157/B- conversa- Felipe, o Belo, Rei de França- Rei ou
Monarca- Parte 8/B
O Trono de São Pedro itinerante com
Clemente V
A Santa Sé itinerante:
“A princípio
toda a Corte Papal de Bento XI passou para Poitiers (onde
permaneceu por quatro anos) abandonando uma Roma ensanguentada”.
O sucessor do Beato Bento XI, eleito em 5 de Junho de
1305, foi o nobre francês Bertrand de Got, irmão de Bérard de Got, Arcebispo de
Lyon e posteriormente e Cardinale Vescovo di Albano (Cardeal-Bispo de Albano) e
tio de Raymond de Got, Cardinale Diacono di Santa Maria Nuova (Cardeal Diácono
de Santa Maria Nova).
Bertrand de Got, Papa sob o nome de
Clemente V.
Retrato em Avignon, França
Bertrand de Got, sob o nome de Clemente V,
foi Ungido e entronizado no Trono de São Pedro em 14 de novembro de 1305 e nele
ficou sentado até 20 de abril de 1314, portanto quase 9 anos.
Carpentras é hoje uma comuna francesa,
situada no departamento de Vaucluse, na região Provence-Alpes-Côte d'Azur, belo
lugar, com clima mediterrâneo, cujos verões são quentes e secos, porem
agradáveis, com invernos suaves, com uma estação de chuvas bem definida, e a
caída da neve é rara nessa localidade que fica cerca de 25 km de Avignon.
Carpentras, como parte da Provence, um
domínio no sudoeste do Reino de França, pertencia na Idade Média aos
Conde de Toulouse, tanto que Raymond V, Conde de Toulouse de 1148 até 1194, e
Marques da Provence (Provença), mandou, em 1155, “seu chanceler Raymond Raous,
Bispo de Carpentras, confirmar os privilégios que o Mercado da cidade possuía,
ou seja, a realização das feiras as sextas-feiras permitindo que 200 feirantes
participassem dela, o que fazia desse evento comercial uma grande feira da
Idade Média”.
Pelo Tratado de Paris de 12 de abril de
1229, ou Tratado de Meaux-Paris, ou Tratado de Meaux, concebido pelo Cardeal de
Saint-Ange, Legado Papal, e pelos Conde de Champagne e Abade de Grandselve,
entre o Rei de França e o Conde de Toulouse, Raymond VII de Saint-Gilles, cedeu
“o Marquesado de Provença às mãos da Igreja com o nome de Condado Venaissino -
em francês: Comtat Venaissin, em occitano lo Comtat Venaicin,em italiano: Il
Contado Venassino- , fato que detalharemos mais abaixo, mas que tornou
esse domínio um Enclave Papal fora de Roma. .
Clemente V mudou a Sede do Governo
Pontifical para essa localidade, que como eu já disse era um verdadeiro Enclave
Papal, e que não estava sujeito a autoridade de Felipe, o Belo, nem tão pouco
do temido e inescrupuloso Guillaume de Nogaret.
Não podemos esquecer que Roma estava
“ensanguentada “com as lutas travadas entre as facções políticas que disputavam
o domínio político da Cidade Eterna.
“No início de 1306, Clemente V revogada,
de facto, as Bulas de seus antecessores, e sempre agiu em estreito contato com
Felipe, o Belo, marcando uma mudança radical na política papal.”.
“Clemente V apoiou Felipe, o Belo, na
liquidação da Ordem do Templo, a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do
Templo de Salomão, "Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique
Salominici", conhecida como Cavaleiros Templários,”, fato que conversaremos
mais adiante.
Felipe, o Belo, e Nogaret, não eram homens
de respeitar as fronteiras imaginarias e continuavam a atormentar Bento XII com
todos os tipos de exigências, que e “depois de vários desentendimentos, o Papa
queria fugir”.
Em 1314, foi diagnosticado um câncer de
intestino (os médicos obrigaram a ele engolir esmeraldas marteladas), e
Bertrand de Got, elevado a condição de Papa com o nome de Clemente V, desejou
morrer entre os seus, e viajou para a Fortaleza de Villandraut, ao sudoeste de
Langon, na hoje Região administrativa da Aquitânia, no departamento Gironde.
Chegou até Roquemaure, na margem direita
do Rio do Rhône, no hoje departamento de Gard, Região Languedoc-Roussillon, em
5 de Abril de 1314, e se hospedou no Castelo do senhor Guillaume de Ricavi, morrendo
cinco dias, depois em 20 de Abril de 1314.
Depois de exéquias solenes em Carpentras
foi sepultado na igreja colegiada de Uzeste, uma cidade no sudoeste da França,
localizada no departamento de Gironde, Região da Aquitânia, onde ainda está o
túmulo.
Segundo consta durante o velório em
Carpentras uma grande vela caiu colocando fogo no catafalco onde estava exposto
o corpo, que ficou parcialmente carbonizado.
História rápida da Borgonha e da Região do Sul da França.
“Houve um Reino de Borgonha, royaume de
Bourgogne, la Burgondie, em alemão: Burgund”, criado pelos Burgúndios, a mais
antiga das tribos germânicas, de origem escandinava que se estabeleceram no
estuário do rio Vístula, mas os Godos o expulsaram da área em 200 d.C..
Instalaram-se na Germânia e na Gália, de
lá, eles se espalharam nas bacias do Saône e do Ródano. Foram submetidos pelos
francos em 532 d.C. e seu território foi reunido à Nêustria”.
Assim, esse Reino da Borgonha é a nossa
Bourgogne, ou Borgonha, região administrativa da França de hoje, que nos
fornece os melhores vinhos do mundo, tais como os Beaujolais, para se beber em
ambiente descompromissados, como, também, o Rei dos Vinhos do Mundo, Le Romanée-Conti, o Magnifico, considerado o
maior Borgonha em todos os tempos.
Em priscas
eras eu tive o prazer de
saboreá-lo várias vezes, hoje não tenho mais condição de comprar uma garrafa
desse néctar dos deuses.
Romanée-Conti, um dos maiores vinhos do
mundo originário da Borgonha, França.
No contexto dos Reinos da Borgonha existiu
o Reino de Arles, ou Arelato, com capital na Cidade de Arles, que foi formado
pelos Reinos da Alta e Baixa Borgonha, por Rodolfo II, Rei da Itália, Rei da
Alta Borgonha e da Baixa Borgonha, da Antiga Casa de Guelfo, Dinastia de
governantes europeus do século IX ao XI, com dois Ramos: o borgonhês e o
suabiano, ou da Suábia.
O Território “se estendia do Alto Reno
(Alpes) ao Mar Mediterrâneo, no norte corresponde aproximadamente às atuais
regiões francesas de Provence-Alpes-Côte d'Azur, Rhône-Alpes e Franche-Comté,
bem como o oeste da Suíça”.
Muito bem...
Com a partilha do Império de Carlos Magno,
o Reino de Borgonha, ou Arelato, ficou para o Conde de Toulouse, Condado esse
criado pelo Imperador falecido, logo após a Bataille de Roncevaux, Batalha de
Roncevaux, na Passagem Roncesvalles, Montes Pirineus, de 15 de agosto de 778,
como Marca de proteção do Império contra os Bascos, vencedores da Batalha e que
avançavam sobre a Aquitânia.
O comes,
“por vezes traduzido para conde”, era nomeado pelo Imperador e Rei, mas depois
se tornou hereditário.
Carlos Magno nomeou um tal “Chorson”, que
foi capturado pelos Bascos e jurou vassalagem ao Líder deles, sendo substituído
por Guillaume de Gellone, Guilherme d'Aquitânia, cognominado de le Grand,
elevado a Conde de Toulouse, Duque de Aquitânia e Marquês de Septimania, da
família Guilhelmides ou Wilhelmides, uma linhagem da nobreza franca dos séculos
VII ao X, aparentada dos Carolíngios, pela irmã de Pepino, o Breve, de nome
Alda casada com Thierry I, Conde d’ Autun.
Portanto Guillaume de Gellone, Guilherme
d'Aquitânia, cognominado de le Grand, é primo de Carlos Magno, e em 806, ele se
retirou para L’abbaye de Saint-Guilhem-le-Désert ou abbaye de Gellone est une
abbaye bénédictin, e acabou sendo canonizado pelo Papa Alexandre II, em 1066,
sob o nome de Saint Guillaume de Gellone ou d'Aquitaine, em occitano Saint
Guilhèm, e é comemorado em 28 de maio.
Guillaume de Gellone comandou bem a grande
fortaleza militar carolíngia durante as disputas com a Espanha Islamita, pois
as campanhas militares contra os muçulmanos foram lançadas a partir de
Toulouse. Não nos esquecemos que nessa época Barcelona foi conquistada em 801,
bem como uma grande parte da Catalunha, somada as áreas do norte de Aragão e
Navarra ao longo dos Pirineus, que formou a Marca da Espanha.
Saint Guillaume de Gellone ou d'Aquitaine,
em occitano Saint Guilhèm,
Guillaume de Gellone abdicou e Carlos
Magno nomeou Beggo, filho de Gerard I, Conde de Paris e Rotrude, filha de
Carlomano, filho de Charles Martel, outro parente, para o cargo de Conde de
Toulouse, mas esse seguiu o pai como Conde de Paris.
O sucessor de Beggo foi Berengário, o
Sábio, elevado em 814, por Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno, que foi
sucedido por...
...Bernardo de Septimania, filho mais
velho de Guillaume de Gellone, em occitano Saint Guilhèm, que foi Conde de
Barcelona, Girona e Toulouse, e Duque de Septimania, mas depois de muitas
peripécias acabou executado por ordem de Carlos, o Calvo.
Acfred elevado por Carlos, o Calvo, foi
expulso por Pepino II, Pepino II, o jovem, Rei da Aquitânia, bisneto de Carlos
Magno.
Carlos, o Calvo, nomeou Guilherme de
Septimânia, filho de Bernardo de Septimania, portanto neto de Guillaume de
Gellone, que só ficou à frente do governo de 844 - 849
E Pepino II, o jovem, Rei da Aquitânia,
bisneto de Carlos Magno, que em 25 de junho de 864, foi deposto pelo Edictum
Pistense, Edito de Pistres, promulgado por Carlos, o Calvo, Rei de Francia
ocidental e Imperador do Ocidente, neto de Carlos Magno, e por esse decreto,
também, preso em Senlis, onde ele finalmente morreu, havia nomeado Frédolon, da
Dinastia Raymondine, o novo Conde de Toulouse.
Mais, diante da realidade, Frédolon se
bateou para o lado de Carlos, o Calvo, abrindo as portas da Cidade, e como
prêmio passou a acumular os Condados de Toulouse, de Rodez, de Limoges e de
Pallars, isso com o Título de Marques, ‘marchio’, e ainda o Condado de
Carcassonne em 850.
Frédolon morreu em 852, deixando seus títulos para
seu irmão Raymond.
Raymond I, morto em 865, acontece que em 863, ele foi forçado a
abdicar de Toulouse.
Seu filho, Bernard II, dit le Veau (o Bezerro), morto em 877, leal a
Carlos, o Calvo, foi Conde de Toulouse, de Rouergue, de Limoges, de Nîmes, de
Carcassonne, de Razès, e Albi.
Sua sucessão é a seguinte:
Bernardo III, Eudes ou Odo, Raymond II,
Raymond III, Raymond IV, Hugh, Raymond V, William III, Pons, William IV,
Raymond IV, Philippa, William V, Bertrand, Philippa, William V, William VI,
Alphonse I, Raymond V, Simon, Amaury, Raymond VII, Joana, Alphonse II, Philip
(pai de Felipe, O Belo), Luís Alexandre, légitime
de France, Grande Almirante da França, filho de Luís XIV e de
Françoise-Athénaïs, Marquesa de Montespan.
Louis Alexandre de Bourbon, Conde de Toulouse
(1678-1737)
Continua...
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