a Aquitânia, etc.), o
reconhecimento de Nobreza de uma família, ou de uma só pessoa, dependia do
Soberano, que ao reconhece-la, ou reconhece-lo, por ter recebido os Santos
Óleos, os sacralizava e eles passavam a ser dessa Ordem ou Classe Social, a
Nobreza. O que cumpria o ensinamento bíblico que está em Provérbios, capitulo
8, versículo 16; “Por meu intermédio, governam os príncipes, os nobres e todos
os juízes da terra”.
O juramento de vassalagem nada
mais é do que o ato cerimonial desse fato.
Agora, a Unção de um Soberano
era baseada no princípio da Unção do Rei Saul e do Rei Davi pelo profeta
Samuel.
Esse Conceito do Rei Sagrado
não foi criado pelo Cristianismo, nem tão pouco pelo Judaísmo, os povos da
Terra, inclusive os germânicos, já o tinha baseado nos seus deuses, e a
comprovação está na História dos monarcas egípcios, os Faraós, “que de acordo
com a mitologia egípcia, o próprio corpo do Faraó era divino, já que o seu
sangue teria origem no seu antepassado mítico, o deus Hórus”, portanto creio
que não há nenhuma dúvida sobre isso, pois não?
Apesar da Igreja Católica
durante séculos não permitir o estudo da Bíblia, ela fazia uso das Sagradas
Escrituras para embasar seus ensinamentos e posturas sobre os Soberanos,
inclusive sobre as atribuições do Papa/ Bispo de Roma, o que era geralmente bem
aceito pelos líderes dos povos e por eles adaptados as suas realidades.
Data Venia menos os casos
enquadrados na Controvérsia das Investiduras, casos esses que não tinham nenhum
embasamento bíblico, mas eram baseados na ganancia dos homens, na chamada
Doutrina da Igreja.
Eu não concordo com a Doutrina
da Igreja, pois ela parte de ideias de homens, me explico:
A Tradição, seja ela
oral ou escrita, é interpretada e aprofundada progressivamente pelo Magistério
da Igreja Católica, que deve ser obedecido e seguido pelos católicos.
Isto porque o
Magistério é a função de guardar, interpretar, transmitir e ensinar a Tradição,
que é própria da autoridade da Igreja, mas mais concretamente do Papa e dos
bispos unidos ao Papa.
Ao acreditar que as
Tradições oral e escrita "devem ser recebidas e veneradas com igual
espírito de piedade e reverência", a Igreja
defende que as suas verdades de fé não estão só contidas na Bíblia e
que a própria Bíblia só pode ser verdadeiramente interpretada e vivida no seio
da Igreja Católica.
Ai esta sublinhada por mim o
porquê não creio na Doutrina da Igreja, pois para mim a Bíblia é meu condigo de
conduta, o código de conduta dado ao Cristão para viver plenamente um
relacionamento com Deus, só a Bíblia é válida.
Sola scriptura - "somente
a Escritura"- única regra de Fé e
conduta para o cristão, e nada mais.
Voltemos:
Os da Idade Media ainda
lançaram mão do que está em Romanos, capitulo 13, versículos de 1 a 5:
Todo homem esteja
sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de
Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
De modo que aquele que se opõe à autoridade
resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmo
condenação.
Porque os
magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal.
Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a
autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme;
porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus,
vingador, para castigar o que pratica o mal.
É necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.
Dois pesos, duas medidas, para
certos casos vale a Tradição, ensinamentos que não estão “contidos na Bíblia”, mas para outros, vale o que reza nas
Sagradas Escritural.
É de pasmar.
O Mais estranho é que eles não
reconheciam a autoridade do Soberano, apesar do “não há autoridade que não
proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”,
portanto negavam um ensinamento Paulino, e criavam uma Tradição totalmente fora
da realidade do Divino, para assim dar vasão as suas paixões pelas riquezas e
Poder.
Os Protestantes usaram desse princípio
Paulino, entre outros, na convecção da Confissão de Fé de Westminster.
Os homens reunidos na
Assembleia de Westminster, entre 1643 e 1649, que sob a orientação do Espirito santo,
escreveram na Confissão de Fé de Westminster:
DO MAGISTRADO
CIVIL:
I. Deus, o Senhor e Rei de todo o mundo,
ordenou o magistrado civil para estar sob Ele e sobre o povo, e isto para Sua
própria glória e para o bem público; e, para este fim, o armou com o poder da
espada, para defesa e encorajamento daqueles que são bons e para a punição dos
malfeitores (Rm 13:1-4; 1Pe 2:13,14).
II. É lícito aos cristãos aceitar e
exercer o ofício de magistrado, quando para ele é chamado (Pv 8:15,16; Rm
13:1,2,4); e, em sua administração, devem especialmente manter a piedade, a
justiça, e a paz segundo as justas leis de cada nação (Sl 2:10-12; 1Tm 2:2; Sl
82:3,4; 2Sm 23:3; 1Pe 2:13); e para este fim, eles podem agora, sob o Novo
Testamento, fazer guerra, havendo ocasiões justas e necessárias (Lc 3:14; Rm
13:4; Mt 8:9,10: At 10:1,2; Ap 17:14,16).
III. Os magistrados não podem assumir
para si a administração da Palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do
Reino do Céu (2Cr 26:18 com Mt 18:17 e Mt 16:19; 1Co 12:28,29; Ef 4:11,12; 1Co
4:1,2; Rm 10:15; Hb 5:4); mas, ele tem autoridade, e é o seu dever, fazer com
que a paz e a unidade sejam preservados na igreja, que a verdade de Deus seja
mantida pura e inteira; que todas as blasfêmias e heresias sejam suprimidas;
todas as corrupções e abusos do culto e da disciplina sejam impedidos ou
reformados; e todas as ordenanças de Deus sejam devidamente estabelecidas,
administradas e observadas (Is 49:23; Sl 122:9; Ed 7:23,25-28; Lv 24:16; Dt
13:5,6,12; 2Rs 18:4; 1Cr 13:1-9; 2Rs 23:1-26; 2Cr 34:33; 2Cr 15:12,13). Para
uma melhor eficácia destas coisas, ele tem poder para convocar sínodos, estar
presentes neles, e providenciar para que o que quer que tenha sido decidido
neles esteja de acordo com a mente de Deus (2Cr 19:8-11; 2Cr 29 e 30; Mt
2:4,5).
IV. É dever das pessoas orar pelos
magistrados (1Tm 2:1,2), honrar as suas pessoas (1Pe 2:17), pagar-lhe tributos
e outros impostos (Rm 13:6,7), obedecer às suas ordens legais e sujeitar-se à
sua autoridade, e isto por amor a consciência (Rm 13:5; Tt 3:1). Incredulidade
ou indiferença de religião não anula a justa e legal autoridade do magistrado,
nem absolve o povo da obediência que lhe deve (1Pe 2:13,14,16), obediência de
que não estão isentos os eclesiásticos (Rm 13:1; 1Rs 2:35; At 25:9-11; 2Pe
2:1,10,11; Jd 8-11). Muito menos o Papa tem qualquer poder ou jurisdição sobre
os magistrados dentro dos domínios deles ou sobre qualquer um do seu povo; e
muito menos tem o poder de privá-los dos seus domínios ou vidas, por julgá-los
hereges ou sob qualquer outro pretexto (2Ts 2:4; Ap 13:15-17).
ALELUIA.
GLORIA A DEUS.
Chamo
atenção para, o nem o “Papa tem qualquer poder ou jurisdição sobre os
magistrados dentro dos domínios deles ou sobre qualquer um do seu povo”, o povo
aqui é o de Deus, logo o Poder Divino dos Reis, por mais anacrônico que hoje
possa parecer, era naquela época uma realidade que tinha que ser respeitada
pela Humanidade, a começar por aquele que dizia e diz ser o Vicário de Deus na
Terra.
E
mais:
Até
hoje, nos nossos dias, não resta a menor duvida de que as autoridades
que estão no mundo são frutos da Vontade Permissiva de Deus.
E nada mais.
Se ela, a autoridade, é
corrupta, Deus não tem nada com isso, pois a natureza do Homem é corrupta e
essa pessoa está dando vazão a ela, a sua natureza.
Continuemos...
FIM DA PARTE 1
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