183 B - Elizabeth e a Igreja da Inglaterra.
Continuação...
O retrato de
"Hampden",
de Steven
van der Meulen, 1563.
Este é o
retrato mais antigo de corpo inteiro da Rainha
Pintado antes
do surgimento dos retratos simbólicos representando a iconografia da
"Rainha Virgem".
Legitimidade era o tormento dos Tudor.
Significado de Legitimidade: s.f. Característica, particularidade ou
condição do que é legítimo.
Jurídico. Que se encontra de acordo com as leis; segundo o Direito;
legalidade.
Jurídico. Característica ou condição de quem está em conformidade com
as leis morais (divina ou dos homens), com a justiça, com a razão etc.
Direito de sucessão assegurado àqueles que pertencem a ordem direta de
primogenitura numa monarquia.
Ideologia política dos legitimistas portugueses.
(Etm. legítim(o) + (i)dade)
Sinônimo de legitimidade: legalidade e validade
Em uma época em que o Direto
Divino dos Reis era assegurado pelo Papa da Igreja Católica, do Bispo de Roma,
do Sumo e Romano Pontífice, o segundo Rei da Inglaterra da novíssima Dinastia Real dos Tudors, apesar
de ser da velha nobreza e descendentes de princeps
do País de Gales, era nova em um Trono, desafiou o “ fazedor de Reis”, e se
divorciou de uma princesa católica, filha dos Reis Católicos de Espanha, Título
dado pelo Chefe da Cristandade, por aquele que divinamente estava sentado no
Trono de São Pedro.
Para piorar abraçou o protestantismo
Para piorar fundou uma Igreja,
que denominou a Igreja da Inglaterra.
Para piorar casou de novo.
E...
... Por causa do casamento de
Henrique VIII e Ana Bolena, pais de Elizabeth, que o Rei da Inglaterra, o
segundo da novíssima Dinastia Real
dos Tudors, rompeu com o Papa.
Mais, Ana Bolena não deu o tão
esperado Herdeiro homem.
Ana Bolena, então, foi acusada
de adultério, e por via de consequência de Traição (pela Lei de Eduardo III chifre na testa
real posto pela rainha era traição ao Reino, presumivelmente por causa das implicações
para a sucessão ao Trono), repudiada, seu casamento foi anulado em 14
de maio de 1536, presa na Torre de Londres, acabou decapitada.
Ora, juntamente com Maria,
futura a sanguinária, filha de Catarina de Aragão, essa espanhola católica que
teve seu casamento com Henrique, também, anulado, Elizabeth foi declarada
bastarda.
Henrique, um temperamental,
não teve nem dó, nem piedade, com as filhas frutos de seus casamentos desastrados,
feitos ou por ambição (caso de Catarina, Infanta de Aragão) ou por luxuria (caso
de Ana Bolena).
Henrique, que tinha “comportamento
desmedido em relação aos prazeres sexuais, que tinha uma sensualidade exagerada”,
ligava tanto para os cânones monárquicos, os princípios absolutos das monarquias,
as diversas regras específicas e consagradas das monarquias, o principio divino
da Sagração e Coroação Real, que repudiou suas esposas consagradas e coroadas
como Rainha da Inglaterra.
1- Catarina
de Aragão coroada em 24 de junho de 1509 pelo Arcebispo de Canterbury em uma
cerimônia na Abadia de Westminster, junto com Henrique VIII. Morreu de doença
do coração;
2- Ana
Bolena coroada em 01 de junho de 1533 em uma cerimônia magnífica na Abadia de
Westminster, a última Rainha consorte da Inglaterra a ser coroado separada de
seu marido, o Rei. Decapitada.
Observação:
Catherine Howard foi Rainha
consorte de Inglaterra de 28 de julho de 1540 até 23 de novembro de 1541,1 ano,
3 meses e 26 dias, mas não foi sagrada, nem coroada, porem foi decapitada por traição
ao Rei e ao Reino.
Além do que Henrique queria os
Bens da Igreja Católica Apostólica Romana na Inglaterra, pois ela era riquíssima
na Terra da Rainha, e o Papa queria os lucros dessas propriedades, e os dízimos
dos fiéis.
Portanto, sua filha ex- bastarda,
Elizabeth não tinha porque ser simpática aos católicos ingleses e ao santo
padre em Roma, até porque eles não consideravam valido o casamento de seu pai
com sua mãe, portanto ela era ilegítima para assumir o Trono da Inglaterra na
ótica deles.
Não podemos esquecer que...
...Legitimidade que era o tormento dos Tudor, uma preocupação
fundamental para ela, uma pessoa séria, durona e cônscia de sua função como Rainha da Inglaterra.
Se ela fosse ilegítima como
podia ser a Rainha Ungida e Consagrada da Inglaterra e da Irlanda?
Não podia.
Logo ela que respeitava, com
ardor e fervor, os cânones monárquicos, os princípios absolutos das monarquias,
as diversas regras específicas e consagradas das monarquias, o principio divino
da Sagração e Coroação Real.
Não podia.
E assim...
... Era obvio que Elizabeth ia
abraçar a Reforma.
Elizabeth, também, era
protestante porque contestava a autoridade do Papa, do Bispo de Roma, cuja
posição tanto na esfera espiritual, como na esfera temporal, dava respaldo ao
Direito Divino dos Reis Católicos da Europa, mas não a ela como Rainha por
direito da Inglaterra.
Poucos eram os amigos, muitos eram
os inimigos.
Elizabeth e seus assessores
perceberam a ameaça de uma cruzada católica contra Inglaterra, por eles
considerada herética.
Elizabeth procurou uma solução
protestante que não iria ofender os católicos ingleses e “manteve símbolos
católicos (como o crucifixo), e minimizou o papel de Sermões Bíblicos, Sermões
esses que eram a base, ou a grande alavanca, dos reformadores.
Todavia, não fez tudo sozinha,
incluiu o Parlamento nas Questões Religiosas.
Eduardo VII era religioso e
por incrível que pareça era cônscio de sua posição como Cabeça da Igreja da
Inglaterra, e reformas foram implementadas em seu nome.
“O homem em quem o Rei mais
confiava, Thomas Cranmer, Arcebispo de Canterbury, introduziu uma série de
reformas religiosas que revolucionaram a Igreja Inglesa”.
“Logo de início voltaram a rejeitar
a supremacia Papal”.
“ Dissolveram as Igrejas,
capelas, mosteiros, abadias, católicas, o que gerou uma grande vantagem
monetária para a Coroa e para os seus novos proprietários”.
“Doutrinas reformadas foram
oficializados, como a justificação pela Fé”.
“ O grande reformador o
escocês John Knox pregou para o Rei”.
“ The Book of Common Prayer, O
Livro de Oração Comum, um livro de oração usado na Comunhão Anglicana, foi publicado
em 1549”.
“Sob Elizabeth I o livro foi
republicado, pouco alterado, em 1559”.
O Parlamento na época de
Elizabeth decretou vários Atos de Uniformidade - Acts of Uniformity.
Todos tiveram o objeto básico
de estabelecer algum tipo de ortodoxia dentro da Igreja da Inglaterra, a saber:
1- The
Act of Uniformity 1549 (2 & 3 Edw. 6, c. 1) which established the Book of
Common Prayer as the only legal form of worship.
T.L.: O Ato
da uniformidade 1549 (2 & 3 Edw. 6, c. 1), que estabeleceu o Livro de
Oração Comum como a única forma legal de adoração
2- The
Act of Uniformity 1552 (5 & 6 Edw. 6, c. 1) required the use of the Book of
Common Prayer of 1552.
T.L.: O ato da uniformidade 1552
(5 e 6 Edw. 6, c. 1) requeria o uso do Livro de Oração Comum de 1552.
3- The
Act of Uniformity 1559 (1 Eliz., c. 2) was adopted on the accession of
Elizabeth I.
T.L.: O ato
da uniformidade 1559 (1 Eliz., C. 2), foi adoptada sobre a acessão de Elizabeth
I.
Entretanto, as coisas não
foram tão simples assim.
a- Os
mais radicais puritanos estavam pressionando por reformas de longo alcance, o
que a Rainha não tolerou, considerava usurpação de suas funções;
b- A
Câmara dos Comuns apoiava fortemente as propostas, mas o projeto do Ato de
Supremacia encontrou oposição na Câmara dos Lordes, em especial dos Bispos que
nela tinham assento. Elizabeth foi obrigado a aceitar um acordo mais católico
do que ela queria, ao invés das Reformas propostas pelo Puritanos.
E o que era o “Act of
Supremacy 1558 “ - Ato de Supremacia de 1558 ?
“O
Ato de Supremacia (1 Eliz 1 c 1), também conhecido como o Ato de Supremacia 1558,
é um ato do Parlamento da Inglaterra, sob os auspícios da Rainha Elizabeth I,
que substituiu o Ato de Supremacia 1534 emitido por Henrique VIII, que arrogou autoridade eclesiástica para a Monarquia
inglesa, e que tinha sido revogado por Maria I, Rainha católica da Inglaterra.
Com ele foi consolidada a Elizabethan Religious
Settlement (Resolução Religiosa Elizabetana) ”.
Esse
Ato confirmou a independência da Igreja da Inglaterra da Sé de Roma, da Igreja Católica
Apostólica Romana, como um todo.
Elizabeth
recebeu o título de Governador Supremo da Igreja da Inglaterra.
Restabeleceu
o Livro de Oração Comum.
Permitiu o casamento dos sacerdotes.
Estabeleceu Regras Gerais para a Igreja.
“Esses Atos da Rainha e do Parlamento são vistos como
dando o fim histórico da Reforma na Inglaterra e como os da fundação do
Anglicanismo”.
Eu concordo.
“Elizabeth teve a sorte que muitos bispados estavam vagos
na altura, incluindo o Arcebispado de Canterbury” e acordo foram feitos com os
mais resistentes aos Atos”.
O Juramento da Supremacia fazia parte
do Ato de Supremacia de 1558, e o que era isso?
“Qualquer pessoa para assumir
um cargo público ou na Igreja tinha que jurar fidelidade ao Monarca como
Governador Supremo da Igreja da Inglaterra. Não jurar era um crime, embora só
se tornou Traição em 1562, quando foi promulgada a Supremacy of the Crown Act 1562
(Supremacia da Lei da Coroa de 1562). O juramento foi mais tarde estendido para
os membros do Parlamento e os estudantes das Universidades”.
O Juramento:
“ I, A. B., do utterly testify
and declare in my conscience that the Queen's Highness is the only supreme
governor of this realm, and of all other her Highness's dominions and
countries, as well in all spiritual or ecclesiastical things or causes, as
temporal, and that no foreign prince, person, prelate, state or potentate hath
or ought to have any jurisdiction, power, superiority, pre-eminence or
authority ecclesiastical or spiritual within this realm; and therefore I do
utterly renounce and forsake all foreign jurisdictions, powers, superiorities
and authorities, and do promise that from henceforth I shall bear faith and
true allegiance to the Queen's Highness, her heirs and lawful successors, and
to my power shall assist and defend all jurisdictions, pre-eminences,
privileges and authorities granted or belonging to the Queen's Highness, her
heirs or successors, or united or annexed to the imperial crown of this realm.
So help me God, and by the contents of this Book”
T.L.:
"Eu, fulano de tal, testifico
e declaro com toda a minha consciência que Sua Alteza a Rainha é o único
governador supremo deste reino, e de todos os outros domínios e países de Sua Alteza,
bem como de todas as coisas ou causas espirituais ou eclesiásticas, como
temporais, e que nenhum príncipe estrangeiro, pessoa, prelado, estadual ou
potentado tem ou deveria ter qualquer jurisdição, poder, superioridade,
preeminência ou autoridade eclesiástica ou espiritual dentro deste reino; e,
portanto, eu absolutamente renuncio e abandono [ reconheço] todas as jurisdições
estrangeiras, as competências, superioridades e autoridades, e prometo que de
agora em diante vou ter fé e verdadeira lealdade à Sua Alteza a Rainha, seus
herdeiros e sucessores legais, e meu poder deve assistir e defender todas as
jurisdições, preeminências, os privilégios e autoridades concedidas ou
pertencentes à Rainha Alteza, seus herdeiros ou sucessores, ou unidos ou
anexados à coroa imperial deste reino. Que Deus me ajude, e pelo o conteúdo
deste livro "
O livro era a Bíblia.
Houve um impacto entre os católicos romanos já que eles
tinham que renegar sua Fé, pois em termos espirituais eles eram subordinados ao
Papa de Roma, uma autoridade estrangeira, um poder estrangeiro.
Mais, Elizabeth era sabia e preparada para ser Rainha,
tanto que nos primeiros anos de seu reinado foi clemente e exercitou uma tolerância
religiosa, nunca vista na Europa, lembramos do caso dos huguenotes na França,
numa tentativa de harmonizar o estado de coisas entre os católicos romanos e os
membros da Igreja da Inglaterra, afinal todos eram seus súditos e ela queria
zelar pelo bem-estar deles, tanto secular, quanto espiritual.
Agindo assim, Elizabeth ganhou a confiança de todos os
seus súditos e com isso afastou, ou superou, a acusação de ilegitimidade que
flagelou seus primeiros anos de vida.
Afinal,
Legitimidade era o
tormento dos Tudor.
The
Pelican Portrait
Por
Nicholas Hilliard.
O
pelicano, pendurado no colar de pérolas, foi pensado como uma alegoria.
Essa
alegoria significava que o pelicano ia se alimentar no peito da Rainha e com isso
alimentar seus filhotes.
E
se tornou um símbolo da Paixão e da Eucaristia, adotada por Elizabeth que retratava
a si mesma como a "mãe da Igreja da Inglaterra”.
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