Ecos das palavras do Velho Príncipe.
Judeu e protestante numa conversa ombro a ombro em frente a
The East India House
Reinier Vinkeles.
Esse autor escreveu um livro de ficção
intitulado “Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade”, e
alguns capítulos foram publicados no http://alemnomaroceano.blogspot.com.br/
“ Nada passa despercebido
ao MERCADO , essa palavra que sintetiza as
atividades no Mundo do Capital, e isso a mil ‘anos”
“ – MEESTER, MEESTER,
MEESTER ...”
“ – O que foi, calma”.
“ – Heer Ricardo. De oude prins está na saleta de espera
da Casa Bancaria”.
“ – Door Abraham, Izak en
Jakob !!! O que será que o Velho Príncipe quer de mim. De oude mens nunca veio até aqui, me passa a stola”, falou o aflito banqueiro ao pular da cama.
De pé, todo de preto, apoiado
em uma bengala de ébano com castão de ouro na forma de cabeça de águia, com a
mão direita no braço de seu fiel Johan, ambos escoltados por dois fortes
lacaios vestidos com capas negras onde estavam bordados o Brasão d’Armas da
Casa Principesca, com cara de poucos amigos, lá estava o Grande Senhor.
“ – Hoogheid, a que devo
a honra? ”
“ Heer Ricardo. Precisamos conversar
com urgência, urgentíssima”.
“ Por aqui. Uitmuntendheid”.
Os dois homens entraram em uma pequena e austera sala, não no
escritório do banqueiro, e de rosto quase colocados começaram a conversar.
Vez ou outra, o judeu suspirava alto e torcia as mãos, demostrando
grande aflição.
No final de um par de horas, saíram da saleta e se despediram
demonstrando em cada face uma grande aflição.
Bastou a porta se fechar para Menahem Ricardo começar a gritar o
nome de os seus auxiliares.
A Casa Bancaria Menahem
Ricardo & Associados entrou em rebuliço.
Respirava-se luxo e riqueza na sede da Casa
Bancaria Menahem Ricardo & Associados .
E não era
para menos, os Ricardo era
um dos mais ricos clãs judaicos, e os negócios realizados entre Amsterdam, Londres, Nova York, o Levante e Oriente Médio, traziam enormes
lucros para eles e seus associados.
Seus lucros aumentaram quando um certo ex- pirata, o português Estevão
Vilela, trouxe da Casa Bancaria Jacob Aboab da Fonseca, seu grande patrimônio,
e propôs se associar a eles nos negócios da Casa Bancaria.
Meester Ricardo tinha conhecimento dos grandes lucros que a Casa Bancaria
dos Aboabs da Fonseca, tinha com os depósitos dos piratas, dos bucaneiros, dos flibusteiros,
corsário, que pululavam pelos Sete mares, graça a um de seus associados, um
outro português, mas de origem nobre, Dom José João Sancho Dinis Afonso Pedro
Rodrigo Ferreira de Oliveira e York de Ribeiro Mousinho de Pernão Marques da
Torre das Terras dos Santos Mártires, o décimo nono Conde de Vila Nova das
Terras dos Santos, II Almirante dos Mares da Índia, apelidado pelos piratas do
mundo de “O Português”, negreiro e pirata, mas na Cia Holandesa das Índias, era
o respeitável Capitão José João.
Menahem Ricardo agora lamentava essa associação, e jogando seus
braços para o alto, exclamou:
“Nada passa
despercebido ao MERCADO ,
essa palavra que sintetiza as atividades
no Mundo do Capital, e isso a mil ‘anos”,
e chorou
O Mercado sabia que a Casa Bancaria era ,
também, de propriedade de Estevão Vilela.
E depois do revelado pelo Velho Príncipe eles estariam em péssima situação,
bem como todos os judeus de Amsterdam, e através do Mar Oceano.
O Ancião Hebreu , que agora estava chorando com
o rosto sobre
posto ao ombro deum de seus
colaboradores.
O velho Menahem Ricardo não havia esquecido dos fatos
acima descritos e rapidamente chamou seus homens de confiança para uma reunião tendo como
finalidade traçar
uma estratégia para
defender a Casa
Bancaria e os judeus das artimanhas de Estevão Vilela, agora conhecido como o
Comte de La Ruelle.
“Shalon”, falou o Velho
Judeu e um
coro de vozes
masculinas respondeu, “Shalon”...
“ Os senhores estão a par da visita do Príncipe
da Cia . Holandesa, portanto
vou direto ao assunto :
1) ההגנה הטובה ביותר היא התקפה טובה - a melhor defesa é um bom ataque;
2) temos que usar
de todos os nossos
meios para comunicar a nossos navios , aos navios
de nossos associados ,
aos navios de nossos
clientes que
ataquem e pilhem os da Cia Holandesa dos
Dois Mundos, nos Quatro Mares , no Mar Oceano . Onde
estiveram parados ou navegando;
3) que impeçam a qualquer custo não só as entregas
de mensagens como,
também, a vinda de algum capitão que for
chamado;
“- Abraham, Isaac e Jacob fiquem, os demais comecem a trabalhar ... Mazei’tov”
Fechada a porta Menahem
começou:
“- Quero que vocês tratem de todos
os grandes clientes
e não preciso
explicar como .
Dos outros sócios trato eu , Mazeiv’ tov”.
Todos os presentes na luxuosa sede Casa
Bancaria Menahem Ricardo & Associados sabiam que a Cia
Holandesa dos Dois Mundos pertencia a um associado da Casa, o ex- pirata
Estevão Vilela, agora conhecido como Comte de La Ruelle, um Título concedido
pelo Rei de França.
Chamou um moço pediu além do chapéu de pele o seu antiquado
"paletot”, que ia até os tornozelos, e os colocando partiu em
direção a "Esnoga", a Sinagoga Portuguesa
de Amsterdã, na Visserplein, pensando “המלחמה היא מלחמה” - guerra é guerra, já dizia Yehudah
HaMakabi.
O que ia o velho senhor, fazer ?
Procurou o Grão-Rabino
Samuel Israel Sarphati, um homem verdadeiramente sábio
e expos a situação .
O povo que
estava fora só
sabe que ela
foi longa , muito
longa .
Os que lá
estavam pararam e alguns já se levantaram para sair do local .
O jovem judeu entrou e ficou surpreso
com a palidez
do rosto do Sábio
Homem .
“ - Avise a todos que lamentavelmente não
os poderei atender hoje
que voltem em
dois dias e
chame o Rabi לוֹט Lot para mim, por
gentileza”.
Ao ouvir esse
nome o rapaz
se assustou, mas tentou ao máximo não demonstrar .
Na antessala cumpriu a ordem
e pedindo para que
Jacob, um rapazinho que
sempre estava lá
o assessorando, que ficasse tomando conta , descendo imediatamente
para um local que
ficava abaixo das rés do chão .
Batendo na porta com força , pois estava nervoso ,
ouviu uma voz rouca
gritar :
“-Não sou surdo. Não precisa bater tanto , nem com tanta força.
”
A grossa porta se abriu e um
robusto ancião
com cara de poucos amigos
apareceu:
“- Rabi לוֹט Lot, o Grão-Rabino
o chama com
urgência ”.
“- “Não seja dramático , pois sei que meu irmão não falou
esse ‘com
urgência ’, isso
é de sua autoria”.
O moço ficou vermelho
como um
pimentão .
Chocando o manto sobre as acostas לוֹט Lot seguiu o rapaz .
Ao entrar na sala
viu Menahem Ricardo e imediatamente
compreendeu que o problema
realmente precisava da ‘dramática urgência ’
do jovem Rabino.
O velho banqueiro levantou em
saudação ao recém-chegado.
“ לוֹט Lot...”, e de olhos fechados o Grão-Rabino
contou o que estava acontecendo.
“- Convoque imediatamente o
Conselho dos Anciãos ”,
foi à resposta rápida
de לוֹט Lot e se levantando saiu para ele mesmo dar as ordens .
E o populacho de Amsterdã, sem entender, viu o corre, corre, dos Estafetas da "Esnoga".
Eles levavam amaradas ao corpo pastas de couro, e dentro delas as convocatórias
para os Anciãos
Judeus da Cidade .
Algumas horas se passaram.
Paulatinamente os veneráveis anciãos entrevam silencio, cada um de
per si, num salão pegado na sala do Grão-Rabino.
Em pouco tempo, já estava
reunido o Conselho de Anciãos da Congregação de Judeus de origem
Sefardita "Talmud Tora ", da Sinagoga Portuguesa de Amsterdã.
O silencio era sepulcral .
As praxes foram seguidas e
a reunião começou.
Falou o Grão-Rabino que a seguir deu a palavra a Menahem Ricardo.
O Rabi לוֹט Lot com seu
vozeirão ordenou silencio e todos
se calaram.
O Grão-Rabino , então , começou pacientemente
a dirigir a assembleia.
Muitos falaram, vários pontos de vistas
foram externados, nenhuma acusação foi feita
e a uma conclusão chegaram depois de horas
de deliberações
Fazia-se necessário defender
os interesses dos judeus
no Mundo conhecido
e quanto mais
rápidas as ações , as perdas seriam menores .
Os Anciãos se retiraram e a
Sala foi tomada
por jovens
judeus , vestidos
de negro e com
os dedos sujos
de tinta , que
começaram freneticamente a escrever ordens em iídiche e outras línguas ,
enquanto um
leve e estranho
ruído de cascos
de cavalos abafados
por panos
amarrados a sua volta
eram ouvidos na Visserplein.
Para maior segurança ,
os cavaleiros-mensageiros eram despachados
de dia fora da cidade de Amsterdã, e a noite saiam da própria
Sinagoga.
Muitas vezes essas correspondências
eram entregues a homens
montados, com roupas diferentes, na periferia
da cidade , numa gruta, numa baldeação
que para os Anciãos trazia mais segurança, já que os cavaleiros iniciais podiam
ser seguidos.
Mais, sabemos que apesar de
todo cuidado
os boatos ocorrem e para
evitar que
soubessem o que constavam as cartas , muitas foram despachadas por
andarilhos enquanto
os cavaleiros iam exatamente
para o lado oposto do que estava
o destinatário da correspondência .
Os judeus eram mestres , e são ,
em se corresponderem de maneira que só D-Us, Adonai, O Senhor
dos Exércitos de Israel, sabe como .
As cartas chegaram e os destinatários tomaram as providencias cabíveis.
Desde a Queda de Jerusalém, em 70 e.a., o Templo incendiado e a cidade arrasada pelo então General e depois Imperador Tito, os judeus, vivendo em
Diáspora , estão acostumados a agir rapidamente em defesa de seus interesses .
Menahem Ricardo afinal pode
conciliar o sono ,
pode dormir as poucas horas
do dia como
sempre fez a vida
toda , mas
que diante
daqueles fatos não
conseguia.
“Muitos teriam prejuízos mais
seriam suportáveis, os que precisassem
de algum tipo
de ajuda, eles,
Em pouco tempo, já estava
reunido o Conselho de Anciãos da Congregação de Judeus de origem
Sefardita "Talmud Tora ", da Sinagoga Portuguesa de Amsterdã, o ajudariam”, foi seu ultimo pensamento
antes de adormecer .
E ao acordar o seu
primeiro pensamento
foi:
“ Para vivermos de acordo
com a vontade
de D-US temos que seguir
seus Mandamentos ,
suas Ordenanças ,
seus Ensinamentos ,
pois ai daquele que
deles se desviaram...”
Sacudiu um arrepio e se levantou do leito
para , mas um dia de Oração e Trabalho .
Menahem Ricardo e sua esposa Emunah
Uma imaginação do autor baseado em
vestes judaicas da época.
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