157/D- conversa- Guillaume
de Nogaret e Enguerrand
de Marigny -
Rei ou Monarca- Parte 8/D
Guilherme de Nogaret
Quem é Guillaume de Nogaret?
Quem é Guilherme de Nogaret?
Chi è Guglielmo di Nogaret?
Quis Willelmus?
Guilhem de Nogaret?
Perguntei em francês,
português, italiano, latim, e occitano, quem é essa figura de tão grande
importância durante o reinado de Felipe, o Belo, o IV do mesmo nome a reinar na
França, um orgulhoso Capeto Direto.
Tiers état - O Terceiro Estado
era composto de todos aqueles que não eram membros do Primeiro Estado (membros do
clero católico), o Segundo Estado (os membros da Família Real e Nobreza),
portanto eram os plebeus.
O Terceiro Estado era dividido
em dois grupos:
A população urbana, que incluiu
a burguesia, bem como trabalhadores assalariados;
A população rural, que
incluíam os camponeses rurais livres (que possuía sua própria terra), servos,
ou camponeses, que trabalhavam na terra de um nobre.
Poucos plebeus foram capazes
de chamar a atenção do Primeiro e do Segundo Estados, com suas atividades
laborais, bem como casar-se com um deles, ou simplesmente por motivos vários se
juntar a eles, como os casos de Jean-Baptiste Colbert, ministro de Estado e da
economia do Rei Luís XIV, filho primogénito de Nicolas Colbert, um comerciante
de tecidos de Reims, portanto um membro da Burguesia urbana, ou o nosso
Guilherme de Nogaret, filho de uma família de camponeses rurais livres que
possuía sua própria terra, terra essa chamada de Nogaret.
Mais, Felipe, o Belo, não
gostava dos nobres das grandes famílias, queria restringir os poderes dos
senhores feudais, daí que preferia os plebeus ou gente da pequena nobreza, que
alçados aos cargos de importância do Reino certamente ficariam gratíssimo a
ele, o Rei, e executariam suas políticas de Estado sem fazer nenhum tipo de objeção.
Assim, junto com Nogaret ele
contratou um membro da pequena nobreza de Lyons-la-Forêt, Normandia (baronnage
appelé « Le Portier », barões chamados de “o porteiro”) de nome Enguerrand de
Marigny, para implementar suas políticas centralizadoras.
A família de “Le Portier” adotou o nome de
Marigny em 1200, quando do casamento de Hugh Le Portier com Mahaut de Marigny.
Enguerrand de Marigny
No começo de sua vida na Corte, Enguerrand de Marigny foi escudeiro do chevalier Hugues II de Bouville, seigneur
de Milly, Par de França, Chamberlain (camareiro) e Secretário do Rei.
Por ter prestado bons serviços
foi anexado a entourage da Rainha como padeiro, onde conquistou tanta confiança
da Soberana-consorte que foi nomeado testamenteiro dela.
Com a morte de Pierre Flotte, chanceler
da França e um dos mais famosos advogados à época,
Enguerrand de Marigny foi
nomeado, Coadjutor do Reino da França – responsável pela administração real -
portanto membro do Conselho do Rei.
A seguir foi enviado a
Normandia pera verificar o que lá estava acontecendo, onde “recebeu de Philippe
le Bel muitos presentes, mas também uma pensão de Edward II, Rei da
Inglaterra”. Patife o moço, pois não???
Mesmo assim, como as finanças
do Reino de França estavam um caos, elas eram na realidade ‘um saco sem fundo’,
Enguerrand de Marigny continuou fazendo carreira.
Felipe pra lá de centralizador,
que para obter bom êxito em suas políticas de Estado precisava de dinheiro, de
recursos intermináveis, nomeou Enguerrand de Marigny, um homem não muito
escrupuloso, (aliás, como todo
ministro da Fazenda, ou finanças, de hoje, fazem as porcarias e vão pra casa de
cara limpa, sem sofrer nenhuma sanção por parte da Nação que ajudou a colocar
na penúria) como “Guardião do
Tesouro “, ou seja, responsável pelo Tesouro Real, e esse astuto homem de
negócios, desempenhou como pode as suas funções, tanto na a centralização do Poder,
como na unificação do dinheiro, e na administração geral do Reino.
Por fim Chanceler do Reino.
Mais, suas políticas
econômicas, principalmente de criação e aumento de impostos, desagradou a
Nobreza, e o Clero, criando fortíssimos inimigos como Carlos de Valois, Charles
de Valois, Conde de Valois, de Anjou e Maine, de Alençon, de Chartres, de
Perche, Imperador titular de Constantinopla, Marquês de Namur, Senhor de
Courtenay, irmão de Felipe, o Belo, e tio dos futuros Reis de França, e líder
do Partido Feudal, que via nas políticas do Monarca implementadas por seu
Ministro uma diminuição dos poderes locais que os nobres vassalos possuíam por
Tradição e que não queriam abdicar. Chamo atenção que esse estado de coisas – Nobreza
feudal X Poder Real - durou até o governo do Cardeal-Duque de Richelieu, quando
reinava em França Luís XIII, ou seja, do século XIV ao século XVII.
Enforcamento de Enguerrand de Marigny
Enguerrand de Marigny acabou
sendo enforcando por obra e graça de Carlos de Valois logo no início do reinado
de Luís, o Teimoso, ou Luís X, filho de Felipe, o Belo, e de Joana de Navarra.
Esse Luís X, também podia
receber o cognome de Luís, o Corno. Uma história que contarei mais adiante.
Portanto, tanto Enguerrand de
Marigny, quanto Guilherme de Nogaret, tiveram seus méritos, mas ao meu ver eles
eram dois arrivistas, pessoas ambiciosas, que queriam ter bom êxito a todo
custo, daí terem prestados os serviços que prestaram a Felipe, o Belo.
Repito, ninguém tira os méritos
de Guilherme de Nogaret e de Enguerrand de Marigny, mas não podemos esquecer
que o pior feitor é aquele que já foi escravo, e ambos devem ter sofrido muitas
humilhações em suas vidas pregressas, humilhados tanto na vida de plebeu, como
na de pequeno nobre normando, por muitas pessoas nessa França Orgulhosa de seu
Destino, Monárquica e Medieval.
Voltemos ao tema:
Saint Felix de Lauragais,
Nogaret nasceu por volta de
1260 em Saint-Félix-de-Caraman, hoje Saint Felix de Lauragais, em occitan Sant
Felitz de Lauragués, situada no departamento de Haute-Garonne na região
Midi-Pyrénées, no coração do Pays de Cocagne. Era uma localidade dos Cátaros.
Filho de Guillaume II, um
camponês rural livre que era dono de uma pequena propriedade da qual a família
tomou o nome.
O avô de Guilherme de Nogaret
foi considerado herege e condenado a morte, durante a Cruzada Albigense, ou “Cruzada Cátara ou Cruzada contra os Cátaros,
foi um conflito armado ocorrido em 1209 e 1244, por iniciativa do Papa
Inocêncio III com o apoio da dinastia Capetiana (reis da França na época), com
o fim de reduzir pela força o catarismo, um movimento religioso qualificado
como heresia pela Igreja Católica e assentado desde o século XII nos
territórios feudais do Languedoc; favoreceu a expansão para sul das posses da
monarquia Capetiana e os seus vassalos”.
Guilherme estudou Direito na
Universidade de Montpellier, e se tornou professor de Direito Romano,
simultaneamente prestando aconselhamento jurídico para vários
"clientes", como:
1- Gaucelin
de La Garde de Chambonas, Bispo de Maguelonne (no acordo de fronteira das
Dioceses de Maguelone d’Adge, firmado com Raymond, Bispo de Agde;
2- Jacques
II (em catalão: Jaume I), Rei de Maiorca, Conde de Roussillon e Cerdagne (em
catalão: Cerdanya), Barão de Aumelas, e Senhor de Montpellier (negócios relativos
a Cidade de Montpellier- O paréage é um contrato legal feudal associação entre
duas ou mais senhores, garantindo sua igualdade de direitos e de propriedade em
propriedade conjunta na mesma terra);
3- O
próprio Rei da França no mesmo assunto anterior e em outros.
É bem sucedido na assessoria
de Felipe, o Belo, Rei de França, tanto que em 1293, entrou definitivamente
para o seu serviço, tornando-se o Juiz Maior ou Mago (juge-mage)
da sénéchaussée de Beaucaire-Nîmes, uma das mais importantes do Reino.
Em 1300 está sentado no
Conselho do Rei.
Guilherme de Nogaret advogado
é de agora em diante Conselheiro do Rei Felipe, o Belo, o IV do mesmo nome.
Em 1302, compra para o Rei a
cidade de Figeac, situada no hoje departamento de Lot em região Midi-Pyrénées,
que ficou sob a dependência direta de Filipe, o Belo, aumentando assim as suas
rendas.
Os primeiros problemas
religiosos de Languedoc e o julgamento de Bernard Saisset são de sua
competência.
Em 1300, foi enviado em uma
embaixada ao Papa.
Em 12 de Março de 1303, durante
uma assembleia solene realizada no Louvre, na presença de Filipe, o Belo, foi
ele que discursou contra Bonifácio VIII e expos em alto e bom som “os crimes” –
incluso a heresia- do Romano Pontífice e solicitando que a convocação de um
conselho geral, ou concilio, para avaliar o caso.
O Rei calou-se, mas tudo foi
feito de acordo com ele, pois Nogaret era pau pra toda obra do Monarca.
Nogaret com esse discurso deixou
clara à disputa entre Filipe, o Belo, e o Papa Bonifácio VIII.
Participou em pessoa do Schiaffo
di Anagni, ou Atentado de Anagni, ou Bofetada de Anagni, de 7 de setembro de
1303, quando seu cumplice Sciarra Colonna, com sua luva de armadura, luva de
metal, esbofeteou o Papa Bonifácio VIII, a ponto desse cair no chão.
Ver: Bonifácio VIII, Poder ultrajado de Horacio
Ojeda Lacognata, no www.youtube.com/,
Com anuncio do acervo de Bonifácio VIII.
A morte de Bonifácio VIII
salvou a missão Nogaret aos olhos do Rei de França, tanto que quando de sua
volta, o Rei Felipe faz dele um homem rico, dando-lhe uma bela soma em
dinheiro, e mais os senhorios no Bas Languedoc (o que corresponde à atual
região Languedoc-Roussillon), tais como em Marsillargues, em Calvisson, em
Congénies, em Aujargues. Além dessa parte econômico-financeira, o Rei Felipe
mandou fundir um “sino” ao qual deu o nome de Nogaret, para com isso “perpetua
nome de sua família ilustre”.
No Papado:
A eleição de Bento XI -
Benedetto XI, nascido Nicolas Boccasini, italiano de Treviso, no Veneto,
marca o início do triunfo da
França sobre o Papado, como já vimos em conversas anteriores.
Para a alegria da dupla
Felipe/Nogaret, Bertrand de Got, antigo Bispo de Saint-Bertrand-de-Comminges, e
Arcebispo de Bordeaux, foi eleito Papa no Conclave realizado em Perugia,
Itália, em 5 de junho de 1305, escolhendo o nome de Clemente V para pontificar
em 24 de julho de 1305.
Clemente V subiu ao Trono de
São Pedro em 14 de novembro de 1305, na Basílica de Saint-Just, em meio a uma
grandiosa e luxuosíssima cerimônia que contou com a presença do Rei Felipe IV e
de Nogaret, na Cidade de Lyon, na confluência do Ródano e Saône, que ainda não
pertencia ao Rei de França, pois só veio a pertencer em 1312.
Crentes que estavam abafando a
dupla Felipe/Nogaret, mandou esse último, em embaixada, “a Bento XI para pedir,
em nome do Rei de França, a absolvição de todos os participantes na briga com
Bonifácio VIII”.
O Papa se recusou a recebê-lo
e o excluiu da absolvição juntamente com seu cumplice Sciarra Colonna, na que
concedeu em 12 de Maio de 1304, lançando sobre eles uma Bula que os condenava
em 7 de junho do mesmo ano - Beati Benedicti XI Bulla "Flagitiosum
Scelus" (7 Iun. 1304) contra rebellionem in Francia – ver no www.youtube.com/, https://youtu.be/UTk4e-yPmFY ...
A dupla Felipe/Nogaret não
gostou nem um pouco, e para piorar o Papa resolveu fazer com que a Sede do
Papado fosse itinerante.
A dupla Felipe/Nogaret queria o Papa em
território do Rei de França, mas Bento XI não mora em Avignon, e sim em um feudo
Papal, o Condado Venaissino, já decantado em outra conversa.
Porém, a Cúria foi instalada
em Avignon, que pertencia ao Rei de Nápoles, conforme já contei, também, em
outra conversa.
Nem Felipe, nem Nogaret
gostaram do arranjo e continuaram importunar o Papa.
Felipe continuava a precisar
de dinheiro e Nogaret tomou as seguintes providencias...
1- Preparou um decreto real contra os judeus, as
vítimas preferidas dos cristãos em todos os tempos, que foi publicado em 21 de
julho de 1306. Nele constavam: A desapropriação e confisco dos bens judaicos, a
prisão dos judeus, a expulsão dos judeus da França. Foi um horror. Nogaret assiste pessoalmente essas
ações e segundo alguns até lucra financeiramente com elas, o que eu não duvido.
Muitos bravos judeus morrerão em meio a essa barbárie.
2- A
partir de setembro de 1307, Nogaret agora Garde du Sceau , où il succède à
Pierre de Belleperche ( Guarda do Selo [ Real] sucedendo a Pierre de
Belleperche), prepara o decreto real contra os Templários, com a desapropriação
e confisco de seus bens e a prisão dos membros da Ordem.
Pierre Belleperche, le
roi des légistes (o Rei forense),
nascido em Lucenay-sur-Allier,
no hoje o
departamento de Allier, região de Auvergne,
por volta de 1230,
falecido em Paris no dia 17 de janeiro de 1308,
foi um clérigo, Bispo
de Auxerre, Cônego em Chartres e Deão de Paris,
professor na
Universidade de Orleans, Conselheiro ao Parlamento,
Chanceler da França,
Ministro da Justiça, Guarda do Selo,
e mais algumas
outras coisas....
E foi aqui que a porca torceu
o rabo.
Jovem judia sendo torturada para confessar que era bruxa.
Continua...
os ministros da Fazenda do Brasil deveriam terminar como Enguerrand de Marigny na FORCA...
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